Autor: Conego Vidigal
A Igreja nunca professou a reencarnação. Existem testemunhas de Clemente de Alexandria (215), Irineu de Lião (202), Enéias de Gaza (520) e muitos outros autores que rejeitaram abertamente a reencarnação, baseados inteiramente na Bíblia (cf Hebreus 9,27; Lc 23,43).
Acontece, porém, que, a partir do século V, uma corrente de monges do Egito, da Palestina e da Síria, pouco instruídos, passaram a acreditar na reencarnação. Eram os origenistas, assim chamados, por seguirem Orígenes. Aliás, seja dito que Orígenes propôs apenas uma teoria próxima à reencarnacionista, mas que foi logo rejeitada. Os abades São Sabas e Gelásio censuraram a corrente origenista, cujas idéias foram condenadas abertamente pelo Sínodo Permanente de Constantinopla, em 543. O Papa Vergílio aprovou a rejeição da tese, visto que esta é incompatível com a noção de um Deus que salva o homem pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. A reencarnação foi repetidamente rejeitada pelos Concílios Gerais de Lião em 1274 e Florença em 1439, como também pelo Vaticano II em 1965, Lúmen Gentium, n. 48. É de se notar que se falou acima em Sínodo Permanente de Constantinopla de 543 e não o Concílio Ecumênico de Constantinopla II de 553 que não tratou do assunto da reencarnação. O Papa Vigílio aprovou todos os artigos condenatórios, ou seja, quinze anátemas contra Orígenes, inclusive este: "Se alguém crer na fabulosa preexistência das almas e na repudiável reabilitação das mesmas ( que é geralmente associada àquela) seja anátema" Note-se que, quando alguém lesa os outros e pede perdão a Deus está na obrigação e ressarcir os danos nesta vida, inclusive sob pena de não receber a absolvição. Para reparar os crimes cometidos nesta vida o cristão ou oferece por eles os sofrimentos desta existência terrena, ou recebe uma indulgência (parcial ou plenária), ou os vai pagar no purgatório. A reencarnação vai, outrossim, contra a sã filosofia, pois a pessoa humana é um corpo informado por uma alma e uma alma que informa um corpo. Toda alma é criada por Deus no instante da concepção. A alma separada do corpo, segundo a Teologia, espera a ressurreição final, como está claríssimo no Evangelho. A doutrina de Jesus sobre a ressurreição corporal individual é meridianamente clara. São Paulo em suas cartas dá lugar de destaque a este dogma da crença cristã. Os textos evangélicos e paulinos excluem definitivamente qualquer idéia de reencarnação. Adite-se que Orígenes que foi referido acima nasceu em Alexandria em 185 e era filho do mestre cristão, posteriormente, mártir Leônidas. Foi mestre na Escola Catequética de Alexandria durante 28 anos. Era uma pessoa ascética e foi muito influenciado pela doutrina de Platão. Na perseguição do Imperador Décio foi preso e suportou heroicamente graves torturas. Era um homem de talento brilhante, erudito. Apesar de todo seu gênio e engenho, infelizmente, cometeu muitos erros doutrinários. Por causa das teorias platônicas entre seus equívocos estava a afirmativa sua da preexistência das almas e sua queda no pecado numa vida anterior. Isto abriu brecha para que epígonos seus menos avisados caíssem no gravíssimo erro da reencarnação, erro este, que, como foi dito acima, mereceu total condenação das autoridades eclesiásticas.
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
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