Humanismo-Humanitarismo

 


Autor: John Nascimento


Costuma-se definir o Humanismo como uma atitude que consiste em pôr o centro de todos os interesses no homem.


* - Historicamente como um movimento que nasceu entre a gente nobre dos séculos XIV e XV, numa reacção da cultura contra o Escolasticismo, e por um regresso às letras, às artes e aos pensamentos antigos, donde surgiu o Renascimento;


* - Filosoficamente, como uma concepção segundo a qual o homem é o valor supremo, quer em absoluto (Humanismo ateu), quer pelo menos no domínio da experiência;


* - Psicologicamente, como uma doutrina gnosiológica segundo a qual a verdade é puramente humana, isto é, obra de cada um, enquanto radicalmente dependente da sua experiência e das suas necessidades.


Perante esta apresentação do que é o Humanismo, facilmente se pode concluir que ele parece ser anti-católico e anti-cristão.


Não passa de um simples existencialismo.


Exclui a ideia de um Deus Criador.


Então podemos pôr a pergunta :


- Não é possível haver um humanismo cristão ?


O Humanismo Cristão deve ser expresso por estas palavras de Santo Ireneu :


- A glória de Deus é o homem completamente vivo. Isto significa que se cada um de nós procura ser o melhor que é possível, com todos os talentos, qualidades e capacidades, segundo o que recebeu, especialmente reflectindo a "Imagem e semelhança com Deus" em que cada um de nós foi criado, isso dá honra e glória a Deus que nos criou.


A pedra angular do Humanismo Cristão é o próprio Jesus, o Verbo feito carne, que se tornou um de nós e "viveu no meio de nós :


- E o Verbo se fez homem e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória que lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade. (Jo. 1,14).


Tomou a nossa completa condição humana desde o seu nascimento até à sua morte.


Foi igual a nós em todas as coisas menos no pecado.


Se Jesus, o Filho de Deus, se tornou humano, certamente que a humanidade não é uma coisa má.


Tornando-se humano, manifestou a monumental realidade de que Jesus já existia antes de o mundo começar e não entrou em nada que fosse mau ou diabólico.


S. Paulo diz-nos como foi a transformação de Jesus na nossa condição humana :


- Ele que era de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se de Si mesmo, tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens. (Fil.2,6-7).


A Igreja defende e permanece no mundo pela causa humana.


O Concílio Vaticano II na sua Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo actual, diz :


- As alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. (GS. l).


Sobre a dignidade do homem, diz o Salmo :


- Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós fixastes; que é o homem, para vos lembrardes dele, o Filho do homem, para dele cuidardes ?(Sl.8,4-6).


Em contraste com o Humanismo secular que nega a Deus, a vida espiritual, a necessidade da graça e da redenção, a vida futura que alimenta a nossa esperança, o Humanismo Cristão oferece vida, espírito, causa e finalidade da nossa vida.


Oferece esperança e, mais que tudo, oferece um Deus que se fez um de nós por amor, e nos convida à plenitude do amor.


HUMANITARISMO


O mesmo que filantropia, o Humanitarismo é uma doutrina filosófica que tem por fim desenvolver no homem o amor pelos seus semelhantes, e elevar a sorte da sociedade.


É, portanto, uma tentativa de promoção da felicidade humana.


Enquanto a felicidade humana tem sido sempre promovida pela fé cristã e pelo amor cristão, os tradicionais Humanitaristas sempre mostraram grandes reservas a respeito do Cristianismo, uma vez que o amor cristão para com o próximo é, em última análise, fundado no amor de Deus em Cristo, mais do que no simples amor dos seres humanos.


O Humanitarismo considera a felicidade humana como o seu fim último, sem qualquer referência a qualquer outro fim, como seja o de louvar e servir a Deus.


Uma vez que a fé cristã reconhece e aceita como dever, o amor do próximo, por amor de Deus, os Humanitaristas vêem o Cristianismo como uma infidelidade ou um estorvo para a felicidade humana.


Muitos pensadores católicos (por exemplo Jacques Maritain em O Humanismo Integral, Henri Lubac em O Drama do Humanismo ateísta e os papas, especialmente João Paulo II na sua Encíclica Redemptor Hominis - O Redentor do Homem) têm procurado mostrar que o Humanitarismo tradicional enfraquece o homem porque lhe tira a única fonte da felicidade, Deus, enquanto o amor de Deus por nós em Cristo promove autenticamente a felicidade humana.


Afinal, deve ficar sempre de pé a doutrina básica dos Mandamentos :


- Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.


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