Entendendo algumas parábolas

 


Autor: Pe. Luiz Uchoa


Obs: Sugere-se a leitura prévia dos textos indicados, a fim de ser melhor compreendida a explicação.



1. A parábola da pecadora (Lc 7,36-50).


Esta parábola é dirigida aos fariseus, na pessoa de Simão. E ainda na pessoa deste, a todas as pessoas maliciosas. Qual a compreensão desta parábola (isto é, o seu sentido)?

Conclui-se pela pergunta feita a Simão: "Qual deles mais o amará?" e a resposta: "A quem mais foi perdoado". Ou seja, o perdão precede o amor.

Outras parábolas deste mesmo grupo, com a mesma lição: a Samaritana, a Mulher adúltera, Zaqueu, os trabalhadores da vinha, publicano e o fariseu).


2. O Fariseu e o Publicano (Lc 18, 9-l4)


Hoje a história narrada nesta parábola já perdeu mais a sua força. Mas era um escândalo naquela época, pois o tipo de oração que todo fariseu fazia era aquele. O caso do jejum, por exemplo, só era obrigatório uma vez por ano, mas o fariseu fazia com maior frequência; o dízimo era pago pelo produtor e não pelo comprador; todavia, o fariseu tinha escrúpulo de que o vendedor não tivesse pago, e na dúvida, pagava por ele.

A oração do publicano era pobre e sem sentido para o judeu, no entanto foi a que mais agradou a Deus. Isto era um verdadeiro contrasenso para eles. O ensinamento, pois, aqui é o seguinte: Deus ajuda a quem tem mais necessidade e é humilde, tem consciência disso. O reino do céus é para os que precisam, não para os que são autosuficientes e acham que já têm tudo.


3. Zaqueu (Lc 19, 1-10)


Para entender esta parábola, é necessário saber que perante os judeus, havia duas classes de pecadores:

a) pecadores morais - aqueles desobedientes da lei, os transgressores da lei;

b) pecadores por condição - aqueles que exerciam profissões coonsideradas impuras, como a de pastor, publicano, cobrador, que eram ipso facto considerados pecadores.

Estes não eram admitidos como testemunhas na justiça nem exerciam os cargos políticos. O fato de JC ir à casa de Zaqueu é uma atitude contra este preconceito. O próprio Zaqueu admirou-se disso.


4. Filho pródigo (Lc 15, 11-32)


O filho que se revoltou contra o irmão irresponsável era o retrato dos fariseus. Eles se julgavam merecedores de todos os favores divinos, porque se consideravam justos e bons, sempre obedeciam a lei. O pródigo era o caso dos publicanos, os cobradores, os que eram considerados deserdados por Deus.

Esta parábola é dirigida contra aqueles que se acham merecedores das bênçãos e desprezam os outros, por achar que eles não merecem.

Assim neste mesmo sentido são as parábolas da ovelha perdida (Lc 15, 4-7) e da dracma perdida (Lc 15, 8-10) e a da grande ceia (Lc 14, 16-24).


5. Parábola da Vinha (Mt 20,1-16)


Os fariseus, simbolizados pelos que trabalhavam na vinha desde o começo do dia, achavam que deviam receber uma recompensa maior de Deus do que os publicanos, representados pelos que tinham começado a trabalhar nas últimas horas do dia. Mas a recompensa fora igual para todos. Os fariseus se revoltaram, porque se consideravam os únicos merecedores.


Podemos notar que todas estas parábolas formam um grupo que contém uma mensagem no mesmo sentido: todas têm como ensinamento central "Cristo, salvador dos pecadores".


Temos outro grupo de parábolas, estas referentes ao Reino de Deus.


1. Parábola do Grão de Mostarda (Mt 13, 31-32 )


A finalidade desta parábola é mostrar através de uma comparação que acontece com o reino de Deus o mesmo que acontece com a semente plantada. É algo que teve um inicio tão pequeno, tão humilde, mas será mais tarde uma apoteose. O importante na parábola é mostrar o contraste entre o início e o fim do processo.

O modo como Cristo apresenta isto para os judeus é o mesmo usado desde antes, quando sempre a imagem de uma grande árvore significa um grande Reino. As aves de que fala o evangelista não teriam sentido para os judeus. Mas para os pagãos já transmitem um significado de segurança, por isso são acrescentadas por Mateus, que escrevia para povos não judeus.


2. Parábola do fermento (Mt 13, 33)


Outra parábola deste grupo é a do fermento na massa. O fermento é em si uma coisa má, que corrompe a massa, mas JC dá um sentido novo de favorecer o crescimento da massa, para melhorar a qualidade do pão.


Este outro grupo de parábolas mostra a evolução do reino de Deus, comparando com alguns fenômenos naturais, a fim de tornar este ensinamento mais didático para o povo. Este era, aliás, o objetivo geral de todas as parábolas.

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