A Comunhão dos Santos e a Igreja

 


Fonte: Lista Exsurge Domini
Autor: John Nascimento


Desde o princípio sempre o Povo de Deus acreditou na Comunhão dos Santos, isto é, na união dos que já nos precederam na morte, com os que ainda fazem parte do Corpo de Cristo na Terra.


Sempre consideraram que as orações oferecidas a Deus pelos que já morreram, como pelos que ainda vivem, têm aceitação efectiva perante a Providência de Deus pelo Seu Povo.


Temos evidência disto desde as primeiras décadas da Igreja e também a Bíblia lhe faz referência no livro dos Macabeus quando diz que - é santo e salutar orar pelos mortos.. (2 Mac. 12,45).


Todavia a crença dos Cristãos na Comunhão dos Santos, como ainda outras, não é primariamente baseada nas Escrituras.


Ela vem da inspiração do Espírito Santo, tal como a Igreja reflecte gradualmente no que Jesus fez e ensinou, para um caminho de vida.


Jesus também não escreveu, nem mandou aos seus discípulos que o fizessem, pelo que, muitas coisas que Ele ensinou se não baseiam só no que a Bíblia tem escrito, mas nos costumes e tradições que nos vêm da primitiva Igreja que nos fazem fé.


Está neste caso a oração pelos que já morreram, ou seja, a Comunhão dos Santos.


A própria ressurreição de Cristo não teria sentido sem um conceito de Comunhão dos Santos, nem a Igreja entenderia nem recomendaria a oração pelos que já morreram ; e ela ensina que os santos que estão no Céu podem interceder por nós, que ainda vivemos na Terra.


Segundo o que nos ensina o Credo ou Símbolo dos Apóstolos, a Igreja fundada por Cristo existe em três diferente estados :


- Igreja militante na Terra.


- Igreja sofredora ou purifícante no Purgatório.


- Igreja triunfante, no Céu.


No último dia após o Juízo Final, haverá apenas a Igreja Triunfante, na glória eterna.


É compreensível que haja uma intercomunicação entre as almas que se encontram nestes três estados da vida da Igreja, ou três estados do Corpo Místico.


Diz-nos o Concílio Vaticano II :


- Esta venerável fé dos nossos maiores acerca da nossa união com os irmãos que já estão na glória celeste ou que após a morte, estão ainda em purificação, aceita-a este Concilio com muita piedade... (LG.51).


Nós que ainda vamos no primeiro estado, a Igreja Militante, podemos invocar os santos que já se encontram na glória e podemos também ganhar méritos e oferecê-los pelas almas que se encontram ainda no Purgatório.


As almas que já pertencem à Igreja Triunfante, podem interceder pelas que se encontram ainda cá na Terra, como pelas que estão no Purgatório.


Elas podem obter graças para nós que ainda lutamos, e graças que ajudem as almas do Purgatório a caminho do Céu.


Finalmente as almas do Purgatório podem também invocar as do Céu em seu proveito próprio ou em nosso favor, que ainda lutamos contra o mundo, contra as fraquezas da carne e contra o espírito do mal.


Assim podemos considerar a Comunhão dos Santos como uma união e cooperação, entre si, de toda a Igreja.


Todos em conjunto formamos o Corpo Místico.


Nós partilhamos as nossas orações e os nossos méritos uns com os outros para uma maior glória de Deus e para a edificação do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.


Reflectindo sobre estes três estados da Igreja podemos tirar como conclusão que a Igreja é como uma grande família; a Igreja é a Família de Deus.


Isto não é uma metáfora, mas a pura realidade.


Jesus revelou-nos que Deus é nosso Pai e os membros da Igreja são os Seus filhos adoptivos.


Nós somos irmãos e irmãs do Filho de Deus, Jesus Cristo, que nos ensinou que - todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe. (Mt. 12,50).


Isto significa que todos os membros da Igreja, sejam vivos ou mortos, são irmãos entre si, são irmãos e irmãs de Jesus Cristo e são filhos e filhas de Deus nosso Pai.


É a este conceito de Igreja Família de Deus que os Teólogos chamam Comunhão dos Santos.


Como Família de Deus, todos os membros da Igreja, a que S. Paulo já chamava Santos, estão em comunhão de amizade uns com os outros.


E isto é verdade, quer estejamos ainda na Terra (Igreja militante, ainda lutando em favor da nossa fé),quer estejamos na situação intermediária de purificação no Purgatório (Igreja sofredora dos que esperam a sua entrada no Céu a que já têm direito).


Todos são parte da Igreja, da Família de Deus, unidos uns aos outros em Jesus Cristo Salvador e no amor do Espírito Santo.


Os Católicos acreditam que é muito importante considerar esta larga visão da Igreja.


Primeiro é necessário ter uma visão da Igreja como uma família unida de crentes, empenhados em amar e servir uns aos outros, em virtude da grande realidade de sermos filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e habitação do Espírito Santo.


Segundo, ser membro da Igreja não está limitado aos que ainda vivem na Terra.


Jesus disse :


- Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois, para Ele, todos estão vivos. (Lc.20,38).


Este conceito de Igreja, Família de Deus, deveria ser para todos os Cristãos, motivo de um grande encorajamento.


Nós não estamos sós porque fazemos parte de um vasto exército de crentes que pertencem a todas as idades.


S. Paulo exorta-nos assim :


- Deste modo, cercados como estamos de uma nuvem de testemunhas, devemos sacudir todo o peso e pecado que nos cerca e correr com perseverança a carreira que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé, o Qual, pela alegria que Lhe fora proposta, suportou a Cruz, desprezando a ignomínia, e está agora sentado à direita de Deus.(Heb.l2,l-2).


A Comunhão dos Santos foi reconhecida ultimamente pelo Concílio Vaticano II e pelo papa Paulo VI, no seu Credo do Povo de Deus, e ainda no seu documento Indulgentiarum Doctrina.


Citando o Concílio Vaticano II, o Catecismo da Igreja Católica diz, sobre a Comunhão dos Santos :


957. - A Comunhão dos Santos. "Não é só por causa do seu exemplo, que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus".(LG.50).


O que nunca nos foi revelado é o “modo” de Comunicarmos uns com os outros, para além dos méritos que podemos ganhar e oferecer uns pelos outros.


John Nascimento

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