Na Santa Ceia houve a multiplicação da natureza de Jesus?
Fonte: Lista de debate Veritats
Autor: Ewerton Wagner Santos Caetano
Na instituição da Eucaristia houve transubstanciação, evidentemente, sem que houvesse multiplicação de "naturezas" (suponho que voce entenda isto como se Nosso Senhor passasse a ter simultaneamente vários corpos e várias almas, um corpo e uma alma para cada pedaço de pão e gota de vinho consagrados. Não é isto que acontece). Nosso Senhor teve a si mesmo em suas próprias mãos e alimentou-se de si mesmo para nos dar o exemplo, sem multiplicação de naturezas.
A presença de Nosso Senhor na Eucaristia não se dá sob os acidentes próprios do seu Corpo e do seu Sangue, mas sob os acidentes de pão e vinho. Por isto é possível haver muitas espécies, estando Nosso Senhor simultaneamente
ceando com os discípulos, comendo com eles de seu Corpo e de seu Sangue (o ato de comer afeta fisicamente somente os acidentes de pão e vinho, não a substância de Nosso Senhor).
Nisto tudo, portanto, não há multiplicação de naturezas e nem destruição da natureza humana, que permanece intacta e substancialmente presente até o instante imediatamente anterior à corrupção das espécies (quando o pão e o vinho são digeridos, a presença real cessa, havendo nova mudança substancial). Recebemos o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Salvador, sem confusão, sem ferir a doutrina da união hipostática formulada em
Calcedônia.
O mesmo argumento pode ser usado, por exemplo, para negar a divindade do próprio Cristo. Como pode o Deus infinito assumir uma natureza humana finita? Como pode o Deus infinito ficar durante nove meses no sacrário do
ventre da Virgem Maria? Como pode o Deus infinito ser humilhado, espezinhado, açoitado, crucificado e morto? Como pode o Deus infinito ter assumido uma condição humana com todas as necessidades da natureza humana,
inclusive físicas? Isto escandaliza todos aqueles que duvidam do poder de Deus, ou que seguem a sabedoria humana, mas os caminhos de Deus não são os nossos.
Portanto, ficamos com o que escreveu Santo Agostinho:
"Comei o Cristo, então; embora o comais Ele ainda vive, pois quando foi imolado ressuscitou dos mortos. Nós não o dividimos em partes quando o comemos no sacramento, pois os fiéis bem sabem que ao comerem a Carne de
Cristo... embora o sacramento seja feito em partes ao ser comido, Ele permanece todo inteiro; comido em partes no sacramento, Ele permanece todo inteiro no Céu" (M. 129, 1; cf. Sermões 131).
"Vedes o pão e o cálice, é o que vossos próprios olhos vos dizem. Mas vossa fé vos obriga a aceitar que O PÃO É O CORPO DE CRITO E O CÁLICE [VINHO] O SANGUE DE CRISTO" (Sermões 272).
"Como isto ["E ele tomou a si mesmo em suas próprias mãos] deve ser literalmente entendido de Davi, não temos como saber, mas podemos entender como isto deve ser entendido a respeito de Cristo. POIS CRISTO TEVE A SI
MESMO EM SUAS PRÓPRIAS MÃOS, QUANDO, REFERINDO-SE AO SEU PRÓPRIO CORPO, DISSE: 'ISTO É O MEU CORPO'. POIS ELE TEVE AQUELE CORPO EM SUAS MÃOS" (Explicação sobre os Salmos, Sl 33,1.10).
E ficamos com as Sagradas Escrituras:
Jo 6:53-57 Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
Pax et Bonum!
Ewerton Wagner Santos Caetano
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