Judeus italianos dizem que foram salvos dos nazistas graças ao trabalho de Pio XII

 

Fonte: Conoze
Autor: Antonio Gaspari - La Razón 13.IV.2003
Tradução: Rogério Hirota - Revisão 29/08/2021


No mínimo 800 judeus foram salvos da perseguição nazista entre os anos 1943 e 1944 nas cidades italianas de Livorno, Lucca e Pisa, pela mobilização solicitada pelo Papa Pio XII entre os diferentes membros da Igreja católica, segundo revelam novas descobertas históricas. A rede de assistência era composta por Sacerdotes de Lucca, pelo arcebispo de Gênova, por frades franciscanos e por religiosas em clausura. Nesta iniciativa teve a colaboração de um dos ciclistas mais famoso da Italia, Bartali, que escondia em sua bicicleta documentos falsos para salvar aos refugiados.


Estes fatos foram expostos graças as cartas e a testemunhos escritos por Giorgio Nissim, judeu da cidade de Pisa, encontrados recentemente por seus filhos, Piero e Simona, e examinados pelas historiadoras Silvia Angelini e Paola Lemmi (com a supervisão de Liliana Picciotto da Fundação de Documentação Judaica de Milão).


Depois que os membros da rede «Delasem» de Toscana (organização de assistência a judeus constituida através das leis raciais) foram presos em 1943, Nissim continuou sua atividade graças a colaboração dos Sacerdotes Oblatos de Lucca: os padres Paoli, Staderini, e Niccolai.


Colaboração do clero


«Organizei uma oficina completa para documentos falsos em uma estância de monjas em clausura», recordou o mesmo Nissim, que faleceu em 1976, e « eram os mesmos sacerdotes quem colocavam as assinaturas falsas» que permitiria assim salvar os judeus escondendo-os em algum convento ou permitindo-lhes chegar a zonas livres da Italia.


«Ia como podia a Gênova para retirar o dinheiro que o Padre Repetto me dava , secretario do arcebispo, e depois entregava estas quantias ao Padre Paoli» para custear os gastos destas operações. Em um testemunho oferecido em 1969, registrado nos arquivos do Centro de Documentação Contemporânea Judaica de Milão, Nissin escreveu que a rede de assistência católica «havia recebido a missão de manter relações (com o movimento clandestino judeu, n.d.r.) pelo mesmo Papa de então, Pio XII».


Um ciclista ativista


Andrea, o filho do grande campeão de ciclismo Gino Bartali, confirma a participação de seu pai nessa rede de ajuda aos judeus. Sua tarefa era levar as graficas clandestinas, as fotos e os papéis para fabricar documentos falsos - diz reforçando as novas revelações - . Quando chegava ao convento, desmontava a bicicleta, colocava o material no tubo central e partia.


«Fazia-se também o papel de guía, indicando os caminhos menos conhecidos para que os refugiados pudessem alcançar algumas localidades do centro da Italia», conta com orgulho seu filho Andrea.

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