Se Deus está morto...

 


Certa vez, em Paris, alguém escreveu num muro: "Deus está morto! assinado: Nietzsche". E um outro, respondendo, escreveu embaixo: "Nietzche está morto! assinado: Deus".


"Deus não morre!", assim gritou Garcia Moreno, heróico presidente do Equador, ao cair vítima dos punhais assassinos dos inimigos da religião.


Evidentemente, Deus, eterno e imutável, não pode morrer. Caso contrário não seria Deus. Jesus Cristo, Deus e homem, morreu na cruz enquanto homem, não enquanto Deus.


Mas se Deus, objetivamente falando, não morre nunca, as pessoas podem matar Deus nos seus corações, isto é, nas suas consciências. É nesse sentido que o Apóstolo São Paulo fala que os que pecam crucificam de novo Jesus Cristo nos seus corações. Claro, quem peca, quem coincidentemente quer satisfazer a sua vontade, mesmo estando contra a vontade de Deus, tem desejo de que Deus não existisse naquele momento, e mataria Deus, se isso lhe fosse possível. Assim acaba matando-o no seu coração, na sua consciência.


Desse modo, o mundo de hoje, que "perdeu o senso do pecado", na expressão do Papa, vive como se Deus não existisse. Os homens mataram Deus, nos seus corações!


E, como disse Dostoievski, "se Deus está morto, tudo é permitido". A ausência de Deus nas consciências leva a todas as desordens morais, familiares, sociais e políticas. Como lamentava o Papa Pio XII: "uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus". É a fonte de todo ódio, egoísmo, violência e império da sensualidade. É a causa última do caos atual.


E o contrário é obviamente verdadeiro. "O temor de Deus é o princípio da Sabedoria", como diz a Sagrada Escritura. Deus presente e respeitado nas consciências é o princípio da ordem e da felicidade pessoal, familiar, política e social.


Assim, a reforma do mundo, pessoal, político e social, só será real e séria, se começar pelas consciências. Aí está o papel do cristianismo verdadeiro na reforma da sociedade.


Dom Fernando Arêas Rifan,


Bispo Coadjutor da


Administração Apostólica Pessoal


"São João Maria Vianney"


domfernando@catolicosempre.org.br


Artigo quinzenal para o Jornal "Folha da Manha"

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