O conceito bíblico de Memorial


 O conceito bíblico de Memorial


Fonte: Lista de debate Veritatis

Autor: Ewerton Wagner Santos Caetano


Veja excelente texto que põe abaixo toda a argumentação protestante baseada na idéia de que o memorial eucarístico é simples lembrança.


Sobre o conceito bíblico de "memorial"


Retirado do Dicionário de Liturgia, Paulinas.


Na eucaristia, o sacramento do altar, possuímos um 'memorial' da paixão do Senhor; esta é a convicção antiquíssima e evidente da fé, como afirma em termos clássicos a coleta da solenidade do SS. Corpo e Sangue de Cristo segundo o Missal latino de Paulo VI: "Deus, qui nobis sub sacramento mirabili passionis tuae memoriam reliquisti..." (o Missal em português traduz o texto da seguinte forma: "Senhor Jesus Cristo, neste admirável

sacramento nos deixastes o memorial da vossa paixão..."). É verdade que o concílio de Trento selou com o anátema a idéia de que o sacramento seja "nuda commemoratio"; no entanto, o que ele pretendia condenar era uma concepção falsa e restritiva do "memorial', já que no mesmo contexto declarava que por meio do sacrifício da missa devia ser "representado o sacrifício cruento" realizado "uma vez sobre a cruz", de modo que "a sua

memória perdurasse até o fim dos tempos". Tudo isto não causa espanto. Encontramos o memorial já nos relatos da instituição da Ceia: "Fazei isto em memória de mim" (1 Cor 11,24-25; cf. 22,19). Por isso, o Vat. II na SC 47

afirma: "O nosso Salvador... instituiu o sacrifício eucarístico... para perpetuar nos séculos, até a sua volta, o sacrifício da cruz, e para confiar assim à... Igreja o memorial da sua morte e da sua ressurreição".


Todavia, o significado pleno deste termo nem sempre foi compreendido e valorizado como merecia. No contexto da reflexão sobre o alto grau de realidade que compete ao sacramento da eucaristia, a teologia medieval descuidou-se dos termos 'commemoratio', 'memoriale', 'memoria' como se fossem menos apropriados. Os reformadores do séc. XVI, na sua polêmica contra o caráter sacrifical da eucaristia, interpretaram e valorizaram no sentido mais fraco o seu caráter de memorial.


O sentido profundo da santa ceia não pode ser compreendido fora do quadro da tradição litúrgica do AT. Ponto de partida de todas as nossas reflexões é, portanto, o AT. No NT o termo grego 'anamnesis' ocorre somente em contextos litúrgicos cultuais e precisamente em Lc 22,19; 1Cor 11,24-25; Hb 10,3. "Ao estabelecer o seu significado, é necessário ter presente o conteúdo veterotestamentário-judaico do campo semântico da raiz zkr, no sentido de representação ou re-atualização do passado que jamais permanece simplesmente passado, mas que se torna eficazmente presente (cf. o memorial pascal em Ex 12,14; 13,3.8 e passim)". Assim fica bem resumida a opinião convergente da pesquisa hodierna. Como o demonstram as concordâncias, formas da raiz zkr ocorrem na Bíblia hebraica do AT cerca de 230 vezes. "Um exame dos textos em que Deus aparece como sujeito de zkr permite reconhecer que este verbo desempenha papel essencial na auto-revelação de Deus e delineia um traço

fundamental na representação veterotestamentária de Deus" (H. Gross). Esta memória de Deus não é simples recordar-se , "porém é antes um comportamento de Deus que leva o próprio Deus a intervir de novo na realidade histórica... e que, portanto, extravasa na ação". Na santa eucaristia... proclamamos e celebramos o memorial das ações salvíficas de Deus. Deus não repete o que já realizou em Cristo (na sua morte e ressurreição)... Todavia, na celebração memorial da eucaristia não nos lembramos apenas de eventos passados: Deus se torna presente mediante o Espírito Santo. Quando é o homem o sujeito desta memória, deste zkr, não se trata de simples 'recordar'. A memória tende sempre "a trazer as conseqüências da recordação, da lembrança, tanto em relação ao cumprimento das promessas feitas, quanto a propósito da conversão e da volta a Deus". Isto se reveste de particular importância nas passagens em que zkr "exprime a obrigação que Israel tem de se dedicar à memória

cultual, à celebração cultual em geral". "A instituição cultual de Deus, que para o homem é um memorial, na lembrança dos homens se torna por assim dizer uma 'perenização' da ação salvífica histórica realizada uma vez por Deus, perenização que põe à disposição dos homens a salvação todas as vezes que eles celebrem o memorial de tal ação salvífica". H. Gross diz como conclusão: "O conteúdo e a profundidade que o vocábulo cultual zkr tem no AT, as disposições e a atitude que ele requer do israelita crente se revestem de importância em nada desprezível para a compreensão do mandamento dado por Cristo em Lc 22,19; 1 Cor 11,24s".


Os autores não se cansam de esclarecerem toda a sua plenitude o significado do memorial veterotestamentário. Quer seja Deus, quer o homem o sujeito de tal lembrança, trata-se sempre de uma memória cheia de realidade: no seu recordar-se Deus entra em ação e concede salvação e graça; de modo semelhante, o recordar-se significa para o homem, como conseqüência, o seu voltar-se para Deus ou o cumprimento das promessas. O AT é todo pontilhado

de tais memoriais, particularmente nos salmos: Deus se lembra, isto é, "por força do seu poder criador, ele faz que tal memorial atinja a eficácia necessária"; e, se é o homem quem se lembra, este "pode ter confiança, porque, recordando-se, ele se abre à atualidade da ação histórica de YHWH". A ação de YHWH, que representa o fundamento ontológico de tal confiança, se faz sentir da maneira mais vigorosa "na recordação atualizante do culto". "O memorial judaico se concretizava da maneira mais intensa na festa dos tabernáculos (Lv 23,33ss), na festa de purim (Est 9,28) e sobretudo na da páscoa - O significado do 'memorial' para a celebração da páscoa judaica foi explicado a fundo por N. Füglister. A celebração anual da páscoa israelita é, como dia festivo, memorial. "Neste conceito de memorial, que se aplica de modo particular a Páscoa podemos sem dúvida ver o núcleo da liturgia pascal, a que podem de certo modo ser relacionados ou reconduzidos os ritos... objetivo é o de impedir que as ações salvíficas de YHWH caiam no esquecimento, de recordá-las continuamente trazendo-as à memória para, deste modo, renová-las e atualizá-Ias ano após ano. Isto não é apenas uma "representação subjetiva", porém antes uma "atualização objetiva". "Por ocasião da celebração da páscoa e mediante a celebração da páscoa, YHWH atualiza e representa todo ano a salvação 'pascal'; exatamente como no 'hoje' da festa deuteronômica da renovação da aliança não se tratava de 'evento puramente subjetivo - sem fundamento objetivo' -, mas de atualização da aliança do Sinai que perdura pelos séculos, de modo semelhante a ação salvífica divina da libertação de Israel do Egito de certa maneira se renova continuamente na celebração da sua memória". É evidente que o conceito de memorial assim entendido é da máxima importância para a plena valorização do mandamento de fazer memória deixado por Cristo. "Aquele que... de certo modo já se acha na base da temática da festa veterotestamentária da páscoa se torna realidade plena em escala maior na celebração neotestamentária da

eucaristia: através do memorial objetivo, Deus e a sua salvação se tornam presentes aqui e agora. E, à medida que Deus se torna presente em Cristo, de certo modo se vai tornando pouco a pouco também a ação salvífica realizada

uma vez por todas".


Sobre a tela de fundo de estudos numerosos, devemos agora considerar a tentativa dos teólogos que, em número crescente, se perguntam expressamente - no contexto da pesquisa científica litúrgica e teológica geral, especialmente no campo da exegese e da dogmática - o que significa 'anamnesis' (memória, memorial, comemoração). A bibliografia nos apresenta inúmeros nomes ilustres, a começar pelo estudo de N. A. Dahl, até a contribuição de H. Patsch sobre a 'anamnese'. Reconhece-se a grande importância do conceito. Concorda-se, em larga escala, quanto à questão do seu quadro de origem e quanto ao grau de realidade da coisa entendida pelo

conceito. Enfim, tomou-se consciência de que tais cognições não são de pouco peso para a solução de muitas questões discutidas entre as igrejas separadas.


P. Neuenzeit realça primeiramente o sentido pleno do verbo katangéllein = pregar, anunciar, proclamar. "Trata-se sempre de uma comunicação, de uma transmissão de dados e de eventos... Da importância da mensagem e da

autoridade que lhe está por trás decorre o seu solene caráter 'dramático'. Em todo caso, a proclamação é comunicação de um evento a ela cronológica e objetivamente anterior, evento que não deve ser posto de novo, mas somente dado a conhecer. Por outro lado, tal tomada de consciência é de grande importância para todos os destinatários. 'Através destá comunicação o fato ocorrido se torna presente, isto é, a sua presença se revela (H. Schlier, Die Zeit der Kirche, 249)". Ora, tudo isto é verdade de modo particular na celebração do 'memorial'. "Em toda religião de revelação orientada para a história, o motivo do memorial desempenha grande papel, e assim acontece também no AT".


Trata-se de "memorial eficaz e real no repetição cultual do que aconteceu urna vez por todas".


A ordem de celebrar o 'memorial' no NT- O mandamento do Senhor: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19 = 1 Cor 11,24.25, com ampliação no v. 26: "Toda vez que comeis deste..., anunciais a morte do Senhor") pode e deve ser interpretado no sentido pleno que o termo anamnesis (e os sinônimos como 'mnemósynon', 'mnéme') teve na linguagem e no ambiente cultual veterotestamentário-judaico. Como testemunho deste ponto de vista, hoje

largamente compartilhado pelos exegetas (ainda que depois na interpretação teológica permaneçam diferenças até bem importantes), citamos as pesquisas de grande peso, porque profundas, de H. Schürmann. que escreve: "Já a

analogia com instituições memoriais gentílicas e com a tradição festiva e especialmente pascal judaica induz-nos a pensar que aqui se ache estabelecida uma instituição destinada a ser, objetivamente em si mesma, instituição memorial. No contexto de Lc 22, o v. 19b poderia ser até explicado neste sentido: a consumação do cordeiro pascal está agora abolida; no seu lugar introduz-se uma nova ação... No contexto de Paulo, a ordem de Jesus assume, de maneira mais marcada, o caráter de mandamento memorial: ação já conhecida e ritualmente estabelecida é agora plasmada ou revista de modo tal que se possa tornar memorial do Senhor". Quanto a 1Cor 11, "todo o

teor das considerações... tende a recordar que na eucaristia se trata do Senhor e do seu memorial... [Para Paulo], trata-se do caráter memorial da ceia do Senhor". As afirmações do v. 26 comentam, depois, o segundo

mandamento de repetiro gesto, "isto é, elas indicam o motivo pelo qual a eucaristia na sua realização subjetiva deve ser considerada memorial: ela é objetivamente anúncio da morte do Senhor-, e, mais exatamente,

'ação-anúncio' acompanhada da palavra. O memorial objetivo pode, sem a menor dúvida, "consistir também em uma palavra-anúncio liturgicamente estabelecida e pertencente ao rito". "Trata-se de uma 'ação memorial' que é

simultaneamente 'memorial real', porque tudo o que aí é pensado está presente. O corpo sacrifical e sangue sacrifical presentes, como vê a Igreja com o seu olhar profundo, representam de modo particular a morte sacrifical

do Senhor. Com efeito, já vimos que nos relatos da instituição a morte sacrifical é experimentada como algo presente. Provavelmente em 1 Cor 11,26 Paulo pensa nesta reapresentação cultual, quando chama a ceia do Senhor como tal - e igualmente com grande probabilidade a ação com as palavras memoriais que a constituem - de 'anúncio da morte do Senhor'. Tal presença da morte sacrifical de Jesus é o pressuposto para que na eucaristia nós possamos ser alimentados com o corpo e sangue sacrifical do Senhor-como a igreja sempre entendeu".


Como conceber de modo racional a atualização e a presença objetivas de um evento que não se repete e, apesar disto, se tornou acessível a quem vive hoje? Para explicar esta realidade e a sua plenitude paradoxal foram feitas

as tentativas mais variadas e procurou-se antes de mais nada defini-la do ponto de vista terminológico e conceitual. Tratar-se-ia de uma 'repraesentatio' solene, da proclamação de um fenômeno válido ainda hoje, aqui e agora; de uma "intervenção e de uma ação salvífica de Deus, objetiva, eficaz, poderosa e criadora de realidade".Tal presença do que é historicamente passado e apesar disto continua presente, é possível para a intervenção de Deus: por meio da fé e em virtude do Espírito Santo é comunicada ao crente a ação salvífica de Cristo, do Filho de Deus encarnado, a sua ação sacrifical na cruz, de modo que ele possa nela tomar parte, nela inserir-se, para oferecer em Cristo, com Cristo e por meio de Cristo ao Pai o único sacrifício. Isto é algo mais do que uma presença de natureza dinâmica: o ato de Cristo faz sentir o seu efeito aqui e hoje e envolve em si aquele que dele faz memória. Santo Tomás de Aquino, a propósito da ação redentora de Cristo na cruz, afirmou em termos clássicos: "Virtute divina praesentialiter attingit omnia loca et tempora" (S. Th. III, q. 56, a. 1, ad 3; cf. q. 48, a. 6, ad 2). A ação salvífica de Cristo é ativamente presente de modo tal que, por parte de Cristo, é preciso falar de "identidade

numérica", de um único ato sacrifical, ao passo que toda a novidade se registra por parte da igreja que realiza

o rito. Também essa afirmação foi naturalmente aprofundada. Procurou-se explicar a presença da ação salvífica partindo de Deus, de modo que "Deus se recordaria do Filho" e faria que a sua ação salvífica produzisse efeito (J.

Jeremias).


Na celebração da eucaristia, isto é, na ação sagrada em que a Igreja (sob a orientação do bispo [ou do seu representante], que representa Cristo) pronuncia sobre o pão e sobre o vinho a prece eucarística, para depois distribuir como santo alimento dos fiéis estes dons transformados no corpo e no sangue do Senhor, fazemos o que o Senhor nos mandou que fizéssemos: "Fazei isto em memória de mim". Essa ação é, portanto, memorial objetivo e

não só (ainda que naturalmente o seja) lembrança subjetiva do que o Senhor fez por nós. Em outras palavras: ela é memorial real, não só mental, não uma lembrança puramente conceitual, não uma "nuda commemoratio", como definiu o concílio de Trento contra Lutero. Ao contrário, o conceito de 'memorial' possui um conteúdo tão denso e pleno já na sua aplicação dentro do AT e sobretudo no NT, que, aplicado à celebração eucarística, exprime "de certo modo" a presença da realidade comemorada, a sua "atualização objetiva", a sua presença "hic et nunc", de modo tal que para ele e para o sacrifício de Cristo nele presente valem as afirmações feitas pelo mesmo concílio de

Trento para defender a doutrina católica:


A explicação de V. Warnach sublinha o caráter de kairós da ação sacrifical de Cristo, que é por certo historicamente passada, mas que, como ação divino-humana está acima do tempo e, portanto, como ação, pode ser explicada dinamicamente mesmo hoje, agora, no nosso tempo. N. Füglister, recorrendo a dados exegéticos mas também a idéias escolásticas medievais, formulou a coisa de maneira extraordinariamente feliz: "Correspondendo à vontade instituidora de Cristo, o culto eucarístico é essencialmente uma anamnese... Esse memorial dirige-se primeiramente ao passado: ao recordar-se, olha-se para trás procurando ver o Jesus histórico e a sua ação salvífica. Já este recordar-se subjetivo, mas sobretudo a execução objetivo-cultual do rito instituído então, tornam presente a salvação. Este tornar presente, por sua vez, se transforma em olhar dirigido à salvação futura, de que ação salvifica comemorada e penhor e que, no tornar-se presente desta última, já se acha de certo modo antecipada. Ao mesmo tempo, o memorial cultual determina e plasma toda a vida cristã, enquanto leva a deduzir e a motivar de maneira decisiva todas as ações morais sobretudo com base na ação salvífica passada revivificada pela liturgia, e depois também com base no futuro salvifico ainda por vir e ao estado atual de salvação"

("Tridimensional é também a liturgia cristã, que se baseia na [celebração veterotestamentária da páscoa] e a prolonga: memorial da ação salvífica realizada uma vez por todas, representação da salvação assim operada e visão antecipadora da plena posse dela que ainda está para vir")


O conteúdo do memorial, o que se torna presente em virtude do Espírito Santo, é a ação salvífica de Cristo, antes de tudo e diretamente a sua morte sacrifical e a ressurreição que a coroa, mas depois também toda a obra

salvífica como única e grande unidade, que tem o seu centro justamente no "transitus paschalis", na passagem do Senhor da morte para a vida; isto equivale a dizer: também o seu ingresso no mundo, a sua encarnação como

epifania do Deus salvador, epifania que, depois da passagem pascal para a vida a direita do Pai, um dia se realizará também para nós na parusia do Glorificado; enquanto isto nós, mediante a presença da sua ação sacrifical,

participamos da sua morte e ressurreição, recebemos a luz e a vida da sua epifania e o penhor da glória futura. No memorial real da eucaristia realiza-se, de modo concentrado, a obra da redenção dos homens e da glorificação de Deus


Constatamos um consenso muito amplo, por assim dizer, uma 'sententia communis': o memorial é conceito que exprime de modo excelente a doutrina de toda a tradição eclesiástica sobre o sacrifício da missa na sua relação com o sacrifício da cruz. O nosso culto é o memorial do Senhor, feito com palavras e com uma ação sacramental. Isto é verdade, em primeiro lugar, a respeito da ação da eucaristia: ela é memorial da morte e ressurreição do

Senhor. Tal memorial - em virtude do Espírito Santo, conforme a promessa do Senhor, por meio da fé - é memorial real, que torna presente de maneira eficaz e dinâmica a ação salvífica de Cristo (morte e ressurreição, isto é,

a oferta sacrifical de Cristo como núcleo de toda a sua ação salvífica) não só na recordação subjetiva, mas na realidade objetiva. Fazendo este memorial, por meio dele participamos na doação sacrifical de Cristo, somos

inseridos nela; e mais: em Cristo, com Cristo e por Cristo oferecemos o sacrifício dele ao Pai, agora como nosso sacrifício. O único sacrifício da cruz não se repete; no memorial, porém, ele está presente, é dado a nós 'hic et nunc' para a nossa salvação e para a glória de Deus Pai.


Fim da citação.


Pax et Bonum!


Ewerton Wagner Santos Caetano


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