Autor: Sávio Laet
Este texto é dedicado, in memorian, ao saudoso Mestre da Companhia de Jesus: Pe. Leonel Franca. Vamos, com Pe. Franca – por meio de um clássico da apologética católica brasileira – delinear alguns traços do perfil, deste que foi o herege-mor dos tempos modernos. Trata-se do Pai da nefasta Reforma Protestante. Veremos, no decorrer das citações, apresentar-se diante de nós um homem injurioso e devasso.
Aos amigos e colegas protestantes, poderá ser doloroso, contudo, como diz o próprio Pe. Franca, neste tratado exaustivo e marcante, advertindo à família protestante: “Verdades que amargam são muitas vezes verdades que salvam.” (Leonel Franca. A Igreja, a Reforma e a Civilização. p. 178).
Todas as citações, podem ser encontradas, na seguinte obra:
FRANCA, Leonel. A Igreja, a Reforma e a Civilização. Rio de Janeiro: Agir, 1958. pp. 175 a 208. (A tradução, a partir dos originais, é do próprio autor).
1) Sobre a Liberdade Religiosa
O epíteto, dado a Lutero, de “príncipe da liberdade religiosa”, é – no mínimo – bastante controverso. Vejamos o que este Frade apóstata tem a nos dizer sobre a tolerância. Confiramos, pois, como este, que outrora criticava o catolicismo, de atribuir poderes divinos aos homens, se comporta ele mesmo:
“Quem não crê como eu é destinado ao inferno. Minha doutrina e a doutrina de Deus são a mesma. Meu juízo é o juízo de Deus.” (Weimar, X, 2 Abt, 107).
“Tenho certeza que meus dogmas vêm do céu (...) eles hão de prevalecer e o Papa há de cair a despeito de todas as portas de inferno, a despeito de todos os poderes dos ares, da terra e do mar.” (Weimar, X, 2 Abt., 184).
“Muito embora a Igreja, Agostinho e outros doutores, Pedro e Apolo e até um anjo do céu ensinem o contrário, minha doutrina é tal que só ela engrandece a graça e a glória de Deus e condena a justiça de todos os homens na sua sabedoria.” (Weimar, XI, 1 Abt., 132)
“Não devemos ceder aos ímpios papistas (...) Nossa soberba contra o Papa é necessária (...) Não havemos de ceder nem a todos os anjos do céu, nem a Pedro, nem a Paulo, nem a cem imperadores, nem a mil Papas, nem a todo mundo (...) a ninguém, cedo nulli.” (Weimar, XV, 1 Abt., 180).
2) O Seu Ódio por Roma
Criou-se, pois, a ficção de que Lutero, monge humilde e virtuoso – escandalizado pela volúpia do clero Católico - queria, tão-somente, reformar a Igreja, arrancando-a da corrupção, sem nunca, no entanto, intentar se separar dela. O ódio e a soberba do Papa e do alto Clero católico teriam sido então a causa que lhe teria forçado a abandoná-la. Ledo engano, ou, ao menos, verdade muito discutível. Frei Martinho, ao que nos parece, sempre foi um frade orgulhoso e sensual. A tomar pelo que disseram, a seu respeito, os seus contemporâneos, não verificamos senão um homem, faltoso de todas as virtudes e cumulado de toda sorte de vícios.
A respeito da Igreja, que “tanto amava”, dizia, em 1520, o pai da Reforma: “(...) uma licenciosa espelunca de ladrões, o mais impudente dos lupanares, o reino do pecado, da morte e do inferno.” (De Wette. I, 522, 500: Weimar. VII, 44).
Numa controvérsia a respeito do sacramento da Eucaristia, na qual se tergiversava sobre a pertinência, ou não, de se recebê-la nas duas espécies – pão e vinho – declara Lutero, de forma pertinaz: “Se um Concílio ordenasse ou permitisse as duas espécies, por despeito do Concílio, nós só receberíamos uma, ou mesmo, nem uma nem outra e anatematizaríamos os que, em virtude desta ordenação, recebessem as duas.” (Lutero. Fórmula da Missa. in: Bossuet. Hist. des Variations. 1. 2, n. 10).
A respeito da divergência, no que toca ao celibato para o Clero, Lutero deixa absolutamente claro que, mais do que propor uma doutrina positiva, ele se congratulava simplesmente em negar e contradizer, obstinadamente, os ensinamentos da Igreja:
“Se acontecesse que um, dois, mil ou mais concílios decidissem que os eclesiásticos pudessem contrair matrimônio, preferiria, confiando na graça de Deus, perdoar a quem, por toda a vida, tivesse uma, duas ou três meretrizes, do que aquele que, consoante à decisão conciliar, tomasse mulher legítima e sem tal decisão não pudesse a tomar.” (Weimar. XII, 237).
Da mesma baixeza, “(...) enquanto eles (os papistas), a seu juízo, triunfam de um heresia minha, quero propor outra.” (Weimar. VI, 501).
Outra cena pitoresca, passada numa taverna - e regada a muito vinho - entre dois “amáveis” protestantes – Lutero e Carlostadt -, que discutiam também sobre a transubstanciação: “Ao despedir-se diz Carlostadt ‘Possa ver-te esmagado por um rolo!’
Recambiando-lhe a amabilidade, Lutero: ‘Mil raios te partam antes de saíres da cidade!’ (Weimar, XV, 340).
3) Os Vícios de Lutero
A respeito disso, diz Melanchthon: “Lutero era um homem extremamente leviano e as freiras que lhe armavam os laços com grande astúcia acabaram por envisgá-lo. O freqüente comércio com elas teria talvez efeminado um homem mais forte e de mais nobres sentimentos e ateado o incêndio.” (Melanchthon. Brief an Camerarius über Luthers Heirat vom 16 Junii 1525. in: von P. A. Kirch, Mains, 1900. p. 8, 11).
Em 1534, escrevia à sua Catarina, a respeito de vinho, mulher e cerveja: “Ontem aqui bebi mal e depois fui obrigado a cantar; bebi mal e sinto-o muito. Como quisera haver bebido bem aos pensar que o bom vinho e que boa cerveja tenho em casa, e mais uma bela mulher... Bem farias em mandar-me daí toda a adega bem provida do meu vinho e, o mais freqüentemente que puderes, um barril de tua cerveja.” (De Wette. IV, 553).
Em 1540, novamente à sua consorte: “Vou comendo como um boêmio e bebendo como um alemão, louvado seja Deus!”. (Burkardt. Dr. M. Luth. Briefwechsel. Leipzig, 1866, p. 357).
Diz ainda, em 14 de maio de 1541, quando se encontrava em Wartburgo: “Aqui passo todo dia no ócio e na embriaguez.” (De Wette. IV, 553).
Em 15 de janeiro, de 1531, noutra carta: “a dor de cabeça, contraída em Coburgo por causa do vinho velho, ainda não foi debelada pela cerveja de Wittemberga.” (De Wette. IV, 215).
Jerônimo Weller, discípulo de Lutero, pedia-lhe, certa feita, uma direção espiritual, pois se via, freqüentemente, assaltado por crises de melancolia. O “piedoso” ex-monge Martinho, assim lhe aconselhava:
“Quando te vexar o diabo com estes pensamentos, palestra com os amigos, joga, brinca ou ocupa-te em alguma coisa. De quando em quando se deve bem com mais abundância, jogar, divertir-se e mesmo fazer algum pecado em ódio e acinte ao diabo para lhe não darmos azo de perturbar a consciência com ninharias (...) Quanto te disser o diabo: não bebas, responde-lhe: por isso mesmo que me proíbes hei de beber e em nome de J.C beberei mais copiosamente (...) Por que pensas que eu bebo, assim, com mais largueza, cavaqueio com mais liberdade e banqueteio-me com mais freqüência, senão para vexar e ridicularizar o demônio que me quer vexar e ridicularizar a mim? Todo decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, a nós perseguidos e molestados pelo diabo.” (De Wette. IV, 188).
4) A Libertinagem: Fator Preponderante Para o Desenvolvimento da Reforma
“O Evangelho hoje em dia encontra aderentes que se persuadem não se ele senão uma doutrina que serve para encher o ventre e dar larga a todos os caprichos.” (Weimar. XXXIII, 2)
“Ah! é verdade que Cristo nos anuncia no Evangelho a liberdade? Então, já não queremos trabalhar, mas comer e beber e cada um estende o saco para que se lhe encha o ventre.” (Weimar. XXXIII, 4). Daí para o desencadeamento de uma revolta popular, falta muito pouco...
Percebam o que dizem estes insufladores das massas: “Com zelo e amor abraçam o Evangelho porque nele vêem um atalho para a licença que sacode todos os jugos.” (Corp. Reform. V, 725).
5) Fomentação da Violência Contra o Clero Católico
“Se eles (O clero) pelo sacerdócio não nos podem mostrar senão a tonsura, a unção e a veste talar, nós os deixaremos gloriarem-se nestas imundícies porque sabemos que facilmente pode tosar-se uma porca ou um tronco, ungi-lo com uma sotaina.” (Weimar. XII, 189).
Vale a pena, trazer a baila, passagem análoga, em João Calvino: “Salve tridenticolas (Referindo-se aos Padres Conciliares, reunidos em Trento), soldados de Netuno, ignorantes, estúpidos, asnos, porcos, bestas, legados do Anticristo, ventres ociosos, cadáveres pútricos, padres cornudos, monstros pestilenciais, padres auritos, filhos da fé romana, isto é, da grande prostituta”. (Audin. Histoire de la Vie de Calvin. Paris, 1841, II. p. 376).
Observem, pois, esta confissão, saída da pena, do próprio Lutero: “Não posso negar que sou mais violento do que convém; mas os meus inimigos que o sabem não deviam atiçar o cão. Quase todos me condenam a mordacidade” (De Wette. I, 479).
Um testemunho de Zwinglio, a respeito de Lutero: “Quando leio os seus livros (de Lutero) parece-me ver urrar um animal imundo e grunhir um jardim de perfumadas flores; tão pouco teologicamente, com tanta impropriedade fala Lutero de Deus e das coisas sagradas.” (Opera. II, 192).
Ainda, outro historiador, a comentar sobre o estilo de Lutero: “É infelizmente inegável e manifesto que ninguém, tratando da fé e de assuntos graves e importantes escreveu de modo tão áspero, tão rude, inconveniente, e contrário à moderação e bons costumes cristãos como Lutero.” (Doellinger. Die Reformation. III, 263).
“Como Moisés destruiu e pulverizou o bezerro de ouro, assim devemos nós fazer, com o Papado, até reduzi-lo a cinzas.” (Weimar. XXVIII, 762).
“Se eu pudesse colher unidos numa casa todos os franciscanos, atear-lhes-ia fogo (...) Eia, ao fogo todos!” (Tischreden, na coleção de Mathesius, n. 305). Agora é só verificar onde os camponeses encontraram tanto ódio para fazer os seus assaltos impiedosos às igrejas...
“Os religiosos não são dignos de se chamarem homens, nem mesmo deveriam chamar-se porcos.” (Erl. XLVII, 37).
“A mim me parece que, a continuar esta fúria dos romanistas, já não nos resta outro remédio senão que imperador, reis e príncipes, com armas e violência, assaltem esta peste do mundo e dirimam a questão não com palavras mas com o ferro (...) Se punimos os ladrões com a forca, os bandidos com a espada, os hereges com o fogo, porque não havemos de agredir com as armas estes mestres de perdição, estes cardeais, estes papas, toda esta sentina da Sodoma romana, porque não havemos de lavar as nossas mãos no seu sangue?” (Weimar. VI, 347). Lutero era crudelíssimo, insidioso, inescrupuloso – pior do que qualquer inquisidor - um monstro!
No seu leito de morte, deixou para os seus, o heresiarca impenitente, a seguinte herança: “Deus vos encha de suas bênçãos e de ódio ao Papa.” (Grisar. Luther. II, 361).
6) Lutero: O Mentiroso
A moral dos primeiros reformadores, ao contrário do que se pensa costumeiramente, era essencialmente maquiavélica! Eles pregavam, abertamente, a imputabilidade da mentira, se esta se tratasse de desabonar a Igreja Romana.
Em 1520, o senhor Martinho Lutero, já dizia, com todas as letras: “Para enganar e subverter o papado julgamos que tudo nos é lícito.” (De Wette. I, 478).
Outra confissão sugestiva, de 1520: “Sei que não vivo em conformidade com o que ensino.” (De Wette. I, 402).
A Melanchthon, diz Lutero: “Se conseguirmos evadir a intervenção de força, durante a paz emendaremos facilmente os nossos enganos e os nossos erros porque sobre nós reina a misericórdia de Deus.” (De Wette. IV, 156).
Denifle, ajuíza a respeito de Lutero: “Em Lutero não encontramos um homem que de modo algum mereça o nome de reformador, mas um agitador, um revolucionário para o qual não havia sofisma por mais ousado, malícia por mais astuta, mentira por mais grave, calúnia por mais atrevida, de que se não servisse para justificar a sua apostasia da Igreja e dos princípios que, no passado, haviam sido seus.” (Denifle. Luther und Luthertum. I, 2, 298).
Os testemunhos, a respeito de Lutero, colhidos a seguir, e muitos outros, poderão ser encontrados em: Grisar. Luther. II, 452 ss.
O luterano Jerônimo Pappus: “Lutero, em caluniar não tem igual.”
Francisco Arnoldi, comentando sobre os escritos do frade cismático: “Há neles tantas mentiras, quantas palavras.”
João Deirtemberger: “É o mais mentiroso de quantos homens vivem debaixo dos céus.”
Paulo Bachmann: “As mentiras de Lutero excedem em grandeza ao monte Olimpo.”
Jorge, Duque da Saxônia, a respeito de Lutero, declara: “Até aqui não nos havia ensinado a Sagrada Escritura que Cristo houve escolhido para o apostolado e a pregação do seu Evangelho, mentiroso tão de profissão e tão impudente.”
A nosso ver, estamos diante de um homem: torpe, rude, impudico, e de costumes depravados. Capaz das maiores perfídias, para dar cabo de seus auspícios não menos asquerosos.
Com o máximo respeito
Imenso abraço,
Sávio Laet.
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