Estrela de Belém

 


Autor: John Nascimento


Através da história, teólogos e cientistas têm-se interrogado sobre a Estrela de Belém :


- Teria sido um cometa ?


- Teria sido um meteoro ?


- Teria sido uma Estrela ?


Durante mais de 20 séculos muitos escolares têm tentado destruir as narrativas sobre a infância de Jesus, considerando-as como mitos, histórias coloridas mas sem base em factos, ajudados pelos escritores dos Evangelhos, tentando apenas chegar à conclusão de que Jesus é o Senhor de todas as nações e não apenas o rei dos judeus.


Mas nem todos pretendem destruir completamente as histórias sobre o nascimento de Cristo.


Os cientistas têm aproveitado as vantagens dos instrumentos astronómicos, incluindo os modernos telescópios gigantes, a exploração de longínquos satélites e o uso de computadores fantásticos, para calcularem acontecimentos do passado que possam justificar a descrição bíblica da Estrela de Belém.


Até agora já apareceram com fascinantes possibilidades.


A Bíblia menciona a Estrela de Belém nesta passagem :


- Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. "Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer ? - Perguntavam -. Vimos a Sua Estrela no Oriente e viemos adorá-Lo.(Mt.,1/l-2).


A palavra usada no grego é asteros, que significa Estrela, e não Cometa ou Meteoro.


Menos clara é a frase "no Oriente".


- Significa que os Magos viram a Estrela quando estavam no Oriente ?


- Ou viram a Estrela na parte Oriental do firmamento ?


O texto grego é ambíguo.


Quando Herodes ouviu o que diziam os Magos, ficou perturbado, porque os escribas e os sumos sacerdotes lhe disseram o que estava escrito na profecia a respeito do que havia de se passar em Belém :


- E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Príncipe que apascentará o Meu povo Israel. (Mt.2,6).


S. Mateus citou o profeta Miqueias que disse :


- Mas tu Belém de Efrata, tão pequena para seres contada entre as famílias de Judá. É de ti que Me há-de sair Aquele que governará em Israel. (Miq.5,1).


Em virtude desta profecia, Herodes tomou as suas providências e agiu com muita manha :


- Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e deu-lhes informações exactas sobre a data em que a Estrela lhes havia aparecido. E, enviando-os a Belém, disse-lhes : "Ide e informai-vos cuidadosamente acerca do Menino, e, depois de O encontrardes, vinde comunicar-me para que também eu vá adorá-Lo. (Mt.2,7-8).


Os Magos puseram-se a caminho e logo a Estrela lhes apareceu de novo para os guiar :


- E a Estrela que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o Menino, parou. (Mt.2,9).


Antes de mais, quem poderiam ser estes homens ?


O Evangelho chama-lhes Magoi.


Na verdade existia na Babilónia um lugar onde uns cientistas astrónomos, pertencentes a uma casta sacerdotal chamada Magos.


Nos tempos de Cristo, esta casta de sacerdotes astrólogos tinha já adoptado a religião zoroastriana, fundada cerca do ano 600 a.C. pelo profeta Persa Zoroastres, o qual anunciava a vinda de Saoshyant, o Salvador do Futuro.


Assim, os antigos Magos, grandes astrónomos e observadores do firmamento, já esperavam a chegada de um salvador.


Mas que espécie de Estrela viram esses Magos ?


Embora alguns Santos Padres da Igreja, como S. João Crisóstomo e S. Agostinho acreditassem que se tratava simplesmente de uma luz milagrosa, vinda do céu, outros pensadores cristãos têm procurado uma explicação natural.


Orígenes (†.254) pensava que a Estrela de Belém devia ser um Cometa.


Ele pensava correctamente que os judeus do Primeiro século da Palestina deviam ter visto uma Estrela brilhante "no Oriente", em cumprimento do oráculo messiânico do profeta Balaão :


- Vejo-o, mas não agora: contemplo-o, mas não está próximo; uma Estrela sai de Jacob e um ceptro flamejante surge do seio de Israel.(Num.24,17).


Toda a espécie de corpos celestes têm surgido através dos tempos, como cometas, meteoros, planetas, bolas de luz brilhante e uma nova e mesmo "zoadical luz" que ilumina, causada pelo reflexo da luz solar sobre pequenas partículas do espaço.


Todavia há vários problemas associados com quase todos estes candidatos a Estrela de Belém.


* Os Meteoros correm muito depressa e desaparecem como um relâmpago.


* Um planeta vulgar devia ser bem conhecido e, certamente, não se poderia considerar como uma luz especial e desusada.


* Um cometa, à primeira vista também não é a hipótese aceite porque também tem os seus problemas.


Por exemplo, o cometa Halley, classificado com este nome pelo astrónomo inglês Edmond Halley em 1705, apareceu nos anos 12 e 11 a.C., portanto, muito cedo para o nascimento de Cristo, segundo os melhores Calendários.


Além disso, a maior parte dos historiadores considera que os cometas foram "mensageiros de calamidades" no mundo antigo e não podiam, por isso, ser considerados como "anúncios" do mundo messiânico.


Além disso, embora não fossem muito frequentes ou usuais, todavia não eram desconhecidos.


* A luz nova, outro dos candidatos, seria uma Estrela que explodia.


Os anais chineses apontam estas luzes novas que ocorreram nos anos 5 e 4 a.C., dentro do período que se aceitava como sendo o período em que Cristo poderia vir a nascer.


Mas o principal problema é que esta luz, fruto de explosão espectacular, não se move.


E o texto bíblico diz que a Estrela "aparecia" e "desaparecia" e se "movia no espaço".


Apareceu no Oriente , acompanhou os Magos até Jerusalém e desapareceu, mas logo depois voltou a aparecer.


Por estas e outras razões, os astrónomos de todos os tempos têm considerado uma conjunção planetária como a mais natural explicação para a Estrela de Belém.


Em 1603, o astrónomo Johannes Kepler, o mais popularizado observador do Sol como centro do Universo, propôs que a Estrela de Belém deveria ter sido a conjunção dos Planetas Júpiter e Saturno no sinal zodiacal dos Peixes.


Tal conjunção ( em que dois ou mais planetas aparecem tão perto uns dos outros que parecem uma Estrela de um brilho extraordinário), seria uma ocorrência suficientemente rara para chamar a atenção de qualquer astrónomo.


Kepler calculou que essa conjunção do passado entre Júpiter e Saturno teria acontecido em 1 de Maio do ano 7 a. C.


Recentemente, alguns cientistas tentaram reviver esta teoria da conjunção planetária, com algumas divergências.


Em 1979 o astrónomo inglês David W. Hughes publicou o seu livro A Estrela de Belém, sugerindo que a ideia de Kepler tinha mais peso do que ele pensava.


Os Astrofísicos do Laboratório da Propulsão a Jacto de Pasadena, na Califórnia, fizeram em 1976 um esforço fantástico para recalcular as posições de todos os corpos celestes de 44 séculos a partir de 1411 a.C. até ao ano 3200.


Esses cientistas, em conjugação de esforços com o Observatório Naval dos E. Unidos, forneceram todas as datas que possuíam, acompanhadas de todas as observações científicas, e programaram num gigantesco Computador, ignorando todas as prévias teorias do movimento planetário.


Este trabalho levou nove dias para ficar completo num Computador Univac.


E quando terminou, chegou-se a resultados verdadeiramente fantásticos e assustadores.


A conjunção do ano 7 a.C., foi uma tríplice conjunção, o que significa que a linha retrógrada de dois planetas ficou sobreposta.


Isto é difícil de explicar por causa do complexo movimento da Terra e dos Planetas em conjunto, mas o resultado certo foi de que a conjunção planetária espectacular ocorreu três vezes em apenas poucos meses.


Karlis Kaufmanis, astrónomo professor da Universidade de Minnesota, num artigo da Revista Nacional Wildlife de 1987, escreveu :


“ Não podemos insistir em que esta seja a verdadeira teoria, mas esta conjunção particular de Saturno e de Júpiter, condiz bem com alguns critérios do que escreveu S. Mateus”.


Kaufmanis e Hughes consideram de importância astrológica o facto da conjunção planetária de 7 a.C. ter ocorrido na Constelação dos Peixes, pelo que isso significa para os judeus.


Embora geralmente desconhecedores da astronomia, os judeus conheciam o zodíaco, tanto pelos escritos antigos como pelos mosaicos que possuíam.


E a constelação dos Peixes foi considerada como "a Casa de Israel" por alguns antigos astrólogos judeus.


Por esta razão Hughes escreveu :


“Temos aqui uma ampla justificação para concluir que a conjunção de Júpiter e Saturno na Constelação de Peixes, teve uma forte e clara mensagem astronómico. Tanto para os judeus como para os babilónicos foi um anúncio do Messias que havia de vir”.


Mas a conjunção do ano 7 a.C. não foi a única que ocorreu à volta do tempo em que havia de nascer Cristo.


Por mais estranho que pareça, entre os anos 12 e 1 a.C. houve vários fenómenos astronómicos espectaculares.


A acrescentar ao cometa Halley, à supernova e à conjunção planetário do ano 7 a.C., houve também a conjunção de Júpiter e de Vénus no ano 2 a.C.


Esta Conjunção ocorreu na Constelação do Leão - o Leão de Judá - outra Constelação de grande importância para os judeus.


Esta Conjunção que aconteceu a uma Terça-feira, dia 17 de Junho do ano 2 a.C. ocorreu entre os dois pares de patas da Constelação do Leão.


Para os observadores de Babilónia, os dois Planetas Vénus e Júpiter deviam estar em conjunto às 9.15 horas da tarde, exactamente antes do Pôr do Sol, a 10 graus acima do horizonte, na direcção de Belém a Oeste (Uma Estrela surgirá de Jacob / Um meteoro vem adiante, vindo de Jacob).


Dois meses mais tarde todos os Planetas do Zodíaco vêm juntamente com 4 graus de longitude da Constelação de Leão.


Num fascinante artigo em Sky and Telescope de 1990, o editor associado Roger Sinnott afirmou que a arqueologia moderna devia ajudar a manter a Conjunção Júpiter-Vénus.


Num livro intitulado Jewish Symbols in Greco-Roman Period, Sinnott descreve, por meio de desenhos, o aparecimento de um talismã, datado do primeiro século da nossa era.


Esse talismã mostra claramente um Leão - novamente o símbolo de Judá, a terra tribal onde se encontra Belém - com uma Lua em quarto crescente por cima, e, exactamente no meio dos dois pares de patas, uma estrela brilhante.


O único problema é que não há uma Estrela grande e desconhecida entre os dois pares de patas da Constelação do Leão.


A que está mais perto e que se pode ver a olho nu é a Régulo que está tradicionalmente na pata direita da frente.


Mas... essa posição é exactamente o lugar onde ocorreu a conjunção de Vénus e de Júpiter no ano 2 a.C.


Sinnott escreveu :


“Não se pode dizer que tenha qualquer relação com a Natividade, ainda que o símbolo da Estrela, colocado no lugar exacto em que o acontecimento de Vénus e Júpiter ocorrido em Leão, seja certamente uma coisa assombrosa”.


Acontece também que, nas discussões da história e do N. Testamento, há sempre o problema cronológico.


O N. Testamento diz que Cristo nasceu no tempo do rei Herodes (Mt.2/1) que, segundo os historiadores teria morrido no ano 4 a.C.


Por sua vez Lucas diz que o nascimento de Cristo aconteceu na altura do recenseamento romano levado a efeito por Publius Suplicius Quirinus (Lc.2/1), que ocorreu no ano 6 a.C., o que constitui outro enigma.


O historiador judeu do século I, Josephus, diz que Herodes morreu imediatamente depois do eclipse lunar que precedeu a Páscoa.


Também aqui a matemática astronómica pode ajudar com as datas.


Os escolares aceitam tradicionalmente que o eclipse parcial da lua em 12-13 de Março do ano 4 a.C. é o "Eclipse de Herodes".


Todavia, autores mais recentes, já põem em dúvida esta hipótese.


Tais autores, como Ernest Martin da Fundação de Buscas Bíblicas de Pasadena, na Califórnia, no seu livro The birth of Chríst Recalculated, afirma que Herodes foi deposto no ano 4 a.C. e que isso foi, absolutamente porque César Augusto não podia suportar um homem que podia matar os seus próprios filhos, e que morreu na altura do eclipse total da Lua que ocorreu em 9-10 de Janeiro do ano l a. C.


Esta data da morte de Herodes podia significar que a conjunção de Vénus-Júpiter podia ser a Estrela de Belém.


A tentativa de encontrar, por meios naturais ou científicos, embora talvez fútil, tem-nos ensinado, pelo menos que, durante a década que precedeu o nascimento de Cristo, o firmamento esteve cheio de um vasto número de acontecimentos não usuais e espectaculares, "sinais e maravilhas".


Só isso, por si mesmo, é uma larga contribuição, mas sempre insuficiente para demonstrar uma realidade que nós acreditamos que é devida apenas à vontade e ao poder de Deus, que quis mostrar aos homens o valor e a finalidade da Sua Encarnação.


Salvo o devido respeito pelas buscas científicas, parece muito mais fácil e lógico aceitar o contributo de Deus, ainda que milagroso e maravilhoso, para explicar devidamente o que pode significar a Estrela de Belém.

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