O que dizer sobre os dados do IBGE sobre a Igreja Católica?

 


Revista “Pergunte e Responderemos”-N0 496 – Outubro de 2003


D. Estevão Bettencourt – OSB


Em Sintése:


De acordo com o censo do ano de 2000, a população católica do Brasil tem diminuído numericamente. Isto se pode explicar por 4 razões:


Ser católico é mais exigente do que professar outra crença religiosa;

Os novos pregadores atraem por suas promessas de milagre;

A ignorância religiosa torna muitos católicos sujeitos á influência de mensageiros de palavra fácil;

O mau comportamento de católicos tem sido ocasião de deserções;


Como resultado do censo do ano 2000 o IBGE publicou os seguintes dados relativos à religiosidade do povo brasileiro:


Católicos – 73,8 % da população

Evangélicos – 15,45 % ( destes, 67,6% são pentecostais ou neopentecostais);

Espíritas – 1,4 %

Umbanda e candomblé – 0,3 %

Religiões orientais – 0,3 %

Judeus – 0,1 %

Outras religiões – 1,3 %

Indeterminados – 0,2 %

Sem religião – 7,28 %


O Estado mais católico é o Piauí, com 91,35 % de fieis; o menos católico é o Rio de Janeiro com 57,16 5. O Estado mais evangélico é Rondônia (27, 5 %). Só para comparar: na Inglaterra e na França 30 % da população se dizem sem religião.


Além do que, verifica-se que o número dos “sem religião” cresceu em relação ao censo anterior. Donde a pergunta:


QUE DIZER ?


Distinguiremos dois aspectos: o decréscimo numérico de Catolicismo e o aumento dos “sem religião”.


1 Decréscimo numérico dos Católicos


São 4 as principais causas de que se podem apontar para o fenômeno:


1.1 Nobres exigências do Catolicismo


A experiência ensina que muitos abandonam o Catolicismo porque não conseguem viver de acordo com a Moral Católica; querem casar-se de novo após um primeiro matrimonio válido ou querem abortar, ou praticar relações extraconjugais ... tipos de comportamento que encontram apoio fora do Catolicismo.


O decréscimo daí decorrente não depõe contra a Igreja Católica,mas ao contrario, só a nobilita. A Igreja perdeu o reino da Inglaterra em 1534 por ser fiel a Cristo, não concedendo o divórcio ao rei Henrique VIII e manterá a sua fidelidade até o fim dos tempos sem querer “comprar a simpatia “ do público. Este poderá reconhecer na Igreja o valor da coerência, flor um tanto rara nos dias atuais.


1.2 Promessas de milagres


Muitos dos novos pregadores religiosos prometem milagres e graças maravilhosas aos seus seguidores, e fazem-no com grande loquacidade. Isto impressiona aos ouvintes de pouco senso critico, de modo que se deixam atrair por tais promessas, sujeitos ao logro e á decepção. Os freqüentadores das novas comunidades eclesiais são muitas vezes submetidos a uma “lavagem cerebral”, feita de agressões e calunias contra a Igreja Católica, de maneira que dificilmente retornam ä Santa Mãe Igreja, e caem no indiferentismo após o eventual malogro de sua experiência religiosa (que não raro esvazia o bolso do crente).


1.3 Ignorância religiosa dos Católicos


O despreparo religioso de muitos católicos torna-os mais dispostos a se deixar mover por promessas e calúnias. A ignorância em matéria de fé é a causa da anemia do Catolicismo brasileiro. Se conhecessem melhor as verdades do Credo Católico, não iriam buscar fora do Catolicismo o que nele se encontra em quantidade e qualidade insuperáveis. Quem é inseguro na fé, concebe problemas que não têm realidade objetiva.


1.4 Má conduta de Católicos


É espontâneo a muita gente identificar o Catolicismo com os católicos, de modo que, se estes se escandalizam, é repudiada a própria instituição a que pertencem. É necessário um discernimento maior para guardar a consciência de que a Instituição (a Santa Igreja) e seu programa têm valor, mesmo quando os filhos da Igreja não correspondem á sua Mãe. A propósito recomenda-se o Curso de Eclesiologia da Escola “Mater Ecclesiae (telefax 0xx21 2242-4552). Na Igreja de Cristo haverá sempre o joio e o trigo por vontade mesma do Senhor. Ver Mateus 13, 24-30.


1.5 Aumento numérico dos “sem religião”


São 7,28 % os que dizem não ter religião. Isto não quer dizer que sejam ateus, mas sim que não pertencem a nenhuma denominação religiosa. Este fenômeno crescente pode ter dois motivos:


a) Comodismo: é mais fácil fazer a sua religião própria, de maneira individualista;


b) Ilusório bem-estar que a vida às vezes proporciona a quem tem saúde, trabalho, dinheiro ... Muitos assim situados “não precisam de Deus”; para que acreditariam em Deus? – Todavia essas circunstancias de euforia são passageiras, a saúde declina, o dinheiro preocupa, as rivalidades ameaçam ... Em conseqüência muitos na segunda metade da vida volta às suas origens religiosas e reconhecem que a vida presente se torna absurda se ela carece de referencia ao Absoluto; tudo passa, ao passo que o ser humano não passa; fica á espera do que não passa e se chama DEUS. O mundo moderno, com sua tecnologia avançada pode oferecer a muitos a sensação ilusória que pretende dispensar Deus. Euforia passageira !


3. Conclusão


Os dados do IBGE não desnorteiam o fiel católico, mas lembram-lhe a palavra do Senhor: “Vós sois o sal da terra, a luz do mundo (Mt 5, 13s). O Católico se sente chamado a ser mais sal saboroso e mais luz brilhante. A ele, por mais modesto que seja, toca uma parcela de responsabilidade nos destinos de seus irmãos, pois todos estão inseridos na rede de vasos comunicantes em que cada um recebe a graça de colaborar na salvação dos outros mediante a oração e a santidade de vida. Cada qual pode e deve responder á estatística do IBGE através desses recursos, que são o segredo da vitória da Verdade sobre o erro e do Bem sobre o mal.

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