Quarta-feira, 18/06/2003 - 11h08m
Arqueólogos israelenses dizem que inscrição no 'ossário de Tiago' é falsa
GloboNews.com
Agências Internacionais
JERUSALÉM - Arqueólogos israelenses disseram nesta quarta-feira que a inscrição em uma antiga caixa de pedra sugerindo que ali foram guardados os ossos de Tiago, irmão de Jesus, é uma falsificação. A conclusão entra em choque com conclusões tiradas pela Pesquisa Arqueológica de Israel, que participou do estudo que levou à apresentação do ossário como sendo, muito provavelmente, a mais antiga referência histórica a Jesus, fora do Novo Testamento
A urna tem em um de seus lados uma inscrição em aramaico, em que se lê "Tiago, filho de José, irmão de Jesus".
Mas o diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, Shuka Dorfman, disse que não passou de um boato.
- O ossário é real. Mas a inscrição é falsa. Isso significa que alguém pegou uma caixa realmente antiga e forjou a inscrição nela, provavelmente para dar ao objeto um significado religioso - disse Dorfman.
Tiago, que foi apedrejado até a morte em 62 D.C., é mencionado nos evangelhos como irmão de Jesus. Judeus e protestantes aceitam isso, mas os católicos - que acreditam que a Maria tenha sido virgem por toda a vida - dizem que a expressão também era usada para designar primos.
O arqueólogo Gideon Avni, que chefiou um comitê de especialistas que vem investigando a descoberta desde março, disse a repórteres que a conclusão foi unânime.
O comitê concluiu que, "ainda que o ossário seja autêntico, não há razão para presumir que os ossos do irmão de Jesus estiveram ali" e que a caixa de pedra era mais típica de Chipre e do Norte da Síria do que de Israel.
O relatório do comitê sobre a inscrição do "ossário de Tiago" diz que a inscrição atravessou a pátina da pedra, uma camada desgastada natural, e parecia estar em um texto moderno, escrito por alguém que tentou reproduzir fontes bíblicas antigas.
Apesar disso, os especialistas não especificam quando a inscrição teria sido forjada.
Um colecionador de antiguidades israelense comprou o ossário nos anos 70, mas não tinha idéia de seu significado. Ele convidou um dos mais renomados especialistas em textos antigos, o francês Andre Lemaire, da Universidade de Sorbonne, para examiná-la. Para Lemaire, tudo levava a crer que a inscrição fosse genuína. Apenas algumas centenas de ossários dos milhares já desenterrados contêm inscrições, reservadas a pessoas de alto status.
No estudo publicado em outubro do ano passado, Lemaire conta que análises realizadas pela Pesquisa Geológica de Israel mostraram que a caixa 'não tem elementos modernos, não foi trabalhada com ferramentas modernas e parece ser genuína'
Postar um comentário