Evolucionismo: posição da Igreja

 


Autor: Cônego Vidigal


Mariana (MG), 29/1/2004 - 08:04



O evolucionismo é uma teoria que não está e talvez nunca seja inteiramente confirmada pela Ciência. No que tange os seres que se acham neste mundo e que não são humanos, nada obsta que se admita a evolução. O princípio de vida das plantas e dos animais irracionais está estritamente ligado aos elementos físico-químicos e uma vez desagregados estes a alma deles, que é o princípio de vida vegetativa e/ou vegetativa e sensitiva, desaparece.


Nada obsta que vegetais e animais não racionais tenham evoluído de uma matéria primitiva pré-existente. No que diz respeito ao homem, a alma racional nunca pode ter evoluído da matéria, mas é sempre criada por Deus no instante da concepção. O corpo dos primeiros seres humanos pode ter vindo de um primata primitivo, não diretamente do macaco, e desde o momento em que aquele composto físico-químico de tal primata estava de tal modo organizado, pôde receber a alma espiritual e imortal, como foi dito, criada imediatamente por Deus. Teillard de Chardin fala na geosfera, biosfera, noosfera e na teosfera, ou seja, matéria que foi se organizando até ser possível a vida, inicialmente muito primitiva; após longa evolução da vida vegetativa e sensitiva, foi possível a presença da alma racional. Após a morte, a alma, separada do corpo, conhece então a união pessoal com Deus, guardando sua individualidade. O corpo humano, um dia, segundo as palavras claras de Jesus Cristo, ressuscitará glorioso.


No caso de se admitir o evolucionismo, é lógico que vários seres humanos apareceram ao mesmo tempo. Neste caso, Deus escolheu um casal, Adão e Eva, representantes dos seres humanos, mas estes usaram mal a liberdade e daí o pecado original que causou a expulsão do Éden e a perda da graça santificante. É o que diz São Paulo, mostrando que "em Adão todos morreram; em Cristo, (o novo Adão), todos serão vivificados. (1 Cor 5,22).


Portanto, o poligenismo, ou seja, um só berço com muitos casais, não é contrário à fé e à teoria do evolucionismo. O que não se pode admitir é o polifiletismo, isto é, muitos troncos ou berços do gênero humano nos diversos continentes. A origem dos diversos tipos raciais pode perfeitamente ser explicada a partir do poligenismo e foi causada pelas diversas condições climáticas, de alimentação, de maneiras de viver das populações, como ainda isto se explica pelo fenômeno do mutacionismo, pois há mudanças bruscas que depois se transmitem de maneira permanente, modificações na informação genética que resultam em células ou indivíduos com alterações fenotípicas.


É bom que se esclareça que a Bíblia não apresenta tese alguma sobre a formação do corpo do homem. Ao dizer que este foi feito do barro (Gen 2,7), a Escritura Sagrada se serve de uma metáfora muito comum no oriente, ou seja, o Ser Criador com a imagem de Oleiro. Assim como o cerâmico amassa o barro com talento e carinho, do mesmo modo Deus criou o corpo humano, que deve a Ele sua existência. A narrativa bíblica não quer necessariamente afirmar que o Onipotente amassou o barro e lhe deu forma humana, nem que o tenha plasmado diretamente, prescindindo da evolução da matéria. Deus, Todo-Poderoso, pode ter incutido à matéria primitiva leis de evolução que a tenham feito chegar aos poucos, por etapas sucessivas, até o grau de complexidade e organicidade do soma humano, ou seja, o conjunto de tecidos do corpo vivo que mantém e transmite o germe, elemento de perpetuação da espécie, de acordo com o que acima foi relatado.


O darwinismo é rejeitado pela Igreja não por ser evolucionismo, mas por representar uma forma de evolucionismo mecanicista, não teleológico, ou seja, sem uma finalidade, regido tão só pela lei do mais forte, excluindo a Providência divina, que tudo prevê e governa.


Fonte: Font, Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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