Exegese do dilúvio

 


Autor: John Nascimento

Quando lemos o texto da Bíblia sobre o Dilúvio ou vemos as ilustrações que os artistas têm criado ao longo dos tempos, ficamos exactamente com a ideia de um grande mar de água, com a Arca de Noé a boiar e a poisar depois no cimo do monte Ararat.


Ora, para Deus nada é impossível, mas eu creio que, segundo os meus Conceitos ainda que Inverosímeis, Deus não faz coisas desnecessárias e, segundo a ciência, é absolutamente impossível um mar de água à altura do monte Ararat.


Ora vejamos :


Nos nossos tempos, quando desaba uma grande trovoada que se prolonga por vários dias, se na zona não há um escoamento fácil, fica tudo inundado e as pessoas têm que ser evacuadas à pressa e com grandes riscos; casas animais e plantações, fica tudo perdido e talvez irreparável, pelo menos durante muito tempo.


Mas se há um escoamento fácil, as águas descem dos montes para os vales, os rios bordam e as cheias levam tudo consigo numa avalanche que arrasta tudo à sua frente, desabam as pontes, cortam-se as estradas, caiem os postos de electricidade, pessoas e bens são levadas para os lagos ou para os mares.


Uma autêntica catástrofe com uma trovoada de uma semana bem puxada, que pode destruir a fauna e a flora e muitas vidas humanas, sem reparação possível.


E no Dilúvio, com 40 dias e 40 noites a chover sem parar, como teria acontecido ?


Para já, 40 dias e 40 noites significa simplesmente «durante muito tempo».


Evidentemente, as chuvas baixaram aos vales, pelos vales e pelos rios tudo passou alagado em avalanche para os lagos e para o mar, arrastando consigo toda a humanidade, toda a fauna e toda a flora daquele tempo; e só quando os mares tivessem subido o seu nível até 5.165 metros de altitude, que é a altitude do monte Ararat, só então teríamos o espectáculo do Dilúvio como ele existe agora nas nossas mentes.


Ora isso é de todo cientificamente impossível.


Para Deus nada é impossível, repito, mas Deus que, segundo os meus Conceitos ainda que Inverosímeis, não faz coisa nenhuma sem necessidade, não precisava de toda esta água para castigar a Humanidade.


Bastava que chovesse só onde a chuva era precisa para dizimar toda a Humanidade, que é essa a mensagem da Bíblia.


Se ao Continente Americano, por exemplo, ainda não tivesse chegado ainda a raça humana, não era necessário que o Dilúvio arrasasse também aquele Continente.


Donde é que viria tanta água e depois para onde foi ela ?


Se em toda a Terra as águas do mar subissem a 5 quilómetros de altitude, era uma destruição completa sem necessidade.


Mas os homens daquele tempo, cuja cultura geográfica da Terra devia ser muito precária, não entenderam as coisas de maneira científica.


Havia a ideia de um Dilúvio Universal e, a única maneira de comunicarem para a posteridade a sua grandeza era apontar como referência a altura do monte Ararat, o mais alto daquelas paragens.


Um relato que havia de ficar ainda por muitos séculos, apenas na memória das pessoas, já que ainda não havia qualquer forma de escrita.


Ficam agora outras perguntas :


- Como é que o monte Ararat ficou na Bíblia ?


- Não poderia ter havido uma referência a outro monte mais baixo e, com os tempos e com a ideia de um Dilúvio Universal, que nos veio pela tradição oral, ter passado para o monte Ararat ?


- Para a veracidade da Bíblia é absolutamente necessário que no Dilúvio se aceite apenas como cientificamente verdade só o monte Ararat ?


Sabemos que muitos textos da Bíblia não são um tratado científico, mas apenas nos comunicam uma mensagem que chegou até nós através dos condicionalismos do tempo em que os textos foram escritos e através das vicissitudes dos povos de um passado muito longínquo, que é preciso ter em conta, sem contradizer a verdadeira mensagem da Revelação da Bíblia.


Disso falaremos depois.

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