Apologetica e Ecumenismo, As duas caras da mesma moeda



Fonte: Apologetica.org
Autor: Pe. Flaviano Amatulli A.P.
Tradução: Rogério Hirota


Não basta imitar o que é feito em outros lugares. Temos que ser realistas e criativos. Aonde existe proselitismo, Apologética; aonde se aceita o diálogo, Ecumenismo.


São situações diferentes


Todos os que não compartilham de nossa fé, tem a mesma atitude diante de nós. Alguns estão aberto a diálogos e a compreensão e outros não. Entre estes últimos não faltam quem tem uma atitude abertamente agressiva e proselitista.


Pois bem, como devemos nos comportar em situações tão diferentes? Somente a receita do diálogo, tolerância e da boa fé? Isto não seria pecar em ingenuidade , preguiça mental e falta de responsabilidade para com os "débeis na fé" que facilmente são arrastados pelos "lobos "?


Ecumenismo


Desde o final do Século XIX, a experiência missionária na África e na Ásia colocou em evidência os efeitos negativos do "escândalo da divisão": todos falando do mesmo Deus e usando a mesma Bíblia, mas divididos entre si em uma franca atitude de oposição de grupos.


Por isso muitos ficavam céticos em relação a bondade e eficácia do novo credo. "Primeiro cheguem a um acordo entre vocês - pensavam - e depois venham nos ensinar "seu Evangelho" , que pelo visto não representa nenhuma boa noticia para nós, haja visto que leva consigo os germes da divisão entre as famílias e da sociedade inteira.


Para superar esta situação de escândalo e apresentar uma frente comum diante do mundo não cristão, no inicio do Século XX começa a se falar sobre "Ecumenismo" , até ser instaurado em 1948 o Conselho Ecumênico das Igrejas. Pois bem, com o Concilio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) a Igreja Católica entrou nesta nova ordem de ideias, colocando-se pouco a pouco como a porta bandeira deste grande ideal de Cristo: "Que todos sejam um" ( Jo 17,21).


Dialogo inter-religioso


Prontamente o diálogo com os "irmãos separados" ultrapassaram as fronteiras do mundo cristão, alcançando também os judeus, "nossos irmãos mais velho" e a todos os homens de boa vontade pertencentes as mais variadas expressões religiosas: islamismo, budismo, hinduísmo, taoísmo, confucionismo, etc.


Seu fundamento se baseia na unidade do gênero humano e do plano de salvação que abrange toda a humanidade ( I Tim 2,3 ), portanto, em todos os homens e em todas as culturas já que está presente a ação salvadora de Deus e temos que aprender a descobrir, apreciar e respeitar.


Contra Missão Oriental e Mulçumana


Enquanto a Europa, debilitada pelos estragos da Segunda Guerra Mundial causado pelo fanatismo de ideologias se dialogava com as ideias da compreensão e da unidade, o mundo oriental e o mundo mulçumano pisando terras em europeias devido esta mesma guerra, começavam a vislumbrar a possibilidade de uma "conquista ideológica-religiosa do mundo ocidental. Assim surgiram a contra missão oriental e os distintos fundamentalismo islâmico, baseadas na afirmação da própria identidade cultural e uma rejeição a todo o ocidente e as conquista em relação ao mundo cristão.


Explosão das seitas


No âmbito do Cristianismo, já haviam  grupos separados, profundamente proselitistas como os: Batistas, Mórmons, Testemunhas de Jeová, Adventistas do Sétimo Dia e a linha evangélica-protestante neo pentecostal, subdividida em uma interminável divisão de grupos menores.


E depois do Concilio Ecumênico Vaticano II, com o surgimento da teologia da libertação, estes grupos receberam um forte apoio da parte dos governos dos Estados Unidos e dos demais países Latino-americanos como meio de frear a ação da Igreja. O plano consiste em se envolver com as causas populares e colocar a insatisfação das massas num plano espiritual culpando sua marginalização ao nível social , politica e econômica.


Um dos resultados do avanço destes grupos com os países de maioria católica é a aplicação do dito "ecumenismo". Resultado: Em vez de se conformarem diante da atitude conciliadora da Igreja se fortalecem ganhando êxitos proselitistas . O que tem se passado é que a visão europeia do problema da divisão foi colocado de forma a impedir as igrejas locais de perceber com clareza seu problema real e buscar meios oportunos para enfrenta-la.


Apologética e ecumenismo: duas caras da mesma moeda


No fundo, se trata do problema de unidade: uma unidade que temos que preservar (apologética) e uma unidade que temos de reestabelecer (ecumenismo). A Apologética se dirige essencialmente aos que estão dentro da Igreja para que se sintam seguros no que professam e não se desvirtuem, enquanto o ecumenismo se dirige essencialmente aos que estão fora para que entrem em um processo de busca da unidade (cf. Jo 17,21). Na pratica muitos viram na Apologética uma "guerra santa" e por isso a recusaram e viram no ecumenismo a única maneira de enfrentar o problema da divisão religiosa só que ao não conseguir dialogar com os grupos proselitistas, acabaram cruzando os braços deixando os "fracos na fé" sem nenhum tipo de proteção frente aos ataques das seitas.


O que pretendemos e estamos lutando é "reviver a sã apologética", para que sejamos mais realistas procurando ver o que realmente nosso povo necessita e ajudá-los sem prejudicar essência do ecumenismo.


Oxalá que todos fossem sinceros e estivessem abertos para o dialogo!


Mas isto não corresponde a realidade. O fato é que existem planos concreto de "conquista" do mundo católico pelo protestantismo e outros.


Estando frente ao avanço de um exército invasor não podemos falar de paz deixá-lo avançar. primeiro temos que pará-lo. Somente depois será possível sentar à mesa de negociações.


Prioridades


Em verdade o mundo católico esta sendo profundamente perturbado pelo fenômeno das seitas. Portanto, é urgente uma ação voltada no fortalecimento da fé de seus membros, sublinhando a sua própria identidade e firmando a base nos grandes valores da unidade, da verdade e da fidelidade: elementos que somente uma sã apologética pode oferecer.


Aonde temos a presença de igrejas separadas que são abertas ao diálogo ali podemos praticar ecumenismo como meio de favorecer a compreensão mútua e dar passos concretos no caminho da plena unidade.


Em outros lugares prevalece a presença das grandes religiões não cristãs: judaísmo, islamismo, budismo, taoísmo, confucionismo, hinduísmo, etc. Ali é necessário tentar o diálogo inter-religioso na busca dos valores presentes em cada cultura e expressão, capaz de fermentar a sociedade e encaminha-la para a realização do Reino.


O que acontece hoje é que todos querem fazer a mesma coisa sem se dar conta de que se trata de realidades diferentes e que merece uma atenção muito particular, caso por caso.


Aonde prevalece os grupos proselitistas evidentemente temos que utilizar a apologética, onde prevalece as igrejas históricas separadas, tem que se impulsar mais o ecumenismo e onde a presença das grandes religiões não cristã é determinante tem que se enfrentar com toda a seriedade o problema do diálogo inter-religioso.


Agora que contribuição especificadamente a experiência latino-americana poderia oferecer a ao mundo católico, tão agredido pelas ações das seitas?


Uma boa articulação dos princípios da santa apologética, realizada sem fanatismo com a única preocupação de fortalecer a fé dos mais fracos (Ez 34; Jo 10).


É o que em pratica não está sendo feito, devido a um ecumenismo mal-entendido um complexo de inferioridade com relação a problemática europeia e o papel avassalador da Santa Sé, transtornada principalmente na linha ecumênica e do diálogo inter-religioso.


Sã equilíbrio


Ao falar de prioridade não está se falando de exclusividade. Não é que na América Latina tenhamos que nos preocupar "somente" com a apologética. Temos de estar preparados para tudo e quando se oferece a oportunidade temos de saber dialogar com os que estão abertos ao diálogo. O que queremos dizer é que em nossos ambientes tão atacados pelo proselitismo sectário o que mais urge é fundamentar a fé do catolico de tal maneira que se torne "impermeável" frente as suas acusações. É aqui aonde temos de "dar respaldo" , para depois voltar a dialogar nossa experiência de fé.


Mas querer finalizar um dialogo inter-religioso sem sequer tentar buscar outro caminho para enfrentar o problema das seitas, arriscando perder comunidades católicas inteiras é sinal de escassez mental e irresponsabilidade pastoral. E um dia responderá sobre isto diante de Deus e a história.


Conclusão


Nem sempre os remédios é agradável e saborosa ao paladar, mas de qualquer forma, temos que toma-la se queremos alcançar a cura. O mesmo acontece com a Apologética: ainda que não seja do gosto de todos temos que saber praticá-la se queremos enfrentar com seriedade dos problemas das seitas.


Vendo por um outro ângulo, não é melhor estarmos sempre preparados para defender a própria fé e dialogar com os demais?


Ou é preferível se "misturar" aos católicos, sem ter a consciência da própria identidade?


Isso seria como enviar soldados a guerra sem armas. O melhor é estar fundamentados na própria fé e assim preparados para dialogar com todos e em casos de necessidades, estar capacitados para "dar razão da própria esperança" ( I Pe 3,15).

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