Jerusalém e o Templo

 


Autor: John Nascimento


Depois de destruições sucessivas, os arqueólogos procuram encontrar algo do passado de Jerusalém.


A Cidadela estava ligada ao palácio de Herodes e foi protegida pelos Romanos para seu uso depois da destruição de Tito no ano 70, e de então para cá tem sofrido várias fases de reconstrução.


Tanto no Egipto como na Mesopotâmia, o templo era a casa dos deuses, onde eles eram servidos pelos sacerdotes, e não a casa da assembleia dos adoradores.


Quando os adoradores vinham para o templo eram recebidos e admitidos apenas no Átrio; o templo-edifício era muito pequeno e só podia admitir um pequeno grupo de pessoas de cada vez.


Os ritos das preces e dos sacrifícios eram celebrados perante o público no Átrio, fora do templo.


Os Egípcios concebiam o templo como um símbolo do próprio mundo; na Mesopotâmia os templos da terra eram uma representação do templo celeste.


Tanto no Egipto como na Mesopotâmia os templos tinham mais efeito imediato na vida cívica e económica do povo.


As primeiras cidades do tempo dos Sumerianos eram as comunidades do templo; os deuses eram os reis das cidades e o templo era o proprietário.


Todas as pessoas serviam e guardavam o templo.


E depois que esta concepção da Sociedade mudou, o templo continuou a ser o foco da vida em comum.


Os templos aparecem no Egipto e na Mesopotâmia como grandes proprietários.


Empregavam uma grande quantidade de sacerdotes e sacerdotisas, e ao mesmo tempo também muitos artesãos, trabalhadores do campo, pastores, pescadores, cozinheiros, banqueiros e outros vários operários.


Tinham as suas taxas, e as várias casas de negócios ali instaladas faziam dele um banco e uma casa do tesouro.


As suas actividades económicas faziam dele um centro de negócio e uma área industrial.


Os templos foram o primeiro lugar onde apareceram os escritores; o pessoal do templo incluía um grande número de escribas e os seus arquivos eram consideráveis, onde havia uma literatura histórica, mitológica e religiosa bem como hinos, preces e rituais para a direcção do culto, da magia e da adivinhação.


Podemos assim deduzir por analogia que o Templo de Jerusalém era também um centro cívico cultural e económico.


Houve em Jerusalém três templos muito importantes, e todos eles eram considerados como a "Casa de Javé" e dirigiam o culto de Deus para a santificação do Seu povo : Templo de Salomão; templo de Zorobabel; templo de Herodes.


Templo de Salomão.


O 2 Livro dos Paralipómenes fala da revelação ao rei David do lugar em Jerusalém em que o Templo devia ser construído :


- Salomão começou, pois, a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Moriah, que fora mostrado a David, seu pai, no lugar por ele preparado na eira de Ornam, o jebuseu.(2 Paral.3,1).


O monte Moriah foi também onde Abraão preparou o sacrifício de seu filho Isaac :


- Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à terra de Moriah, onde o oferecerás em holocausto. (Gn.22,2).


Assim, o primeiro templo foi o de Salomão, construído cerca do ano 480 a.C.


Este acontecimento foi o mais importante do reinado de Salomão e 480 corresponde a doze anos vezes quarenta, isto é, doze gerações de quarenta anos, a partir da saída do Egipto.


Era uma estrutura magnífica, composta por um Vestíbulo chamado "O Santo", e por um compartimento interior chamado o "Santo dos Santos", onde se encontrava a Arca da Aliança.


Tudo isto se encontra descrito no I Livro dos Reis, a partir do capítulo 6 - Edificação do Templo.


Igualmente fala da construção do templo de Salomão o II Livro dos Paralipómenes a partir do capítulo 3.


Salomão construiu o Templo, empregando materiais segundo as indicações de seu pai David.


Este templo foi destruído no ano 587 a.C. pelos Babilónios que levaram consigo os seus tesouros e os seus vasos sagrados e os judeus foram para o exílio.


Salomão construiu o primeiro dos três templos de Jerusalém, já todos destruídos, e agora substituídos pela Mesquita de Ornar, vulgarmente conhecida pela "Cúpula da Rocha" onde se crê ter sido o lugar da fundação do altar do Templo e o lugar onde os Islamitas dizem que Maomé subiu ao céu.


Sobre este primeiro Templo diz o Catecismo da Igreja Católica :


2580. - O templo de Jerusalém, a casa de oração que David queria construir, será obra do seu filho Salomão. A oração da Dedicação do templo apoia-se na promessa de Deus e na sua aliança, na presença activa do seu nome no meio do povo e na memória dos altos feitos do Êxodo. O rei, então, levanta as mãos para o Céu e suplica ao Senhor por si próprio, por todo o povo, pelas gerações futuras, pelo perdão dos seus pecados e pelas suas necessidades de cada dia, para que todas as nações saibam que Ele é o único Deus e o coração do seu povo Lhe pertença inteiramente.


Templo de Zorobabel.


Quando os judeus voltaram do exílio em 538 a.C. começaram a pensar na reconstrução do Templo, o que só viria a acontecer com a construção do Templo de Zorobabel no Ano 520 a.C.


Zorobabel construiu o Segundo Templo de Jerusalém e pensa-se que tivesse usado o mesmo plano de Salomão, mas a construção não foi tão rica.


Isto vem descrito no Livro de Esdras a partir do capítulo 5.


Este segundo Templo de Jerusalém foi destruído em 169 a. C. por Antíoco IV Epífanes e depois profanado no Ano 167 a.C., sendo posto ao culto do deus pagão Zeus de Olimpo, como se pode ler no I Livros dos Macabeus a partir do Cap. I


Este Templo foi consagrado de novo no Ano de 164 a.C. depois da vitória dos Macabeus com o restabelecimento do culto como se pode ler no I Livro dos Macabeus a partir do capítulo 4.


Templo de Herodes.


No Ano 20-19 a.C. Herodes o Grande começou a reconstrução de um Terceiro Templo de Jerusalém, para substituir o de Zorobabel que estava em ruínas, e levou 10 anos a construir.


Segundo Josefo, Herodes pretendia rivalizar a opulência e as medidas deste templo com o templo de Salomão, construindo-o duas vezes mais alto do que tinha sido o segundo Templo (de Zorobabel).


Na verdade, para acomodar o tribunal dos Gentios em volta do templo, Herodes alargou o espaço do Monte, edificando estruturas para o suportarem no fundo vale que o rodeava.


Foi neste templo que Zacarias oferecia o incenso quando foi avisado pelo anjo sobre o nascimento de João Baptista. (cf.Lc. 1,5-25).


Foi também neste templo que o velho Simeão e a profetiza Ana se encontraram com Jesus, sua mãe e S. José. (Lc. 2,25-40).


Foi este o Templo que Jesus conheceu e frequentou durante a sua vida oculta e pública; foi o véu deste templo que se rasgou no dia da morte de Cristo no Calvário; e foi este o templo onde os Apóstolos se reuniam diariamente para a oração e o partir do pão.


Todo o Novo Testamento faz largas referências a este Templo, exactamente porque nele se realizaram muitos acontecimentos relacionados com a vida, a pregação, a morte e ressurreição de Jesus.


Depois de Jesus, os Apóstolos pregaram neste templo e a primitiva Igreja também se serviu dele.


No seguimento da revolta dos Judeus contra o domínio dos Romanos, todo este templo, com excepção dos muros exteriores, foi destruído no ano 70 pelo Imperador Tito.


Finalmente, o significado teológico do Templo no Novo Testamento baseia-se nas palavras de Jesus que identificou o Seu corpo com um novo templo.


E o Seu corpo foi identificado com a Igreja, a qual, por sua vez é também o novo templo :


- Não sabeis que sois templos de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós ? (1 Cor, 3,16).


A Igreja é agora o lugar da presença de Deus, não simbolicamente, mas real, através do Espírito Santo.


A Igreja é santa como o templo e não pode compartilhar com a idolatria.


Os Apóstolos e os Profetas são os fundamentos do Templo de Cristo e Jesus é a sua pedra angular e o princípio de unidade.

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