Respostas a um ateu

 


Autor: D. Estevão Bittencourt


A Sociedade da Terra Redonda tem divulgado pela internet uma série de 36 perguntas de um ateu dirigidas a quem tem fé. Propõe assim um desafio, ao qual vários internautas têm respondido. Proporemos abaixo nossas respostas em termos sucintos e tão claros quanto possível. Visto que algumas perguntas se repetem de algum modo, agrupá-las-emos numa única questão.


1. A Existência De Deus


1) Como você definiria Deus ou deuses, e por que você está tão convencido de que existem um ou mais?


2) Se tudo necessita de um Criador, então quem ou o que criou Deus ou os deuses?


3) Como pode algo que não pode ser descrito, ser dito que existe?


Resposta: Não se diga que Deus não pode ser descrito. Ele é atingido pela razão, anteriormente a qualquer ato de fé. Com efeito; Deus é o Ser Absoluto, Independente, do qual todos os demais seres dependem. Esta verdade pode ser ilustrada pela imagem de um trem: cada vagão é puxado por outro, do qual recebe seu movimento; esses vagões são movidos e, por sua vez, moventes; esse conjunto, porém, só funciona se há locomotiva ou um movente não movido, independente, que tem em si mesmo a razão do seu movimento. - Assim é Deus: Movente não movido, necessária explicação de todo o movimento ou de todo ser que há no mundo.


Também se prova a existência de Deus a partir da consideração do planeta Terra e do universo. Todo este conjunto - makrokosmos e mikrokosmos - supõe uma Inteligência que o tenha concebido e o tenha tirado do nada. Os cientistas hoje, com o progresso da ciência, têm mais fé do que outrora. Aliás, já dizia Pasteur: "A pouca ciência afasta de Deus; a muita ciência leva a Deus". O acaso nada explica, este universo tão complexo e ordenado não pode ser produto do acaso cego. Destas premissas segue-se que só pode e deve haver um Deus; o Absoluto, o Infinitamente Perfeito não se pode multiplicar; multiplicado, deixará de ser infinito. Mais: também não pode ser criado; por definição racional, Deus é o Criador não criado: o Criador de Deus é que seria Deus.


A existência do mal no mundo não depõe contra a existência de Deus, como será dito adiante. O mal físico e o mal moral são carências de ser, que não se devem ao Criador (por definição, Deus não pode ser Criador imperfeito), mas às criaturas, que podem agir de maneira falha ou lacunosa.


2. Muitas religiões


1) Já que existem incontáveis religiões no mundo afirmando ser a única religião verdadeira, por que você pensa que a sua é mais verdadeira do que a deles?


2) Por que Deus permite que todas essas religiões falsas existam?


Resposta: A fé não é um ato cego e irracional: ao contrário, ela tem que se basear em: credenciais, que a razão, com seu espírito crítico, examina para averiguar a autenticidade ou não de uma determinada cor rente religiosa. - Ora o Cristianismo tem suas credenciais muito significativas, como passamos a considerar:


a) a ressurreição de Cristo, que, conforme São Paulo (-Cor 15, 14.17), é a pedra de quina da fé cristã. Na época dos Apóstolos, ninguém pôde provar que o anúncio da ressurreição era falso, embora os judeus muito o desejassem; conforme Mt 28, 11-15, as autoridades judaicas ofereceram dinheiro aos guardas do sepulcro para que estes dissessem ter sido roubado o cadáver de Jesus enquanto dormiam; queriam assim valer-se do testemunho de guardas adormecidos! Os Apóstolos apregoavam a ressurreição de Jesus sem que pudessem ser tidos como mentirosos, a tal ponto que Gamaliel disse ao Sinédrio (Conselho) dos judeus: `Agora, digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os, pois, se o seu intento ou a sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma; se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. E não aconteça que os encontreis movendo guerra a Deus" (At 5, 38s).


Ora nenhum fundador de religião ressuscitou, como, de fato, Jesus ressuscitou. A ressurreição de Cristo é o sinete que Deus colocou sobre a sua pregação para confirmá-la e autenticá-la. Conscientes do significado de tal sinete, muitos cristãos morreram mártires em vinte séculos de Cristianismo; ora ninguém morre por fidelidade a uma mentira ou por uma alucinação, já que cedo ou tarde esta é desmascarada.


b) A mensagem cristã é altamente valiosa; corresponde aos anseios mais espontâneos do ser humano a ponto que o apologeta Tertuliano (t 220 aproximadamente) podia dizer: "ó alma humana naturalmente cristã!". Daí a rápida propagação do Evangelho no Império Romano perseguidor; o sangue dos mártires era semente de novos cristãos (Tertuliano). - Aliás, a mensagem cristã aparece como algo que a razão humana não ousaria "inventar", por si mesma; com efeito, a filosofia grega conheceu a Divindade, mas uma Divindade que não responde aos anseios do homem, porque o homem em sua finitude não lhe interessa (Platão) ou nem sequer conhece os anseios do homem por ser perfeita (Aristóteles). Ao contrário, em São João se lê não somente que Deus é amor (1Jo 4, 16), mas é o Amor que primeiro amou o homem, amou gratuitamente o homem rebelde e pecador:


Jo 4, 19: "Ele nos amou primeiro".


Rm 5, 6-8: "Foi quando ainda éramos fracos que Cristo, no tempo marcado, morreu pelos ímpios. Dificilmente alguém dá a vida por um justo; por um homem de bem talvez haja alguém que se disponha a morrer. Mas Deus demonstrou seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores". Realmente os filósofos jamais conceberam tal conceito de Deus; a tendência do espírito humano é imaginar Deus como um grande banqueiro, ao qual o homem dá para poder receber.


Ora não se encontram credenciais tão eloqüentes em algum Credo não cristão; na verdade, o budismo é panteísta (Deus, o mundo e o homem seriam uma única realidade) e o islã fere a lei natural, que é a lei de Deus, admitindo a poligamia. Quanto ao judaísmo, é a expectativa do Messias, que comprovadamente já veio. Deus permite que haja tantas religiões, porque há um senso religioso inato em todo homem, ficando a cada qual a liberdade de o desenvolver subjetivamente, segundo lhe pareça melhor. Daí diversos Credos, que não podem ser equivalentes entre si, pois há uma só verdade e uma só Ética natural, ditada pela lei natural impregnada em todo homem.


3.0 Mal no mundo


1) Se tudo é produto do grande projeto de um arquiteto onisciente e benevolente, por que a história da vida é um registro de horrível sofrimento, desperdício crasso e falhas miseráveis? Porque esse Deus passa bilhões de anos de tal carnificina sem ainda ter alcançado seu objetivo?


2) Por que Deus interveio tantas vezes nos assuntos durante a antiguidade (de acordo com a Bíblia) e nada durante o Holocausto da segunda guerra mundial?


Resposta: Notemos algo que geralmente escapa à percepção dos homens: o sofrimento é inerente à perfeição das criaturas. Sim; percorrendo a escala dos seres, verificamos que os minerais não sofrem (a pedra pode ser talhada e retalhada sem sofrer). Os vegetais já reagem a agressões, restaurando-se quando lesados. Os animais infra-humanos sofrem, chorando e lamentando-se. O ser humano sofre muito mais ainda ou sofre duplamente (no plano físico e no plano moral); quanto mais uma pessoa é nobre, tanto mais ela sofre; um indivíduo tarado sofre muito menos do que uma pessoa fina e educada, pois esta vê e lamenta a distância entre o bem que deveria existir e a desordem que de fato ocorre. - Além deste fator natural, deve-se dizer que o próprio homem promove o sofrimento mediante seus vícios e crimes. Em suma, toda criatura é necessariamente limitada e falível, incorrendo assim em desordem física e moral. E qual é o papel de Deus diante do mal?


- Ele não quer fazer um mundo de marionetes ou artificial, em que toda a atividade das criaturas seja policialmente controlada. Ao contrário, Deus deixa que cada qual proceda de acordo com sua índole natural, provocando secas, enchentes, incêndios, crimes, guerras...: mas, como diz S. Agostinho, Ele nunca permitiria o mal se não tivesse recursos para tirar do mal bens ainda maiores. Este desígnio da Providência já foi reconhecido pelos gregos antes de Cristo, que o formularam dizendo pathos mathos (sofrimento é escola ou aprendizagem).


O próprio Cristo no Evangelho prevê a existência do mal permitido por Deus até o fim dos tempos na parábola do joio e do trigo (Mt 13, 2430): o senhor do campo não quer que se arranque o joio antes da consu mação da história, apesar da impaciência dos servidores, que desejavam um campo limpo, somente com trigo. Deus não interveio na segunda guerra mundial como interveio na história do Antigo Testamento, porque o povo israelita era um povo rude, portador da esperança messiânica para o mundo inteiro; precisava de proteção especial, que não se repete porque o contexto histórico atual é outro; a humanidade é adulta. Acontece, porém, que Deus nunca permite sejamos tentados acima das nossas forças, mas dá a graça para superar a provação a quem é tentado ou provado; cf. 1 Cor 10, 13.


Em Is 45, 7 está dito: "Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem-estar e crio a desgraça; sim, eu, o Senhor, faço tudo isto". - Ora pelo contexto vê-se que o Senhor se apresenta como autor de tudo e, para tanto, enumera casos extremos como trevas e desgraças, que não podem ser criadas, mas são deficiências de luz e de bem, cuja causa só podem ser as criaturas.Deus jamais abandona seus filhos, mesmo quando parece ausente. A propósito vêm as palavras da epístola aos Hebreus: "É para a vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não o educa? Se estais privados da educação da qual todos participam, então sois bastardos e não filhos... Toda educação, no .momento, não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça" (12, 7. 11). Estas ponderações já insinuam a resposta à seguinte pergunta:


3) Por que tantas pessoas religiosas agradecem a Deus quando elas sobrevivem a desastres, mas não ficam com raiva dele por ter, em primeiro lugar, causado o desastre?


Em resposta dizemos:


a) Deus não causa desastres. Por definição filosófica, Deus é uma perfeição; um Deus que comete o mal, já não é Deus. Os males provém da limitação das criaturas.


b) Quem conhece a Deus, sabe que as desgraças têm uma finalidade providencial e, por isto, não concebe raiva de Deus.


4. O Deus do Antigo Testamento


1) O Deus brutal, vingativo e sedento de sangue, como mostrado no Velho Testamento, ainda é um Deus que ama?


2) Como pode o mesmo Deus que, de acordo com o Velho Testamento, matou todos na Terra, exceto quatro pessoas, ser considerado qualquer coisa que não seja mau?


Resposta: O Deus do Antigo Testamento é o pedagogo de um povo rude, de dura cerviz. Israel, em sua rudez, só entenderia as intervenções drásticas do Senhor Deus; daí as punições educativas, não vingativas. Não se diga que Deus era sedento de sangue; o ritual do Templo previa a imolação de vítimas irracionais (não humanas), pois estas faziam as vezes do devoto que, mediante tais vítimas, exprimia sua consagração a Deus. Estes costumes primitivos deviam ceder às disposições do Novo Testamento, destinadas a povos mais maduros e adultos.


Em parte alguma da Bíblia lê-se que "Deus matou a todos, com exceção de quatro pessoas". O autor da pergunta deve ter pensado no dilúvio (Gn 6-9), quando morreu a população de uma região com exceção de oito pessoas: Noé e sua esposa, seus três filhos e as respectivas esposas. - Hoje em dia sabe-se que o dilúvio bíblico não foi universal ou não recobriu a Terra inteira; para recobrir o monte Everest, com seus 8.848m de altura, deveria haver uma camada de água sobre a Terra que produziria uma catástrofe cósmica. A morte das vítimas do dilúvio não significa a condenação póstuma das mesmas; São Pedro, em 1 Pd 3, 20; supõe que muitos se tenham arrependido antes de morrer e assim hajam logrado a salvação. É interessante observar que as intervenções drásticas de Deus na história do povo de Israel não provocavam a ira dos fiéis, mas o reconhecimento do pecado. Existem mesmo no Antigo Testamento passagens em que o autor sagrado exprime ardoroso amor a Deus; principalmente o saltério as contém; cf. SI 42, 2; 63, 2; 17, 2; 73, 25s... A pedagogia divina era reconhecida como expressão do amor paterno do Senhor; cf. Esd 10, 10-15; Ne 9, 5-37; Dn 3, 24-50...


5. A salvação dos ateus


14) Se um ateu ou uma atéia vive decente e moral, por que um Deus amoroso e compassivo se preocupa com acreditarmos ou não acreditarmos nele/nela/nisso?


Resposta: Ninguém vive decente e moralmente bem se não por graça de Deus. É Ele quem se entrega mesmo a quem nele não crê. Deus nos fez para si, e não pode deixar de querer bem às suas criaturas, dando-lhes o necessário para chegarem ao seu Fim Supremo. - Aliás, é de crer que, se algum ateu vive corretamente, cedo ou tarde virá a descobrir a Deus e ter fé. As virtudes humanas (sinceridade, fidelidade, lealdade, senso de responsabilidade...) são o ponto de partida para que alguém reconheça Deus. Um ateu sincero e amigo da verdade está no caminho que leva a Deus.


6. Fé e Razão


1) Se algo não é racional, deve-se de qualquer jeito acreditar nesse algo?


2) Devemos confiar em alguma religião que exige que elevemos nossa fé acima da razão?


Resposta: O que não é racional, pode ser ou absurdo, irracional ou trans-racional, isto é, transcendente em relação à razão. No primeiro caso, é claro, não se pode aceitar o absurdo (círculo quadrado, por exemplo). No segundo caso, a razão esclarecida pode dizer Sim, pois ela tem consciência de que a verdade não se limita àquilo que a razão alcança. Os artigos da fé não são irracionais, mas transracionais; estão além do alcance da razão, embora tenham credenciais racionais; não se deve crer às cegas; a pessoa de fé exige razões para aceitar as proposições da religião.


3) Por que o número de ateus e atéias nas prisões é desproporcional mente menor do que os seus números na população geral?


Resposta: A pessoa encarcerada geralmente se despoja de sonhos e ilusões; é obrigada a pensar mais seriamente no sentido da vida; ela se aprofunda e verifica que a vida presente sem uma resposta cabal no além é um absurdo. A verdade assim aflora mais facilmente.


7. A Bíblia


1) Se a Bíblia é a palavra de Deus livre de erros, por que ela contém erros fatuais, como os dois relatos contraditórios da criação no Gênesis?


Resposta: A finalidade da Bíblia é ensinar como se vai ao céu, e não como vai o céu; é, pois, uma finalidade religiosa atingida mediante relatos que obedecem às regras dos gêneros literários dos semitas. Também nós temos nossos gêneros literários destinados a comunicar a verdade segundo seu modo próprio; assim a crônica, a poesia, as leis, a carta social, a carta comercial, o boletim de meteorologia... É preciso que o leitor saiba qual o gênero literário que ele tem ante os olhos para não errar na interpretação do texto. Ora o mesmo ocorre com a Bíblia.


Os dois relatos da criação pertencem a gêneros literários diferentes. O primeiro é um hino lítúrgico; cf. Gn 1, 1-2, 4a. Tem em vista não a narração das origens do mundo e do homem, mas a recomendação do sétimo dia como dia consagrado ao Senhor pelo repouso e o culto divino; incute também o monoteísmo e a bondade natural de tudo o que existe. O segundo relato tem caráter sociológico; cf. Gn 2, 4b-3,24. Quer dizer que a mulher não é inferior ao homem, pois ela é tirada simbolicamente da costela do homem; ele e ela estão num plano singular, acima de todos os animais e vegetais; além disto, o segundo relato explica a origem do mal no mundo; não se deve ao Criador, mas ao homem, que desobedeceu, violando o plano de Deus.


Estes dois relatos não contêm explanação científica alguma; fica ao pesquisador a tarefa de procurar descrever as origens, contanto que afirme ter Deus criado a matéria inicial.


2) Por que a Bíblia não foi escrita de forma direta, que não deixe dúvida sobre o que ela significa?


Respondemos: Deus quis servir-se de instrumentos humanos para comunicar a sua mensagem; utilizou os recursos da linguagem semita, como pela Encarnação assumiu um corpo de estirpe semita. Essa linguagem devia ser clara aos primeiros leitores e nos obriga a estudar os idiomas antigos; só por milagre teria Deus entregue aos antigos um livro de linguagem moderna, clara para nós, mas talvez não clara para os primeiros destinatários.


3) Se a Bíblia é o padrão para a moralidade, por que ela não proibiu a escravidão e a guerra?


Em resposta: A Bíblia narra casos de escravidão e de guerra, mas nem por isto as aprova. Escravidão e guerra de conquista (não a de defesa) são proibidas pela lei natural, impregnada no íntimo de todo homem. Os autores sagrados referem o comportamento imperfeito de personagens bíblicos, porque querem mostrar até que ponto chegara a miséria humana à qual Deus aplicou a sua misericórdia. Deus não quer, mas permite as falhas humanas, porque respeita a liberdade da sua criatura, ciente de que tem recursos para tirar do mal bens maiores, como afirma S. Agostinho.


8. Odiar pai e mãe


Não devemos odiar nossas famílias e a nós mesmos para sermos bons cristãos? Cf. Lc 14, 26.


Resposta: A língua aramaica, que Jesus falava, não tinha as partículas de comparação mais e menos. Conseqüentemente, para dizer "amar mais" e "amar menos", empregava os verbos "amar" e "odiar". Daí as palavras de Jesus em Lc 14, 26: "Se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e sua mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo". Este texto quer dizer: se alguém não ama a Jesus mais do que os familiares e o velho homem que está em cada ser humano, não pode ser discípulo do Senhor. Por conseguinte não se trata de odiar a quem quer que seja, mas de observar a escala de valores.


9. Salvação


Já que a maioria das religiões prometem o paraíso a seus seguidores e os ameaçam com o inferno, pergunto: qual religião tem o melhor paraíso: a católica ou a evangélica? Os evangélicos afirmam que Jesus virá para nos salvar... De que ou de quem? (Por favor, tentem responder sem apelar para o Diabo).


Resposta: O Cristianismo promete aos fiéis a visão de Deus face-a-face (cf. 1 Cor 13, 12; 1 Jo 3, 2). Esta é, conforme São Paulo, °o que o olho não viu, o ouvido não ouviu, o coração do homem jamais percebeu" (1 Cor 2, 9). Será a plena saciedade de todas as legítimas aspirações de todo homem. Jesus veio salvar-nos da morte acarretada pelo pecado dos primeiros pais (cf. Gn 3, 17-19). A morte assumida por Jesus tornou-se Páscoa ou passagem para uma vida nova mediante a ressurreição dos corpos.


10. Misticismo


A aceitação do misticismo religioso, da magia e dos milagres é consistente com nossa compreensão de boa saúde mental?


Resposta: Procederemos por partes:


- a magia é a pretensão de possuir poderes divinos ou de forçar a Divindade a atender ao homem. Pode ser algo de doentio, mesmo se praticada com inocência e consciência tranqüila;


-os milagres são fatos inexplicáveis pela ciência. Devem ser examinados meticulosamente para não ser confundidos com fenômenos parapsicológicos. A razão humana sadia e lúcida se aplica à análise dos fatos ditos "milagrosos", de modo que o laudo final desse exame é o resultado da investigação inteligente dos pesquisadores;


- a mística é a experiência de Deus, que habita no íntimo dos justos. Nada tem a ver com a doença mental.


Eis, em poucas páginas, a resposta ao irmão ateu. Cultive as virtudes humanas (o amor à verdade, a honestidade, a veracidade, a fidelidade aos compromissos...) e chegará a reconhecer a Deus, que não falta a quem atende à sua palavra expressa pelos ditames da consciência sincera e honesta.


[D.Estevão Bettencourt OSB – Pergunte e Responderemos – abril de 2002]

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