Dia do Senhor!



Autor: John Nascimento


Tal como no Antigo Testamento, a expressão Dia do Senhor deve ter as suas origens na linguagem da antiga guerra santa de Israel em que o Dia de Javé era considerado como uma ocasião em que Javé deveria vencer os seus inimigos em combate.


Foi o caso, por exemplo de Ezequiel :


- Uma espada atingirá o Egipto, haverá angústia na Etiópia, logo que os mortos tombarem no Egipto, quando levarem as riquezas do país e derrubarem os seus fundamentos. (Ez.30/4).


O Dia do Senhor será quando uma espada atingirá o Egipto, porque os inimigos de Javé são também os inimigos de Israel entre as nações e a sua derrota é motivo para a alegria de Israel.


A expressão Dia do Senhor (Javé), aparece pela primeira vez num livro do século VIII a.C, do profeta Amós :


- Ai dos que desejam ver o Dia do Senhor! Que será de vós ? O Dia do Senhor é um dia de trevas e não de luz.(Am.5/18).


É dirigido a Israel complacente que acreditava que o Dia do Senhor deveria significar castigo só para os inimigos de Israel.


Em vez disso, para os idólatras e injustos de Israel, o Dia do Senhor seria de trevas sem claridade:


- Que será, pois, o Dia do Senhor senão trevas e não claridade, escuridão e não luz ? (Am.5/20).


Acostumados a serem o instrumento de que Javé se servia para ganhar vitórias e acostumados aos despojos das vitórias, Israel podia esperar ser o motivo do castigo de Javé.


Nos textos do Antigo Testamento, o Dia do Senhor é considerado como um acontecimento passado, pelo que seria mais apropriado falar dos Dias do Senhor como momentos da vingança divina, ou castigos de Deus.


Ezequiel fala contra os profetas da paz :


- Vós não enchestes as brechas nem cercastes de muralhas a casa de Israel, a fim de vos manterdes firmes nos combates no Dia do Senhor. (Ez.l3/5).


Ezequiel referia-se à queda de Jerusalém em 587 a.C., a que se refere também Jeremias nas Lamentações quando diz :


- No dia do furor divino, ninguém pode fugir, ninguém pode escapar. (Lam.2/22).


O Dia do Senhor é ainda o tema dominante do profeta Sofonias, donde nos vem o bem conhecido Dies Iræ :


- Tremendo é o ruído do Dia do Senhor (... ) esse dia será um dia de ira, dia de angústia e de aflição, dia de ruína e de devastação. (Sof.1/14-14).


- Nem a sua prata nem o seu oiro os poderão salvar no dia da ira do Senhor... (Sof.1/18).


O tom apocalíptico da expressão Dia do Senhor, nas profecias do Antigo Testamento após o exílio, foi transformado, quando essa expressão entrou no vocabulário do Novo Testamento como Dia do Senhor Jesus Cristo :


Nas cartas de S. Paulo, o Dia de Cristo é a Parusia, a gloriosa vinda escatológica de Cristo.


O Dia do Senhor aparecerá sem ser esperado :


- Pois vós mesmos sabeis que o Dia do Senhor virá como um ladrão, de noite. (1 Tes.5/2).


Assim, os que crêem, devem estar preparados para a vinda escatológica do juiz e salvador :


- Para que o discernimento das coisas vos torne puros e irrepreensíveis para o Dia de Cristo. (Fil. 1/10) .


No Apocalipse, foi assim a visão inaugural :


- E fui arrebatado em espírito, no Dia do Senhor, ouvi detrás de mim uma grande voz... (Ap.1/10).


A partir da Ressurreição de Cristo, o Dia do Senhor é o Kyriake isto é, o dia em que os Cristãos se reúnem para o culto.


Depois da Ressurreição de Jesus, ficou um dia reservado para o culto, e chamou-se a esse dia o Dia do Senhor, ou Domingo .


Este dia é dedicado a Deus, não apenas num sentido genérico, mas precisamente porque é o dia da Ressurreição de Cristo que é o Senhor.


Este dia pertence ao Senhor, e teve um significado muito especial para os Cristãos desde as primeiras gerações.


Usando o título de Senhor, Rei da glória, Jesus é considerado como o vencedor sobre todos os senhores de todos os tempos, especialmente no tempo dos Imperadores Romanos que se consideravam divinos e perseguiam os Cristãos.


O Dia do Senhor permanece na Igreja oficialmente como o Domingo, palavra que se formou do latim Dies Dominica ou Dominicum.


Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica :


1166. - "Por tradição apostólica, que nasceu do próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que bem se denomina o Dia do Senhor, ou Domingo" (SC 106). O dia da Ressurreição de Cristo é, ao mesmo tempo, o "primeiro dia da semana" memorial do primeiro dia da Criação e "oitavo dia" em que Cristo após o Seu repouso do Grande Sábado, inaugura o "Dia que o senhor fez" o "dia que não conhece ocaso" (Liturgia bizantina). A "Ceia do Senhor" é o seu centro, porque é nela que toda a comunidade dos fiéis encontra o Senhor Ressuscitado, que os convida para o Seu banquete..


E, falando do Terceiro Mandamento, o Catecismo da Igreja Católica diz ainda:


2174. - Enquanto "primeiro dia", o dia da Ressurreição de Cristo lembra a primeira Criação. Enquanto "oitavo dia", a seguir ao sabbat, significa a nova Criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Este dia tornou-se para os Cristãos o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, o dia do Senhor.("Hé Kuriaké hémera", "dies dominica"), o Domingo.


2184. - (... ) A instituição do Dia do Senhor contribui para que todos gozem do tempo de descanso e lazer suficiente, que lhes permita cultivar a vida de família e a vida cultural, social e religiosa.


Vem a propósito falar também de : Domingo. Descanso Dominical. Trabalho do Domingo. Missa. Missa Ceia do Senhor. Missa de Preceito.

Postar um comentário

Deixe seu Comentário: (0)

Postagem Anterior Próxima Postagem