O Lefebvrismo e seu problema fundamental: Com o Papa e contra o Papa!

 


Fonte: Missioneiros da palabra

Autor: Martin Zavala M.P.D.

Tradução: Rogério Hirota


Introdução


Após uma atenta leitura do folheto escrito pelos padres lefebvristas Beauvais e Lagneau, principais expositores no continente Américano desta corrente tradicionalista, chega-se a conclusão que o problema fundamental é a falta de comunhão com Pedro vivo na pessoa do Papa e, portanto, a falta de comunhão com a Igreja viva.


O Problema Principal


* Os quatro bispos consagrados por Mons. Lefebvre estão excomungados, ou seja fora da comunhão.


* Não figuram no Anuário Pontifício.


* Não efetuam a visita ad Limina Apostolorum Petri et Pauli. Portanto, estes bispos não estão em comunhão com o Papa.


* Não estão em comunhão com nennhum bispo que esteja em comunhão com Pedro.


Ante este problema principal, os outros problemas: Missa de Paulo VI, colegialidade, ecumenismo e liberdade religiosa se transformam em simples desculpa. Já possuem uma posição tomada contra o Sucessor de Pedro, posição que trabalha neles como um verdadero "vorgriff" (ou preconceito) e, então, estarão "a prior" contra o "novo" rito, o "novo" Código de Direito Canônico, o "novo" Catecismo, a "Veritatis Splendor", etc., etc., etc. Tudo o que emana da Igreja depois deo Concílio Vaticano II, será suspeito para eles como modernismo.


Como é obvio não se trata da crítica a algúm ato isolado do Papa como é o exemplo visto com São Paulo, São Bruno, São Hugo, São Godofredo, São Norberto etc., estamos aqui diante de uma crítica global a, pelo menos, tres Papas: Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II. E o que é de se temer, diante uma crítica global aos Romanos Pontífices que os sucedem, é a simples razão de que aqueles que criticam estão convencidos que SÃO como "a hipóstasis" da Tradição que julga o Magisterio, e enquanto este não diz o que eles querem, seguirão utilizando como recurso os Santos que se opuserom a algum ato dos Papas, para se opor aos Papas sucessivos e de maneira global.


Nominalmente não são sedevacantistas, quer dizer "creem que existe um Papa e que a sede não está vaga, mas na prática parecem adotar os mesmos conceitos. De fato, a tentação de alguns de seus membros foi desviar ao sedevacantismo, apesar da clara advertência do mesmo Mons. Lefebvre: "o raciocinio de quem afirma a inexistência do papa coloca a Igreja em uma situação muito complicada. A questão da visibilidade da Igreja é demasiadamente necessária a sua existencia para que Deus possa tê-la omitida durante decênios. Quem nos dirá aonde está o futuro papa? Como se poderá designa-los se já não existe cardeais?" e certamente , no plano inclinado em que se encontram pela crítica habitual ao Romano Pontífice:


O sedevacantaismo é Sua grande tentação


Por exemplo, um dos bispos ordenados por Lefebvre, o inglês Richard Williamson, que está excomungado, acaba de declarar respeito a encíclica "Veritatis Splendor": "é um pensamento humanista, antropocêntrico e secular, que se acerca demasiadamente ao pensamento dos filósofos modernos, muito anticatólicos, como Emmanuel Kant". Ao mesmo tempo mas em lado oposto, um dos mais grandes conhecedores de São Tomás, discípulo direto do Pe. Santiago Ramírez, O.P., escreve: "...espero haver apresentado os principais traços desta excepcional encíclica de João Paulo II, em que se faz sentir o sólido e coêrente pensamento teológico-antropológico de São Tomás, a quem encontramos citado 23 vezes" .


Um bispo lefebvrista excomungado crê que pode-se caluniar impunemente ao Sucessor de Pedro, mas se esquece que a mentira tem pés curtos. E se um bispo se atreve a dizer coisas tão grosseiras do Papa, o que não dirão aqueles que os seguem! Estes tais trabalham para separar os homens da Igreja Católica, com a desculpa de que lutam contra o modernismo, mas o que estão fazendo, é abrir-lhes o caminho.


Com o Papa e contra o Papa?


Que contraditórios. Por um lado os seguidores de Lefebvre afirmam rotundamente estar com o Papa e em toda sua propaganda passam atacando ao sucessor de Pedro rotulando-o de modernista, progressista e anti-magisterial. Se esquecem que a fé de sempre somente se defende com a fé de sempre. O fato de que em uma ocasião São Paulo tenha repreendido a São Pedro (Cf. Gál 2,11 ss) não significa que todos se achem como São Paulo, nem que se viva em um estado permanente de reprenssão e crítica a quem faz as vezes de Pedro. Tanto que falam da Tradição e não mencionam que o Papa São Nicolau I (858-867) ensina que "a primera Sede não será julgada por ninguém" , e São Leão IX (1049-1054), que da Sede suprema "não é lícito a nenhum homem pronunciar juizo" e que "como a dobradiça, permanecendo imóvel traz e leva a porta; assim Pedro e seus sucessores tem livre juizo sobre toda a Igreja, sem que ninguém deva fazer-lhes mudar de lugar, pois a Sede Suprema por ninguém é julgada".


Que coisa curiosa, por que não comentam que a queda do comunismo na Europa Central e do Leste se deve em grande parte a João Paulo II? Por que nem uma palavra é dita sobre a graça concedida pela Virgem de Fátima salvando-lhe a vida em 13 de maio de 1981? Acaso a Tradição não honrou sempre aos confessores da fé?


O carácter iluminista da sistemática crítica e atitude contestante ao Papa se fundamentaliza pelo recurso sistemático ao chamado "incidente de Antioquía"(Gal 2,11), mas nunca se recorda que na mesma carta São Paulo diz que subiu a Jerusalém a consultar a Pedro (Gál 1,18-19), e logo o fez pela segunda vez para saber se não havia corrido em vão (Gál 2,2).


Igualmente passa com os irmãos lefebvristas que ao romper a comunhão com o sucessor de Pedro suas razões e argumentos estarão em conflito com o que desde sempre tem sido o coração da Tradição, que é o Primado do Papa, sua falha é da origem pois a Tradición que tanto dizem defender sempre tem afirmado este aspecto desde o:


Tú és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja (Mt 16,18).



Passando por Santo Ignacio de Antioquía aos cristãos de Roma: "estão purificados de toda tinta estranha", e sua frase sobre Pedro que "preside na caridade".



Santo Ireneu: "Nela (a Igreja de Roma) se tem sempre conservado a tradição apostólica". (Contra as heresias III, 3, 2. )


São Cipriano a designa como "ponto de partida da unidade episcopal", nela "não tem acesso o erro na fé". (Epístola 59, 14)


São Jerônimo escreve ao Papa: "Somente em vós se conserva íntegra a herença dos Padres". (Epístola 15, 1)


Santo Agostinho: "Roma locuta causa finita". Roma falou, a causa está encerrada (Sermão 131, 10, 10)


Santo Ambrósio: "Aonde está Pedro ale, está a Igreja". (Enarr. in Ps., 40, 30)


São Leão Magno: "Assim como perdura para sempre o que em Cristo Pedro acreditou, da mesma maneira perdudará para sempre o que em Pedro Cristo instituiu". ( Sermón 3, 2 )


Os padres do Concilio de Calcedônia (ano 451) recebem a epístola dogmática do Papa São Leão I (o Tomus ad Flavianum) aclamando: "Pedro tem falado pela boca de Leão".


O Papa Hormisdas (ano 519) disse: "Na Sé Apostólica se tem conservado sempre imaculada a religião católica"


Até o Concilio Vaticano II na Lumen Gentium 18b: "Esta doutrina sobre a instituição, perpetuidade, poder e razão de ser do sacro primado do Romano Pontífice e de seu magisterio infalivel, o Santo Concilio a propõe novamente como objeto de fé incomovível a todos os fieis". ¡


"As Igrejas particulares do Oriente e Ocidente... estão encomendadas por igual ao governo pastoral do Romano Pontífice, que por instituição divina suscede a Pedro no primado sobre a Igreja Universal"


E assim como, paradoxalmente, os protestantes com a "sola Escritura" ficaram sem Escritura, os integristas conservadores seguidores de Lefebvre ao recuzar na origem o sucessor de Pedro, análogamente, com a "sola Tradição" ficaram sem Tradição.



Ânimo e prepára-te para saber dar as razões de tua fé.

Postar um comentário

Deixe seu Comentário: (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem