Igreja Universal do Reino de Deus

 


Alex C. Cianoski

Erivelton P. Passos

Joarez Rossoni

Ricardo O. Venturi

Valnei Brunetto


NOÇÕES PREMILINARES

A SEMANA NA UNIVERSAL

CORRENTE DA LIBERTAÇÃO

ASPECTOS RELEVANTES NOS ENCONTROS

CONCLUSÃO



1. INTRODUÇÃO


O presente trabalho surgiu como proposta de pesquisa de campo conferido pela disciplina de Sociologia da Religião. Segundo a proposta inicial, este trabalho deve descrever um rito de uma religião que não seja a católica. Assim sendo, o que se segue é a descrição de um rito - Corrente da Libertação - da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD.


Esta pesquisa teve como objetivo registrar as informações possíveis a respeito do determinado rito, destacando sempre as impressões que mais chamaram a atenção e tecendo observações gerais. Cabe dizer aqui que a pesquisa baseou-se apenas na observação dos encontros da IURD, ou seja, não foram utilizadas outras fontes além do contato direto com o rito.


Algumas dificuldades se impuseram durante a elaboração do trabalho. É importante destacá-las porque estas, de certa forma, determinaram o modo de pesquisa. Primeiramente, este trabalho foi elaborado por cinco frades da OFM (Ordem dos Frades Menores). Devido a experiências anteriores, o grupo achou por bem não se identificar como tal enquanto estivessem participando dos encontros com receio de que fosse impedido de elaborar o trabalho. Assim sendo, para se manter no anonimato, sacrificou-se a possibilidade de um encontro mais pessoal e direto com os responsáveis pelos ritos - pastores e obreiros. Esse encontro direto poderia ter enriquecido ainda mais a pesquisa.


Portanto, devido as essas dificuldades, não foi possível apresentar informações em forma de fotos, filmagens, ou mesmo de gravações. Não seria de bom tom recolher informações para este fim sem a autorização dos responsáveis.


Assim, o presente trabalho ficou dividido em quatro partes. Na primeira, destacam-se, em forma de introdução, os aspectos físicos e geográficos para situalizar a pesquisa. Na segunda parte, faz-se uma breve descrição dos ritos que ocorrem em cada dia da semana na IURD. O rito específico - ‘Corrente da Libertação’ - no qual se quer deter o trabalho, encontra-se na terceira parte. Já, a quarta parte quer destacar as impressões gerais recolhidas pelo grupo. E para finalizar, a conclusão tenta apresentar a importância que tal pesquisa teve para a vida de fé do grupo que a elaborou.


2. NOÇÕES PRELIMINARES


1.1 Localização, dias e horários


Os templos visitados da IURD foram dois:


- O templo central situado à Rua do Imperador, número 91, Centro de Petrópolis;


- O templo do bairro Quitandinha, situado à Rua General Rondon, número 330.


O período das visitas foi durante o mês de junho. Os horários escolhidos para a pesquisa sempre foram às 19:00 horas. As visitas foram durante todos os dias da semana.


1.2 Descrição do espaço físico


Como foram visitados dois templos da Igreja Universal, gostar-se-ia de descrever sucintamente a estrutura física de ambos, apresentando tanto a parte externa quanto a interna.

1.2.1 O templo central


É um grande prédio facilmente percebido por todos, já que está localizado no centro comercial de Petrópolis. Na fachada apresenta um grande letreiro indicando o nome da Igreja: IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS. A entrada é constituída por largas portas de vidro, tendo um espaço para a recepção dos fiéis. Geralmente na entrada os jornais e outros informativos da Igreja estão a disposição de todos, principalmente fora dos horários das reuniões. Também na entrada há um painel informando os encontros semanais e seus respectivos horários.


O interno da Igreja não apresenta nenhuma ornamentação particular. O ambiente é moderno, bem iluminado, ventilado e possuindo um ótimo sistema de som. Esta igreja possui um altar reservado ao pastor e ao músico com seu teclado, tendo ao centro do mesmo um “púlpito” e ao fundo uma cruz dourada, sem imagem, tendo ao lado o emblema JESUS CRISTO É O SENHOR.


A parte ocupada pelos fiéis é composta de três colunas de cadeiras, possuindo capacidade de acolher cerca de mil e duzentas pessoas sentadas. O que chama a atenção são as colunas revestidas, na parte superior, de espelhos. Nada há nas paredes: nem cartazes, imagens, gravuras ou coisas do tipo.


1.2.2 O templo do bairro Quitandinha


Trata-se de um prédio grande, localizado na rua mais movimentada do bairro. A sala de encontro fica no segundo piso. No primeiro é estacionamento de automóveis dos membros da igreja.


Na frente do prédio há um letreiro escrito: IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS. Logo na entrada existe um painel destacando frases bíblicas, horários, motivações, fotografias de casas e carros de luxo.


O interior da sala é de aspecto simples, sem decorações além de um bonito vaso de flores na frente do altar. Sob o altar, havia ainda uma enorme cruz de madeira rústica, e na parede do fundo um letreiro com a frase: JESUS CRISTO É O SENHOR.


Para a acomodação das pessoas há quarenta e seis bancos de madeira com genuflexório e que podem acolher em torno de quinhentas pessoas.


1.3 Hierarquia


Na Igreja Universal percebeu-se uma distinção de papéis e funções bem distribuídas. Em primeiro plano estão os pastores, guiados pelos seus bispos, depois seguem os obreiros, as tias e os fiéis de modo geral.


Partindo desta observação, descreve-se abaixo o modo de se apresentar, a função e o comportamento de cada um destes durante as reuniões.


1.3.1 O pastor


O pastor, figura de destaque, apresenta-se vestido socialmente (geralmente calça preta, camisa branca e gravata). Permanecendo, na maioria das vezes, sempre no altar, lugar de destaque. Usa o púlpito que serve mais para se encostar durante a pregação do que como lugar da Palavra. É de lá que pode dirigir todo o encontro.


Utilizando um bom microfone, comunica-se com voz alta, firme, nítida, porém quase que gritando. Sua comunicação, por poucas vezes apoiada em passagens bíblicas, é em forma mais de “diálogo” do que exposição, fazendo perguntas retóricas.


Movimenta-se bastante no altar com desenvoltura e descontração. As reuniões mais importantes são dirigidas pelo bispo, auxiliado por diversos pastores. Há uma rotatividade de pastores para que o povo não se afeiçoe a um pastor específico, mas a Jesus Cristo.


1.3.2 Os obreiros


Estes, por sua vez, apresentam-se vestidos socialmente, uma espécie de uniforme (para os homens: calça azul marinho, camisa branca e gravata; para as mulheres: saia azul marinho, camisa branca e um lenço no pescoço); todos usam crachás. Estando bem distribuídos no espaço da igreja, movimentam-se nas laterais e centro observando constantemente o comportamento dos fiéis durante o desenvolvimento da reunião.


Têm como uma das funções impor as mãos sobre aqueles que tem necessidade de bênçãos e de cura. O modo de fazer isto não difere muito daquele dos pastores. Em outros momentos auxiliam o pastor recolhendo as ofertas, entregando ou recebendo objetos ou símbolos utilizados na reunião. Geralmente alguns deles, mais especificamente homens, ficam à porta recepcionando ou observando a entrada e saída das pessoas.


1.3.3 As tias


Estas, vestidas também de uniforme (igual a das obreiras, com uma peça a mais: um longo avental de cor azul claro com grandes bolsos frontais) são responsáveis pela “catequese” das crianças na EBI - Escola Bíblica Infantil. Antes de começar a reunião (principalmente aquela onde o número de fiéis é maior) vão acolhendo as crianças e conduzindo-as a uma sala separada para a “catequese”.


1.3.4 Os fiéis


Estes, variando de classes sociais e no modo de se vestirem, participam atenta e fervorosamente de todo o encontro. Conduzidos pelo pastor oram em silêncio, louvam em voz alta e com gestos. São poucos os que trazem a Bíblia, mesmo porque esta não é muito usada durante a reunião. Geralmente os fiéis são adultos e estão bem equilibrados entre homens e mulheres, porém em alguns encontros há predominância das mulheres.


2. A SEMANA NA UNIVERSAL


Cada dia da semana é marcado por uma reunião especial:

SEGUNDA-FEIRA: Reunião ou Corrente da Prosperidade;

TERÇA-FEIRA: Corrente da Saúde;

QUARTA-FEIRA: Corrente dos Filhos de Deus;

QUINTA-FEIRA: Corrente da Família;

SEXTA-FEIRA: Corrente da Libertação;

SÁBADO: Corrente da Prosperidade;

DOMINGO: Reunião de Louvor ou Encontro com Deus.


Há possibilidade de participar das reuniões coletivas em quatro horários diários: às 7:00 horas; às 10:00 horas; às 15:00 horas; às 19:00 horas. É possível também o atendimento individual pelo pastor, ou obreiros, fora destes horários, uma vez que o templo permanece sempre aberto.

Abaixo se procurará relatar, brevemente, o desenvolvimento de todos as reuniões, atendo-se mais detalhada e especificamente à ‘Corrente da Libertação’ realizada às sextas-feiras.


2.1 Segunda-feira - ‘Corrente da Prosperidade’


O encontro iniciou-se às 19:00 horas, com uma oração e canto de louvor. Nesta noite o pastor não fez uso de nenhuma passagem bíblica específica.

Conteúdo da pregação: “Deus abençoa e concede prosperidade aos que são capazes de se desapegar e doar todo o seu melhor a Deus”.


Após a pregação, fez-se um momento de louvor e agradecimento pelos bens materiais com os quais Deus nos abençoa. No ápice do louvor foi pedido a todos os presentes para que fizessem a sua “oferta de fé”: “Quem tem mais fé, doa mais”.


O encontro foi encerrado às 20:40 horas com a bênção da prosperidade e um canto com letra animada e otimista.


2.2 Terça-feira - ‘Corrente da Saúde’ (Sessão do Descarrego)


Uma hora antes do início da reunião, percebia-se que a igreja estava praticamente lotada. A presença de muitas crianças e jovens era notória. As tias conduziam as crianças (não todas) para uma sala anexa ao templo onde se realizaria a EBI. Os obreiros, cerca de trinta, poucos antes do início, junto com os diversos pastores (mais ou menos oito) ali presentes, prepararam-se para o encontro fazendo uma fervorosa oração ao lado do altar.


O bispo foi o condutor da sessão e em alguns momentos era substituído pelos pastores. Deu início invocando o nome de Jesus e exigindo que os demônios ali presentes se manifestassem. A provocação aos demônios, que eram por ele denominados de “encosto”, “tranca-rua”, durou cerca de 45 minutos ininterruptos. Durante todo este tempo, os fiéis ficaram de pé, mantendo os olhos fechados, possibilitando a manifestação visível do “encosto” que pudesse estar atrapalhando as suas vidas. Os obreiros movimentando-se por todo o espaço do templo, procuravam distinguir onde o “encosto” fazia-se presente e conduzindo-os à frente do altar.


Terminado este momento, os fiéis sentados puderam acompanhar o “descarrego” daquelas pessoas onde o “encosto” se manifestou. Estas foram colocadas em cima do altar, puxadas pelos pastores e obreiros, onde o bispo iniciou um diálogo com o “encosto”, exigindo que se identificasse, o que estava fazendo ou pretendia na vida daquela pessoa. Procurando identificar o “tranca-rua” mais forte ali presente, o bispo combateu três casos: a “pomba-gira” que atrapalhava o casamento de uma fiel assídua da Igreja e fazia com que uma rapaz tivesse desejo por homens; o Exu que levava uma fiel a prostituir-se e que pretendia acabar com a vida dela. Praticamente todos os demônios estavam relacionados com as religiões afro-brasileiras.


Como alguns “encostos” mostravam-se resistentes às ordens do bispo, todos os fiéis oravam, gritavam e cantavam com os braços erguidos (“Queima! Queima! Queima!”) até que os demônios obedecessem ao bispo e se ajoelhassem diante dele. Quando isto acontecia todos aplaudiam.


Chegando à parte final da Sessão, as fitas vermelhas, que os fiéis tinham recebido no domingo anterior e traziam amarradas no braço direito, foram cortadas e recolhidas pelos obreiros. Seguiram-se os elementos ordinários das sessões tais como a oferta, a leitura de um trecho bíblico (neste dia os primeiros versículos do Salmo 23), distribuição de envelopes para a oferta de 23 reais a ser entregue na terça seguinte. Depois de um canto e alguns avisos, entre eles o show do bispo Marcelo Crivella, deu-se a benção de despedida. Na saída os obreiros entregavam a todos um pedaço de tecido branco abençoado que deveria ser colocado sobre aqueles que necessitassem ser libertados de algum mal.


Tendo a reunião durada duas horas, o bispo justificou-se dizendo que foi longa devido à resistência de alguns “encostos”. Estavam ali presentes mais de mil e duzentas pessoas de modo que muitas permaneceram em pé nas laterais e centro.


2.3 Quarta-feira - ‘Corrente dos Filhos de Deus’


Como todos os outros ritos, este também se inicia com um longo momento onde se entoam cantos e se fazem orações invocando a presença de Deus. Acabando este momento, passa-se para a reflexão da Palavra. Neste dia, a Palavra tem papel fundamental dentro do encontro. O Pastor passa um longo tempo fazendo sua pregação a respeito do texto bíblico escolhido. É interessante perceber que, diferente dos outros dias da semana, quase todos trazem consigo a Bíblia para acompanharem a reflexão do Pastor.

Após uma longa reflexão bíblica de cunho moral, passa-se para o momento das ofertas onde todos são convidados a fazer a sua doação a Deus.


Passado isso, já se encaminha para o momento final. Todos de pé cantam e fazem a oração final, de forma semelhante a oração inicial, sempre motivados pelo Pastor. Esta reunião não costuma se estender por mais de uma hora.


2.4 Quinta-feira - ‘Corrente da Família’


A reunião teve início às 19:00 horas. Estavam presentes aproximadamente cem pessoas.


O encontro foi iniciado com uma música/canto suave. Em seguida, o pastor começou o seu discurso acompanhado por um fundo musical forte. Após o discurso do pastor retomou-se a música suave e melódica para criar um ambiente de serenidade.


Passou-se então para a apresentação de um texto bíblico, 2Cr 15,1, seguida de uma pregação feita pelo pastor, o qual ressaltou a importância de vencermos a nós mesmos para vencermos ao diabo.


Em seguida houve a ‘oração do aflito’. Todos tomaram um real nas mãos juntamente com a oração pela família. Depois da bênção todos ofertaram o real a Deus para que libertasse suas famílias.


É chegado o momento da oferta da fé e a entrega do dízimo. Teve, ainda, a distribuição de um envelope, o qual deveria ser entregue no encontro da próxima terça-feira contendo o valor de vinte e três reais para o “descarrego total”. O número 23 fazia referência ao Salmo 23 que estava gravado no envelope.


O encontro foi encerrado com uma bênção a todos os que fizeram sua oferta a Deus.


2.5 Sábado - ‘Corrente da Prosperidade’ ou ‘Terapia do Amor’


Inicialmente há uma oração de louvor dirigido pelo pastor e com um fundo musical que variava de tonalidade de acordo com a entonação da voz do pastor.


Passando para a leitura de um texto bíblico, Gn 2, 18-23, segui-se a pregação (sem música). O conteúdo da pregação se deu no sentido de que o homem é a cabeça e a mulher é sua colaboradora. Portanto, o homem deve obediência a Deus e a mulher deve obediência ao homem.


Novamente há um momento de louvor e unção dos casais e namorados, seguida da unção dos solteiros para que Deus lhes desse o companheiro ideal. Todo esse momento foi acompanhado de um intenso fundo musical.

Já finalizando, recolheu-se a oferta da fé para que Deus não se esquecesse da pessoa.


Show da Solidariedade, com o bispo Marcelo Crivella


O show foi realizado na praça da Liberdade, centro de Petrópolis, no dia 16 de junho, reunindo uma grande multidão. No horário marcado (às 19:00 horas) apresentaram-se no palco um pastor e o bispo de Petrópolis que junto fizeram uma benção para o bom êxito do encontro e sobre aquelas pessoas que estavam presentes, dentre elas membros da própria Igreja Universal, católicos e evangélicos. Antes e durante o show vários obreiros circulavam distribuindo cartões e vendendo a fita de vídeo, cd e fita cassete do bispo Crivella, em benefício da obra social o “Projeto Nordeste” conduzido por este. Cerca de meia hora depois, com a chegada do bispo Marcelo iniciou-se o show com a apresentação de suas músicas.


2.6 Domingo - ‘Encontro com Deus’ ou ‘Reunião de Louvor’


A reunião teve início às 19:00 horas. Estavam presentes, aproximadamente, trezentas pessoas. A reunião iniciou com um canto de louvor, invocando o Espírito Santo, acompanhado de gestos e palmas, onde o Pastor e os fiéis cantam guiados por um músico no teclado. O pastor motivava constantemente os fiéis a cantar.


Terminado o canto o pastor ofereceu o jornal da igreja aos fiéis, pedindo a oferta num valor de dois reais, destacando deste a mensagem do bispo Macedo. Depois convidou todos os fiéis à oração onde ele “gritava” fervorosamente guiando-os, e estes por sua vez, com olhos fechados, mãos levantadas e em pé rezavam ardentemente. Durante a oração o pastor pedia que o povo repetisse Aleluia, Amém, Graças a Deus. Durante todo o momento uma música instrumental suave propiciava o clima da oração.

Ao concluir-se a oração, todos sentaram-se e foi anunciada a sessão do dia seguinte em que se rezaria pelos empresários ou pelas pessoas com problemas financeiros. Em função desta o pastor ofereceu uma estrela de papel, representando a estrela de Davi, onde havia espaço para uma fotografia da pessoa que viesse participar de tal reunião.


Após este momento o pastor convidou os fiéis que desejassem receber o óleo ungido a virem a frente do altar para o receberem das mãos dos obreiros. Em seguida o pastor convidou os fiéis a se dirigirem a frente para depositarem as suas ofertas trazidas. Depois de oferecida a oferta foi feita a leitura de um texto bíblico sem muitas explicações e com um breve canto o pastor deu por encerrada a reunião; eram 19 horas e 45 minutos.


Em um outro encontro, além dos elementos já acima descritos, pode-se acrescentar:

A leitura do jornal “Folha Universal”, onde o pastor tomou como base

para pregação do dia.

b) Distribuição de fitas vermelhas que deveriam ser usadas por aquelas pessoas que participariam da reunião de terça-feira, atadas ao braço direito.

c) Santa Ceia que se resumia em consumir um pãozinho e uma bebida (suco

de uva) depois da oração de bênção feita pelo pastor.

d) A fé foi relacionada ao valor da oferta (fé de dez reais, de cinco reais ...)

3


3. CORRENTE DA LIBERTAÇÃO


O horário, sendo às 19:00 horas, é apropriado visto que as pessoas estão saindo do trabalho. No início não são muitos fiéis, mas ao longo do encontro o número vai aumentando. Nota-se que alguns obreiros já estão atendendo às pessoas, a algumas individualmente. Percebe-se um clima descontraído onde as pessoas conversam alegremente. Algumas, ao entrar, ajoelham-se viradas de frente para a entrada do templo.


Sobre o altar há uma mesa plástica de pernas para o ar. Não há ninguém sobre o altar, nem pastor, nem músico. Chegando a hora marcada, dá-se início ao encontro.


Para melhor descrição, é necessário fazer uma divisão dos diferentes momentos desta sessão.


3.1. Parte inicial


O pastor e o músico entram abruptamente falando e cantando: “Vamos iniciar!” Imediatamente os fiéis se levantam, o músico dá o tom e o pastor entoa um hino: “Nesta noite eu marquei um encontro com Deus; basta que me toque para que minha alma se libertar, (...) para minha alma cansada vencer”.


Terminado o canto, inicia-se o momento de oração e louvor. Enquanto o pastor invoca a presença de Deus gritando alto, há um fundo musical que propicia o momento. Os fiéis individualmente rezavam, em diversas tonalidades de voz com os mais diferentes gestos e expressões tais como: “Vem Senhor! Me toque Senhor! Me abraça Senhor! Glória, glória!” Isso formava um grande rumor onde dificilmente alguém conseguia entender um ao outro, ou até mesmo o que dizia o pastor.


O pastor entoou um novo canto: “Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai. Se a jornada é pesada e te cansas na caminhada, segura na mão de Deus e vai. Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus. Pois ela, ela te sustentará. Não temas, segue a diante e não olhes para trás. Segura na mão de Deus e vai”.


Costumeiramente, esse primeiro momento dura cerca de 20 minutos.


3.2 Momento da Palavra


Algumas vezes, os fiéis, neste momento, permanecem em pé ou o pastor os convida a sentar. Sem nenhum fundo musical, o pastor lê um texto bíblico (alguns versículos, por exemplo, de Josué 14) ou simplesmente relembra algum episódio bíblico (“A mulher encurvada”) ligando esses aos males que afligem a vida das pessoas. O texto bíblico está sempre direcionado para ilustrar a ação de Deus na libertação dos males dos que têm fé. Na reflexão faz-se menção aos problemas financeiros, de saúde, familiares e desemprego identificando-os com a ação do demônio na vida das pessoas.

Após a reflexão da palavra, o pastor pode fazer uso de alguma dinâmica simbólica que interage com os fiéis. Como por exemplo: cada um leva o seu nome escrito e data de nascimento numa folha de papel, depositando-os sobre a mesa virada, para que no momento oportuno fosse desvirada simbolizando a libertação das pessoas.


A duração desse momento pode variar entre 5 à 30 minutos, dependendo do pastor que dirige.


3.3 Momento de louvor e invocação


Para este momento, os fiéis sempre se colocam em pé. O louvor e as orações que se fazem, assemelham-se à oração inicial. A importância deste momento se dá em vista do ponto principal do encontro que é o que segue.


3.4 Libertação e imposição das mãos.


Começa com um forte fundo musical, do tipo macabro. O pastor convida os fiéis a baixarem a cabeça, fecharem os olhos e a porem a mão no peito. Ele lembra e explica os males existentes na vida das pessoas e, ao identificar esses males com a figura do demônio, pede para que se manifestem: “Sai diabo! Manifesta aí! Apareça! Em nome do Senhor Jesus, eu te ordeno!”

Nesse momento os obreiros circulam entre as pessoas impondo-lhes as mãos (pressionando) de forma a libertá-las, dizendo: “Em nome do Senhor Jesus eu te ordeno, todo o mal que existe na vida desta pessoa, o despacho que foi feito para ela, no cemitério, no centro de macumba, todo o mal que existe na família dessa pessoa, eu ordeno que saia! Em nome do Senhor Jesus! E sai! E sai! Sai!”.


A um certo momento, o pastor pedindo que todos levantassem as mãos fez uma longa oração “consagrando-as”. Após, os fiéis, colocando as mãos sobre a cabeça e arremessado-as para trás, ordenavam que o mal fosse embora.


O pastor convidou, então, os presentes que estavam se sentindo mal ou aquelas que sentiram alguma reação diferente (vertigem, pontada no coração) para que se dirigissem até a frente do altar. Os obreiros novamente impondo as mãos sobre essas pessoas repetiam a ação anterior.


Enquanto isso era entoado um novo canto guiado pelo pastor e seguido pelos fiéis, sendo este um canto mais alegre e descontraído. Os gestos acompanhavam o canto conforme o texto: “Fogo no diabo da cabeça aos pés, quem manda o fogo santo é Jesus de Nazaré”. (...) “O fogo cai, cai, cai. O diabo sai, sai, sai...”


3.5 O diálogo com os demônios


Das pessoas que foram à frente do altar, somente permaneceram aquelas que haviam manifestado o demônio. Desce então o pastor e trava um diálogo com os demônios. Segurando a nuca da pessoa, indaga aos demônios: “Quem tá aí?” A resposta sempre indica uma das entidades das religiões afro-brasileiras, na maioria das vezes tratando-se da Pomba-gira, do Caboclo, do Exu Caveira ou do Ilê.


Prosseguindo o diálogo, o pastor indaga a cerca dos males que aquele demônio está fazendo na vida daquela pessoa. A resposta, quase sempre, vem nestes termos: “Estou destruindo a vida dela; estou acabando com o casamento dela; estou trancando o caminho dela; não quero que ela prospere” etc. O pastor desafia: “Quem é mais forte? Eu ou você?” O demônio responde: “Eu”. O pastor dirigindo-se aos fiéis, diz: “Então vamos ver!” Interrompendo o diálogo, o pastor motiva a um novo momento dentro do encontro.


3.6 Oferta e dízimo


O pastor convida a todos os fiéis a fazerem suas ofertas. O discurso é bastante incisivo e provoca-lhes com as seguintes palavras: “A oferta não é para o pastor mas para Deus. E quem não tem fé, que não doe nem um centavo sequer. Quem tiver cem reais ou cinqüenta, que venha aqui e coloque sobre esta mesa virada”. Em seguida, convidou também os fiéis que tivessem dez, cinco, três, dois ou um real somente, que fossem levar a oferta à frente. Em seguida, foram chamados à frente aqueles que deveriam entregar o dízimo.


3.7 Queima dos demônios


O pastor, retomando o diálogo com os demônios, pede para que todos estendam as mãos para iniciar a sessão de queima dos demônios. Enquanto impunha as mãos sobre a cabeça dos possessos, todos gritavam: “Queima, queima, queima...”


O pastor avisa a todos que quando for desvirada a mesa as pessoas seriam libertadas dos demônios manifestos ou não manifestos. Subindo ao altar desvira a mesa.


3.8 Parte final


Distribuindo os envelopes para o dízimo, o pastor convida os fiéis para o próximo encontro. Todos ficam de pé e cantam um último canto. O pastor se despede dos fiéis.


4. ASPECTOS RELEVANTES NOS ENCONTROS


Após a descrição das diversas reuniões realizadas na IURD, alguns aspectos chamam mais a atenção. O que se segue são os elementos característicos a partir dos quais se pode evidenciar o modo de ser da Igreja.


4.1 Proposta religiosa


Na entrada do templo está a síntese do que de fundamental a Igreja oferece aos seus fiéis: "Pare de sofrer, o seu problema tem uma solução".


De todas as ofertas religiosas que a IURD faz para seus fiéis, quer-se chamar a atenção para três aspectos: a libertação, a cura e a prosperidade. Para que o fiel alcance essas graças de Deus, só depende dele, de sua fé. É preciso que o fiel demonstre a sua fé de um modo tão generoso que chegue a impressionar a Deus. O fiel deve ofertar a Deus o seu melhor e Deus, por sua vez, lhe retribuirá com o seu melhor. Deus tanto mais age na vida do fiel quanto maior for a sua oferta de fé.


4.2 Hermenêutica bíblica


É comum ouvir durante os encontros o pastor fazendo referências a passagens bíblicas. Porém, a utilização da bíblia ganha ou perde sua importância conforme o dia da semana. Por exemplo, na ‘Corrente da Libertação’ de sexta-feira, a bíblia é muito pouco usada - às vezes o pastor nem a pega na mão. Por outro lado, às vezes ela tem importância fundamental, como na ‘Corrente dos Filhos de Deus’ da quarta-feira, onde a bíblia é utilizada quase durante todo o encontro. É o dia em que quase todos os fiéis trazem sua bíblia de casa.


Os pastores comumente fazem uma leitura e interpretação fundamentalista da bíblia aplicada para uma mensagem moralista. E os textos selecionados estão sempre em função de justificar o conteúdo da pregação. Assim, o pastor pode trocar de texto bíblico muitas vezes durante a pregação.


É interessante destacar que na maioria das vezes os textos escolhidos são do Antigo Testamento, raramente se escolhe um texto do Novo Testamento. E esses textos não são longos, às vezes são apenas alguns versículos; isto impede que se entenda todo o contexto da passagem em questão.


Pelo que se pode perceber, duas traduções da bíblia eram usadas pelo pastor e pelos fiéis. Uma era da Sociedade Bíblica Brasileira - a tradução do “Almeida”; a outra denomina-se ‘Harpa Cristã’.


4.3 Conteúdo da pregação


Após um período de pesquisas, é possível descrever o conteúdo do discurso da IURD. Este se baseia numa tríade de palavras: Deus, os problemas que afligem as pessoas e o Diabo.


Deus é sempre visto e analisado a partir da impostação da fé. Só quem tem fé é alguém digno de Deus. Como conseqüência disso, este nunca sofrerá nenhum tipo de mal ou problema familiar, profissional ou mesmo pessoal. Uma atitude contrária, no entanto, faz com que a pessoa viva em contínua aflição e desespero, significando que está possuída pelo demônio.


O Diabo é sempre o responsável e causador de todo o tipo de mal e adversidade sofrida por determinada pessoa. Portanto, doenças; desemprego; crise financeira; problemas familiares são todos males advindos do demônio. Este que para eles, os evangélicos, é personificado nas entidades religiosas afro-brasileiras. Assim, seguem três exemplos:

Omolu: representa as doenças de tuberculose e varíola;

Pomba-gira: causadora da prostituição e homossexualismo;

Exu Caveira: responsável pelo definhamento da pessoa, até sua morte.


Um outro aspecto que chama atenção é que nos encontros os pastores nunca teceram ataques verbais a outras igrejas ou entidades religiosas, com exceção às religiões afro-brasileiras.


Recebe ênfase especial, também, dentro do conteúdo da pregação a distinção de valores entre o homem e a mulher. Seguindo a interpretação literal da Bíblia, o homem é a “cabeça”. Este foi criado a partir de Deus. A mulher, diferentemente do homem, foi criada por Deus a partir do homem. Isso a torna submissa ao próprio homem, devendo ser obediente e submissa a este.


4.4 Simbologia e material adquirido


Nota-se a presença da cruz, sem a imagem do crucificado, destacada e duplicada, ou seja, além de uma fixada na parede, tem-se também no centro do púlpito uma cruz menor. O óleo ungido é bastante usado, significa a unção no Espírito Santo. A imposição das mãos parece ser algo de grande importância, serve para abençoar e para libertar; não é privilégio de alguns, todos podem impor as mãos. A diferença se encontra no fato que alguns são mais fortes que outros. Uma espécie de caixa, chamada “arca”, serve para depor as ofertas e pedidos; quer recordar a Arca da Aliança descrita na Bíblia.


Neste aspecto, o simbólico, percebe-se a grande criatividade e dinâmica que eles utilizam nas suas reuniões. Símbolos presentes em outras denominações cristãs são apresentados com um novo significado para os fiéis da Igreja Universal. Durante os encontros sempre há algo de novo para distribuir: são pequenos objetos que quase sempre estão relacionados com a oferta. Alguns destes foram recolhidos durante o período de pesquisa:


- Jornais (Folha Universal e a Folhinha Universal - para as crianças);

- Estrelinha com espaço no centro para fotografia (usada na ‘Corrente dos Empresários’);

- Fita vermelha (amarrada no braço direito e cortada na ‘Sessão do Descarrego’);

- Pedaço quadrado de lenço branco (para colocar sobre as pessoas e libertar de todos os males);

- Sacolinha preta (destinada para a oferta de 50, 40, 30, 20 ou 7 reais);

- Envelope com um trecho do Salmo 23 (destinada a colocar a oferta de 23 reais);

- Envelope do dízimo (destinado aos 10% que cada fiel deve oferecer à Igreja).


4.5 A importância dos obreiros


Durante as visitas realizadas pode-se perceber a importância da presença dos obreiros nas sessões.


Estes, sendo homens e mulheres de meia idade, durante as sessões estão sempre bem distribuídos dentro da Igreja e estão sempre dando assistência ao pastor, seja distribuindo o jornal da igreja (bem como outros objetos em geral), seja recolhendo a oferta dos fiéis, os objetos trazidos por eles, seja ungindo os fiéis com o óleo. Buscam também dar assistência aos fiéis ajudando-os a encontrar a passagem bíblica e estão sempre dispostos a dar informações gerais sobre as sessões, as reuniões.


Estes, também, exercem importante papel quando durante as reuniões fazem a imposição das mãos sobre os fiéis onde oram pedindo pela libertação de tudo aquilo que atrapalha a vida dos fiéis. Sempre atentos a tudo o que acontece, atentos aos fiéis, a quem entra e sai, não permitem que ninguém venha atrapalhar a reunião ou o pastor ou tirar a atenção dos fiéis (Cita-se aqui como ilustração o caso de um dia em que num encontro um senhor entrou pedindo ajuda, pedindo dinheiro para comprar passagem, e os obreiros ao verem isso logo foram a este senhor e o retiraram da Igreja).

O que se percebeu também quanto a eles foi a variação do número por sessão. Conforme a sessão havia mais ou menos obreiros. Por exemplo, na sessão de terça-feira, ‘Corrente da Saúde’, havia cerca de trinta. Já na de domingo, ‘Reunião de Louvor’, havia cerca de dez.


4.6 A música


O que se nota nas reuniões da IURD quanto à música é que ela, além de animar as reuniões, é constante durante quase todo o momento. Há sempre um músico vestido socialmente (calça preta, camisa branca e gravata), com um teclado. Este, em cima do altar, no canto esquerdo, fica sempre fazendo um fundo musical de acordo com o momento da reunião. Por exemplo: na hora da louvação há sempre uma música mais leve; já na hora da ‘Libertação’, ela é mais forte com aspecto macabro. Notou-se, portanto, que a música varia conforme o dia e o momento da reunião.


Não há nenhum folheto de cantos, nenhum livro e na maioria das vezes é o pastor quem conduz os fiéis nos cantos.


Destacam-se alguns cantos entoados durante as reuniões:


- Segura na mão de Deus;

- Diabo hoje eu vim aqui na Universal só pra te queimar;

- Então abri meu coração e deixei a palavra entrar.


4.7 Participação comunitária e identidade


O que se pode perceber quanto ao grupo de fiéis da IURD é que eles, ao contrário da maioria das religiões, não formam comunidade. Os frequentadores se conhecem, porém, além do encontro, não há quase nenhuma outra atividade que lhes confira uma identidade de comunidade.

Traz-se aqui um exemplo colhido num dos encontros que talvez possa exemplificar a questão acima. Durante uma pregação o pastor indagou por quem tinha mais de dez anos de IURD, somente uma pessoa levantou a mão. Indagando por quem tinha mais de cinco anos de Igreja, somente umas seis pessoas levantaram a mão. Mais de um ano, umas vinte e cinco pessoas se apresentaram. O total de fiéis naquele encontro era de, mais ou menos, trezentas pessoas. A partir disso duas questões podem ser levantadas: ou a IURD está tendo um crescimento muito grande atualmente ou ela não consegue manter os seus fiéis.


A quantidade de pessoas pode variar conforme o dia da semana e a corrente. Por exemplo, os dias mais procurados são na terça e sexta-feira, ou seja, na ‘Corrente do Descarrego’ e na ‘Corrente da Libertação’. Ao contrário das outras denominações cristãs, a participação no dia de domingo não é significativa e nem quantitativa.


4.8 Escolinha Bíblica Infantil


Geralmente todos os templos da IURD possuem em anexo uma ou mais salas para a educação pedagógica e religiosa bíblica das crianças. Seu objetivo é fazer com que todas participem das reuniões, tendo um encontro com Deus.


As tias são as responsáveis. Elas acolhem crianças de várias idades. Estas, por sua vez, participam das orações, são libertadas de todo mal que aflige seu coração e assim, têm a vida transformada. Os pastores alertam que para o demônio não existe idade. Logo, as crianças são alvo de tentações e possessões. Num depoimento do bispo Clodomir, este pede para que os pais não provoquem a ira de seus filhos. Pelo contrário, sejam eles o exemplo sincero de verdadeiro amor, doação e participação.


4.9 O significado do dinheiro


Na IURD o dinheiro é sempre ofertado a Deus como forma de manifestação da fé. A oferta é como que um termômetro por meio do qual o fiel demonstra a Deus a intensidade de sua fé. É uma espécie de pacto; o fiel oferta o seu melhor e Deus se volta para ele a fim de atender às suas necessidades. Trata-se, de certo modo, de uma “teologia da prosperidade” que enfatiza uma mentalidade empresarial criativa, daqueles que conseguiram vencer "porque tiveram fé".


O investimento do fiel, que consiste em repasses de ofertas à igreja, será recompensado por Deus. Tudo depende da fé do indivíduo: a pobreza é o resultado da falta de fé. Por isso a oferta sempre tem um objetivo específico e é apresentada a Deus juntamente com um pedido pela família, pela prosperidade, pela libertação. Esse pensamento vem condensado na frase: "Pense grande porque o teu Deus é generoso e grande".


O dízimo possui um significado diverso da oferta: 10% de tudo o que o fiel recebe deve ser entregue a Deus. O dízimo não é oferta, é obrigação: está na Bíblia. Na verdade é uma devolução a Deus do que já Lhe pertence.


4.10 Comportamento dos fiéis


Nota-se que as pessoas que participam destas reuniões demonstram muito sofrimento na face, e quando estão naquele momento de oração transparece também uma forte confiança na solução de seus problemas.


As orações são sempre acompanhadas com gestos e palavras fervorosas. Não há uma padronização de movimentos ou fórmulas de orações, cada qual manifesta-se espontaneamente. Em alguns encontros observa-se um ou outro gesto particular.


Durante os encontros não há um momento em que se deva ficar de joelhos; porém, antes e no final observa-se que alguns fiéis estão orando ajoelhados, de modo contrário, ou seja, voltados para a entrada da Igreja.


4.11 O modo de se expressar do pastor


O pastor considera-se “um homem de Deus”, detentor da Verdade e que com ele o demônio nada pode. O modo de comunicar-se com os fiéis é muito direto, utiliza termos simples e corriqueiros, evitando formalidades: “Você acredita que é Deus quem está falando? Então faça o que Ele está mandando!” “Tá entendendo? Então diz amém!” “Tá ligado companheiro? Então diga graças a Deus!” “Estão me compreendendo pessoal? Quem está compreendendo então levante a mão!”


CONCLUSÃO


A partir da presente pesquisa de campo, onde pode-se conhecer mais de perto a experiência religiosa - vivenciada nos “momentos litúrgicos” - da Igreja Universal do Reino de Deus, é possível elaborar um conceito a respeito do diferente.


Mesmo que este conceito tenha nascido do contato direto com o diferente, ele ainda assim, pode se apresentar de forma subjetiva, superficial e preconceituosa.


Subjetivo, porque sempre quando se analisa o outro, parte-se da experiência pessoal; do que é próprio daquele que observa. O presente trabalho tem a preocupação de que esta análise tenha sido a mais objetiva possível. Assim sendo, não se exclui, porém, a possibilidade de enganos e equívocos que possam deturpar o verdadeiro sentido de tal experiência religiosa.


Superficial, pois o nível de profundidade em colher certos elementos da fé de quem a professa, é diferente do simples espectador/observador. Assim, tem-se consciência de que esta pesquisa não consegue açambarcar a experiência religiosa vivenciada por um fiel.


Preconceituosa devido ao fato de que quando se aproxima do diferente, já se tem estabelecido pressupostos de caráter negativo. Esses podem ofuscar a percepção da grandeza de elementos positivos, gerando uma compreensão deturpada, cheia de preconceitos.


Por outro lado, o encontro com o diferente leva a perceber o que é próprio de quem observa; e consequentemente, a questionar a sua fé e prática religiosa. A experiência descrita neste trabalho colabora neste sentido: o modo como o fiel da Igreja Universal do Reino de Deus vivencia a sua fé pode ajudar o católico a experimentar um Deus mais próximo, mais pessoal, mais providente e que constantemente age na vida do crente


http://www.itf.org.br/index.php?pg=artigosuniversal

Postar um comentário

Deixe seu Comentário: (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem