Porque o celibato é importante para a Igreja?
Fonte: Exsurge Domini
Autor: Rogério Hirota
Escrito em 29/Fev/2008 - Revisão 28/02/2021
Novamente o celibato torna-se um tema polêmico dentro da Igreja por causa do 12º encontro nacional de presbíteros realizado em Indaiatuba, mas seria realmente possível haver padres casados que possam cumprir seu ministério sem nenhum impedimento ou contradição doutrinária? Através de um debate na lista Exsurge Domini gostaria de expor alguns itens levantados que comprovam a necessidade do celibato na vida sacerdotal em dois tópicos:
- O celibato e a vida pessoal do sacerdote
- Matrimônio x Ordem.
1- O celibato e a vida pessoal do sacerdote
Para entendermos melhor o celibato na vida pessoal do sacerdote temos de analisar as dificuldades que a vida conjugal traria ao seu ministério, por exemplo:
- Um sacerdote casado teria tempo de se dedicar ao serviço da Igreja?
- Como seria, por exemplo, confessar-se com um padre casado tendo-se em mente que nossas esposas são nossas maiores confidentes? Ele suportaria guardar para si tudo sem falar nada com a esposa?
- Ele teria coragem de deixar em casa um filho doente para ir celebrar uma missar ou atender alguém que somente quisesse falar com ele? (porque hoje, mesmo o padre não tendo família, é muito difícil falar com ele, falta-lhe tempo e disposição)
- Como se sentiria celebrar uma missa depois de uma relação sexual? A sua pureza dos sentimentos pessoais estaria ali presente neste momento?
- Como seria tratada a mulher do padre? E seus filhos?
- Todo homem casado deseja dar o melhor a sua mulher, a sua família, o trabalho na Igreja não pode gerar ganhos pessoais de alto nível, como lidar com este desejo?
- A sociedade estaria preparada para isso?
- Esses 430 delegados dentre o total de 18.685 padres representa 2,3% deles; será que falam por todos?
Se pararmos para pensar nestes tópicos chegamos a conclusão que é impossível conciliar plenamente o sacerdócio com a vida conjugal, conseguir se preocupar em cuidar do rebanho de Cristo e ao mesmo tempo cuidar de sua própria família, se preocupar com os problemas e resolvê-las.
O próprio Apóstolo Paulo conseguiu enxergar estas dificuldades já no início do cristianismo.
1 Coríntios 7,01 "Agora escrevo das coisas que me escrevestes. Penso que seria bom ao homem não tocar mulher alguma."
1 Coríntios 7,26-27 "Julgo pois em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é...Não esta casado? não procures mulher"
1 Coríntios 7,28 "TODAVIA, PADECERÃO A TRIBULAÇÂO DA CARNE E EU QUISERA POUPAR-VOS"
1 Coríntios 7,32-33 "Quisera ver-vos livres de toda a preocupação. O SOLTEIRO cuida das coisas do SENHOR. O Casado preocupa-se com as coisas do mundo, PROCURANDO AGRADAR A ESPOSA"
1 Coríntios 7,34 "A mesma diferença existe com as mulheres solteiras ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, PARA SER SANTA NO CORPO E NO ESPIRITO, mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido"
1 Coríntios 7,35 "Digo isto para vosso proveito, não para vos estender um laço, mas para vos ensinar o que melhor lhe convêm, O QUE VOS PODERA UNIR AO SENHOR SEM PARTILHA"
2- Matrimônio x Ordem
Dentro do contexto doutrinário estes dois sacramentos, Matrimônio e a Ordem, se vividos simultaneamente podem entrar em contradição e trazer sérias consequências a doutrina cristã católica.
Como sabemos somos chamados a viver um sacramento: matrimônio ou ordem, a aliança que fazemos com Deus é uma vez só, é indissolúvel, é um juramento e uma livre escolha que fazemos diante de Deus, em doar a sua vida ao seu amado, o homem casado doa sua vida a sua mulher e vice-versa, o sacerdote doa a sua vida a Jesus Cristo e é por isso que os que contraem o Matrimônio ou a Ordem usam a aliança no dedo que representa esta escolha e juramento.
Agora vem o ponto em que quero chegar que é o grave pecado do adultério. Se um homem casado se deita com outra mulher que não seja a sua esposa está adulterando e assim também acontece com um sacerdote se ele se casar depois de ter contraído o sacramento da ordem, seu casamento não é válido e estaria cometendo adultério e do mesmo modo também acontece com os casais de segunda união.
A doutrina da Igreja nos ensina que se uma pessoa estiver em estado de pecado, não pode viver plenamente a comunhão com a Igreja, receber os sacramentos, então como um sacerdote poderia ministrar os sacramentos sem estar em plena comunhão com a Igreja?
Se a Igreja abrir mão do celibato muitas situações que necessitam desta prática para viver a santidade na Igreja vão cair juntos, por exemplo os casais de segunda união, a Igreja teria de aceitá-la e ir contra as palavras de Jesus que afirma que o casamento é indissolúvel, o que o Deus uniu o homem não separa.
Outra situação é para as pessoas com tendências homossexuais, a exigência da Igreja para que elas possam receber os sacramentos é ter uma vida na santidade, é viver o celibato, a castidade, porque o pecado nesta situação está no ato sexual, a própria Bíblia nos diz:
Levítico 18,22 "Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação."
Romanos 1,26 "Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas, as suas mulheres mudaram as RELAÇÕES NATURAIS em RELAÇOES CONTRA A NATUREZA"
Romanos 1,27 "Do mesmo modo também os homens, DEIXANDO O USO NATURAL A MULHER, arderam-se em desejos UNS PARA COM OS OUTROS, cometendo HOMENS COM HOMENS a TORPEZA, e recebnedo em seus corpos A PAGA DEVIDA AO SEU DESVARIOS"
A Igreja também afirma isso nos artigos 2357 e 2358 do catecismo e diz também:
§2359 As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
Conclusão
Então, podemos concluir que o celibato é importantíssimo para a Igreja, onde não só o sacerdote mas outras pessoas podem viver a sua santidade, seguir em seu ministério e ser exemplo para a Igreja. O fim do celibato vai trazer muitos outros males e colocar em dúvida toda a fé católica.
Que possamos rezar para que Deus mesmo coloque no coração destes sacerdotes que ainda não aceitam o celibato, a graça de entender esta virtude e recebê-la como uma joia rara deixada por Jesus que foi celibatário, seguidos por Paulo e Lucas e trazido até hoje pela Igreja.
Gostaria de agradecer ao Pe. Eduardo Carlos Pereira e ao Wander Luis Belato que participaram do debate e contribuíram para o conteúdo deste artigo.
© Livre para cópia e difusão com menção do autor e sua fonte Exsurge Domini
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