Alguns mitos protestantes sobre a Idade Média



Alguns mitos protestantes sobre a Idade Média


Fonte: Apologetica Siloé
Autor: Joseph Hirpinus
Tradução: Rogério Hirota


A obra literária "Seção I Grego" do Novo Testamento, facilita em seus cursos de línguas bíblicas a entidade protestante s.e.u.t. (Seminário Evangélico Unido de Teología, ligado a Igreja Evangélica Espanhola e a Igreja Espanhola Reformada Episcopal) e não se centraliza na língua grega, como seria de esperar, mas incursiona no terreno da exégese e da história ao expor alguns dos principios "exegéticos" da pseudo-reforma protestante, assim como ensinar sem receios os mitos da historiografía "reformada". Vamos ver como esta obra prima de manipulação ideológica carece de base científica e bíblica.


Primero Mito

Se trata da suposta ignorância dos povos da Europa em matéria bíblica antes da pseudo-reforma protestante, tal e como é afirmado na lição 34 da Seção I (pág. 5.8), onde se diz referindo-se a Idade Média, à "Idade das trevas", que ignorantemente afirma que " a bíblia estava escrita somente em idiomas antigos, como o latim e o grego. A Bíblia somente estava disponível, na grande maioria, em latim e o homem de então não estava tão aprofundado no latim que um operário da fábrica da Ford atualmente" e também "um pouco antes da Reforma, algumas pessoas começaram a traduzir a Bíblia nas línguas europeias (...) apesar da terrível oposição e perseguição".

Parece impossível tanta quantidade de falsidades em tão poucas linhas. Mas vamos por partes:

1) A Idade Média começa no século V d.C., a partir do ano da queda de Roma. Na dita época a metade ocidental do antigo império romano, dominada pelos bárbaros, falava latim e disponibilizava de uma excelente versão da Bíblia: a Vulgata de São Jerônimo; a metade oriental do império que sobreviveu até quando os turcos conquistaram Constantinopla no século XV, falava grego e podia ler nessa língua tanto o Novo Testamento como o Antigo (este último em várias versões, como a dos LXX); com tudo isso já na Idade Média o povo tinha um conhecimento amplo das Escrituras.

2) A Bíblia era traduzida nas línguas vernáculas muitos séculos antes da pseudo-reforma de Lutero, Calvino e companhia, pois:

a) Os santos católicos Cirilo e Metódio traduziram a Bíblia para o búlgaro antigo no século IX, em plena Idade Média, a "Idade das trevas"!! (cf. Língua e Literatura Latinas I, autores variados, UNED, Madrid, 1986, pág. 32, e Iniciação a fonética, fonologia e morfologia latinas, José Molina Yébenes, Publicações Universidade de Barcelona: Barcelona 1993, pág. 4); assim os búlgaros podiam ler a Bíblia em sua língua.

b) O bispo Ulfilas (ariano, não católico), evangelizador dos godos de Dacia e Tracia, traduziu a Bíblia para o gótico poucos anos antes que São Jerônimo acabasse a Vulgata, assim sendo quando chegaram as "trevas" medievais os godos podiam ler a Bíblia em sua língua materna!! (cf. José Molina Yévenes, op. cit., pág. 5; Esteban Torre, Teoria da traducción literária, Ed. Síntesis, 1994, pág. 24, e UNED, op. cit., pág. 32).

c) O monge católico Beda o Venerável traduziu para o anglo-saxão ou inglês antigo o Evangelho de São João pouco antes de sua morte, acontecida no ano 735, ou seja: em plena Idade Média, "a Idade das trevas"!! (cf. Esteban Torre, op. cit., pág. 24).

d) O grande historiador Giuseppe Riciotti, autor de obras meritíssimas como Vida de Jesus Cristo (Ed. Luis Miracle, Barcelona 1978) e Historia de Israel (Ed. Luis Miracle, Barcelona 1949), nos informa em sua introdução a Sagrada Bíblia que na Itália "a Bíblia na língua vulgar era popularíssima nos séculos XV e XVI" e que "desde o século XIII possuíam-se" traduções italianas da Bíblia, ainda que "se tratasse de traduções parciais", quer dizer, ainda que se tratasse de traduções dos livros sagrados mais memoráveis e acessíveis já que ninguém, com exceção feita à alguns eruditos, interessavam-se, por exemplo no elenco interminável e vastíssimo das genealogias do livro dos Números (trecho tomado de sim sim não não, n. 70, abril 1998, pág. 7).

e) A obra História da Literatura I (Antiga e Medieval) (autores variados, UNED, Madrid, 1991, pág. 103) informa-nos algo importante sobre as versões castelhanas da Bíblia: "falamos no século XIII sobre outro grupo de obras formado pelas traduções da Bíblia que foram realizadas neste período de tempo. Já na primeira metade do século encontramo-nos com o primeiro texto conservado e que se inclui neste grupo: a Fazenda de Ultramar. Veja que alguns queriam até atrasar a sua redação para meados do século XII e não parece, por sua língua, que foi escrita em data tão recente. Não é uma simples versão da Bíblia. Contem na própria tradução (realizada, ao que parece, não diretamente da Vulgata mas de uma tradução latina do século XII efetuada sobre os textos hebraicos), outra série de materiais anexados: descrições geográficas, relatos tomados da antiguidade clássica... Parece que pretendia ser uma especie de guia para os peregrinos que viajavam a Terra Santa. Mediante estas traduções da Bíblia conseguiu-se com grande êxito que pessoas estudadas ou seja sabiam ler em sua propria língua pudessem receber os ensinamentos religiosos mais diretamente. As versões eram também aproveitadas para leitura em voz alta realizada em grupos reduzidos.".

Está claro: muito antes de Calvino e Lutero, o povo castelhano lia a Bíblia em sua língua. A enorme extensão das traduções castelhanas mostram que o direito proibitivo do Concilio Terraconense ou não foi aplicada ou caiu em seguida em desuso. A dita decisão conciliar tinha a sua explicação: antes de autorizar a leitura de uma versão da tradução Bíblica deveria-se verificar se estava bem feia, sem deturpações do texto sagrado.

f) "A Idade Média presenciou o florecimento na França de um grande número de traduções da Sagrada Escritura em todas as línguas e dialetos de Oc e de Oil [para todas as antigas versões francesas nos baseamos pela: P. C. Chauvin, La Bible depuis ses origines jusqu’à nos jours]. Existem algumas que se remontam do século XII e inclusive ao final do XI. No século XIII, a Universidade de París apresentou uma tradução de ambos Testamentos que foi regra durante muito tempo. Contudo, apareceram outras versões francesas, particularmente no século XIV. Uma delas, a de Guyart Desmoulins, do final do século XIII mas atualizada com estilo, foi impressa a partir de 1478 somente com Novo Testamento, e em sua totalidade em 1487" (Daniel Raffard de Brienne, Tradutor, Traditor. Les nouvelles traductions de l’Écriture Sainte, en la revista Lecture et Tradition, julio-agosto de 1986).

Lutero se gloriava de ter sido o primeiro a traduzir a Biblia em alemão, mas já o heresiarca Calvino recordou-lhe que a dita honra não lhe pertencia; com efeito, sabemos que o monge editou em 1522 o Novo Testamento, e em 1532 o restante, e que " se dizia desta versão, com grande falta de verdade histórica, que era a primeira versão alemã na língua vernácula, quando que somente na Alemanha havia quatorze versões na língua erudita e cinco na língua corrente. Alem disso havia muitas versões parciais, como do Novo Testamento, dos Salmos... (cf. Janssen: Geschichte des deutschen Volkes seit dem Ausgang des Mittelalters, 8 vv., Friburgo, 1883-1893, tomo I, pág. 51)" (Francisco J. Montalbán, S.I., Los Orígenes de la Reforma Protestante, Razón y Fe, Madrid 1942, pág. 129).

g) O grande historiador Ricardo García-Villoslada nos informa também sobre as versões germânicas da Biblia anterior a de Lutero: "Muitos afirmam que a principal obra de Martinho Lutero em sua vida foi a tradução da Sagrada Escritura ao idioma de seu povo. Não temos dúvida que a versão vernácula da Biblia e a divulgação da mesma, oferecendo-a como única autoridade de fé, teve um papel importantíssimo na fundação e estabelecimento da Igreja luterana. Exagerando em seus méritos visava implantar a idéia que na Igreja, antes dele, ninguém conhecia e nem lia a Biblia (Tischr. 3795 III 690; ibid., 6044 V 457 e outros muitos lugares). Hoje o leitor ri destas tão injustas asseverações, ditadas pela paixão. lembre-se do que dissemos da leitura da Biblia quando Martinho era noviço em Erfurt. Francisco Falk contou nada menos que 156 edições desde a invenção da imprenssa até 1520 (F. Falk, Die Bibel am Ausgange des Mittelalters [Maguncia 1905] 24). Sebastião Brant começa seu conhecido poema Nave dos loucos (1494) com estes versos: ‘Todos os países estão hoje repletos da Sagrada Escritura –e de quanto eficaz a saúde das almas–, da Biblia’, etc. Não eram poucas as traduções alemãs de toda a Sagrada Escritura antes de Lutero, pelo menos quatorze em alto alemão e quatro em baixo alemão, sem contar as versões parciais, saltérios, evangeliários, etc. No século XIV fez-se em Baviera uma tradução total, em que o impressor alsaciano Juan Mentelin quis estampar em Estrasburgo em 1466, e que com algumas modificações foi reimpressa treze vezes antes de que aparecesse a de Lutero, chegando a ser como uma Vulgata alemã, segúndo Grisar. (Pode-se consultar a grande edição de W. Kurrelmeyer, Die erste deutsche Bibel [Tubinga 1903-15], 10 tomos com o texto primigenio e as correções das 13 edições posteriores. Veja também W. Kurrelmeyer, The Genealogy of the Prelutheran Bibles, no The Journal of Germanic Philology, 3,2 [1900] 238-47; W. Walter, Die Deutsche Bibel: übersetzung des Mittelalters, Braunschweig 1889-92)" (García-Villoslada, Martín Lutero, BAC, Madrid 1976, t. II, pág. 399).

h) Também podemos mencionar a tradução da Biblia, na Idade Meédia, a outras línguas indoeuropéias, como o armênio (cf. UNED, op. cit., pág. 30 e Molina Yébenes, op. cit., pág. 4), feita no século V, o século em que começa a "Idade das trevas"!!

Com o disse até agora é o suficiente para demolir um dos mitos da historiografía protestante: a tremenda ignorancia no visão da Biblia em que a malvada Igreja Católica mantenha os povos cristãos medievais.

Segundo Mito

Na Idade Média "a maioria das pessoas não sabiam ler nem escrever. Assim estavam ‘as escuras’ no que diz respeito a toda classe de conhecimento, já que não podia ser comunicado" (Lição 34 da Seção I, pág. 5.8).

Isto é genial! Onde o autor estudou historia? Em um cursinho televisivo da BBC? Vejamos o que essa ciência chamada Historia nos diz sobre este assunto: "Na Idade Média, como em todas as épocas, a criança vai a escola. Geralmente é a escola de sua paróquia ou do monastério mais próximo. Com efeito, todas as igrejas tinham uma escola: isso era obrigado pelo Concilio de Latrão de 1179, e na Inglaterra, país mais conservador que a Espanha, pode se ver a igreja junto a escola e o cemitério. Algumas vezes eram fundações de senhorios que garantiam a instrução das crianças; Rosny, uma pequena aldeia ao redor de Sena, tinha desde o começo do século XVIII uma escola que foi fundado no ano 1200 pelo senhor Gui V. Mauvoisin. Outras vezes se tratava de escolas exclusivamente privadas; os habitantes de um povoado se associavam para manter um professor que tomava como responsabilidade ensinar as crianças. (...) Também os capítulos das catedrais estavam submetidos a obrigação de ensinar ditada pelo Concilio de Latrão (Nota 1: Em cada diócese, diz Luchaire, separadamente das escolas rurais ou paroquiais que ja existiam... os capítulos e os principais monásterios tinham suas escolas, seu pessoal de professores e alunos. cf.La societé française au temps de Philippe Auguste, pág. 68). A criança entrava nelas [nas escolas] aos sete ou oito anos de idade e os ensinos que preparava para os estudos universitarios se extendia ao longo de uma década, o mesmo que hoje, de acordo com os dados que proporcionam o abade Gilles el Muisit. Meninos e meninas estavam separados; para as meninas havia estabelecimentos particulares, talvez menos numerosos, mas onde os estudos alcançavam as vezes niveis muito altos. A abadía de Argenteuil, onde estudou Eloísa, proporcionava a aprendizagem da Sagrada Escritura, letras, medicina e até cirugía, separados do grego e o hebraico, que introduz Abelardo. Em geral, as escolas davam a seus alunos noções de gramática, aritimética, geometria, música e teología, que permitiam acender as ciencias que se estudavam na Universidade; algumas incluíam alguns ensinamento técnico. A Histoire Littéraire menciona como exemplo a escola de Vassor na diócesis de Metz, onde ao mesmo tempo que aprendíam a Sagrada Escritura e as letras, os alunos trabalhavam o ouro, a prata e o cobre (Nota 2: L. VII, c. 29; registrado por J. Guiraud, Histoire partiale, histoire vraie, pág. 348). (...) Nesta época as crianças das diferentes classes sociais seram ensinadas juntos, como o atesta a conhecida anedota que apresenta Carlos Magno irritado contra os filhos dos barões, que eram preguiçosos, diferentemente dos filhos dos servos e os pobres. A única distinção que se fazia era a da retribuição, dado que o ensino era gratuito para os pobres e pago para os ricos. Por outra parte, na Idade Média havia pouca diferença na educação que as crianças de diferente condições recibiam, os filhos dos vasalos mais humildes se educavam na mansão senhorial junto com os do senhor, os filhos dos burgueses ricos estavam submetidos a mesmo aprendizagem que o do mais humilde artesão. Esta é sem dúvida a razão pelo qual existe tantos grandes de origem humilde: Suger, que governou a França durante a cruzada de Luis VII, era filho de servos; Maurice de Sully, o bispo de París que começou a construir a igreja de Notre-Dame, nasceu de um mendigo; São Pedro Damião foi tratador de porcos em sua infância, e Gerbert d’Audrillac, uma das luzes mais fulgurantes da ciencia medieval, foi também pastor do campo; o papa Urbano VI era filho de um sapateiro de Troyes, e Gregório VII, o grande Papa da Idade Média, de um pobre pastor de cabras. Ao contrário muitos grandes senhores são letrados cuja educação não era diferente dos clérigos: Roberto o Piedoso compunha hinos e sequências latinas; Guillermo IX, príncipe de Aquitania, foi o primeiro dos trovadores; Ricardo Coração de Leão nos deixou poemas, o mesmo que os senhores de Ussel, de Baux e muitos outros; para não falar de casos mais excepcionais como o do rei da Espanha Alfonso X" (Régine Pernoud, A luz da Idade Media, Ed. Juan Granica, Barcelona 1988, págs. 115-118).

Tudo isso é pura historia e nos apresenta um quadro da Idade Média muito distinto do colocado pela mitología protestante: a instrução era vastísima. Onde estão, pois, as "trevas" medievais? Tão somente na mente dos mitógrafos protestantes.

Nota do autor do site Exsurge Domini

Como vimos dentro desta historiologia que a educação era acessivel mas é claro que nem todos se colocavam a estudar, agora afirmar que na Idade Média não era possível se estudar por culpa da Igreja Católica é uma grande mentira, tanto que as primeiras universidades foram criadas dentro da Igreja fora as escolas mantidas por ela. Veja também dentro do site o artigo Lutero, pai do ensino publico? dentro de apologetica e saiba mais sobre este assunto.

Rogério Hirota (SacroSancttus)

Passemos agora a mitología "exegética" protestante e a algumas outras calunias sobre a Igreja Católica vertidas pelo insigne autor, David Muir, na lição 36 (págs. 5.24 e ss. da Seção I).

Terceiro Mito

Sola Scriptura: diz David Muir que "um evangélico é alguém que se mantêm firme em uma posição teológica muito definida, uma posição teológica que nasceu da Reforma. Os reformadores buscaram basear toda sua teologia e ensino sobre a autoridade da Escritura. (...) A única e suficiente base para a Reforma na Europa foi a autoridade da Escritura. (...) O mesmo se puede dizer dos evangélicos. Nós também baseamos todas nossas crenças sobre a Escritura".

Sério? Pois onde na Escritura afirma que a Revelação divina se limita a Escritura? Onde na Escritura diz que tudo o que Deus manda crer se encontra somente na Escritura? Onde na Escritura diz que não existe mais que uma fonte da Revelação divina: a Escritura, e que, por isso temos que aceitar a Escritura como autoridade final? Em nenhuma parte; e mais, a propria Escritura nos certifica que são duas as fontes da Revelação divina: a Escritura e a Tradição oral divino-apostólica.

Vejamos: "Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa." (II Tes. 2, 15); "Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever." (Jo. 21, 25). Está claríssimo: a mesma Escritura nos ensina que existe uma Palavra de Deus não escrita, transmitida por Deus aos Apóstolos, e assim a seus sucessores. Esta Palavra divina não escrita é a segunda fonte da Revelação: a Tradição, que completa a Sagrada Escritura com verdades não contidas nela. Os tesouros que encerra podem se encontrar nos escritos dos Santos Padres da Igreja (e em alguns outros lugares: a divina liturgia, que se remonta, em seu núcleo central, a Cristo e os Apóstolos; as Atas dos mártires, que contem as verdades de fé cridas pela Igreja primitiva, verdades pelo que muitos cristãos deram seu sangue; etc.), alguns dos quais foram discípulos dos Apóstolos, e outros foram discípulos destes discípulos, formando assim uma cadeia que chega até o Medieval (o último Padre da Igreja foi São Bernardo de Claraval). O Concilio de Trento tinha, pois, toda a razão do mundo ao definir, infalivelmente, que a Divina Revelação "se contêm tanto nos livros escritos quanto nas tradições não escritas" (Denz., 783).

Ao isso os protestantes sempre respondem que os Apóstolos e evangelistas escreviam o mesmo que pregavam e que, por isso, a totalidade de sua pregação e de Cristoestá somente nas Escrituras. Pode se contestar isso já que "seguramente não escreveram coisas contrarias ao que ensinavam de viva voz; mas a dificuldade está em provar que deixaram por escrito todas as verdades que pregaram sem excessão e São Paulo assegura o contrário. Seria impossivel que este Apóstolo encerrasse em quatorze epístolas tudo o que ensinou em trinta e três anos" (Bergier, Diccionario enciclopédico de Teología, imprenta de Tomás Jordán, Madrid 1835, voz Tradición).

Assim pois: "É evidente que nem tudo foi dito pelos Apóstolos nas epístolas, mas que muitos ensinamentos foram feitas sem cartas; tanto umas como outras são dignas da mesma fé, diz São João Crisóstomo em seu comentário Homil. IV in II Thes. 2, 2. O mesmo é confirmado por São João: ‘Apesar de ter mais coisas que vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta, mas espero estar entre vós e conversar de viva voz, para que a vossa alegria seja perfeita.’ (II Jo. 12); ‘Tinha muitas coisas para te escrever, mas não quero fazê-lo com tinta e pena. Espero ir ver-te em breve e então falaremos de viva voz.’ (III Jo. 13). Certamente eram coisas dignas de ser escritas mas não foram escrito apenas dito, e em lugar da Escritura temos a tradição. ‘Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo.Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós.’ (II Tim. 1, 13-14), dizia São Paulo a Timoteo. Isso náo é recomendar a palavra apostólica não escrita? Então se chama tradição. E mais adiante prossegue: ‘O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros.’ (II Tim. 2, 2). Tem algo mais claro que tradição? Esta é a forma: o apóstolo fala, os testemunhos o ratificam, Timoteo deve ensina-lo a outros, e estes, por sua vez, a outros. O mesmo apóstolo, não felicita aos corintios por observar as tradições? ‘Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vo-las transmiti.’ (I Cor. 11, 2). Se foi a segunda carta aos corintios, poderia se dizer que este mandamento se referia ao quanto foi dito na primeira –se bem o sentido sería forçado; mas, para quem não quer caminhar, qualquer sombra vale–. Mas este texto é da primeira carta. Não fala de nenhum Evangelho. E quando diz ao final: ‘As demais coisas eu determinarei quando for ter convosco.’ (I Cor. 11, 34), nos faz pensar que ensinou-lhes muitas coisas importantes e que não temos isso escrito. Por acaso a Igreja o perdeu? É claro que não, mas foi transmitido pela tradição; do contrario, o Apóstolo haveria escrito para que não se perdesse na posteridade. E Nosso Senhor diz: ‘Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.’ (Jo. 16, 12). Eu pergunto a vocês, protestantes, quando Ele disse essas coisas que tinha que dizer? Por acaso tem sentido o que entendemos com as palavras ‘muitas coisas’, se tudo estivesse escrito? Está bem claro que permaneceu com os Apóstolos durante quarenta días, falando-lhes do reino dos céus (At. 1, 3), mas não conservamos por escrito nem todas as aparições nem o que nelas era dita" (São Francisco de Sales, Meditações sobre a Igreja [Controversias], BAC, Madrid, 1985, págs. 204-205).

Quarto Mito

"Para os que não aceitam a Escritura como autoridade final [quer dizer, para os católicos] a exégese não é tão importante. A postura tradicional da Igreja Católica Romana tem sido a de aceitar a Igreja e o Papa como autoridade última, assim que, para eles, o mais importante é conhecer o que a Igreja e o Papa dizem" (Lição 36 da Seção I, pág. 5.25).

Mas, que mau pense David Muir, para os católicos a exégese é importantíssima, muito mais que para qualquer "reformado", quem não vacila em sacrificar livros inteiros do canom da Escritura quando não se ajustam a seus prejuizos teológicos (foi o caso de Calvino e Lutero, que suprimiram da Biblia os dois livros dos Macabeus porque evidenciavam a existência do Purgatório). Basta conhecer algo, por pouco que seja, da literatura patrística (São Justino Mártir, São Cirilo de Alexandria, Santo Agostinho, etc.), para se pasmar do rigor e da profundidade com que os Padres desenvolvem a exégese escriturística (a luz da Tradição, por sinal). Quando terminou o periodo patrístico, a exégese continuou-se desenvolvendo, alcançando cotas de perfeição insuspeitas para um cerebro "reformado" (estão ai para provar, em nosso século, as obras de Lagrange, de Vaccari, de Spadafora, de Alfonso Torres, etc.).

Para um católico, o Papa não é a última autoridade: a última autoridade é Deus. E foi Deus mesmo que fundou uma Igreja docente para ensinar-nos as verdades reveladas, com São Pedro e seus sucessores a cabeça, como consta nas Escrituras:

"Cristo fez de São Pedro fundamento de toda sua Igreja, quer dizerr, garante de unidade e solidez inquebrantável da mesma, e prometeu alem disso a sua Igreja uma duração imperecível (Mt. 16, 18). Agora bem, a unidade e solides da Igreja não são possiveis se não se conservar a fé verdadeira. Logo Pedro é o supremo mestre da fé em toda a Igreja. E, como tal, tem que ser infalível, tanto em sua pessoa como na de seus sucessores, quando propõe oficialmente uma verdade de fé, se é verdade que a Igreja dede perdurar para sempre tal como Cristo a fundou.

Além disto, Cristo concedeu a Pedro (e a seus sucessores) un amplo poder de ligar e desligar. E como na linguagem dos rabinos ligar e desligar significa interpretar autênticamente a lei, é aí que nesta expressão Cristo concede também a Pedro o poder de interpretar autênticamente a lei da Nova Aliança: o Evangelho. Deus confirmará no céu as regras de Pedro. Com isso se entende bem claramente que o supremo mestro da fé está imune de todo erro. Cristo instituu Pedro (e a seus sucessores) como supremo pastor de toda seu rebanho (Jo. 21, 15-17). O cargo de supremo pastor engloba ensinar a verdade cristã e preserva-la do erro. Mas esta missão não poderia ser levada adiante se o mesmo estivesse sujeito a erros no desempeho de seu supremo ministerio de ensinar. Cristo orou por Pedro para que tivesse firmeza na fé e o encarregou que fortalecesse ela a seus irmãos; Lc. 22, 31 e ss.: ‘Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.’. A razão de que Jesus orasse especialmente por Pedro é que este, depois de sua conversão, deberia colaborar na fé de todos os demais discípulos, coisa que indica claramente sua qualidade de príncipe e cabeça dos apóstolos. O papel de diretor que Pedro desempenha na comunidade cristã primitiva mostra que sabia cumprir o cargo de Mestro. Esta frase se dirige em primeiro termo a pessoa de São Pedro, mas, examinándo-a a luz de Mt. 16, 18 e ss., devemos referi-la também aos Romanos Pontífices, em quem sobrevive Pedro como cabeça da Igreja, pois o perigo em que a fé corre em todos os tempos faz que seja um dever imperioso do príncipe da Igreja, o de colaborar com os fiéis na fé cristã. E para cumprir eficazmente com esta missão é necessário que os Papas gozem de infalibilidade em matéria de fé e moral cristã" (Ludwig Ott, Manual de Teología Dogmática, Barcelona, 1986, págs. 435-436).

Dos ensinamentos anteriores da bíblias se deduz que o católico obedece ao Papa quando este propõe infalivelmente verdades relativas a fé e a moral (Magisterio extraordinario ou ex-cathedra), e quando, em exercicio de seu Magisterio ordinario, o Papa repete o que tem sido crido pela Igreja sempre e em todas as partes, desde os Apóstolos até nossos dias (quod ubique, quod semper, como sintetizou São Vicente de Lerins); mas se o Papa propõe, sozinho ou em Concilio, uma doutrina contraria a Escrituras ou a Tradição (asemelhando-se assim a Calvino, a Lutero e a outros heresiarcas de triste memoria), o católico desobedece e resiste, no qual se evidencia nesse caso que o Papa não é a última autoridad pois, como disse São Pedro, "ha que obedecer a Deus antes que aos homens".

Provas da resistência católica e da la falsidade das alegações de David Muir? Por exemplo o Papa Honorio I, eleido Papa em 27-X-625, guardou silêncio diante da heresia monofisita em vez de combate-la e finalmente, a professou em uma carta célebre ("confessamos uma só vontade em Nosso Senhor Jesus Cristo", o qual levava consigo uma negação indireta da dupla natureza de Cristo, divina e humana). A principio, somente um monge da Palestina, chamado Antíoco, reagiu, mas os bispos monofisitas contra-atacaron destituindo e excomungando todos os sacerdotes fiéis a Sagrada Tradição da Igreja. Em continuação de Antíoco, São Sofrônio, humilde frade de Damasco, conseguiu ser nomeado patriarca de Jerusalém, mas o herético patriarca Sergio de Constantinopla aconselhou o Papa que impusesse o silencio a São Sofrônio. São Sofrônio se negou a obedecer e continuou a luta; no final, os católicos venceram e o Papa Honorio foi excomungado pelo sexto Concilio ecumênico (III Concilio Constantinopolitano).

O Concilio se expressou assim: "Havendo constatado que as epístolas dogmáticas do Patriarca Sergio, assim como a carta escrita pelo Papa Honorio I, estão em total desacordo com os dogmas apostólicos , as definições dos santos concilios e de todos os Padres dignos de aprovação, e que, pelo contrario, seguem as falsas doutrinas dos hereges, as recusamos de um modo absoluto e as detestamos porque são nocivas para as almas. Consideramos que do mesmo modo que os principais hereges monofisitas, o Papa Honorio I, anteriormente Papa de Roma, tenha sido também recusado da Santa Igreja Católica de Deus e anatematizado; ja que pudemos constatar, pelos escritos que enviou ao Patriarca Sergio de Constantinopla, que havia adotado em tudo o pensamento deste último e confirmado seus principios impíos".

Ao condenar a Honorio I por haver favorecido a heresia, o Papa São Leão II, morto em 683, escrevia: "Anatematizamos o Papa Honorio, que não esclareceu a esta Igreja Apostólica com a doutrina da Tradição Apostólica, mas permitiu por uma traição sacrílega que fosse desonrada a fé imaculada. Não apagou, como correspondia a sua autoridade apostólica, a nascente chama da heresia, mas que a manteve por sua negligência e consentiu que fosse profanada a fé sem manchar a Tradição apostólica, recebida de seus predecessores".

Mais tarde o Papa Adriano II escreveu na segunda metade do século IX: "O Papa Honorio I foi anatematizado depois de sua morte, mas é necessário recordar que foi acusado de heresia, único crime que legitima a resistência dos inferiores aos superiores, e a recuza de suas doutrinas perniciosas". Esta condenação do Papa Honorio I foi confirmada pelos Sínodos em Trullo de 692, pelo sétimo Concilio Geral e pelo oitavo.

Mais tarde, durante o Pontificado de Pascual II (1099-1118), o problema das investiduras sacudiu novamente a Cristandade. O imperador Enrique V, que fez prisioneiro o Papa, arrancou-lhe umas concessões e promessas inconciliáveis com a doutrina católica. Uma vez obtida sua liberdade, o Papa Pascual II titubeou por longo tempo antes de retratar-se dos atos cometidos bsob coação. Apesar de receber numerosas advertências de santos, de cardeais e bispos, sempre postergou sua retratação e a tão desejada excomunhão do imperador. Então começou-se a levantar um sussurro de desaprovação em toda a Igreja contra o Papa, pois era suspeito de heresia e era conjurado a dar marcha atrás sob pena de perder o pontificado. São Bruno de Segni encabeçava na Italia o movimento que se opunha a Pascual II. Chegou a escrever ao Papa: "Eu os estimo como a meu pai e senhor. Devo ama-los; não obstante, hei de amar mais a Aquele que nos criou, a Vós e a mim. Não aprovo o pacto que firmastes, tão horrível, tão violento, feito com tanta traição e tão contrario a piedade e a religião. Temos os cânones e as constituições dos Padres, desde o tempo dos Apóstolos até Vós; os Apóstolos condenavam e expulsavam da comunhão dos fiéis a todos os que obtinham cargos na Igreja mediante o poder secular. Esta determinação dos Apóstoles é santa e católica, e aquele que a contradizer não seria católico, porque somente são católicos os que não se opõem a fé e a doutrina da Igreja Católica, e os que se opõem obstinadamente a fé e a doutrina da Igreja Católica são hereges".

Em 1112 o arcebispo Guy de Viena, futuro Papa Calisto II, convocou um sínodo provisional em que participaram, entre outros bispos, São Hugo de Grenoble e São Godofredo de Amiens. Com a aprovação destes dois santos o Sínodo anulou os decretos que o imperador havia arrancado do Papa e enviou a este último uma carta em que lemos: "Se, como não o supomos, Vós escolheis outro caminho e os negáis a ratificar as decisões de nossa autoridade, que Deus nos dê seu auxilio, pois então Vós nos desligáis do dever de guardar obediência". Finalmente o Papa se retratou frente a um Sínodo reunido em Roma.

No decreto de Graciano se encontra o seguinte canon atribuido a São Bonifacio Mártir: "que nenhum mortal seja ousado de acusar o Papa de falta, pois havendo-se lhe outorgado o poder de julgar todos os homens, ninguém deve julga-lo, a menos que ele se desvie da fe".

O Papa Inocencio III disse em um de seus sermões: "A fé me é até tal ponto necessária, que tendo a Deus como único juiz de todos meus outros pecados, eu poderia ser julgado pela Igreja a causa do pecado que pudesse chegar a cometer em questões de fe".

Ao anterior, relativo a Honorio I e outros Papas hereges, como Liberio, pode-se completar com qualquer manual de Historia da Igreja, como o de Ricardo García-Villoslada, por exemplo; com isto é suficiente para provar que, segúndo a doutrina católica, a última autoridade não é o Papa mas Deus.

Nota do autor do site Exsurge Domini

Bem como vimos aqui, infelizmente existiu alguns papas que por seus testemunhos de vida não foram felizes na vivência cristã católica, mas uma coisa importantíssima o autor deste artigo esqueceu de afirmar que nunca a Igreja anulou um dogma proclamado e nem mesmo estes Papas hereges alteraram nenhum ponto doutrinário dogmatico da fé catolica, provando assim duas itens da fé católica:

1- O Papa pode não ter sido fiel a lei de Cristo no seu testemunho de vida, mas quando se trata de uma proclamação dogmatica excatedra utilizando-se assim a catedra de Pedro ou Munus Petrino, já não é mais o homem pecador que fala, mas a voz de Pedro pela autoridade conferida por Jesus.

2- Que as portas do inferno nunca prevalecerá sobre a Igreja, mesmo tendo acontecido de ter aparecido Papa herege dentro do seio da Igreja, nem mesmo assim afetou a sã doutrina porque estes nunca proclamaram um dogma e nem tampouco anularam algum já estabelecido, tudo porque é o proprio Jesus que guarda sua Igreja.

Sobre o Papa Honorio temos um artigo que adentra neste assunto em apologetica-Igreja Católica, vale a pena conferir: O caso do Papa Honorio I

Rogério Hirota (SacroSancttus)


Quinto Mito

Os evangélicos tem a Escritura, a Biblia e fazem sua exégese, como se empenha em nos fazer acreditaro mitólogo protestante David Muir em muitas páginas.

Mas vamos ver de que Biblia falam os evangélicos? Qualquer um que conheça algo da história da pseudo-reforma, por pouco que seja, sabe que as milhares de seitas que surgiram não eram uniformes na opinião da quantidade de livros inspirados. Lutero ria do Eclesiastes, dizia que o livro de Jó era uma fábula e tirava a epístola de São Tiago; Calvino arrancava o livro da Sabedoria; o reformador Castalio, o Cantico dos Canticos; os anabaptistas de Tomaz Munzer o evangelho segúndo São Marcos, e todos os dois livros dos Macabeus; houve sectarios que até condenaram o livro do Apocalipse; assim então David Muir se refere em que ao falar da Biblia? A quê canon bíblico? E se a Escritura é a última autoridade, se a Biblia é a autoridade final em materia de fe, onde a Escritura mostra que o catálogo completo de livros inspirados é composto de tais ou quais livros inspirados? Onde diz na Escritura que o canon completo da Escritura é o que usa-se em uma das Igrejas "reformadas" e não o que usa outras Igrejas ? Em que livro da Escritura se enumeram todos os livros inspirados? Como saber, portanto, quais livros estão inspirados e quais não? Nenhum protestante pode justificar sua eleição sem violar o principio de que "a Escritura é a única regra da fé, a autoridad última ou final em materia de fé".

O "sabio" David Muir espalma a seus leitores um principio importantíssimo da pseudo-reforma: ele diz que Deus inspira diretamente a cada fiel a interpretação da Escritura. O mesmo principio foi usado por Lutero para negar a Igreja Católica toda autoridade de definir questões de fé e de interpretação da Escritura. Chegou a dizer que somente a Biblia basta, pois é " bastante clara para impor uma doutrina dogmática". Mas quem garante que um livro ou uma página é palavra de Deus? A iluminação interior e a própria experiência? Outras vezes dirá que o Divino Espírito.

Erasmo argumentará agudamente mais tarde que oxalá fosse verdade esta idéia sobre a claridade da Escritura e que tanto o espírito como Lutero diz ter os novos profetas biblicos a combatem e interpretan a Biblia de outro modo por exemplo Karlstadt, Zwinglio, Esclampadio e Capitão. Pois então, por que ele se irrita contra eles e os chama de hereges, se estes apoiam-se, como ele, na mesma Sagrada Escritura? Assim argumenta Erasmo em Hyperasp. 1.1 (o texto anterior foi tirado de Martín Lutero, tomo I, de Ricardo García-Villoslada, BAC, 2ª ed., Madrid 1976, pág. 362).

O mais engraçado de todo este assunto é que a rede de associações a que se vincula a Muir, quer dizer, as Sociedades Bíblicas Unidas, espoem como prova de que a Escritura é a autoridade última ou final nada menos que um texto bíblico condenatório do principio protestante que estamos examinando, que é: o de que Deus inspira diretamente a cada fiel a interpretação da Escritura, na qual, por isso mesmo, se declara de interpretação particular. Vejamos: "a fé cristã, de modo unânime, expressa sua convicção a respeito do valor e a vigência permanentes da Biblia em declarações como que falamos em II Pedr. 1, 19-21: ‘Assim demos ainda maior crédito à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender, como a uma lâmpada que brilha em um lugar tenebroso até que desponte o dia e a estrela da manhã se levante em vossos corações. Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.’ " (Prefacio a tradução da Biblia denominada Santa Biblia Reina-Valera, revisão 1995, Sociedades Bíblicas Unidas, Colombia 1997).

Notemos duas coisas: 1) a Escritura condena o principio protestante de que a Escritura é de interpretação privada, por fim condena o principio de que Deus inspira a cada fiel, diretamente na interpretação da Escritura; 2) o texto reproduzido não diz em parte alguma que a Escritura seja a última autoridade ou final.

Uma consequência desse dito principio da pseudo-reforma é a inutilidade da exégese; com efeito, se como ensinam os heresiarcas, Deus ilumina a cada fiel na hora de interpretar a Escritura, se Deus inspira aos fieles no verdadeiro sentido da Biblia, que falta faz a exégese? Daqui se entende que para os "reformados" a exégese carece de importância: a única importância é tergiversar as Escrituras para combater assim a Igreja fundada por Deus.


Outra consequência é a anarquía no campo doutrinal: se Deus ilumina a cada fiel em sua interpretação da Escritura, por quê se deve aceitar a interpretação de Muir ou de qualquer outro, por muito grego ou hebraico que saiba ou diga saber? Tão inspirado estou como ele, tão inspirado está qualquer inculto como o primeiro dos licenciados em Filología Hebraica ou em Sagrada Escritura.

Ignoro qual é a razão pela qual David Muir encobre do leitor este importantíssimo principio da pseudo-reforma, pois não pode ser tão ignorante para não saber a que se atêm a doutrina dos "reformados".

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