Espirito da Inquisição reconhecido entre os protestantes




Autor: ACI  Digital


Roma, 24 jun (SN) – Um reconhecimento à obra de Papa Wojtyla pela revisão corajosa iniciada em relação à Inquisição católica foi sublinhado pelo jornal semanal das Igrejas batistas, metodistas e valdenses da Itália, “Riforma”, que publicará no próximo número um artigo do pastor e teólogo Paolo Ricca. Em seu artigo, depois de assinalar o “espírito da inquisição” que teve simpatizantes também entre os evangélicos e ortodoxos, o articulista elogia a coragem de João Paulo II em ter organizado em 1998 um encontro internacional de historiadores (não só católicos) sobre a Inquisição, cujas atas foram publicados este mês. Ricca elogia como foi feito o trabalho, “um estudo aprofundado, o mais objetivo possível, não viciado por intenções apologéticas ou polêmicas, daquilo que a Inquisição foi e o que fez”. 


O gesto do Papa não tira porém a realidade de que a Inquisição foi “uma mancha preta na história da Igreja e da civilização ocidental”. Paolo Ricca critica a natureza da Inquisição e os líderes da Igreja católica que se utilizaram dela para eliminar os que pensavam diferentemente, longe da mensagem de Jesus, bem como o tempo em que ela esteve em vigor. “Que na igreja que se diz de Jesus de Nazaré – escreve o teólogo evangélico italiano -, grande vítima da ‘Inquisição’ de seu tempo, tenha sido possível criar uma instituição semelhante e que ela tenha tido uma vida tão longa (na prática, com sensíveis remodelações, até o Vaticano II, isto é até 1965!), é realmente um grande escândalo moral e espiritual. Jesus de fato disse: ‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei aquele que pode lançar a alma e o corpo na geena’ (Mt 10,28). 


A Inquisição matou muitos corpo, mas, sobretudo – e este, no final das contas, é o seu maior delito -, matou (na intenção de ‘salvar’) um número bem superior de almas, no sentido de tê-las espantado, ameaçado, violentado, pisado, obrigadas a abjurar o que acreditavam e a confessar o que não acreditavam. O delito da Inquisição foi a manipulação programada das consciências, a vontade perversa de obrigá-las ao próprio querer e ao próprio credo. É horrível matar os corpo, mas não é menos horrível ‘matar’ (se fosse possível) as almas. Na raiz de um projeto tão insano existe um antigo, fatal divórcio que aconteceu na história da Igreja: o divórcio entre verdade e amor; e existe um antigo e também fatal encontro: o encontro entre verdade e poder. Aqui, ao redor deste divórcio e a este encontro, existem, como intuiu o atual Pontífice, muitos pecados a serem confessados e dos quais pedir perdão: aqui; e necessário um grande perdão diante de um grande pecado”.

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