Fonte: Conheça melhor a biblia
Autor: Pe. Luiz Cechinato
Antes de tudo, o povo semita era muito simples, bem diferente dos gregos e dos latinos, que eram desenvolvidos na Filosofia. Os gregos e latinos falavam uma linguagem mas racional, cheia de abstrações e conceitos filosóficos. Os semitas não. Eram um povo intuitivo. Falavam uma linguagem bem concreta, personificando e encarnando o seu pensamentos.
Por exemplo, um semita não usa expressões: " natureza humana " ou " humanidade ". Ele emprega a palavra "carne". Para dizer que toda a humanidade havia se corrompido, o escritor sagrado escreveu:
Deus olhou para a terra e viu que ela estava corrompida: toda a criatura seguia na terra o caminho da corrupção. (Gn6,12 ).
Para dizer que a mulher tinha a mesma natureza do homem, Adão se expressou com esta linguagem concreta e materializada:
Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.” (Gn 2,23).
Em vez de usar conceitos abstratos, os semitas recorriam a certos jogos de palavras que expressavam o seu pensamento de maneira concreta. Por exemplo, para dizer que estava decidido a morrer, o hebreu dizia que "punha a sua carne entre os dentes".
Ainda a expressão: "Trazer a vida na palma da mão" significava também: " estar prestes a morrer ". E porquê?
Porque o que está na mão está para ser entregue. Por isso, no meio do seu sofrimento Jó disse:
" Porei a minha carne entre meus dentes, e levarei na mão a minha vida" ( Jó 13,14)
No profeta Isaías temos um exemplo bonito, onde aparece bem como a linguagem bíblica concretiza ao maximo a fala de Deus. Para dizer que a misericordia de Deus está bem perto, fala que Deus " não tem mão curta ". E para dizer que Deus está sempre atento as nossas preces, fala que Deus " não é duro de ouvido ".
" Não, não é a mão do Senhor que é incapaz de salvar, nem seu ouvido demasiado surdo para ouvir, são vossos pecados que colocaram uma barreira entre vós e vosso Deus. Vossas faltas são o motivo pelo qual a Face se oculta para não vos ouvir. " (Is 59,1-2)
Quem não leva em conta estas coisas próprias da lingua do povo que escreveu a Biblia, não vai nunca entender a Palavra de Deus. Porque a Palavra de Deus, ao ser transmitida ao homem, recebeu toda esta embalagem humana. Deus aceitou que a sua Palavra eterna, viva e verdadeira, aos er transmitida se revestisse da roupagem humana do povo simples que a escreveu. É bom sabermos disso, porque senão vamos achar que a Bíblia é lenda ou fantasia.
Por exemplo, o caso de Adão e Eva, da cobra e da Fruta. Estas figuras literarias não interessam. Trata-se de um modo de falar personificando tudo. Mas atras desta fantasia, existe uma verdade divina que Deus quer transmitir-nos: é a rejeição de Seu plano de amor por parte do homem, bem como as desastrosas consequências desse rompimento.
O escritor da Biblia inventa este dialogo da serpente com o homem e de Deus com a serpente, para mostrar-nos que existe o maligno com sua tentação. Essa tentação entra sempre por meio de uma mentira aparente de verdade. Jesus disse que o demônio é o " pai da mentira " (Jo 8,44). Quando o escritor da Bíblia diz que Adão e Eva "abriram os olhos e viram que estavam nus", ele quer dizer que eles viram a sua " triste realidade ". Ver-se "nú" é perceber o seu nada, a sua miséria extrema, o vazio de seu coração, visto que o homem havia perdido a amizade com Deus ou o " estado de justiça original ". Vamos ler e meditar nesse trecho da Biblia Sagrada, procurando descobrir aí a Verdade de Deus e a realidade nossa, pois aquele Adão e aquela Eva somos nós mesmos. Leiamos Gênesis 3, 1-3.
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