Ecumenismo e sincretismo

 



Pe. Zezinho, scj - Ecumenismo e sincretismo



São Paulo (SP), 11/3/2004 - 09:27




Suco de frutas é coisa boa, mas depende das frutas e até da saúde da pessoa. Nem todo suco de frutas faz bem para todas as pessoas. Algumas, por exemplo, não toleram abacaxi.



Sincretismo é uma expressão, a princípio, bonita. O suco pode ser muito gostoso e com sabor bem diferente do sabor original de cada fruta. Se você quiser utilizar todas as cores na pintura de uma parede, pode ser que o resultado seja uma cor totalmente diferente de qualquer cor conhecida. Se misturar várias bebidas, de repente vai descobrir um novo licor.

Com religião, a coisa é bem diferente. Quando você mistura todas as crenças o que vai ter é uma tremenda confusão. Quando mistura doutrinas, vai ter uma confusão de conceitos. Em termos de fé, é preciso haver clareza e definições. Daí porque é impossível ser ao mesmo tempo católico e espírita, católico e evangélico, católico e mulçumano. Pode-se respeitar um evangélico e ter muitas idéias semelhantes. Pode-se respeitar um espírita e ter muitas idéias semelhantes. Pode-se discordar totalmente noutras, mas, daí a viver o catolicismo de maneira espírita é impossível. Não vemos a morte e a vida do mesmo jeito.



O sincretismo é uma atitude errada de quem acha que a religião é como fruta. Se misturar vai dar um suco gostoso. Que cada religião preserve a pureza da sua fé, e que cada seguidor respeite profundamente a fé do outro. Porque é possível juntar várias flores no mesmo jardim - e até no mesmo canteiro - e o jardim será bonito. O difícil será pedir que a rosa se comporte como lírio e o lírio se comporte como a açucena. Juntos podem fazer um belo buquê, mas que cada um conserve a pureza do que é.



O sincretismo não é uma boa idéia, quando se fala de sincretismo religioso. O ecumenismo é uma bela idéia. Até porque, uma coisa é sincretismo e outra coisa é ecumenismo.



Sincretista foi o gesto daquele padre que, tentando agradar a comunidade negra, celebrou uma missa inteira copiando todos os ritos do grupo negro que veio lá. De repente, o padre quis mostrar boa vontade e deturpou a missa católica. Praticou sincretismo e, com isto, não agradou nem a sua Igreja, nem ao grupo que veio à festa.



A missa não pode ser nunca uma cópia do candomblé, da mesma forma de que um ritual de candomblé não pode copiar uma missa católica.



Se um babalaô ou babalorixá copia a missa católica, ele está praticando sincretismo. Ou se um padre copia os ritos de terreiro, ele está praticando sincretismo. Seria diferente se aquele padre, ao celebrar a missa convidando os irmãos africanos ou afro-brasileiros - que praticam o candomblé - para o encontro, tivesse feito um culto ecumênico, onde o padre orasse como católico pelos irmãos de outros grupos religiosos e seus irmãos, da sua maneira, falassem com Deus em favor dos católicos. Teríamos ali um encontro e até um culto ecumênico. Mas, pegar a missa e celebrá-la como se estivéssemos fazendo um momento de umbanda ou de candomblé, é sincretismo.



A Igreja condena o sincretismo. Seria como celebrar a missa com cachaça e charuto, para agradar algum pai de santo que, às vezes, utiliza isso no seu culto. Tudo tem jeito, mas tudo tem o seu limite!


Pe. Zezinho, scj

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