Quais as razões que temos para crer na existência de Deus?

 


Fonte: El Teólogo Responde

Autor: Pe. Miguel Ángel Fuentes, I.V.E.

Tradução: Rogério Hirota

Pergunta:

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Por que crer? Que razões você poderia me dar para crer na existencia de Deus ao experimentar um vazío "espiritual" ? Não será fantasía inventar a Deus para explicar satisfatoriamente minha impossibilidade de me realizar como realmente eu quero? O que é a felicidade? É possivel ser feliz a margem da idéia ou da realidade de Deus? Estudar, investigar, documentar sobre as religiões, conhecer as diferentes filosofías sobre Dios me levaria a conhece-lo e crer n´Ele?

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Estimada:


Sua pergunta contêm perguntas relacionadas entre sí mas são muito variadas. E cada uma delas exige uma resposta muito precisa.


Antes de tudo despojemos um equívoco: a “existencia” de Deus não pertence “necessariamente” a fé. Esta verdade pode ascender no homem mediante sua razão. Isto não exclui que esta verdade também esteja revelada (a encontramos na Sagrada Escritura). Por este motivo, o Concilio Vaticano I (1869-1870), definiu contra o fideísmo e o agnosticismo a possibilidade universal de conhecer a Deus, pelo somente meio da razão natural (desde que esta verdade seja enumerada entre os “preâmbulos da fé”). De todo modo, como nem todos os homens chegam a este conhecimento por sua razão (por causa da debilidade deixada em nossa inteligência pelo pecado original) existe uma “necessidade moral” de que esta verdade seja revelada por Deus para que todos os homens prontamente e sem mescla de erros.


As provas mais tradicionais para demonstrar a existência de Deus são “as cinco vías” expostas de modo magistral por Santo Tomás de Aquino (“Suma Teológica”, Prima pars, questão 2, artígo 3). Estas provas que são propriamente metafísicas. Estas vías são cinco argumentos a "posteriori" (a partir das coisas mais conhecidas pelo homem) que demostram a existência de Deus; assim, por exemplo:


1) A primeira é a vía do movimento: a realidade da mudança ou do movimento (no sentido aristotélico) exige necessariamente a existência de um primeiro motor imóvel, porque não é possivel se fundar em uma serie infinita de iniciadores do movimento.


2) A segunda é a vía das causas eficientes: visto que as causas eficientes formam uma sucessão e nada é causa eficiente de si mesmo, temos que afirmar a existencia de uma primeira causa.


3) A terceira é a vía da contingência e do ser necessário: como é um fato de que há seres que existem e que poderiam não existir, isto é, que são contingentes, é obrigatorio que exista um ser necessário, ja que, de outra forma, o possivel não seria mais que possivel.


4) A quarta é a vía dos graus de perfeição: visto que todas as coisas existem segúndo graus (de bondade, verdade, etc.), deve também existir o ser que possua toda a perfeição em sumo grau, a respeito da qual as demais se comparam e da qual participam.


5) A quinta é a vía teleológica ou da ordem e a finalidade: existe um desenho ou um fim para o mundo, q que por isso há de existir um ser inteligente que tenha pretendido a finalidade que se observa em todo o universo.


Existem outras vias que melhor corresponde chama-los de “argumentos complementários”. São estas:


1) A demostração pelo consentimento universal do gênero humano: todos os povos, cultos ou bárbaros, em todas as zonas e em todos os tempos, admitem a existência de um Ser supremo. Agora bem, como é impossivel que todos tenham se equivocado sobre uma verdade tão importante e tão contraria as paixões, devemos exclamar com a humanidade inteira: Eu creio em Deus!


2) Pelo desejo natural da perfeita felicidade: consta com toda certeza que o coração humano apetece a plena e perfeita felicidade com um desejo natural e inato; consta também com certeza que um desejo propriamente natural e inato não pode ser em vão, ou seja, não pode recair sobre um objetivo ou finalidade inexistente ou até de impossível aquisição; e consta, finalmente, que o coração humano não pode encontrar sua perfeita felicidade mais que na posse de um Bem Infinito. Portanto, existe o Bem Infinito que chamamos de Deus.


3) Pela existencia da lei moral: existe uma lei moral, absoluta, universal, imutavel, que prescreve o bem, proibe o mau e domina na consciência de todos os homens. Agora bem, não pode haver lei sem um legislador, como não pode haver efeito sem causa. Este legislador há de ser, igual a essa lei, absoluto, universal, imutável, bondoso e inimigo do mau. Isto é o que denominamos Deus.


4) Pela existência dos milagres: o milagre é, por definição, um fato surpreendente que é realizado apesar das leis da natureza, quer seja suspendendo-as ou anulando-as em um dado momento. Agora bem, é evidente que somente aquele que domine e tenha poder absoluto sobre estas leis pode suspende-las ou anula-las a seu arbitrio. Portanto, existe um Ser supremo que tem este poder soberano.


É evidente que não é fato mais que expor o núcleo central de todos estes argumentos. Para entende-los bem e ver sua força provativa, é necessário estuda-los em profundidade e conm os textos completos. Estes textos você pode encontra-los em:


-Santo Tomás, Suma Teológica, Primeira parte, questão 2, artígo 3 (convém ler também algúm comentário; por exemplo, R. Garrigou-Lagrange, “Deus, sua existencia e sua natureza”, Ed. Palabra, Madrid).


-Santo Tomás, Suma Contra os Gentios, livro I, capítulo 13.


-De modo resumido e muito claro para quem não tem muita formação filosófica pode encontra-lo no livro clássico de Hillaire, “A religião demonstrada” (Barcelona 1955; existe numerosas edições); o: Antonio Royo Marín, “Deus e sua obra” (Ed. BAC, Madrid 1963).



Estes argumentos nos levam a conhecer a existência de Deus. Mas a natureza mesma de Deus, seu misterio íntimo, somente é alcançado pela revelação do mesmo Deus. Jesus Cristo é o revelador do Pai, quer dizer, do misterio íntimo da Santíssima Trindade. E isto somente se alcança recebendo a fé, na qual nos vem por meio da Igreja fundada por Cristo.


Quanto as últimas perguntas que me fez, respondo que não é possivel ser feliz a margem de Dios ou a margem da noção de Deus, porque nossa sede de felicidade é sede ou desejo de uma felicidade infinita, que somente Deus-infinito pode nos dar.


Quanto ao estudo das outras religiões e filosofías, se fizer para aumentar a cultura geral é muito útil. Se o fizer duvidando da propria fé e “buscando” nas distintas religioes uma resposta as duvidas sobre a fe, pode somente aumentar a confusão de que se parte. De todos os modos, é evidente que é diversos os casos de católico que busca em outras religioes um conhecimento mais profundo de Deus (o que pode leva-lo a pecar contra a fe) e do não-católico que não tem o dom da fe.


Para uma nova consulta: teologoresponde@ive.org

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