A Igreja e seu verdadeiro significado

 


Fonte: Apologetica

Autor: Alejo Fernández Pérez (España)

Tradução: Rogério Hirota


Etimologicamente, esta palavra Igreja tem a sua origem no termo judaico QAHAL que significa uma Assembleia ou um Ajuntamento, e foi usado no Antigo Testamento para significar a Assembleia do Povo Escolhido por Deus.


O grego traduziu por Ekklesia daí passou para o latim como Ecclesia e chegou até nós como Igreja.


A palavra grega Ekklesia, no grego clássico significava a Assembleia dos cidadãos de uma cidade no sentido legislativo e deliberativo.


Esta Assembleia incluía apenas os cidadãos que gozavam de plenos direitos, e assim, ficava identificada a dignidade dos membros e a legalidade da assembleia.


Não tinha ainda um significado religioso.


No Novo Testamento já engloba os dois sentidos : a Assembleia religiosa de Deus e a assembleia local.


Ekklesia foi o termo aplicado pela primeira vez à Igreja de Jerusalém que era uma comunidade local.


Era ao mesmo tempo a assembleia ou comunidade dos que acreditavam em Jesus Cristo, e era a legítima comunidade sucessora da assembleia Israelita de Javé.


As relações entre a Igreja de Jerusalém e o Judaísmo não se tornaram agudas senão desde que os gentios foram admitidos como membros e formaram várias comunidades noutras cidades, das quais, a mais importante foi Antioquia.


Então foi necessário que a Igreja se identificasse como uma comunidade distinta do Judaísmo, na qual o Gentios podiam ser admitidos sem se tornarem judeus e sem as obrigações das leis judaicas.


Esta questão foi discutida no primeiro concílio de Jerusalém de que nos fala o capítulo XV dos Actos dos Apóstolos.


O êxito de Paulo entre os pagãos, tornou a pôr em carne viva o problema fundamental da Igreja Apostólica : devem os pagãos observar a lei mosaica, isto é, as prescrições do Pentateuco (especialmente Levítico e Deuteronómio) ?


Os cristãos de facção hebraica, que predominavam em Jerusalém, afirmavam que sim; os helenistas, sobretudo de Antioquia, diziam que não.


Mais tarde Paulo responderia :


- Mas nem o próprio Tito que estava comigo, sendo gentio, foi obrigado a circuncidar-se. (Gal.2,3).(cf. Ef.2,11-22).


O Evangelho de S. Mateus diz-nos que Jesus falou em fundar uma Igreja, a Sua Igreja :


- Também Eu te digo: Tu es Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do Inferno nada poderão contra ela.(Mt.l6,18).


Portanto a Igreja é a Assembleia daqueles que Deus chamou para serem o Seu Povo e fazerem a Sua vontade.


São aqueles que acreditam que Jesus é o verdadeiro Messias, o Filho de Deus e que foi posto por Deus no meio do Seu Povo como modelo de vida.


A Igreja foi fundada e fortificada para difundir a Boa Nova de Jesus até ao fim do mundo.


No Novo Testamento é usada a palavra Igreja com dois sentidos :


* Como Igreja Universal, de todos os que acreditam em Jesus Cristo, em toda a parte e em todos os tempos.


* Como Igreja específica de uma determinada região, tal como Igreja de Roma, de Corinto, etc.


Todavia, estes grupos não são Igrejas independentes, mas membros da Igreja Universal.


Assim o entende para os tempos de hoje, o Catecismo da Igreja Católica, citando o Concílio Vaticano II :


832. - "A Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que, unidas aos seus pastores recebem também elas, no Novo Testamento, o nome de Igrejas(...). Nelas, os fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo, e é celebrado o mistério da Ceia do Senhor (...). Nestas comunidades, muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica". (LG.26).


Tendo professado a nossa fé no Espírito Santo, nós continuamos a professar também a nossa fé na Igreja de que o Espírito Santo é a alma e a fonte da sua vida comunitária.


Num certo sentido a Igreja começou com a origem da raça humana.


Deus quer salvar o povo, não apenas como indivíduos, mas também como membros de uma sociedade.


Consequentemente a Igreja corresponde, no nível da graça, à nossa existência social no nível da natureza.


A prefiguração da Igreja recua até aos tempos em que Deus chamou Abraão para ser o pai de todos os crentes.


Mas na presente economia da vida da fé a Igreja começou com a Encarnação do Filho de Deus.


Aqui nós podemos encontrar três fases do estabelecimento da Igreja no mundo :


* Cristo começou por formar o Seu Corpo Místico, que é a Igreja, quando, pela Sua pregação durante a Sua vida pública, deu a conhecer a Sua doutrina ao Mundo.


* Cristo completou a Igreja quando morreu na cruz.


* Cristo proclamou a Igreja quando enviou o Espírito Santo prometido sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes.


Assim quando dizemos que a Igreja nasceu no Calvário, devemos entender que Cristo, pela Sua morte mereceu as graças que o mundo pecador necessitava para se poder reconciliar completamente com um Deus ofendido.


Todavia, isso foi apenas o princípio.


Verdadeiramente, Cristo ganhou para nós todas as graças de que nós necessitávamos para sermos santificados e salvos.


Mas estas graças, desde então e para sempre, deveriam ser comunicadas a todo o mundo...


E é através da Igreja, que começou a sua existência em Sexta-Feira Santa, que o Salvador está a comunicar e a canalizar a Sua graça para toda a família humana.


Fundando a Sua Igreja, Cristo assegurou que ela havia de cumprir a sua missão até ao fim do mundo, prometendo :


- Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo. (Mt.28,20).


Mas isto, longe de dispensar a pregação, antes supõe que o cumprimenro desta promessa depende absolutamente da pregação.


Logo no princípio da Idade Apostólica, os chefes da Igreja começaram a organizar-se para saberem quem é que pertencia à Igreja, e assentar ideias sobre o que deviam acreditar.


Por isso apareceram dissidências entre os primeiros chefes e houve oposições vindas do exterior que obrigaram a um esclarecimento de doutrina.


Ao longo de todo o Novo Testamento, a palavra Igreja aparece :


* Nos Sinópticos, duas vezes .


* Nos Actos dos Apóstolos 15 vezes .


* Nas Cartas 45 vezes .


* No Apocalipse 7 vezes .


Todo o Concílio Vaticano II foi um esforço de actualização da Igreja, nas suas múltiplas actividades e na defesa e esclarecimento das verdades em que devemos crer, mas debruçou-se especialmente numa Constituição Dogmática sobre a Santa Igreja - Lumen Gentium, e numa Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Actual - Gaudium et Spes.


Nesta Constituição Pastoral, podemos ler sobre a Natureza da Igreja :


- As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristeza e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história.


E a mesma Constituição Pastoral continua ainda :


- Por isso, o Concílio Vaticano II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e a actividade da Igreja no mundo de hoje.


Portanto como a Igreja é a entidade responsável pelo Anúncio da Palavra de Deus, concluímos logicamente que a Igreja é tão importante como necessária.

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