Padre Syllas e a vizinhança evangélica

 


Autor: Diario de Sao Paulo


“Queria saber o esquema de lavagem cerebral”



Cravada em frente ao gigantesco templo da Igreja Universal e ao lado da suntuosa obra do templo da Assembléia de Deus, a Paróquia São João Batista sobrevive em meio aos pentecostais. O padre Syllas Reschiliani, responsável pela igreja que tem quase 100 anos de existência, presenciou a invasão dos evangélicos na Zona Leste. Além de ser testemunha ocular da construção dos grandes templos da Avenida Celso Garcia, o padre confessou que costuma se infiltrar em cultos para descobrir o que está sendo dito aos fiéis.


Como os pentecostais começaram a se instalar na Avenida Celso Garcia, no Brás, Zona Leste?

No passado, o movimento da Celso Garcia era grande. Hoje, está quase deserta aos finais de semana. Por causa da crise econômica, muitas lojas fecharam. Os pentecostais aproveitaram para comprar terrenos e alugar velhas e amplas salas.


Por que os evangélicos pentecostais receberam tanta adesão da população?

Em primeiro lugar, muitos cristãos, que nunca assumiram uma religião, migraram para o pentecostalismo. Depois, porque as pessoas ficaram satisfeitas, num primeiro momento, com a promessa de que a magia poderia resolver todos os problemas. Foi o desemprego que empurrou muita gente para esse caminho.


A paróquia perde hoje muitos fiéis para os pentecostais?


Acho mais fácil os fiéis dessas igrejas buscarem apoio na Igreja Católica. Algumas pessoas que freqüentam a Paróquia vieram da Igreja Universal, por exemplo. Com o tempo, algumas pessoas percebem que muito do que é dito nos templos não funciona.


O senhor conhece o discurso que é usado nos templos?


Já entrei algumas vezes no templo da Igreja Universal do Reino de Deus. É claro que não sabem que eu sou padre. Queria conhecer a tática deles. Queria saber e ver de perto esse esquema de lavagem cerebral.


Padre, o que o senhor achou?


Achei irônico pregarem contra as imagens dos santos da Igreja Católica e oferecerem tantas outras imagens com promessas de graças a serem alcançadas. Entrei numa das filas e recebi uma canoa com anjos. Tive que depositar um envelope, que deveria conter dinheiro. É claro que deixei o envelope vazio.


Padre Syllas Reschiliani, o sr. já tentou uma aproximação com os pentecostais da vizinhança?


Eu acredito no ecumenismo, mas com a Igreja Universal não há jeito.




DIARIO DE SAO PAULO 11/01/2004

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