Maria, Medianeira de todas as graças

 


Fonte: Livro A Mulher do Apocalipse

Autor: Prof. Felipe Aquino


Maria é a medianeira de todas as graças de Deus. Isto afirmam os Santos Padres e os Santos doutores. São Bernardo, falecido em 1153, é autor da célebre sentença:

"Deus quis que recebamos tudo por Maria"(VtMM,p.99).

S. Luiz de Montfort afirma:

"Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-as Maria. Esse grande Deus tem um tesouro, um depósito riquíssimo, onde encerrou tudo que há de belo, brilhante, raro e precioso, até seu próprio Filho; e este tesouro imenso é Maria, que os anjos chamam tesouro do Senhor, e de cuja plenitude os homens se enriqueceram. Deus Filho comunicou a Sua Mãe tudo que adquiriu por Sua vida e morte: Seus méritos infinitos e Suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo que Seu Pai Lhe deu em herança; e é por ela que ele aplica Seus méritos aos membros do corpo Místico, que comunica suas virtudes, e distribui Suas graças; é ela o canal misterioso, o aqueduto por que passam abundante e docemente Suas misericórdias. Deus Espírito Santo comunicou a Maria, Sua fiel Esposa, Seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensora de tudo que Ele possui. Deste modo ele distribui Seus dons e Suas graças a quem quer, como quer e quando quer, e dom nenhum é concedido aos homens que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria, e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo aquela que em toda a vida quis ser pobre, humilde, e escondida até o nada"(Tvd,n. 23-25).

Talvez se possa achar algum exagero nessas palavras do santo, pelo fato de ser dito que "nenhum" dom é concedido aos homens sem que os seja pelas mãos de Maria. Contudo, se examinarmos com a devida atenção a vida se Jesus, veremos que foi por Maria que Ele quis agir em muitas situações. Por Maria Ele se encarnou; pela palavra de Maria santificou São João Batista, Seu precursor, no seio de Isabel. Foi por Maria que Ele, nas núpcias de Caná (Jô 2), mudou "seiscentos" litros de água em vinho da melhor qualidade, Seu primeiro milagre.

Jesus chegou a "antecipar Sua hora" por causa do pedido de Sua Mãe. "Mulher, isso não nos compete a nós? Minha hora ainda não chegou".Mas Maria, com toda a confiança que tinha na bondade e misericórdia de seu Filho, que muito bem conhecia havia 30 anos, apenas disse aos serventes: "Fazei o que Ele vos mandar". E, tão logo os serventes o obedeceram e encheram as seis talhas de pedra, cada uma com cerca de 100 litros, a água se transformou em vinho. E São João, ao narrar o fato, não se esquece de dizer: "Este foi o primeiro milagre de Jesus". E asssim, diz o evangelista,"manifestou Sua glória, e seus discípulos creram nele"(Jô 2,1-11). Tudo por causa do pedido de Maria.

Tudo o que ela faz é para manifestar a glória de Jesus e para que creiamos Nele. É impressionante notar que, mesmo quando não é solicitada, Maria já toma iniciativa de "interceder" pelos noivos junto a Jesus. Com a sua preocupação de Mãe toma a dianteira. Não é esse o grande sinal de que ele seria, também para nós, a grande intercessora junto a Jesus, já que Ele a quis para nossa Mãe?

Se a maior de todas as graças que recebemos de Deus Pai, Jesus Cristo, veio a nós por meio de Maria, como então todas as outras graças menores chegariam a nós, senão por ela?

Se Deus nos abriu essa Avenida larga e bela que é Maria, para que por ela Seu amado Filho chegasse a nós, é lógico que tudo o mais nos venha por Maria.

É claro que Deus é o Senhor absoluto de todas as graças. E Maria não é mais que uma pura criatura, e tudo que obtém recebe de Deus gratuitamente. Contudo, mais do que qualquer outra criatura na terra ela honrou e amou a Deus, sendo escolhida para ser Mãe de Seu Filho.

É para exaltá-la e um modo extraordinário que Deus determinou que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as graças dispensadas a nós. Não que Deus não possa mandar-nos Suas graças sem que seja pelas mãos de Maria; apenas ele não o quer. É o que ensina Santo Afonso e muitos outros santos Padres e doutores (GM,p.114).

Santo Afonso de Ligório afirma:

"Deus quer que pelas mãos de Maria nos cheguem todas as graças... A ninguém isso pareça contrário à sã teologia. Pois Santo Agostinho, autor dessa proposição, estabelece como sentença, geralmente aceita, que Maria tem cooperado por sua caridade para o nascimento espiritual de todos os membros da Igreja" (GM,p.15).

Chega Santo Afonso a dizer que "todos os eleitos só se salvam pela mediação dessa divina Mãe. E se esta sentença tem a verdade por si, pode-se então dizer com firme convicção que, como necessária conseqüência, da pregação sobre Maria e sobre a confiança em sua intercessão, depende a salvação de todos. Foi assim, todos o sabem, que S. Bernadino de Sena santificou a Itália e S. Domingos converteu tantas províncias"(GM,p.19).

São Paulo ensina que "há um só medianeiro entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se deu a Si mesmo em redenção por todos" (1Tm 2,5-6); e com isso o apóstolo mostra que nenhuma outra pessoa tem em si mesma autoridade própria, nem merecimentos próprios, para se apresentar diante de Deus como medianeira dos homens. Mas essa mediação única e necessária de Jesus, suficiente e absoluta, não exclui outros medianeiros dependentes de Cristo.

Assim é que o Papa Leão XIII, na encíclica "Fidentem piumque", de 20 de setembro de 1896, disse:

"Há quem ache ousada a grande confiança no patrocínio da Virgem e queira repreender-nos... Mas, como ensina o ´Doutor Angélico`(S.Tomás), nada se opõe a que também outros se designem medianeiros entre Deus e os homens, enquanto como ministros e instrumentos cooperam na união dos homens com Deus, como os anjos e santos do céu, os profetas e os sacerdotes de ambos os testamentos. Esta dignidade gloriosa cabe em ponto mais elevado à Santíssima Virgem. Pois não se pode imaginar uma só personalidade que operasse na reconcilação dos homens com Deus, que por sua íntima cooperação com a obra da redenção foi constituída Medianeira.

Sabemos que, infelizmente, nossos irmãos separados da Igreja Católica não aceitam isso, mas é nossa certeza, dada pelo Espírito Santo pela boca do Papa, infalível quando nos ensina a doutrina.

O mesmo Papa Leão XIII, na encíclica"Octobri mense", de 22 de setembro de 1891, sobre a anunciação, diz com base em S. Tomás:

"No dia da Anunciação era esperado o consentimento da Santíssima Virgem em lugar de toda a natureza humana. Donde se pode, com não menos verdade e exatidão, afirmar que nada desses tesouros de toda a graça que o Senhor nos trouxe- pois que a verdade e a graça vêm de Jesus Cristo (Jô 1,17)-nos foi comunicado senão por Maria. E deste modo, como ninguém pode ir ao Pai senão pelo Filho, assim também, quase de igual modo, ninguém pode ir a Jesus Cristo senão por Sua Mãe"(VtMM, p.47).

Também o Concílio Vaticano II nos ensina que "um só é o nosso Mediador... Todavia a materna missão de Maria a favor dos homens de modo algum obscurecesse nem diminui essa mediação única de Cristo, mas até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem a favor dos homens não se origina de alguma necessidade interna, mas do divino beneplácito. Flui dos superabundantes méritos de Cristo, repousa em Sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a força. De modo algum impede, mas até favorece a união imediata dos fiéis com Cristo"(LD, n.60)

E o mesmo Concílio fala com toda a sua autoridade:

"A Igreja não hesita em proclamar esse múnus subordinado de Maria. Pois sem pré de novo o experimenta e recomenda-o aos fiéis para que, encorajados por essa maternal proteção, mais intimamente adiram ao Mediador e Salvador"(LG n.62)

Muitos santos falaram dessa mediação de Maria junto à Deus. São Bernardo assim o diz:

"Tal é a vontade de Deus que quis que tenhamos tudo por Maria. Se, portanto, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar, saibamos que isto nos vem por suas mãos".

São Bernadino de Sena:

"Todos os dons virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos pelas mãos de Maria, a quem ela quer, quando quer, como quer, e quanto quer" (Tvd, p.137).

São Bernardo:

"Eras indignos de receber as graças divinas: por isso foram dadas a Maria a fim de que por ela recebesses tudo o que terias"(idem).

São Efrém, que morreu em 373:

"Minha Santíssima Senhora, Santa Mãe de Deus, cheia de graças e favores divinos, Distribuidora de todos os bens!Vós sois, depois da Santíssima Trindade, a Soberana de todos; depois do Medianeiro, a Medianeira do Universo, Ponte do mundo inteiro para o céu. Olhai benígna para a minha fé e meu desejo que me foram inspirados por Deus"(VtMM, p.97).

São Boaventura (1218-1274). bispo e doutor da Igreja:

"Deus depositou a plenitude de todo o bem em Maria, para que nisto conhecêssemos que tudo que temos de esperança, graça e salvação, dela deriva até nós"(VtMM, p.101).

Santo Alberto Magno:

"É anunciado à Santíssima Virgem tal plenitude de graça, que se tornou por isso a fonte e o canal de transmissão de toda a graça a todo o gênero humano"(idem).

São Pedro Canísio (1521-1597), doutor da Igreja:

"O Filho atenderá Sua Mãe e o eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho: eis o fundamento de toda nossa esperança"(idem).

São Roberto Belarmino (1542-1621), bispo e doutor da Igreja:

"Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria que é como o colo desse corpo místico" (VtMM, p.102).

São Luiz destaca outra razão importantíssima da intercessão de Maria. Diz ele:

"Reconhecemo-nos indígnos e incapazes de, por nós mesmos, aproximar-nos de Sua Majestade infinita; e por isso servimo-nos da intercessão da Santíssima Virgem. Além disso é uma prática de grande humildade, virtude que Deus ama acima de todas as outras. Uma alma que se eleva a si mesma rebaixa a Deus. Se vos rebaixais crendo-vos indignos de aparecer diante d'Ele e de vos aproximar d'Ele, Ele desce, rebaixa-se para vir até vós, para comprazer-se em vós, e para vos elevar. Quando, porém, tentamos aproximar-nos atrevidamente de Deus, sem medianeiro, Deus se esquiva e não conseguimos atingi-lo.Oh! quanto ele ama a humildade de coração. É a essa humildade que convida essa prática de devoção, pois ensina a não nos aproximarmos diretamente de Nosso Senhor, por misericordioso e doce que Ele seja, mas a nos servirmos sempre da intercessão da Santíssima Vigem tanto para comparecer diante de Deus como para lhe falar, aproximar-nos d'Ele, oferecer-lhe qualquer coisa, para nos unirmos ou nos consagrarmos a ele"(Tvd, n.142).

Santo Agostinho afirma que as orações de Maria junto a Deus têm mais poder junto da Majestade divina que as preces e intercessão de todos os anjos e santos do céu e da terra (Tvd, n.27).

Maria Santíssima é de fato a Medianeira de Todas a s Graças, como inúmeras vezes afirmou o Papa Pio XI:

"É a Rainha de todas as graças, a Medianeira de Todas as Graças"(VtMM, p.68).

E, mesmo quando recebemos graças, favores e milagres por meio dos santos, sempre é exigida a intercessão da Medianeira; é o que nos ensinam os Papas.

Durante o processo de canonização de Joana D'Arc, a Congregação dos Ritos hesitou, durante anos, em atribuir à santa um dos milagres propostos para sua canonização, por ele ter acontecido em Lourdes. No entanto, o Papa Bento XV assim disse:

"Se em todos os prodígios convém reconhecer a Mediação de Maria, pela qual, segundo vontade divina, toda a graça e todo o benefício nos vêm, não se pode negar que esta Mediação se manifestou, de modo muito particular, num dos milagres precitados. Entendemos que o Senhor assim o permitiu, para nos sugerir que nunca devemos deixar de pensar em Maria, ainda mesmo quando um milagre pareça dever atribuir-se à intercessão de um bem-aventurado ou santo. Até quando Deus se compraz em glorificar seus santos, é preciso supor sempre a intercessão daquela que os Padres chamam de 'Medianeira dos medianeiros'- Mediatrix mediatorum omnium"(VtMM, p.69).

Esta mesma doutrina foi confimada pelo Papa Pio XI na Encíclia sobre o Santo Rosário, de 29 de setembro de 1937:

"Convidamos a todos os fiéis para conosco agradecerem a Deus por termos recuperado a saúde. Como em outra parte já havemos dito, atribuímos esta graça à intercessão de santa Teresinha do Menino Jesus, mas sabemos também que tudo quanto nos vem de Deus, o recebemos das mãos de Maria Santíssima"(VtMM, p.70).

Fica assim bastante claro que mesmo as graças que recebemos de Deus sem recorremos a Maria não são dadas também por meio de suas mãos.

Leão XIII, na mesma Encíclia "Octobri mense", de22 de setembro de 1891, faz suas as palavras de São Bernardo:

"Toda a graça concedida ao mundo segue esta tríplice gradação: de Deus a Jesus Cristo, de Jesus Cristo à Santíssima Virgem, da da Santíssima Virgem aos homens: tal é a ordem maravilhosa de sua disposição"(VtMM, p.74).

E o grande Papa S. Pio X, na Encíclia "Ad diem ilum", de 2 de fevereiro de 1904, ensina:

"Por esta [ao pé da cruz] comunhão de dores e sentimentos entre Mãe e Filho, Maria Santíssima mereceu tornar-se dignamente reparadora da humanidade decaída e dispensadora de todos os tesouros que, por Sua morte e por Seu sangue, nos adquiriu Jesus. Maria, como acertadamente diz São Bernardo, é o canal, ou mesmo o colo, que uniu o corpo à cabeça e desta transmite àquela a robustez e a virtude. Da cabeça ele é o colo, pelo qual se transfundem todos os dons espirituais em seu corpo místico"(VtMM, p.75).

Também o Papa Pio XII ratificou este ensinamento em sua famosa radiomensagem dirigida a Portugal, por ocasião da coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima:

"Bendito seja o Senhor Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, e com o Senhor seja bendita aquela que Ele constitui Mãe de Misericórdia, Rainha e Advogada nossa amorosíssima, Medianeira de Suas graças, Dispensadora de Seus tesouros" (VtMM, p.79).

Outro relevante destaque que os santos dão à mediação de Maria junto a Deus, por nós, refere-se à nossa salvação.

São Luiz começa dizendo que: "a Santíssima Virgem, sendo necessária a Deus, de uma necessidade chamada hipotética, devido à sua vontade, é muito mais necessária aos homens para chegarem a seu fim último. Não se confunda, portanto, a devoção à Santíssima Virgem com a devoção aos outros Santos, como se não fosse mais necessária que a desses" (Tvd n.39).

E, baseado na opinião dos Santos Padres, entre outros Santo Agostinho, Santo Éfrem, São Cirilo de Jerusalém, São Germano de Constantinopla, São João de Damasco, Santo Anselmo, São Bernardo, São Bernedino, São Tomás e São Boaventura, afirma:

"A devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação, e é um sinal infalível de condenação não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário, é indício certo de predestinação ser-lhe inteira e verdadeiramente devoto".

São João Damasceno dizia:

"Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar"(Tvd, n.40 e 41).

Para ilustrar essa verdade, o santo conta que São Francisco viu, em êxtase, uma escada enorme, em cujo topo, apoiado no céu, avultava a Santíssima Virgem. E o santo compreendeu que devia subir aquela escada para chegar até o céu (Tvd, n.42). Era Maria.

Santo Agostinho põe nos lábios de Nossa Senhora estas palavras:

"Deus me constituiu porta do céu, um lugar de passagem para o Filho do Altíssimo" (MM,p.73).Por isso a Ladainha a chama de "porta do Céu".

Também Santo Anselmo lhe dizia: "Tu és a porta celeste, pela qual passou o Emanuel, o Deus conosco". E Santo Anastácio de Antioquia a chamava de "Porta do paraíso, pela qual se vai para a incorrupção" (idem).

São Boaventura diz que"só Maria achou graça diante de Deus (Lc 1,30), sem auxílio de qualquer outra criatura. E todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus acharam-na por intermédio dela, e é só por ela que acharão graça aos que ainda virão"(Tvd, n.44).

Maria era já "cheia de graça" quando o anjo Gabriel a saudou (Lc 1,28), e a graça nela superabundou quando o Espírito Santo a envolveu (Lc1,35), e de sorte que, diz S. Luiz, "o Altíssimo a fez tesoureira de todos os Seus bens, dispensadora de Suas graças, para enobrecer, elevar e enriquecer a quem ela quiser, para fazer entrar quem ela quiser no caminho estreito do céu"(Tvd,n 44).

E nosso querido Cavalheiro da Imaculada afirma com toda segurança:

"Por meio de Maria começou a salvação do mundo e é por Maria que deve ser consumada. Na primeira vinda de Jesus Cristo Maria quase não apareceu, para que os homens, ainda insuficientemente instruídos e esclarecidos sobre a pessoa de seu Filho, não se lhe apegassem demais e grosseiramente, afastando-se, assim, da verdade... Mas na segunda vinda de Jesus Cristo, Maria deverá ser conhecida e revelada pelo Espírito Santo, a fim de que por ela seja Jesus Cristo conhecido, amado e servido, pois já não subsistem as razões que levaram o Espírito Santo a ocultar Sua esposa durante a vida e a revela-la só pouco depois da pregação do Evangelho"(Tvd, n.49).

Entre as razões que nosso Santo elenca para provar que Maria brilhará nos últimos tempos, ele diz:

"Visto ser Ela aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo, deve ser conhecida e notada, para que Jesus Cristo o seja. Pois que é a via pela qual Jesus Cristo nos veio a primeira vez, ela o será ouvida na segunda vinda, embora de modo diferente. Pois que é o meio seguro e o caminho certo e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontra-lo plenamente, é por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontra-lo. Quem encontrar Maria encontrará a vida (Pr 8,35), isto é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6)".

Por esta razão, continua o Santo, "é preciso portanto que Maria seja mais do que nunca conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima Trindade"(Tvd, n.50).

Maria é a Mãe de misericórdia; isto é, resgata os pecadores e os leva de volta a Deus. Como diz a Ladainha, ela é o "refúgio dos pecadores" e a "consoladora dos aflitos".

S. Boaventura diz: "tal como a lua paira entre a terra e o céu, coloca-se Maria continuamente entre Deus e os pecadores para Lhe aplacar a ira contra eles e ilumina-los para que voltem a Deus" (GM, p.146).

O Senhor revelou a Santa Catarina de Sena que sua intenção, ao criar Maria, era conquistar por sua doçura os corações dos homens, sobretudo dos pecadores, e atraí-los a si (GM, p.147).

Santo Afonso afirma:

"a principal função de Maria quando veio à terra era levantar as almas caídas da divina graça e reconcilia-las com Deus. 'Apascenta meus cabritos' (Ct 1,7)-disse-lhe, pois, ao cria-la ao Senhor. Como se sabe, os cabritos são uma conhecida figura dos pecadores que no juízo final (Mt 25,33) serão postos à esquerda, enquanto as ovelhas figuram os eleitos, cujos lugares serão à direita. Ora esses cabritos são confiados à grande mãe de Deus para converte-los em ovelhas; os que por suas culpas mereceriam ser repelidos para a esquerda, graças aa intercessão de Maria, colocados à direita; mas só aqueles que a servem e invocam" (GM, p.147).

Se nos causa temor e arrepio estar entre os cabritos que serão colocados à esquerda de Jesus, consola-nos saber que todos aqueles que servem e invocam a intercessão da Virgem Santíssima estarão certamente à direita do Rei e da Rainha, entre as ovelhas. Nossa Senhora mesma disse a Santa Brígida:

"Semelhante ao ímã que atrai o ferro, a mim atraio aos corações mais emperdenidos para reconciliá-los com Deus. E tal prodígio realiza-se não poucas vezes mas todos os dias".

Segundo S. João Crisóstomo, "Maria foi feita Mãe de Deus também para que, por sua poderosa intercessão e doce misericórdia, se salvem os infelizes que por sua vida má não se poderiam salvar segundo a justiça divina".

E perguntam os santos: "Ora, se Maria tornou-se Mãe de Deus ou então aos pecadores, como posso eu desesperar do perdão dos meus pecados, por enormes que seja"?Ensina-nos a Igreja, na missa da vigília da Assunção de Nossa Senhora ao céu, que a Mãe de Deus foi transferida deste mundo para interceder por nós junto a Deus, no céu, com plena confiança de ser atendida" (GM, p.148).

São João Bosco, devotíssimo de Nossa Senhora, certa vez teve um sonho: Viu como São Domingos Sávio vinha à frente de uma multidão de jovens. Trazia numa das mãos um ramalhete de flores que ofereceu a São João Bosco, dizendo:"Eis a rosa, símbolo do amor; a violeta, da humildade; o girassol, da obediência; as espigas de trigo significam a comunhão freqüente; o lírio, a pureza".

E São João perguntou a seu pequeno amigo que já falecera em odor de santidade: "Qual foi a coisa que mais te consolou na hora da morte?" E logo veio a resposta:

"A assistência da Mãe de Deus. Diga a seus filhos a fim de que a invoquem, enquanto tiverem vida"(VtMM, p.94).

S. Justino d´pa a Maria o título de "arbitra de nossa sorte". Jesus é o medianeiro junto ao Pai Eterno e Maria é nossa medianeira junto a Jesus, ensinam os santos. Santo André de Creta a chama de "penhor e caução de nossas pazes com Deus", isto é,reconciliadora de Deus com os homens. São Boaventura diz aos pecadores: "Que deveis fazer, se por causa de teus pecados temes a Deus? Vai, recorre a Maria, que é a esperança dos pecadores. Estais, porém, receoso de que ela não queira tomar tua defesa? Pois então fica sabendo que é impossível uma tal repulsa; pois o próprio Deus encarregou-a de ser o refúgio dos pecadores" (GM, p.149).

E Santo Afonso pergunta: "É lícito a um pecador desesperar de sua salvação quando a própria Mãe do Juiz se Lhe ofereceu por Mãe e advogada?" (idem). Agradece, portanto ao Senhor que te deu uma tão grande medianeira, nos exorta S. Bernardo.

Recorre, pois, a Maria, e serás salvo, nos anuncia S. Afonso.

S. Germano, bispo de Constantinopla, que morreu no ano de 733, assim fala:

"Ninguém, ó Santíssima, conhece a Deus, senão por Vós; ninguém se salva senão por Vos, ó Mãe de Deus. Vós, com vosso poder maternal que tendes sobre Deus, vosso Filho, obtendes sobre aos pecadores, até aos maiores, a graça do perdão, pois é impossível que não sejais ouvida, porque Deus vos faz a vontade por serdes Sua vredadeira Mãe Imaculada"(VtMM, p.98).

É preciso repetir aqui, e os santos o afirmam: não é que Deus não possa conceder Suas graças sem a intercessão de Maria, mas sim que Ele não quer; a fim de honrá-la. Querendo exaltá-la de modo extraordinário, o Senhor determinou por isso que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as graças dispensadas às almas remidas. Não é à toa que o demônio faz de tudo para acabar com a devoção a Maria em uma alma; pois, cortado este canal das graças, esta alma fica muito fácil sua conquista.

Um dia, a própria Virgem revelou a Santa Brígida que assim como Adão e Eva por uma maça venderam o mundo, assim também Ela e seu Filho com um coração o resgataram (VtMM, p.106).

Dante, o grande poeta teólogo, disse certa vez:

"Pretender uma graça e não a pedir a Maria, o mesmo é querer que o desejo voe sem asas" (VtMM, p.113).

Onde Nossa Senhora mais se faz medianeira das graças é nos Santuários Marianos do mundo todo. E esta é a grande importância de visitar com freqüência esses santuários. Todos eles, no mundo todo, estão repletos dos testemunhos das graças de Maria.

Certa vez no Santuário de Lourdes, uma jovem muito enferma já próxima da morte, aguardava a procissão do Santíssimo Sacramento. Lá vinha o Santíssimo trazido por um cardeal, passou pelas fileiras dos doentes à espera de um milagre. O cardeal estava diante da jovem enferma. Era o momento decisivo para ela. Deu-lhe a benção do Santíssimo... e se foi. A jovem, em seu leito de dor, não fica curada. A Virgem não atendeu as preces e Jesus eucarístico já ia se afastando. Quase desesperada, sentindo já a frieza da morte, levantou a voz e gritou:

"Jesus, Filho de Maria, tu não me curaste, vou dize-lo à Tua Mãe".


Comovido, o cardeal voltou ao ouvir estas palavras tão cheias de fé, e dá a segunda benção à jovem, que ficou repentinamente curada, e de pé gritou:

"Jesus, Filho de Maria, tu me curaste, vou dize-lo à tua Mãe para que ela me ajude a agradecer-Te" (VtMM p.189).

São muitas as histórias como esta que ficaram famosas em muitos Santuários de Maria no mundo todo.

"Minha Mãe, pedi-me tudo o que quiserdes!", ouviu Santa Brígida Jesus dizendo a Maria; ao que ela respondeu ao Filho: "Imploro misericórdia para os infelizes (GM, p.152).

"Ó Maria, exclama S. Boaventura, sois tão cheia de compaixão, tão extremosa em socorrer os infelizes, que pareceis nãoter outro desejo nem outra ocupação"(idem).

Quando rezamos, na Salve Rainha, estas palavras: "Eia, pois, advogada nossa, a nós volvei esses vossos olhos misericordiosos", não pode Maria deixar de volver os olhos para quem a invoca; assim foi revelado a S. Brígida (GM p.156)

S. Boaventura declara que "essa Mãe amorosíssima tem o mais vivo desejo de fazer bem a todos; julga-se ofendida não só por quantos a injuriam, como por aqueles que não solicitam seus favores" (idem).

Certa vez quando S. Gertrudes rezava essas palavras da Salve-Rainha, apareceu-lhe Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços e, mostrando-lhe os olhos de seu Filho, disse: "São estes os olhos misericordiosos que posso inclinar, a fim de salvar todos aqueles que me invocam"(GM, p.155).

Maria é a Mãe do Senhor, que é onipotente. Por isso, tão fácil é a ela reconhecer nossas misérias como realizar todos os seus desejos. Se, por causa de nossos pecados, nos invadir a desconfiança,digamos com os santos: "Ó Senhora minha, não me lanceis em rosto meus pecados, porque lhes oporei vossa misericódia. Pois vossa misericórdia é muito mais eficaz para obter-me o perdão, que todos os meus pecados para valerem-me a condenação".

Afirma S. Afonso, com toda certeza, que "é impossível que se perca um devoto de Maria que fielmente a serve e a ela se recomenda"(GM,p.159).E, para confirmar esta afirmação, chama o testemunho dos santos Padres e Doutores. Santo Anselmo: " É impossível salvar-se quem não é devoto de Maria e não vive sob sua proteção e também é impossível que se condene quem se entrega a Virgem e por ela é olhado com amor". O mesmo diz Santo Antonino e S. Alberto Magno: " Todos os que não são vossos servos hão de perder-se ó Maria". São Boaventura: "Aquele que se descuida de servir a Santíssima Virgem morrerá em pecado". (GM, p.160).


Sabendo dessa verdade, diz o santo, o demônio trabalha para que os pecadores, depois de perder a graça de Deus, percam também a devoção a Maria; pois teme que esta Mãe, com seus rogos, reconduza Jesus a essa alma.


Para santo Efrém, a devoção a Maria é salvo-conduto que nos livra do inferno e para S. Germano é a protetora dos condenados. Para São Bernardo, não falta a Maria nem poder nem vontade para nos salvar. É Maria que leva o pecador a reconhecer seu miserável estado e ao arrependimento de seus pecados e obtém-lhe a perseverança no bem. Por isso diz, S. João Damasceno:" Ó Mãe de Deus, se em vós puser minha confiança, serei salvo. Se estiver sob sua proteção, nada tenho a recear porque a devoção para convosco é uma segura arma de salvação, por Deus concedida só aos que deseja salvar". (GM, p. 162).


A intercessão poderosa de Nossa Senhora se dá também junto ás almas do purgatório como sabemos, ensina que a Igreja que elas muito sofrem em sua purificação e nada podem fazer por si mesmas, pois estão em "cadeias". Diz S. Bernardino de Sena que " Maria tem nesse cárcere das esposas de Jesus Cristo certo domínio e pleno poder, tanto para alivia-las como também para livra-las completamente daquelas penas" (GM.p.167). Esta é a razão pela qual S. Domingos rezava o rosário inúmeras vezes pelas almas.


Afirma S. Afonso que, embora Maria socorra todas as almas que penam, obtém para seus devotos mais indulgências e maior alívio, Revelou Nossa Senhora a Santa Brígida: Eu sou a Mãe de todas as almas do purgatório, pois por minhas orações lhes são constantemente aliviadas as penas que merecem pelos pecados cometidos durante a vida" (idem). "Penetrei no fundo do abismo", isto é, do purgatório, como explica S. Boaventura, para consolar com minha presença essas santas almas.


S. Vicente Ferrer exclamava: "Oh! Como é boa e clemente a Santíssima Virgem para as almas do purgatório, que por sua intercessão recebe conforto e refrigério!" (GM p,168).


Nossa Senhora revelou a Santa Brígida: " Um pobre doente, aflito e desamparado numa cama, alenta-se ao ouvir palavras de consolo e conforto. Assim também as almas do purgatório enchem-se de alegria só em ouvir pronunciar o nome de Maria - O nome só de Maria, nome de esperança e salvação, que continuamente invocam naquele cárcere, lhes dá um grande conforto" (Idem)


No dia da Assunção, esvaziou-se o purgatório, escreve S. Afonso. E isso o afirma também S. Bernadino de Sena.


Conta S. Pedro Damião que certa senhora apareceu depois de morta a uma amiga e lhe disse que no dia da Assunção de Maria, havia sido libertada do purgatório (GM,p. 169).


Afirma S. Afonso que nas festividades de Natal, Ressurreição do Senhor e em todas as festas solenes da Virgem Maria, ela desde ao purgatório, acompanhada por muitos anjos, e liberta muitas almas para o céu (idem).


Conhecida, diz S. Afonso, é a promessa que Maria fez ao Papa João XXIII. Apareceu-lhe um dia e ordenou fizesse saber a todos aqueles que trouxessem o escapulário do Carmo que seriam livres do purgatório no primeiro sábado depois da morte. E o Papa assim o fez por uma bula que publicou, o que depois foi confirmado pelos papas Alexandre VII, Pio V, Gregório XIII e Paulo VI. Este, o ano de 1613, na bula então publicada diz assim: " Pode o povo cristão piamente crer que a bem-aventurada Virgem ajudará com sua contínua intercessão, com seus rogos e com especial proteção, depois da morte, e principalmente no dia de sábado, consagrado pela Igreja à Virgem Maria, as almas dos devotos de Nossa Senhora do Carmo ..." (idem).


Portanto, podemos prestar uma grande caridade às almas do purgatório, rogando por elas à Virgem Santíssima, principalmente através do Santo Rosário.


Além da intercessão pelas almas, os santos enaltecem Maria por colocar seus devotos no céu. Garante S. Boaventura que as portas do céu se abrem para receber a quantos confiam no patrocínio de Maria. Santo Efrém diz, por isso, ser esta devoção a abertura do Paraíso, Santo Ambrósio lhe pede: " Abre-nos, ó Maria, a porta do paraíso, já que deles tende as chaves e sois a porta, como vos chama a Santa Igreja".


São Tomás de Aquino diz que a Igreja lhe deu o nome de "estrela do mar" porque, assim como os navegadores são dirigidos ao porto por meio da estrela, assim os cristãos são guiados para o paraíso por meio de Maria. Para S. Bernardo ela é o carro que nos leva ao céu. E Santo Afonso diz que ela é a Senhora do céu, pois que ali manda como quer e nele introduz quem quer. Aquele, por conseguinte, que a serve e conta com sua intercessão esta seguro do paraíso, como se já ali estivesse (GM p,173).


Servir a Maria das honras a maior e garantia do céu.


Por isso é preciso ouvir S. Boaventura:" pecadores, sigamos as pegadas de Maria, prostremo-nos as seus pés e não a deixemos até que nos abençoe, porque sua benção nos será como penhor do paraíso" (GM p.175). Diz Santo Iidefonso que profetizou a Virgem Maria que todas as nações a chamariam bem-aventurada, porque é por meio dela que os efeitos obtêm a eterna bem-aventurança.


S. Metódio lhe diz: " Sois ó grande Mãe, principio, meio e fim de nossa felicidade. Principio, porque Maria nos alcança o perdão dos pecados; meio, porque nos obtêm a perseverança; fim porque ela finalmente nos consegue o paraíso". Conclui S. Boaventura dizendo: " Ditosos, pois aqueles que adquirem o favor de Maria, estes desde logo serão reconhecidos dos bem-aventurados, por seus companheiros e quem tiver o caráter de servo de Maria será registrado no livro de vida. "Quem tem este sinal, Deus o reconhecerá por Seu" (2Tim 2,19)


Um dia Santa Madalena de Pazzi viu numa visão uma barquinha no meio do mar. Nela estavam refugiados todos os devotos de Maria, que pilotando o barco seguramente os conduzia ao porto. Compreendeu logo a santa, que todos os que no meio dos perigos desta vida vivem sob a proteção segura de Maria são preservados do naufrágio do pecado e da condenação; porque Maria seguramente os guia ao porto do paraíso. É por isso que canta a Igreja: "Santa Mãe de Deus, todos aqueles que hão de participar dos gozos eternos habitam em vós, vivendo sob sua proteção".


No dia 17 de maio de 1992 o Papa João Paulo II beatificou a Irmã Josefina Bakita, religiosa Canossiana, que fora escrava no Sudão. Pouco antes de morrer, muito enferma, uma irmã lhe perguntou: "Irmã Josefina como vai?" Respondeu:


" Vou me devagarinho para eternidade ...


... Vou com duas malas: uma contém meus pecados, a outra, bem mais pesada, contém os méritos infinitos de Jesus Cristo.


Quando eu comparecer diante do tribunal de Deus, cobrirei minha mala feia com os méritos de Nossa Senhora, depois abrirei a outra, apresentarei os méritos de Jesus Cristo e direi ao Eterno Pai:


"Agora julgai o que vedes"


Oh, estou segura de que não serei rejeitada. Então voltarei a S.Pedro e direi: "Pode fechar a porta porque eu fico!"


Os méritos de Maria encobrem os pecados de seus devotos perante Deus.


Tornou-se célebre o verso: " O que Deus pode, mandando, Maria pode, rogando. É a "onipotência suplicante".


São Bernardo nos diz: " se tu não mereces a graça solicitada a Deus, bem a merece Maria que por ela se empenhará".


"Com todas as fibras de seu coração, com todos os sentimentos de nossas entranhas, com todo nosso ardor, veneremos Maria, pois esta é a vontade daquele que quer que te tenhamos tudo por Maria." (MM. P. 96)


A doutrina sobre a Mediação de Nossa Senhora esta hoje fora de toda a duvida. Os últimos Papas a confirmaram. E a Igreja definiu o Ofício e Festa de Nossa Senhora Medianeira das graças.

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