Autor: Res Cogitans
O Espiritismo Kardecista é uma doutrina tão datada quanto o Positivismo de Conte, que se tornou obsoleto antes de se consolidar.
Tanto o Positivismo quanto o Kardecismo desembarcaram no Brasil do século XIX, onde foram bem aceitos pela elite local.
Curiosamente, enquanto as doutrinas de Conte perderam o interesse e caíram no esquecimento, o Espiritismo progrediu nestas terras, ignorando que no resto do mundo não passou de uma tentativa fracassada de sintetizar uma nova doutrina religiosa que conciliasse fé e ciência, cristianismo e crenças orientais.
Este pastiche que não tinha como dar certo, alastrou-se pela classe média brasileira onde conquistou a simpatia da profissão médica, seduzindo um grande número de membros desta categoria para as doutrinas de Alan Kardec.
Não é raro notarmos silêncios indulgentes ou mesmo apoio descarado das associações médicas nacionais a práticas que jamais seriam toleradas por associações similares de outros países, como as malfadas ¨operações espirituais¨.
A surpresa é menor quando verificamos que existem outros exemplos históricos e internacionais de adesões inadequadas da classe médica a uma doutrina do momento, alguns extremamente mais comprometedores que a mal explicada penetração do Kardecismo entre os médicos brasileiros.
Um rápido experimento estatístico que demonstra o quanto o espiritismo kardecista só vingou no Brasil, sendo inexpressivo até na França, país natal de Allan Kardec, é verificar o número de resultados do google para as seguintes pesquisas:
“Livro dos Espíritos” – 8870 resultados
“LE LIVRE DES ESPRITS” (título original em francês) – 888 resultados (dos quais 10% em sites brasileiros)
“Allan Kardec” – 23800 resultados
“Allan Kardec” (pesquisar páginas em português) – 16900 resultados (71% do total)
O espiritismo kardecista é uma doutrina sincrética que foi abraçada pelos brasileiros, um povo com afinidade histórica pelo sincretismo religioso.
Para o resto do mundo, o espiritismo é apenas uma seita exótica e Allan Kardec um quase desconhecido.
Postar um comentário