Como sabemos que Pedro foi o Primeiro Papa?

 


Fonte: El Teologo Responde
Autor: Pe. Miguel Ángel Fuentes, I.V.E.
Tradução: Rogério Hirota
Pergunta

Gostaria de saber... sobre a veracidade de que São Pedro esteve em Roma e foi o Primeiro Papa e como poderia dizer-lhes ou demonstrar que isto está certo a quem me questiona?

Resposta

Estimada:

1. O Primado de Pedro

a) O dogma

Cristo constituiu o apóstolo São Pedro como primeiro entre os apóstolos e como cabeça, visivel de toda a Igreja, conferindo-lhe pessoalmente o primado de jurisdição. Para os católicos isto é uma verdade de fe.

O Concilio Vaticano I definiu (cf. Dz 1823) e foi repetido com força no Concilio Vaticano II (Lumen gentium, n.18).

A cabeça invisivel da Igreja é Cristo glorioso. Pedro faz as vezes de Cristo no governo exterior da Igreja militante, e é, portanto, vigário de Cristo na terra.

A Igreja ortodoxa grega e as seitas orientais ee opõem a este dogma, alguns adversários medievaies do Papado (Marsilio de Pádua e João de Jandun, Wicleff e Huss), todos os protestantes, os galicanos e febronianos, os Velhos Católicos (Altkatholiken) e os modernistas. Segundo a doutrina dos galicanos (E. Richer) e dos febronianos (N. Hontheim), a plenitude do poder espiritual foi concedida por Cristo imediatamente a toda Igreja, e por meio desta passou a São Pedro, de modo que este foi o primeiro ministro da Igreja, designado pela Igreja (“caput ministeriale”). Segundo o modernismo, o primado não foi estabelecido por Cristo, mas que foi sido formado pelas circunstancias externas na época pós-apostólica (Dz 2055 s).

b) Fundamento bíblico

Cristo desde o inicío dintinguiu ao apóstolo São Pedro entre todos os demais apóstolos quando o encontrou pela primeira vez, anunciou-lhe que mudaria seu nombre de Simão pelo de Cefas = rocha: “Tú és Simão, filho de João [segúndo a Vulgata: de Jonas]; tú serás chamado Cefas (Jo 1,42; cf. Mc 3,16). O nome de Cefas indica claramente o oficio para a qual lhe destinou o Senhor (cf. Mt 16, 18). Em todas as mençãos dos apóstoles, sempre cita em primeiro lugar Pedro. Em Mateus o chama expressamente “o primeiro” (Mt 10,2). Como, segúndo o tempo da eleição, André precedia a Pedro, o fato de Pedro aparecer em primeiro lugar indica seu oficio de primado. Pedro, juntamente com São Tiago e João, puderam ser testemunhas da resurreição da filha de Jairo (Mc 5, 37), da transfiguração (Mt 17, 1) e da agonia do Horto (Mt 26, 37). O Senhor prega para a multidão do barco de Pedro (Lc 5, 3), paga o seu tributo do templo e de Pedro (Mt 17, 27), lhe exorta que, depois de sua propria conversão, colabore na fé de seus irmãos (Lc 22, 32); depois da resurreição Jesus aparece somente a ele antes que aos demais apóstolos (Lc 24, 34; 1 Cor 15, 5).

A São Pedro foi lhe confiado o primado depois que confessou solemente, em Cesarea de Filipo, a messianidade de Cristo. Disse o Senhor (Mt 16, 17-19): “Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro [= Cefas], e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Estas palavras se dirigem imediata e exclusivamente a São Pedro. Coloque diante sua visão três imágens, a idea do poder supremo na nova sociedade que Cristo vai fundar. Pedro dará a esta sociedade a unidade e firmeza inquebrantavel que tem uma casa eo estar assentada sobre rocha viva; cf. Tg 7,24 e seguintes. Pedro deve ser também o possuidor das chaves, quer dizer, o administrador do reino de Deus na terra; cf. Is 22,22; Apoc 1,18; 3,7: as chaves são o símbolo do poder e da soberanía. A ele incumbe finalmente ligar e desligar, quer dizer (segúndo a terminología rabínica): lançar a excomunhão ou levanta-la, ou também interpretar a lei no sentido de uma coisa estar permitida (desligada) ou não (ligada). De acordo com Mt 18,18, aonde se concede a todos os apóstolos o poder de ligar e desligar no sentido de excomungar ou recebir na comunidade os fiéis, e tendo em conta a expressão universal (“quanto ligardes... quanto desligardes), não é lícito entender que o pleno poder concedido a São Pedro se limita ao poder de ensinar, mas que resulta necessariamente extende-lo a todo o âmbito do poder de jurisdição. Deus confirmará nos céus todas as obrigações que imponha ou suprima São Pedro na terra.

Contra todas as tentativas de declarar esta passagem (que aparece únicamente em São Mateus) como total ou parcialmente interpolado em época posterior, ressalta-se sua autenticidade de maneira que não deixa lugar para a duvida. Mostra-se garantida, não somente pela tradição unânime com que aparece em todos os códigos e versões antigas, mas também pelo colorido semítico do texto, que ressalta bem a vista. Não é possivel negar com razões convincentes que estas palavras foram pronunciadas pelo Senhor Jesus, nem tampouco é possivel mostrar contradição com outros ensinamentos e fatos referidos no Evangelho.

O primado foi concedido do Senhor a Pedro quando, depois da ressurreição, perguntou-lhe três vezes se o amava e concedia-lhe o seguiente encargo: “Apacenta meus cordeiros, apacenta meus cordeiros, apacenta minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). Estas palavras, o mesmo que as de Mt 16,18s, se referem imediata e exclusivamente a São Pedro. Os “cordeiros” e as “ovelhas” representam todo o rebanho de Cristo, quer dizer, toda a Igreja; cf. Jo 10. “Apascentar”, refere-se a homens, significa o mesmo que governar (cf. Atos 20,28), segúndo a terminologia da antiguidade bíblica. Pedro, por este triplo encargo de Cristo, não ficou restaurado em seu oficio apostólico (pois não o havia perdido devido a sua negação), mas que com isso, recebeu o supremo poder governativo sobre toda a Igreja.

Depois da ascensão aos céus, Pedro exerceu seu primado. Desde o primeiro momento ocupa na comunidade primitiva um posto preeminente: Dispõe a eleição de Matias (Atos 1,15ss); é o primeiro em anunciar, no dia de Pentecostes, a mensagem de Cristo, que é o Messias morto na cruz e ressucitado (2,14 ss); dá testemunho da mensagem de Cristo diante do sinédrio (4,8 ss); recebe na Igreja o primeiro gentio: o centurião Cornélio (10,1 ss); é o primeiro a falar no concilio dos apóstolos (15,17 ss); São Paulo marcha a Jerusalém “para conhecer Cefas” (Gal 1,18).

c) O testemunho dos padres da Igreja.

Os padres, de acordo com a promessa bíblica do primado, dão testemunho de que a Igreja está edificada sobre Pedro e reconhecem a primazia deste sobre todos os demais apóstolos. TERTULIANO disse da Igreja: “Foi edificada sobre ele” (De monog. 8). SÃO CIPRIANO disse, referindo-se a Mt 16,18s: “Sobre um edifica a Igreja” (De unit. eccl. 4). CLEMENTE DE ALEXANDRIA chama São Pedro “o eleito, o escolhido, o primeiro entre os discípulos, o único pelo qual, além de si mismo, o Senhor pagou tributo” (Quis dives salvetur 21,4). SÃO CIRILO DE JERUSALÉM o chama “o sumo e príncipe dos apóstolos” (Cat. 2, 19). Segúndo SÃO LEÃO MAGNO, “Pedro foi o único escolhido entre todo mundo para ser a cabeça de todos os povos chamados, de todos os apóstoles e de todos os padres da Igreja” (Sermão 4,2).

Em sua luta contra o arianismo, muitos padres interpretam a rocha sobre a qual o Senhor edificou sua Igreja como a fé na divinidade de Cristo, que São Pedro confessara, mas sem excluir por isso a relação dessa fé com a pessoa de Pedro, relação que se indica claramente no texto sagrado. A fé de Pedro foi a razão da qual Cristo o destinara para ser fundamento sobre a qual haveria de edificar sua Igreja.

2. Pedro bispo de Roma e Primeiro Papa

Uma antiga tradição baseada nos anais da Igreja e da Arqueologia romana nos indica que Pedro morre em Roma, aonde foi bispo. Este é a origem da Preeminência do bispo de Roma sobre os demais bispos sucessores dos Apóstolos.

Tem fundamento escriturístico no texto de 1Pe 5,13: “ A igreja escolhida de Babilônia saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho.”.

A expressão “Babilonia” se refere a Roma, como notam todos os exégetas: “quase todos os autores antigos e a maior parte dos modernos vêem designada nesta expressão a Igreja de Roma... O nome de Babilonia era de uso corrente entre os judíos cristãos para designar a Roma pagã. Assim é chamada também em Apocalipse (14,8; 16,19; 17,15; 18,2.10), nos livros apócrifos e na literatura rabínica. A Babilonia do Eufrates, que no tempo de São Pedro era um monte de ruinas, e a Babilonia do Egito, pequena estação militar, devem ser excluidas” (José Salguero, O.P., Biblia Comentada, tomo VII, BAC, Madrid 1965, p. 145).

Isto também é reconhecido pelos autores protestantes serios. Por exemplo, Keneth Scott Laturet, prestigioso historiador, escreve em seu libro “Historia da Igreja” (Tomo I, p. 112, Ed. Casa Batista de Publicações) diz: “Pedro viajava, porque sabemos esteve em Antioquía, e o que parece uma tradição digna de confiança, sabemos que esteve em Roma e ali morreu”.

A Enciclopedia Britanica, tomo IX, p. 123 da a referencia de todos os bispos de Roma començando por São Pedro e terminando com João Paulo II, 264 bispos em sucessão ininterrupita.

A “New American Encyclopedia” diz em sua seção sobre os Papas “Quando São Pedro deixou Jerusalém viveu por um tempo em Antioquia antes de viajar a Roma aonde exerceu como Primado”.

É muito forte também o testemunho da tradição que manifesta a enorme importancia que tiveram os primeiros bispos de Roma sobre a nascente Cristiandade, justamente por ser sucessores de Pedro. Assim, por exemplo, no ano de 96, ou seja 63 anos depois da morte de Cristo, diante um grave conflito na comunidade de Corintios, quem tomou as cartas para por ordem a situação foi o bispo de Roma, o Papa Clemente, e isto apesar de neste tempo ainda viver o Apóstolo João da proxima cidade grega de Efeso. Sem duvida foi uma carta de Clemente que solucionou o problema e nesta ainda se lia esta carta, duzentos anos após este fato. Isto somente é explicavel pela autoridade do sucessor de Pedro na primitiva Igreja.

Ireneu, bispo de Lyon, e Padre da Igreja da segunda geração depois dos Apóstolos escrevia poucos anos depois: “Pudera dar-lhes, se tivesse tido espaço, a lista dos bispos de todas as Igrejas, mas escolho somente a linha da sucessão dos bispos de Roma fundada sobre Pedro e Paulo até o duodécimo sucessor hoje”.

Segundo o primeiro historiador da Igreja, Eusébio de Cesárea (ano 312), esta sucessão é um sinal e uma segurança de que o Evangelho foi conservado e transmitido pela Igreja Católica.

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