Retornos à Igreja Católica

 


Autor: D. Amaury Castanho


Jundiaí (SP), 13/1/2004 - 09:06



Os primeiros artigos desta série sobre a Igreja Católica e os Protestantes no Brasil, nos levaram aos séculos XVI, XVII e XIX. No século da descoberta, desembarcavam no Rio de Janeiro os calvinistas franceses. Foi efêmera a sua permanência. Nas primeiras décadas do século XVII chegaram ao Nordeste - Bahia e Pernambuco - os calvinistas holandeses. Os Padres José de Anchieta e Antonio Vieira, os portugueses e os indígenas os expulsaram em memoráveis batalhas. A absoluta maioria dos colonizadores e indígenas professava a fé católica. O Brasil nascera e continuava católico.



O século XVIII, ao que consta, exceção feita por um ou outro viajante, foi tranqüilo. A Igreja Católica contava com a proteção das autoridades de Portugal e do Novo Mundo. Foi no século XIX que os protestantes vieram para ficar, como escrevemos em outro artigo. Primeiro foram os anglicanos, seguidos de grupos mais numerosos de presbiterianos, luteranos e metodistas. No fim do Império chegaram, também, os primeiros congregacionais da Assembléia de Deus. Já na primeira metade do século XX, pouco a pouco foram se multiplicando outras Igrejas: Congregação Cristã do Brasil, Evangelho Quadrangular, Brasil para Cristo, Deus é Amor e outras, todas "pentecostais". Nas últimas décadas do segundo milênio foi a vez dos "neo-pentecostais": Comunidade Sara Nossa Terra (1976), Universal do Reino (1977), Internacional da Graça (1980), Renascer em Cristo (1986) e inúmeras outras. A cada dois dias surge entre nós uma nova Igreja pentecostal (sic!).



Os protestantes, em especial os "neo-pentecostais", se expandiram a olhos vistos. Pelo Censo oficial do ano 2000, os católicos somos 130 milhões, 73,9% e os evangélicos 27 milhões, 15%, dos 170 milhões de brasileiros. Entre as Igrejas evangélicas a maior é, como vimos, a Assembléia de Deus, seguida pela Igreja Luterana. De anos para cá a que mais se expande é a Universal do Reino, à qual dedicamos dois artigos. Referimo-nos ao seu fundador, o "bispo" Edir Macedo, aos princípios que o distanciam tanto da Igreja Católica quanto das Igrejas Protestantes históricas. Insistimos na ênfase dada à "teologia da prosperidade" e em seu empenho pela conquista do poder político em nível de Municípios, Estado e Federação.



Os artigos anteriores mereceram aplausos vindos de perto e de longe. Nenhum telefonema, fax ou e-mail discordando ou criticando. Destacamos aqui, carta recebida do Padre José Nadir Brum, de São Paulo. Além da delicadeza de nos oferecer o livro "Por que estes ex-protestantes se tornaram católicos?", que tem como autor Jaime Francisco de Moura, editado em 2003, ele nos sugeriu um artigo sobre os numerosos retornos para a Igreja Católica. No referido livro há depoimentos de 46 convertidos para a nossa Igreja: bispos, pastores e fiéis de Igrejas protestantes. Em sua parte final há, também, depoimentos de alguns judeus e seguidores de seitas orientais, convertidos.



Trata-se de conversões adultas e conscientes, caminho inverso dos que abandonaram a Igreja Católica. Refiro-me, de passagem, à conversão de bispos, presbíteros e pastores, especialmente nos EUA, Inglaterra, Coréia e nações da África. Recentemente, a grande imprensa noticiou que clérigos e fiéis anglicanos pediram acolhida em nossa Igreja. Nos EUA, há anos seguidos as conversões passam de 100 mil por ano. São numerosos, também, os convertidos do budismo na Coréia, Vietnã, Japão e mesmo na China Comunista. A Igreja Católica expande-se rapidamente pelos países africanos.



No Brasil, as conversões vêm somar-se aos dois milhões e meio de crianças anualmente batizadas na Igreja Católica. São milhares e milhares de convertidos adultos vindos de Igrejas protestantes. São pastores, como Francisco de Almeida Araújo, batista, convertido com toda a sua família. Hoje ele é um ativo Diácono na Diocese de Anápolis, em Goiás. O referido livro lembra, também, os caminhos de conversão percorridos pelo ex-luterano Alessandro Ricardo de Lima e por Cleodon Amaral de Lima, hoje presbítero da nossa Igreja. Narra, ainda, a conversão de Carlos Alberto Martins Nabeto, da Assembléia de Deus e de Júlio César Leal Cavalcanti, da Igreja do Evangelho Quadrangular.



O caminho mais freqüentemente percorrido por ex-evangélicos retornados à Igreja Católica tem sido, além de uma releitura da Sagrada Escritura, o dos novos Movimentos Eclesiais, entre eles o Cursilho de Cristandade, o Encontro de Casais com Cristo, o Movimento de Jovens de Emaús e, de modo especial, a Renovação Carismática Católica. Esta última não somente vem conseguindo estancar o número de católicos que abandonariam a Igreja, também vem assistindo ao retorno de milhares de evangélicos pentecostais, desiludidos com as promessas de "milagres", êxitos materiais e a certeza da salvação a que acenam, continuamente, os pentecostais e neo-pentecostais nos cultos de suas Igrejas, em seus repetitivos programas radiofônicos e televisivos.



Fonte: Font, Dom Amaury Castanho - Administrador Apostólico da Diocese de Jundiaí

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