Homem: Macaco aperfeiçoado?

 


Autor: Geraldo Luis Lino


Recentes estudos revelaram que apenas 0,6% dos genes encontrados no homem e no chimpanzé são diferentes; donde concluem alguns pensadores: o homem é macaco aperfeiçoado. - Observe-se, porém, que o que especifica uma criatura vivente é o seu princípio vital; é este que define a essência. Ora o princípio vital é indivisível: ou é 100% de macaco ou 100% de ser humano. Conseqüentemente pode-se reconhecer grande afinidade entre o corpo do símio e o do homem; todavia essa afinidade não é identidade, porque o princípio vital de um e o do outro são totalmente diversos; o homem tem um princípio vital (alma) espiritual, ao passo que o do macaco é material.

Aos 20/05/03 a Rede Globo transmitiu uma notícia sensacional, que lançou interrogações na mente de muitos telespectadores e leitores. Ei-la:


Tantas semelhanças


Você xinga alguém de humano? Então porque xinga alguém de macaco? Do ponto de vista da genética, humanos e chimpanzés são praticamente a mesma coisa.


Há muito que se suspeitava dessa semelhança. Somente 0,6% dos genes encontrados em humanos e nos chimpanzés são diferentes, diz uma pesquisa feita por cientistas da escola de medicina da universidade de Wayne, nos Estados Unidos.


Nós e os chimpanzés tivemos um ancestral comum, há uns seis milhões de anos, e desde que ele desceu das árvores nos diferenciamos muito pouco uns dos outros, pelo menos do ponto de vista da genética.


Somos tão próximos dos chimpanzés, afirmam os cientistas americanos, que seria mais apropriado qualificar esse tipo de macaco também como homo; por enquanto só nós, o homo sapiens, ocupamos essa categoria no mundo animal.


Resta saber se, para os chimpanzés, deixar de ser macaco para se tornar humano seria uma promoção.


Deixados a sós, sem a interferência nociva de humanos, os chimpanzés costumam formar grupos estáveis, escolhem e respeitam líderes, defendem as fêmeas e os filhotes e não destroem o ambiente no qual vivem.


QUE DIZER?


Proporemos três observações a respeito.


1. Corpo e princípio vital (alma)


Os cientistas descobriram grandes semelhanças entre a corporeidade do chimpanzé e a do homem. - É de notar, porém, que o homem não é somente corpo; ele tem um princípio vital ou alma. Aliás toda criatura vivente tem um princípio vital, que é material nas plantas e nos animais irracionais, e imaterial (espiritual) no ser humano. Ora é precisamente o princípio vital que especifica o vivente e define a sua essência. Mais: o princípio vital é indivisível: é 100% de macaco ou 100% de homem; não há meio-termo. Donde se conclui que pode haver grande afinidade entre o homem e o macaco no plano corpóreo, mas não existe identidade no plano do essencial.


2. O homem vem do macaco?


A pergunta deve ser retificada: diga-se: o corpo do homem vem do corpo do macaco? A alma humana não vem por evolução, pois é espiritual e, por isto, criada diretamente por Deus para cada ser humano que vem a este mundo.

Respondemos que o macaco, como o conhecemos, não pode evoluir, pois está muito especializado e muito adaptado ao seu tipo de vida. Se houve evolução, como tudo leva a crer, esta se deu a partir de um vivente ainda grosseiro, chamado "primata"; dele terão procedido os corpos do chimpanzé, do gorila, do orangotango e do homem; ao corpo deste, completamente organizado, Deus quis infundir uma alma espiritual, que, por ser espiritual, eleva o homem a uma categoria superior à dos macacos.


Por conseguinte não se pergunte se o homem procede do macaco, mas... se o corpo humano pode provir do corpo de um vivente preexistente ao homem. A tal pergunta dê-se resposta afirmativa: pode... Toca à ciência explicitar a resposta.


3. Criação e evolução conciliam-se entre si?


Sim. Com efeito; a Bíblia não tenciona ensinar ciências naturais ou antropologia; foi escrita para dizer como se vai aos céus, não para ensinar como vão os céus.


Eis a fórmula conciliatória: houve um ato de Deus criador que deu origem à matéria primitiva tal como a descreve a ciência com sua teoria do Big Bang. O Criador terá dado à matéria inicial as leis de sua evolução, de modo que assim foram surgindo os minerais, os vegetais e os animais irracionais. Dentre estes últimos um casal terá recebido uma alma espiritual para cada parceiro criada diretamente por Deus, tornando-se primeiros representantes do gênero humano. Por tanto, na mais simples das hipóteses, admita-se um ato criador para dar origem à matéria primitiva, e outro ato criador para dar início ao gênero humano, dotado de alma espiritual. Entre um e outro ato criador pode-se admitir a evolução.


A teoria evolucionista de Charles Darwin foi mal vista por estudiosos católicos, porque propunha uma evolução mecanicista ou materialista, sem levar em conta a finalidade que rege todos os setores da evolução; esta tende a metas definidas.


Observe-se ainda que Deus cria diretamente a alma de cada novo ser humano. [D.Estêvão Bittencourt - P&R - Setembro de 2003]


SOBRE HOMENS E MACACOS


A má percepção da ciência é tão ruim quanto a má interpretação da religião. A primeira tem levado ao materialismo mecanicista, que considera o universo e o mundo como um vasto conjunto de maquinismos regidos por leis deterministas, e reduz o homem à condição de "máquina animada" desprovida de qualquer sentido de propósito ou transcendência.


A outra conduz ao fundamentalismo, ao radicalismo e ao fanatismo dos que se julgam detentores da verdade e são intolerantes com as discordâncias.


Juntas, ambas têm causado grandes desorientações, influindo na inquietação fundamental que tem impelido o homem a indagar sobre a sua natureza e o seu lugar na ordem universal, desde os primórdios de sua existência como gênero - empreitada que não pode prescindir nem da ciência nem da religião.


Ao contrário do que sugere a corrente materialista, que se espelha no artigo de Silio Boccanera "somos todos macacos", inexiste qualquer oposição fundamental de princípios entre a ciência e a religião. Como diz a encíclica "Fides et ratio", do Papa João Paulo II, "a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva até a contemplação da verdade".


Para surpresa de alguns materialistas, até mesmo a presença ativa de Deus no universo - ou, como preferem alguns, uma inteligência oculta - tem sido reconsiderada por um número crescente de cientistas, em face das evidências de que a extraordinária combinação de condições favoráveis à emergência da vida e da consciência no cosmo não pode ser obra do mero acaso.


Em seu livro "O universo inteligente", o célebre astrofísico inglês Fred Hoyle, ateu confesso, admite não encontrar resposta melhor para o enigma. Em "Superforça", o físico Paul Davies, igualmente ateu, constata "poderosas evidências de que há alguma coisa acontecendo por trás de tudo. A impressão de desígnio é esmagadora". Em outro livro, "Deus e a nova física", ele chega a afirmar que "pode parecer bizarro, mas em minha opinião a ciência oferece um caminho mais firme para Deus do que a religião".


Em seu artigo, Silio Boccanera menciona um dos mais ativos porta-vozes do materialismo acadêmico atual, o biólogo Richard Dawkins, com sua tese utilitarista de que o objetivo da vida, inclusive a humana, se encerraria na própria existência e reprodução.


Essa posição pode se aplicar aos chimpanzés, mas em hipótese alguma a um ser cuja capacidade cerebral ultrapassa em muito o necessário à simples subsistência, sendo mais adequada a uma espécie destinada a explorar o universo em todas as suas dimensões.


Ao contrário das demais espécies animais, o homem é o único ser cujo cérebro não vem "pré-programado"geneticamente para que o destino biológico da espécie se cumpra em um único indivíduo, o que justifica a enorme diversidade étnica e cultural que nos caracteriza.


Quanto à coincidência genética de 99,4% entre o homem e o chimpanzé, que tem provocado tanto alarido, ela nada significa diante do abismo intransponível entre as duas espécies - o "salto ontológico", na expressão de João Paulo II.


Por mais inteligentes que sejam, falta aos chimpanzés a inteligência especulativa peculiar ao homem - à qual São Tomás de Aquino atribui a nossa semelhança com o Criador. Por esse pequeno detalhe, símio algum jamais será capaz de produzir algo como as pinturas das grutas de Altamira e Lascaux, as esculturas de Michelangelo, as peças de Shakespeare, as sinfonias de Beethoven ou até mesmo as idéias de Richard Dawkins e seus admiradores.

Portanto, a mera sugestão de incluir o simpático mono no gênero Homo seria risível se não fosse esdrúxula. Em tempo: a coincidência genética entre o homem e o rato é de 99%.


Definitivamente, não somos macacos. Até prova em contrário, somos os vanguardeiros da evolução. Repetindo as palavras do paleontólogo e padre francês Frédéric M. Bergounioux: "Se nada pode barrar o avanço da vida, é porque ela se dirigia em direção ao homem. Exatamente ao fim da estrada estava o seu lugar, e nenhum revés haveria de permitir que se pusesse em perigo esta última realização." (Geraldo Luís Lino )

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