Psicografia




I. O FENÔMENO

Psicografia ou escrita automática é a arte ou o fenômeno ou faculdade de alguém escrever de maneira inconsciente como se estivesse movido por um ser invisível. Podemos dividir na psicografia 4 elementos: 1º o movimento impulsivo e não programado do escritor; 2º a escrita inconsciente, mas lógica, de uma mensagem; 3º uma mensagem imprevista, mas verídica, que o escritor não poderia conhecer por meios normais; 4º a assinatura da mensagem com um nome estranho atribuído, quase sempre a um espírito do além. Vamos dissecar e comentar cada elemento.

1º Movimento impulsivo
Automatismo em Psicologia é um ato complexo exercido inconsciente e automaticamente. São atos complexos e automáticos o andar, o falar bem qualquer língua, o escrever, o dirigir carros, tocar algum instrumento, nadar etc. No entanto todos estes atos precisam ser aprendidos e depois automatizados. O caso do sonâmbulo é interessante. O sonâmbulo executa atos complexos sem nenhuma decisão consciente. A fantasia trabalha durante o sono e através do sonho impele os músculos da perna, da língua, das mãos a traduzirem em movimentos concatenados o que passa pela imaginação.

2º Escrita inconsciente, mas lógica
O automatismo, este ato complexo exercido inconscientemente é chamado de automatismo psicomotor quando é derivado de uma idéia, sensação ou imagem psíquica. A lei de Bain conhecida universalmente afirma: todo ato da consciência determina um movimento, e este movimento irradia por todo o corpo e por cada uma de suas partes. Desta forma se explica a escrita inconsciente mas lógica. O psicógrafo concebe em sua mente uma notícia, uma informação, um sentimento e esta provoca o impulso da escrita automática, como no sonâmbulo que realiza atos lógicos e concatenados, assim o psicógrafo escreve sem "querer" mensagens concatenadas e lógicas.

3º As fontes da mensagem
Está comprovado que é possível para algumas pessoas com determinadas faculdades conhecer o que está no íntimo da outra através da leitura inconsciente. É um conhecimento natural, mas imprevisível e fora do normal chamado de percepção extra-sensorial. Vários pesquisadores comprovaram esta forma de percepção, um deles J. B. Rhine na década de 1930. Através de um jogo de cartas com vários símbolos as pessoas normais acertavam por acaso o nome dos símbolos das cartas na proporção média de 1 acerto para 5 erros. Alguns dotados de uma sensibilidade maior na sua percepção extra sensorial acertavam 3 a 4 vezes mais do que os normais. Daí se chegou à conclusão de que existe em todos uma percepção extra-sensorial que em alguns é muito mais aguçada. Estas faculdades normalmente vêm juntas, por tisto estas pessoas para-normais são chamados de percipientes, sensitivos ou numa visão espírita médiuns. A conclusão no caso das fontes de informação do psicógrafo é que ele tem igualmente a capacidade de captar as informações no inconsciente das pessoas que o consultam ou em outras fontes ainda mais distantes. Normalmente são consultas feitas mediantes algum sinal, papel, assinaturas carregados de emoção e sentimentos fortes mais susceptíveis de serem captados pela percepção extra sensorial.

4º A personificação da mensagem
Quando todo este processo chega a alguém seja aflorando à consciência, seja sendo exteriorizado pela escrita automática, o sujeito portador destas faculdades é levado a atribuir tudo isto a fenômenos sobrenaturais. Pois ele mesmo não controla o fenômeno. O eu consciente e normal do sujeito não se reconhece como dono ou autor de todo este processo. Por isto ele concebe um outro sujeito mental distinto do seu eu ao qual é atribuído o fenômeno. Em psicologia profunda isto se chama de desdobramento da personalidade ou nova personalidade. A pessoa não se considera a responsável por atitudes, palavras ou atos eventualmente praticados por ela. Numa visão espírita isto vai se chamar de guia, espírito desencarnado, morto que deixa recados etc. Como católicos ou pessoas sensatas que devem ponderar racionalmente os fenômenos não aceitamos qualquer tipo de interpretação sobrenatural da psicografia.

II. CONCLUSÃO

Desta forma se explica racionalmente o fenômeno da psicografia que a tantos impressiona. Mas outros fenômenos também podem ser explicados. Por exemplo movimentação de objetos impulivamente e dão mensagens; pinturas. Alguns pintam com rapidez e relativa perfeição imitações de pintores famosos. O recipiente o sensitivo conhecendo de alguma forma as obras destes pintores é movido inconscientemente à reprodução pictórica dos quadros. Um exame acurado sempre revelou que tais obras não são dos pintores originais.

Padre José Cândido da Silva
Pároco da Igreja São Sebastião do Barro Preto/BH

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