A riqueza da Igreja


 

Fonte livro: Porque sou Católico

Autor: Professor Felipe Aquino


Muito se fala sobre a riqueza da Igreja, o ouro do Vaticano, etc.


A Igreja sendo também, uma instituição humana, incumbida por Jesus para levar a salvação a todos os homens, precisa evidentemente de um corpo material, sem o que não pode cumprir a sua missão em toda terra.


A palavra Católica quer dizer Universal. Qualquer instituição que esteja em várias nações precisa de meios materiais para isto. O Papa é o único chefe de Estado que tem filhos em todos os cantos da Terra, falando todas as linguas. No último Concílio, o do Vaticano II, o Papa João XXIII reuniu cerca de 2.600 de todas as nações, no Vaticano, durante 3 anos ... Que chefe de Estado daz isto?


Desde 1870, quando a guerra de unificação da Itália tomou à força, as terras da Igreja, até o fim da chamada Questão Romana (11/02/1929), os Papas se consideraram prisioneiros no Vaticano, por cerca de 60 anos. Esse período foi de relacionamento difícil entre a Igreja e o governo italiano.


Apesar de toda a pressão contrária, os Papas desses 60 anos, Pio IX (1846-1878), Leão XIII (1878-1903), São Pio X (1903-1914), Bento XV (1914-1922) e Pio XI (1922-1939), julgaram que não podiam abrir mão da soberania territorial da Igreja em relação às demais nações com direito a um território próprio, ainda que muito pequeno, a fim de que tivesse condições de cumprir a missão que Cristo lhe deu.


Benito Mussolini, o chefe do governo italiano em 1929, percebeu a grande conveniência política de conciliar a Itália com o Vaticano. As negociações levaram dois anos e meio, terminando com a assinatura do Tratado de Latrão aos 11/02/1929 que encerrava sessenta anos de disputas entre o Vaticano e o governo da Itália.


Em carta escrita em 15/06/1887, afirmava o Papa Leão XIII:


" A suprema autoridade pontíficia, instituída por Jesus Cristo e conferida a São Pedro e aos seus sucessores legítimos, os Pontífices Romanos, não pode, por sua natureza mesma e por vontade do seu Divino Fundador, estar sujeita a algum poder terrestre; ao contrário, ela deve gozar da mais plena liberdade no exercício de suas funções ... É necessário que o Sumo Pontífice seja colocado em condições de independência tais que não somente a sua liberdade não seja entravada por quem quer que seja, mas se tome o mesmo evidente a todos que ela não é tolhida. " (L´Obsservatore Romano 12/02/1929; PR 394/1995)


A Cidade do Vaticano geograficamente situada dentro de Roma, é mínima territorialmente. Quando começou a discussão da Questão Romana, muitos diziam que em caso da restauração da soberania temporal da Igreja, ela deveria ter apenas um Estado do tamanho da Republica de São Marinho (60,57 Km2), ora, o Estado Pontifício renasceu com apenas 0,44 KM2 que tem hoje o Vaticano.


Esse território é apenas uma carcaça, um pequeno corpo, onde a alma da Igreja possa viver.


Os objetos contidos no Museu do Vaticano foram em grande parte, doados aos Papas por cristãos honestos e fiéis e pertecem ao patrimônio da humanidade, os Papas não vêem motivo para não conservar este acervo cultural muito importante. Não é a pura venda desses objetos, de muito valor para todos os cristãos, que resolveria o problema da miséria do mundo. Será que a rainha da Inglaterra aceitaria vender o museu de Londres ou o presidente vender o Louvre? ...


Não há motivo portanto para se falar, maldosamente da "riqueza do Vaticano". Podemos até dizer que a Igreja foi rica no passado antes de 1870, mas hoje não.


Qualquer chefe de Estado de qualquer pequeno país tem à sua disposição, no mínimo um avião. Nem isso o Papa tem.


É inegável que a Igreja cresceu em espiritualidade depois que a Igreja perdeu o grande poder temporal que o Estado Pontifício antigo lhe dava. Os último papas, a partir de 1870, foram homens santos, que entregaram a vida pela Igreja, sem limites. Pio IX (Beato), Leão XIII, São Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII (Beato), Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram grandes homens, exemplos para o mundo todo.


O Vaticano tem um órgão encarregado da caridade do Papa, o Cor Unum. No final de cada ano é publicada no Jornal do Vaticano, o L´Obsservatore Romano, a longa lista de doação que o papa faz a todas as nações do mundo, inclusive o Brasil, especialmente para vencer as flagelações da seca, fome, terremotos, etc. É uma longa lista de doações que o Papa faz com o chamado óbulo de São de São Pedro, arrecadado dos fiéis católicos do mundo todo.


A Igreja Católica nesses dois mil anos sempre fez e formentou a caridade. Muitos hospitais, sanatórios, leprosários, asilos, albergues, etc. são e foram mantidos pela Igreja em todo o mundo. Quantos santos e santas, freiras e sacerdotes, leigos e leigas, passaram a sua vida fazendo a caridade... Basta lembrar aqui alguns nomes: São Vicente de Paulo, D. Bosco, São Camilo de Lelis, Madre Teresa de Calcutá... a lista é enorme!


E os bens da Santa Sé?


A Santa Sé, além do território de 0,44 Km quadrados, corresponde ao Estado do Vaticano, possui dois tipos de bens imóveis em Roma:


1- As que gozam de estatuto próprio definido pelo Tratado de Latrão, em 1929

2- As que estão sujeitas ao Estado Italiano para fins de impostos e taxas


Estão isentos de impostos, face ao Tratado de Latrão, os seguintes bens:


As basílicas patriarcais de São João de Latrão, de Santa Maria Maior e de São Paulo de fora dos muros (art. 13);


- o edificío de São Calisto no Trastevere (cap.13)

- a residência pontifícia de Castel Gandolfo com as suas dependencias (cap.14)

- os imóveis situados na parte norte do Gianicolo que tem vista para o Vaticano e pertecem a Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos e outras instituições eclesiásticas (art.14)

- as sedes da Universidade Gregoriana, do Insituto Biblico de Arqueologia Cristã, do Seminário Russo, do Colégio Lombardo, dos dois palácios de Santo Apolinário e a casa de Retiros dos SS. João e Paulo (art.16)


Isto é o que retsou de todo o antigo Estado Pontificio que cobria boa parte da Itália. Sem isto os orgãos da Igreja não tem como funcionar.


A verdadeira riqueza da Igreja


A Igreja é de fato riquíssima e acumulou nos seus vinte séculos um tesouro incalculável!


Na verdade ela é rica desde a sua origem, porque o seu Criador e mentor é o próprio Deus; é D´Ele que vem toda a sua riqueza. Ele é o próprio Corpo de Cristo (1 Cor 12,27).


Mas ela é rica também, porque é a "Igreja dos Santos", como disse George Bernanos. Os Santos são a sua grande riqueza, como que reprodução do próprio Cristo.


Ela é a Igreja de Pedro de Cafarnaum, que deixou as redes para seguir o Senhor e morreu de cabeça para baixo sob Nero, por amor a ela; é a Igreja de Paulo de Tarso, que rodou o mundo até Roma, para ali ser martirizado por ela.


Ela é a Igreja dos Santos Apóstolos , revestidos do próprio Cristo, um a um martirizados pela sua fidelidade ao Senhor...


Ela é a Igreja dos Santos Inocentes que ainda na tenra idade, derramaram o seu sangue inocente pelo menino Deus ...


Ela é a rica Igreja dos Santos Padres: Agostinho de Hipona, que enfrentou o pelagianismo, o arianismo e o maniqueismo; Atanásio que enfrentou o arianismo; Irineu que enfretou o gnosticismo; Inácio de Antioquia que enfretou os leões, Policarpo que enfrentou a fogueira ... Tomás de Aquino que escreveu a Suma Teológica e transformou a Filosofia, Teresa D´Avila e João da Cruz que reformaram os Carmelos masculinoe Feminino, Jerônimo que traduziu a Biblia para o latim; Basílio, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzo, Afonso de Ligório, Francisco de Assis, João Bosco e tantos outros que mudaram a face da terra...


Sim é uma Igreja riquissima! Ela é a Igreja daqueles que de tanto amor por ela, derramaram o seu sangue nas arenas romanas, nas espadas dos imperadores, nos cáceres comunistas e nazistas ... Pedro, Tiago, Paulo ... Inácio de Antioquia, Policarpo, Sebatião, Perpétua, Felicidade, Cecília ... Maxiliano Kolbe ... e tantos outros gigantes que fizeram do seu sangue " a semente dos novos cristãos" (Tertualino †220).


Ela é a Igreja das belas ordens religiosas de Bento, Domingos, Agostinho, Benedito, Francisco, Inácio de Loyola, Camilo de Lélis ...


Ela é a igreja das Santas Virgens: Maria, Ana, Inez, Cecília, Luzia, Teresinha, Mazzarello, Clara de Assis ... que formam um verdadeiro exército de Esposas do Senhor.


Sim é uma Igreja riquissima!


Além de ser a rica Igreja dos Santos, dos Profetas, dos Mártires, dos Apóstolos, das Vírgens, dos Confessores ... é também a Igreja dos Papas. É a Igreja de João Paulo I com o seu sorriso inesquecível, de João XXIII do Concílio Vaticano II, de Paulo VI com o seu apaixonado amor a Igreja, de Gregório, que a posteridade chamou de Magno e que criou o canto que recebeu o seu nome.


Ela é a grande e rica Igreja de Leão Magno detende a grandes heresias às portas da Igreja, enfrendo os bárbaros Átila e Genserico às portas de Roma. É a casa de Pedro, que é o principio de tudo e a pedra sobre a qual os outros se sucederam. É a Igreja dessa cadeia viva e ininterrupta de 265 pontífices, o "doce Cristo na Terra", como dizia Santa Catarina de Sena.


Todos os santos se inclinaram diante do Papa e nenhum foi sem ele. Paulo, o apostolo dos gentios, foi ao encontro de Pedro; Francisco o enamorado da pobreza, ajoelhou-se diante de Inocêncio III; Teresinha suplicou a Leão XIII que a deixasse entrar no Carmelo aos quinze anos ...


Que outra Igreja teve um Pio XI que proclamou Maria Imaculada; e José, Padroeiro Universal da Igreja?


Que outra Igreja tem um João Paulo II, filho de operário, ator de teatro, esquiador, sacerdote, poliglota, bispo, diplomata, cardeal - cardeal da Igreja do Silêncio e da Polonia Mártir?


A Igreja é riquíssima, de fato é a Igreja dos Santos e dos Papas.


É a Igreja dos Sacramentos que o Senhor derramou do seu Coração ferido pela lança do alto da Cruz. É a Igreja da salvação universal de todos os homens ... É a barca de Pedro que salva do dilúvio do pecado!


Esta é a verdadeira fortuna da Igreja, acumulada no sangue dos Mártires, na fidelidade dos Confessores, na riqueza dos Padres, no discernimento dos Doutores, na pureza das Vírgens, no sangue dos Inocentes, na palavra dos Apostolos e dos Profetas, no zelo dos Patriarcas, na lei dos Profetas e na infalibilidade dos Papas.


Sim, é riquíssima! ...


Quanto ao resto é dispensável falar, pois basta lembrar que o seu território hoje não passa de um pequeno de terra com menos de 30 Ha.

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