Segue a polêmica sobre as Cruzadas


 

Segue a polêmica sobre as Cruzadas


Fonte : Corazones
Autor: Padre Jordi Rivero
Tradução: Rogerio Hirota

 

Segue a polêmica sobre as Cruzadas

O historiador Franco Cardini sai ao passo de alguns erros


ROMA, 21 jul 1999 (ZENIT).- A polêmica sobre as Cruzadas não diminui. Neste ano se celebra o 900° aniversario da primeira Cruzada e tem se convertido aos olhos de uma publicitária anticatólica num argumento para desacreditar a Igreja e seus ensinamentos.


Tem aparecido diversos artigos em que as Cruzadas são descritas como guerras santas, as massacres dos judeus que tiveram lugar naquela ocasião, como a antessala do holocausto. A Igreja tem sido acusada de eliminar aos adversários em nome da ortodoxia. «A República», segundo jornal de difusão na Itália, escreveram que «os francos massacraram setenta mil pessoas em uma mesquita», o que deveria se supor que a mesquita era tão grande como um moderno estádio de futebol.


Para tratar de evitar tolices e erros, o historiador Franco Cardini, profundo conhecedor dos acontecimentos medievais, escreveu um artigo no «Avvenire» de hoje com o título «Cruzadas e não guerras de religião».


O professor Cardini explica que a interpretação das Cruzadas como antecedentes das guerras de religião e das guerras ideológicas, tem sido sustentada nos ambientes iluministas. Se trata de uma polêmica amplamente mal entendida e de pretexto.


Segundo o professor Cardini, «as Cruzadas nunca foram  "guerras de religião", não buscaram a conversão forçada ou a supressão dos infiéis. Os excessos e violências realizados no percurso das expedições --que existiram e não se deve esquecer-- devem ser avaliados no marco da normal (mesmo que dolorosa) fenomenologia dos fatos militares e tendo sempre presente que alguma razão teológica os justificaram. A Cruzada corresponde a um movimento de peregrinação armada que se afirmou lentamente e se desenvolveu no tempo --entre o século XI ao XIII-- que deve ser entendido colocando no contexto do longo encontro entre Cristianismo e Islamismo e que produziram resultados positivos culturais e econômicos. Como se justifica  os dados de frequentes amizades e inclusive alianças militares entre cristãos e muçulmanos na historia das Cruzadas?».


Para confirmar suas teses o professor Cardini recorda a contribuição de São Bernardo de Claraval (1090-1153) que contra a cavalaria laica, como aquela do século XII formada por pessoas ávida, violenta e imoral, propôs a constituição de «uma nova cavalaria» ao serviço dos pobres e dos peregrinos. A proposta de São Bernardo era revolucionária, uma nova cavalaria feita de monges que renunciasse a toda forma de riqueza e de poder pessoal e que inclusive na guerra entendesse que o inimigo só poderia ser morto quando não havia outra opção e que não se deveria odiar. Com ensinamento de não odiar também na batalha.


A Cruzada entendida como «guerra santa» contra os muçulmanos, também seria segundo Cardini um exagero. «Na realidade --sublinha o professor-- o que interessava nas expedições ao serviço dos irmãos em Cristo, ameaçados pelos muçulmanos, era a recuperação da paz no Ocidente e a colocar em ação a idéia de socorro aos correligionários distantes. A Cruzada significava reconciliar-se com o adversário antes do embate, renunciar a disputa e a vingança, aceitar a idéia do martírio, colocar-se a si mesmos e os próprios bens a disposição da comunidade dos crentes, projetar-se numa experiência a luz da qual, por um certo número de meses e talvez de anos, se colocaria ao seguimento e a memória do Cristo vivente na terra que havia sido o teatro de sua existência terrena que culmina na própria experiência pessoal ».

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