A sucessão apostólica na Igreja



Autor: D. Amaury Castanho

Jundiaí (SP), 4/2/2004 - 08:52

Há séculos a Igreja católica e outras Igrejas cristãs do Oriente e do Ocidente, vêm proclamando a fé na "Igreja católica e apostólica". Essa fé faz parte integrante tanto do Símbolo dos Apóstolos, mais conhecido pelo nosso povo como o "Credo" e, também, do Credo Niceno-Constantinopolitano. São profissões de fé que remontam aos primeiros séculos da vida da Igreja e constituem, ao mesmo tempo, sinais pelos quais se pode identificar a verdadeira Igreja fundada por Cristo.



Refletir sobre a apostolicidade da Igreja e a sucessão apostólica dos seus Bispos, vem a propósito nestes dias, quando assume o pastoreio da Diocese de Jundiaí o seu novo Bispo, Dom Gil Antônio Moreira. A Catedral de Nossa Senhora do Desterro foi pequena para acolher a multidão dos fiéis, desejosos de participar da solene Concelebração Eucarística presidida pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, presentes outros numerosos Arcebispos e Bispos, Presbíteros e Diáconos, Seminaristas, Religiosas, Autoridades e Povo fiel.



A leitura dos livros do Novo Testamento, dos quatro Evangelhos, das Cartas dos Apóstolos e do Apocalipse, não deixa dúvida alguma. Cristo Jesus, divino fundador da Igreja, confiou ao grupo dos Doze Apóstolos, Pedro o primeiro entre eles, o prosseguimento da missão que Deus Pai lhe confiara: "Naqueles dias Jesus retirou-se a uma montanha para orar. Passou ali toda a noite em oração. Ao amanhecer chamou os seus discípulos e entre eles escolheu Doze que chamou Apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, André, seu irmão, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Simão chamado Zelota, Judas, irmão de Tiago e Judas Iscariotes que foi o traidor" (Lc 6, 12-16).



Nos três anos de sua vida pública Cristo sempre se fez acompanhar dos Doze Apóstolos. Conviveu diuturnamente com eles, instruindo-os e preparando-os para dar continuidade à sua própria missão. Diante deles proclamou as verdades necessárias à salvação, instruindo-os, também, sobre as bem-aventuranças, os valores e os caminhos do Reino de Deus. Os Apóstolos viram os milagres feitos por Cristo. Mesmo que quase todos o tenham abandonado nos dias de sua paixão e morte, Cristo ressuscitado lhes apareceu. Privilegiou Simão Pedro entre os demais e enviou pelo mundo a todos os povos.

O histórico livro Atos dos Apóstolos inicia-se com a ascensão do Senhor aos céus diante dos Doze. Matias completara o número dos Doze substituindo Judas o traidor. Ressuscitado, o Nazareno lhes aparece primeiro no Cenáculo e depois na Galiléia. Ali constitui Pedro o Pastor maior de sua Igreja. Os Doze, "reunidos com Maria no Cenáculo", receberam o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Saulo de Tarso o perseguidor, convertido na estrada de Damasco, foi acrescentado ao grupo dos Doze, dizendo-se um "abortivo". Depois do evento histórico e fundante de Pentecostes, os Apóstolos percorreram todo o mundo antigo, multiplicando as primeiras comunidades cristãs, a cuja frente colocavam outros sobre os quais "impunham as mãos".



Eusébio de Cezaréia, tido como o "pai da história da Igreja" em seu clássico livro "História Eclesiástica", não só enumera os sucessores do Apóstolo Pedro na Igreja de Roma mas, também, recorda nominalmente os sucessores dos outros Apóstolos fundadores, também eles, das comunidades de Éfeso, Antioquia e outras do Império Romano. Assim, a sucessão apostólica torna-se uma das mais importantes características da verdadeira Igreja de Cristo sem as outras a universalidade, a unidade e a santidade. São fatos históricos incontestáveis.

Em tese seria possível, portanto partir de qualquer Bispo da Igreja católica dos nossos dias, dos cinco continentes e chegar, por seus antecessores a um dos doze Apóstolos. Essa apostolicidade é fácil de provar-se no caso dos Papas, Bispos de Roma. Do Apóstolo Pedro ao Papa João Paulo II, foram exatamente 264 os Bispos que estiveram no pastoreio da Igreja de Roma e de todas as demais Igrejas católicas espalhadas pelo mundo. Na magnífica Basílica de São Paulo Apóstolo, fora dos muros Romanos, impressiona ver a longa série dos 264 Papas em belos medalhões em mosaicos.

O novo Bispo da Diocese de Jundiaí que acaba de ser empossado, tem como seus antecessores Dom Amaury Castanho, Dom Roberto Pinarello Almeida e Dom Gabriel Paulino Bueno Couto. Um bom historiador poderia retroagir a eles, chegando a um dos Doze Apóstolos, exceção feita para Pedro, fundador da comunidade romana, crucificado na colina vaticana na década dos anos 60 depois de Cristo.



A sucessão apostólica dos mais de 4.600 Bispos da Igreja católica nos assegura ser ela a verdadeira Igreja de Cristo. Com vinte séculos de existência, os atuais Pastores da Igreja, nos asseguram que somente ela, chegando aos Apóstolos remonta, também, ao próprio Cristo. Só a Igreja católica entre milhares de outras é apostólica continuando a proclamar nos dias de hoje o mesmo Evangelho, perseverando fiel à ortodoxia da fé, da moral cristã e da tradição divino-apostólica.



Fonte: Font, Dom Amaury Castanho - Administrador Apostólico da Diocese de Jundiai

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