As Indulgências não são uma invenção da Idade Média

 


Fonte: Zenit

«As indulgências retamente comprendidas e plenamente alcançadas são um momento vital dessa conversão contínua, desse continuo processo de santificação que caracteriza a vida sobrenatural na terra». Com estas palabras, esta manhã o cardenal William Wakefield Baum, penitenciário maior da Igreja Católica, abriu a entrevista de apresentação da nova edição da «Enrichiridion Indulgentarium», redatado pela mesma Penitenciaria Apostólica.

Ao afrontar o tema das indulgências, o cardeal Baum acrescentou que «a indulgência está intimamente ligada ao sacramento de la Reconciliação, e oferece uma contribuição eficaz ao crescimento global do povo de Deus não só porque ajuda interiormente a salvação de cada um dos cristãos, mas também porque está unida a comunhão eclesial, ao exercício da oração pública, a caridade vivida e ascética voluntaria».

Indulgências e Jubileu

O Vaticano publica agora a quarta edição deste documento (a terceira edição latina foi publicada em 1986) pois, segundo explicou em uma entrevista o monsenhor Dario Rezza, cônego vaticano, «o grande Jubileu de 2000 é um motivo precioso para redescobrir este tesouro que hoje em dia muitos fiéis católicos ignoram. A indulgência é um dos elementos constitutivos do acontecimento jubilar».

Silencio sobre las indulgencias

Monsenhor Rezza reconnheceu que se tem extendido uma cortina de silêncio sobre este argumento por duas razones: a rejeição por parte das igrejas reformadas, que tráz a contestação contra as mesmas indulgências e sua aplicação nos tempos da Reforma; assim como algumas investigações históricas recentes sobre a Idade Média que as tem considerado como "abusos de devoção", surgidos em concomitância com a "invenção medieval" do purgatorio».

«A doutrina católica sobre as indulgencias --explicou o Cônego do Vaticano-- se baseia em presupostos teológicos muito precisos e em precedentes históricos da tradição bem documentados». Na parte doutrinal da constitução apostólica de 1967, connhecida com o nome latino de «Indulgentiarum doctrina», se fundamentam teológicamente nas indulgencias recordando, antes de tudo, que a natureza do pecado comporta uma pena que temos que descontar; em segundo lugar, explica que existe uma lei de solidaridade espiritual entre todos os homens, o que os católicos chamam «comunhão dos santos», pelo que o pecado não só tem uma dimensão pessoal, mas também comunitária que deve ser reparada; e, por último, esclarece que existe um tesouro da Igreja, constituido pelos méritos de Cristo, pela Virgem e os santos, que pode ser colocado a disposição dos fiéis por meio da Igreja.

Frequentemente se interpretada mau o sentido das indulgências, reconheceu monsenhor Rezza, pois não constituem uma reparação robotizada da culpa, mas que levam aos cristãos a realizar obras de penitência e caridade, especialmente aquelas que ajudam no incremento do bem comúm e da fé. «Este é o motivo do por que a Igreja anuncia as indulgências e convoca os jubileus».

Novidade

A grande novidade do novo documento vaticano sobre as indulgencias, explicou o cônego do vaticano, consiste precisamente em sublinhar «como sua concessão serve para aumentar a busca da caridade sobrenatural seja em cada um dos fiéis seja na mesma comunidade eclesial». De concreto, entre os novos motivos que servem para conceder a indulgencia, o texto que agora é publicado pela Santa Sé assinala a consolidação das bases cristãs da familia, a participação nas jornadas e semanas de oração com finalidades religiosas específicas, o culto da Eucaristía, a extensão da indulgência plenária pelo oração em grupo (ainda que não esteja jurídicamente constituido) do Rosário e do hino «Akathistos».

Invenção medieval?

O padre Ivan Fucek, teólogo adjunto da Penitenciária Apostólica, explicou que a doutrina da Igreja sobre as indulgências e o Purgatório, negada por alguns, se encontra claramente expressada com São Tomás de Aquino. Agora bem, não foi ele quem a inventou, se encontrava implícitamente na doutrina da Igreja desde suas origens. Os Concilios que seguiram se encarregaram de confirmá-la.

Neste sentido, Fucek reconheceu que não é fácil encontrar um acordo com os protestantes, pois «não reconnhecem os sacramentos e a indulgência forma parte do sacramento da Confissão». Hoje porém, comentou, «se tem dado passos muito adiante».

O teólogo, que também é catedrático da Universidade Pontificia Gregoriana, concluiu afrontando o tema da venda de indulgencias. «A Igreja nunca vendeu indulgencias --explicou--, algumas perssoas o fizeram, e outras tem acusado a Igreja por isso. Em suas 95 tese, Martinho Lutero acusou a Igreja de culpas que não cometeu».

zenit.
zenit.org
ZS99091701
17.IX.1999

Postar um comentário

Deixe seu Comentário: (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem