A Fundação da Igreja

 



Contra os ataques que as seitas religiosas (que foram surgindo ao longo dos tempos) pretendem ultrajar a Igreja católica, em buscade uma religião mais fácil, menos exigente, ainda que sem garantias eternas,é bom que nós os católicos verdadeiros, tenhamos consciência da Verdade da nossa Religião, fundada por Jesus Cristo há cerca de 2.000 anos e à qual Ele prometeu que estaria com ela até ao fim do mundo. Uma realidade oportuna para uma firme reflexão de Quaresma.


O Mistério da Santa Igreja está plenamente manifestado na sua autêntica

Fundação que o Senhor Jesus inaugurou pela pregação da Boa Nova, que é a

vinda do Reino de Deus, o qual, durante muitos séculos foi prometido nas

Sagradas Escrituras...


Na palavra de Cristo, nas Suas obras e na Sua presença, está revelado esse

Reino aos homens com fundamento no Sermão da Montanha.


Os próprios milagres de Jesus confirmaram que o Seu Reino já tinha chegado à terra.


Antes de todas as coisas, todavia, o Reino estava claramente visível na

autêntica pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do Homem.


Quando Jesus ressuscitou, depois de sofrer e morrer na Cruz pela Humanidade, Ele havia manifestado que tinha sido escolhido como Senhor, Messias e Sacerdote para sempre :


- “Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu,

como Senhor e Messias, a esse Jesus por vós crucificado”. (Act. 2,36).


- "Tu és Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedec".

(Hrb.5,6:7,17sgs.).


Depois da ressurreição foi elevado à direita do Pai e mandou o Espírito

Santo prometido:


- “Foi este Jesus que Deus ressuscitou, de que nós somos testemunhas.

Tendo sido elevado pela direita de Deus Pai, recebeu do Pai o Espírito Santo

prometido e derramou o que vedes e ouvis”. (Act.2,32-33).


O Concílio Vaticano II na sua Constituição Dogmática sobre a Santa Igreja, Lumem Gentium, diz :


- “Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória”. (LG. 5).


IGREJA PRIMITIVA


Chama-se Igreja Primitiva ao período histórico da Igreja que vai desde o ano 30 até ao Édito de Milão (313).


Foi um período do História da Igreja, de três séculos, período de formação de identidade e de desenvolvimento cultural.


Ainda podemos dividir o tempo da Igreja Primitiva em dois períodos:


* Tempo Apostólico.


Foi durante este período que a Primitiva Igreja se debruçou sobre a Revelação e o testemunho dos Apóstolos e estabeleceu os fundamentos da

estrutura básica da Igreja, formou o cânon das Escrituras e tomou a sua posição contra as heresias, através dos seus Credos. A Igreja assumiu a sua

própria estrutura de entidade eclesial.


Este período durou até ao ano 180, aproximadamente.


* Tempo Subapostólico. (180-313).


Foi durante este tempo que a Igreja se identificou com a sua missão universal que era preciso cumprir.


Foi um período de crescimento numérico e desenvolvimento geográfico da

Igreja, de Catequese, de actividade teológica e, apesar das perseguições,

foi também um período de expansão através do Império e uma consciencialização dos problemas do mundo.


Foi durante este período que as escolas de teologia de Antioquia e

Alexandria deram aos seus estudantes um extraordinário desenvolvimento pelos escritos que foram o fundamento instrumental da solidificação da Primitiva Igreja tradicional e contribuíram para o seu maior desenvolvimento.


A partir da primitiva comunidade de Jerusalém começaram os trabalhos

missionários de Catequese entre os Gregos, os Romanos e os Africanos. A

Igreja desenvolveu uma cultura que era uma amálgama de Judaísmo, Helenismo e Romanismo.


Isto está patente nos escritos, na liturgia e no desenvolvimento sociológico da Igreja.


O esforço catequético e missionário e as apreensões contra os perigos,

estão bem patentes em S. Paulo:


- “Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho de que o Espírito Santo

vos constitui administradores, para apascentardes a Igreja de Deus, adquirida por Ele com o Seu próprio sangue. Sei que, depois de eu partir, se

hão-de introduzir entre vós lobos temiveis que não pouparão o rebanho e que, mesmo no meio de vós se hão-de erguer homens de palavras perversas para arrastarem os discípulos atrás de si”. (Act. 20,28-30).


Mesmo em face destes perigos a Igreja formou a sua estrutura hierárquica

num desenvolvimento colegial, capaz de enfrentar o desafio das heresias logo que elas apareceram e de manter a pureza dos Evangelhos preservados com unidade e centralizados à volta da Eucaristia.


A Igreja Primitiva é caracterizada pela continuidade da acção da obra da

Redenção e da sua aplicação conjuntamente com o seu desenvolvimento e as bases do Cristianismo, mais tarde expressas no esplendor da arte, da

arquitectura e dos ensinamentos sociais, exercida pelo constante trabalho de

Catequese a todos os níveis..


FRACÇÃO DO PÃO !


- “Tomou então o pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-lho

dizendo”... (Lc.22,19).

Esta expressão era uma das formas mais usadas pelos primeiros cristãos para se referirem à Eucaristia, em recordação do que Cristo tinha feito na última ceia :


- “Enquanto comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção,

partiu-o, e deu-o aos seus discípulos”... (Mt.26,26).


Foi, portanto, o momento solene da Consagração e, muitas vezes os Apóstolos e outros discípulos se referem à Ceia do Senhor com esta expressão da Fracção do Pão :


- “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à Fracção do pão, e às orações”. (Act.2,42).


- “No prmeiro dia da semana, estando nós reunidos para o Partir do pão”... (Act.20,7).


Foi também pela Fracção do pão que os discípulos de Emaús reconheceram

o Senhor :


- “E quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de partir o pão, entregou-lho. Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n'0, mas Ele desapareceu da sua presença”. (Lc.24,30).


Entre os nomes que se dão à Eucaristia, o Catecismo da Igreja Católica também apresenta este :


1329. - Fracção do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família, sobretudo a quando da última Ceia. É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da Ressurreição e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas. Querem com isso significar que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com Ele e formam um só corpo n'Ele.


O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina Dei Verbum , diz :


- “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito da

Palavra de Deus, confiado à Igreja; aderindo a este, todo o Povo santo

persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fracção do Pão e na oração, de tal modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância, dos pastores e dos fiéis”.(DV 10).(cf. CIC 84).


A Instrução Geral do Missal Romano de 1975, nota que "nos tempos

apostólicos o gesto de Cristo na Última Ceia, de partir o pão", deu o seu

nome a Toda a Acção Eucarística,(n.56c).


Profundas reflexões eclesiológicas estão relacionadas com este rito, derivadas destas palavras de S. Paulo :


- “E o pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo ? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão”.(1 Cor.10,16-17).


Este rito foi a preparação necessária para a recepção da Eucaristia e

levava algum tempo quando era grande o número de comungantes.Esta foi uma das práticas da Primitiva Igreja que formaram o que nós hoje chamamos a Tradição da Igreja.


Cristo ensinou e enviou os seus Apóstolos a pregar e a ensinar o que d’Ele aprenderam. Neles assenta a mais importante força da Tradição, pois que, pelo que ensinaram, deram a sua vida no martírio, todos, excepto

S. João Evangelista, exilado na ilha de Patmos.


No sentido religioso A Tradição é o ensinamento e a prática, observados entre os cristãos, orais ou escritos, separados mas não independentes das Escrituras.


O Concílio de Trento (1545-1563), afirmou que a Bíblia e a Tradição são as fontes divinas da doutrina cristã.


Diz o Catecismo da Igreja Católica :


76. - A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras :


- Oralmente, "pelos Apóstolos, que, na sua pregação oral, exemplos e instituições, transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo";


- Por escrito, "por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação"(DV 7).


"Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante"(DV 8). A Maior parte das Igrejas não católicas, não aceita a Tradição, exactamente porque não aceitam a fé católica, como se a pregação e o testemunho dos Apóstolos, e depois dos Padres e Doutores da

Igreja, não tivessem nenhum valor.


Fundada a Igreja, surgiu depois o Movimento a que se chamou o Cristianismo, que chegou até nós e cujo objectivo e doutrina são

desempenhados pelo Magistério da Igreja que assenta, portanto, na Sagrada

Escritura e na Tradição.


John Nascimento

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