Porque e para que existo?

 


Dom Estevão Bettencourt


Revista Pergunte e Responderemos – Agosto 2004


N0 506 – Página 1


Em determinados momentos da vida afloram à minha mente certas perguntas de importância fundamental.


A primeira que me interessa é da razão de ser da minha existência. “Não pedi para nascer”. Por que então existo?


- Há quem diga que o mundo e o homem existem por acaso. –Mas, refletindo bem, vejo que o acaso não é um sujeito agente. O acaso supõe causas definidas que produzem um fenômeno imprevisto, ao qual dou o predicado de casual precisamente porque ignoro as suas causas. Por isto dizem sabiamente que acaso é o nome da nossa ignorância.


Na verdade, só posso explicar minha existência como produto de um Criador, que me concebeu em sua mente desde toda eternidade e me tirou do nada quando o julgou oportuno.É a fé que afirma isto, mostrando-me a harmonia e a beleza do mundo que me cerca. Sou contemplado desde todo o sempre pelo amor de um Ser Supremo, que sendo o Sumo Bem, é sumamente difusivo de Si.


E para que me criou? Ele não precisa de mim. Para que existo?


- Ele me criou para participar da sua bem-aventurança ou para ver a Beleza infinita face-a-face ou, ainda, para usufruir “aquilo que o olho jamais viu, o ouvido jamais ouviu e o coração do homem jamais percebeu” (1Cor 2,9). Esta é a razão da minha existência. Deve ser este também meu grande objetivo através dos afazeres da cada dia. As finalidades imediatas têm de estar subordinadas a esta Suprema Finalidade, da qual, alias, já possuo um gérmen na vida presente. Com efeito; no Batismo recebi o Espírito Santo, que me fez filho no FILHO para poder clamar “Abbá, Pai” (Rm 8, 15: Gl 4,6)


Destas considerações surge a resposta a uma terceira pergunta básica: qual é o sentido desta vida? Esta vida na Terá é uma gestação não mais aos cuidados de minha mãe, mas aos cuidados de mim mesmo. Sim; compete-me desenvolver as virtualidades seminais que o Criador depositou no meu íntimo. Trabalhando e lutando diariamente, estou fazendo desabrochar a riqueza dos talentos em mim existentes a fim de me configurar a imagem do Primogênito (Rm 8,29). Daí a importância do tempo que o Senhor Deus me concede; o tempo é a primeira graça, o dom básico dentro do qual vou-me construindo segundo a imagem do Cristo Jesus. Reflito, um tanto surpreso: ainda estou em gestação, em formação! ...; sou chamado a atingir a estatura do Homem Perfeito que o Pai concebeu para mim deste todo o sempre; ver EF 4,13.


Estas reflexões me levam a uma prece:


“Eu te dou graças, Senhor por tão grandes benefícios. Jamais chegaria eu por mim mesmo a descobri a tua benevolência. Em conseqüência, ouso pedir-te mais uma dádiva: não permitais que eu seja indiferente ao teu santo desígnio, numa vida rotineira ou superficial. Seja eu ardoroso na tarefa de me configurar a teu Filho e assim chegar a contemplar o brilho de tua Face, razão suprema da minha existência! “

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