Infalibilidade do Papa



Fonte: Agnus Dei
Autor: Prof. Carlos Nabeto


Como podem os Católicos afirmar que seres humanos podem ser infalíveis?


É estranho ouvir tal argumento partindo de indivíduos que acreditam que todo ser humano letrado ou não letrado é infalível pelo princípio do julgamento particular [principalmente para interpretar a Bíblia], isto é, que o julgamento de um homem é tão bom como de qualquer outro, e que o julgamento de todo mundo é correto.

A infalibilidade significa que Deus garante que, em matéria de fé e moral, o Papa não pode cometer erros.


A infalibilidade NÃO significa que o Papa não possa pecar, nem que ele não possa cometer erros em outras matérias como história, política, ciências etc., mas somente quando ele declara uma certa verdade a respeito da revelação é que ele será infalível.


Existem quatro condições necessárias para a infalibilidade do Papa:



1- Ele precisa falar como chefe, pastor e professor da Igreja. As palavras que ele usa precisam deixar claro a todos que ele está falando como cabeça da Igreja em matéria de fé e moral.


2- Ele precisa estar falando à Igreja Universal, isto é, aos Cristãos de todos os lugares do mundo.


3- Ele precisa falar "ex catedra," ou seja, oficialmente com suprema e apostólica autoridade.


4- Precisa ser em matéria de fé e moral, e não em qualquer outra matéria. A prova disto encontra-se na primeira Epístola de São Paulo a Timóteo, onde ele fala da Igreja de Cristo como "o pilar e coluna mestra da verdade" (1Tm 3,15). Também no evangelho de São João: "Eu pedirei ao Pai e ele dará a vocês um outro advogado para ajudar a vocês para sempre".


Da mesma forma, nós sabemos pelas Escrituras que Cristo prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja; Ele também prometeu estar com a Igreja até o final dos tempos. Se estas promessas significam alguma coisa, elas significam que Cristo protegerá a Igreja em seus ENSINAMENTOS da verdade porque Ele estabeleceu esta Igreja principalmente como uma Igreja de ensinamentos.

Isto não limita a discussão ou debate entre seus membros, porque a Igreja usa a proteção do Espírito Santo apenas em casos extremos quando for necessário determinar a verdade de uma questão; e isso sempre em verdades fundamentais.



INFALIBILIDADE NAO É UMA INSPIRACAO OU REVELACAO DE DEUS


Conceito: A infalibilidade é a garantia de preservação de todo erro doutrinal pela assistência do Espírito Santo. Não é simples inerrância de fato, mas de direito. Portanto, não se deve confundir a infalibilidade com a "inspiração", que consiste no impulso divino que leva os escritores sagrados a escreverem o que Deus quer; e nem com a "revelação", que supõe a manifestação duma verdade antes ignorada.



INFALIBILIDADE NAO É DESCOBRIR COISAS NOVAS ALEM DO QUE FOI PREGADO


O privilégio da Infalibilidade não faz com que a Igreja descubra verdades novas; garante-lhe somente que, devido à assistência divina, não pode errar nem, por conseqüência, induzir em erro, no que respeita a questões de Fé ou moral.



INFALIBILIDADE X IMPECABILIDADE


não se confunde a "infalibilidade" com a "impecabilidade". A Igreja nunca defendeu a tese de que o Papa não pudesse cometer pecados. O Papa é infalível quando segue as normas da infalibilidade, falando à toda a Igreja, como sucessor de S. Pedro, em matéria de Fé e Moral, definindo (implícita ou explicitamente) uma verdade que deve ser acatada por todos. Em sua vida privada - ou quando não utilizando a fórmula da infalibilidade -, o Papa pode cometer erros e até pecados



OBSERVACOES SOBRE INFALIBILIDADE


Pelo exposto, fica claro que a "infalibilidade" é privilégio daqueles a quem compete "ensinar", isto é, os Apóstolos e, de modo especial, a S. Pedro e seus sucessores. A infalibilidade do colégio apostólico provém, portanto: a) da missão conferida a "todos os apóstolos" de "ensinar todas as nações" (Mat 28, 20); b) da "promessa de estar com eles" "até à consumação dos séculos" (Mat 28, 20) e de lhes "enviar o consolador, o Espírito Santo que lhes há de ensinar toda a verdade" (Jo, 14, 26). Estas passagens mostram com evidência que o privilégio da "infalibilidade" foi concedido ao "corpo docente" tomado coletivamente. A sucessão desse poder deve ser entendida no sentido de que o colégio apostólicos, atualmente composto pelos bispos, é 'infalível' não individualmente em cada bispo, mas no conjunto deles.



PARA ENTENDER A INFALIBILIDADE


( 1-)Ela não significa que o papa não pode pecar; trata-se de uma opinião errada sobre este privilégio. ( 2-)Não significa que toda e qualquer palavra pronunciada pelo papa é infalível; trata-se também de uma idéia errada. ( 3-)Não significa que toda opinião do papa deva ser tida como opinião de Deus; certamente esta é uma das visões mais comuns e erradas do significado da infalibilidade papal.


Por fim, também não significa que o papa sabe tudo sobre todas as coisas. Talvez a melhor maneira de falar sobre isto possa ser assim exemplificado: suponha que você irá aplicar uma prova ao Santo Padre versando sobre a matéria de Trigonometria (que é um ramo da matemática). Então você lhe faz as 100 questões mais difíceis do mundo, que somente os melhores matemáticos pudessem responder. Qual o número mínimo de questões que o Papa deveria responder corretamente?? Muitas pessoas, que não conhecem a natureza dessa infalibilidade pregada pela Igreja, certamente responderiam: "Ele deverá responder corretamente TODAS as questões..." ERRADO! Ele pode errar todas as 100 questões, pois a infalibilidade papal não transforma o Papa em um "sabe-tudo". Se o fizesse, o Papa poderia resolver todos os problemas do mundo, como a guerra e a fome; teríamos, então, a resposta final para o ecumenismo, entre outras coisas...


ALGUMAS OBS E VERS. SOBRE A INFALIBIDADE DE PEDRO


No caso de S. Pedro e seus sucessores, a infalibilidade é pessoal. Provaremos isso com argumentos tirados dos textos evangélicos e da história.


O argumento escriturístico deriva dos mesmo textos que demonstram o primado de S. Pedro: "Tu és Pedro...", pois é incontestável que a estabilidade do edifício lhe vem dos alicerces. Se. S. Pedro, que deve sustentar o edifício cristão, pudesse ensinar o erro, a Igreja estaria construída sobre um fundamento inseguro e já se não poderia dizer "as portas do inferno não prevalecerão contra ela".


Depois, com o "Confirma fratres" ("confirma os irmãos"), Nosso Senhor assegurou a Pedro que pedira de modo especial por ele, "para que sua fé não desfaleça" (Luc 22, 32). É evidente que esta prece feita em circunstâncias tão solenes e tão graves (o momento da paixão de Nosso Senhor) não pode ser frustrada.


Finalmente, com o "Pasce Oves" (apascenta as minhas ovelhas), foi confiada a Pedro a guarda, o governo, de todo o rebanho. Ora, não se pode supor que Jesus Cristo tenha entregue o cuidado do seu rebanho, colocando S. Pedro como Pastor, a um pastor que pudesse desencaminhar as ovelhas eternamente, ensinando o erro


O QUE DIZ O CATECISMO E O QUE PRONUNCIAMENTO EX CATEDRA


A doutrina da infalibilidade papal é melhor esclarecida pelo Concílio Vaticano II:


"[O Papa é infalível] em virtude de sua função, quando, como pastor supremo e mestre de todos os fiéis, a quem cabe confirmar seus irmãos na fé (Lc 22,32), proclama por um ato definitivo qualquer doutrina de fé ou moral. Então suas definições, por si próprias e não pelo consenso da Igreja, serão tidas como justamente irreformáveis, pois foram pronunciadas com a assistência do Espírito Santo, assistência esta que lhe foi prometida na pessoa do bem-aventurado Pedro".


Isto simplesmente significa que, quando o papa define um ensino sobre fé ou moral, e o faz para ser compreendido e pregado por toda a Igreja, foi o próprio Espírito Santo quem o guiou, pois Ele o guiará "em toda a Verdade" (Jo 16,13).

Esse dogma foi historicamente promulgado pelo Concílio do Vaticano I, realizado em 18 de julho de 1870, e lê-se da seguinte forma:



"O Romano Pontífice, quando se pronuncia "ex cathedra" - ou seja, quando exerce o ofício de pastor e mestre de todos os cristãos - e define uma doutrina sobre fé ou moral com sua suprema autoridade apostólica, para que seja pregada em toda a Igreja universal ("doctrinam de fide vel moribus ab universa Ecclesia tenendam definit"), pela assistência divina prometida a ele na pessoa de São Pedro, goza daquela mesma infalibilidade que o divino Redentor desejou que Sua Igreja tivesse para definir doutrinas que versam sobre a fé e a moral. Portanto, tais definições do Romano Pontífice são irreformáveis por si mesmas e não pelo consenso da Igreja".

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