A ciência da criação

 



Estudiosos brasileiros contestam o Big Bang e a Teoria da Evolução e propõem que o Universo foi planejado


Pablo Nogueira



Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na integra

na edição da revista Galileu de Junho/2003

Assinantes tem acesso à integra no leia mais abaixo.



Alexandre Camanho


Quando surgiu a Terra? Há 10 mil anos, no máximo. Quanto tempo durou o período geológico do Jurássico? Menos de três meses. Como funciona a seleção natural? Impede o desenvolvimento de novas espécies. Como explicar a sofisticada bioquímica da vida? Ela foi formada segundo o planejamento de uma inteligência superior. Surpreso com as frases acima (que contrariam algumas das idéias mais aceitas pela maioria dos estudiosos), o leitor de GALILEU pode estar se questionando se comprou a revista certa. E talvez fique ainda mais surpreso em saber que tais idéias são defendidas hoje no Brasil por um grupo de pessoas a quem não se pode acusar de falta de credenciais científicas. Muitos têm pós-graduação feita em prestigiados centros de pesquisa do nosso país e do exterior (como o Instituto Max Planck de Colóides de Potsdam, na Alemanha, ou a Universidade de Londres), artigos publicados em revistas científicas internacionais e atuação em universidades como a USP e a Federal de Viçosa.


Nos EUA, o esforço de cientistas para tentar mostrar que o Gênesis pode ser mais do que uma narrativa mitológica ganhou o nome de criacionismo científico ou ciência da criação. A corrente surgiu nos anos 1950, quando um engenheiro hidráulico de nome Henry Morris começou a procurar evidências da ocorrência de um suposto dilúvio. A pesquisa gerou o livro "The Genesis Flood" (O Dilúvio do Gênesis), lançado em 1961, que causou grande impacto na comunidade evangélica e abriu caminho para a fundação da primeira sociedade, a Creation Research Society, em 1963. O intercâmbio de brasileiros com essas instituições deu origem à Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), em 1972, e à Associação Brasileira de Pesquisas da Criação (ABPC), em 1979. São elas que centralizam o debate em torno do criacionismo científico no país, realizando eventos e conferências. Em abril passado, por exemplo, a ABPC trouxe ao Brasil um dos mais famosos cientistas criacionistas do mundo, o bioquímico americano Duane Gish, vice-presidente do Institute for Creation Research (ICR). Gish (que esteve no país outras quatro vezes e se apresentou até na USP e na Unicamp) fez uma maratona de conferências por cinco Estados brasileiros, proferindo às vezes mais de uma palestra por dia.


Em suas falas, Gish se propõe a refutar as teorias da Evolução e do Big Bang "unicamente com base na evidência científica". Seus argumentos, em boa parte, são tirados de temas polêmicos dentro da comunidade científica. Um deles é a matéria escura. "Para que o Universo se adapte ao modelo do Big Bang, os cientistas tiveram que postular a existência de uma gigantesca quantidade de energia e de matéria que, no entanto, nunca detectaram. E essa matéria (por isso chamada de escura) corresponderia a mais de 80% da matéria do Universo! Como é possível que se inventem evidências para sustentar uma teoria e alguém diga que isso é científico?", questiona.


Ele recorre também à Segunda Lei da Termodinâmica, que diz que, ao longo do tempo, a entropia de um sistema fechado tende a aumentar. "Isso significa que a de-sorganização tende a crescer ao longo do tempo, o que é o oposto do que dizem o Big Bang e a Teoria da Evolução."


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