Por que Rezamos pelos Mortos




A morte será sempre um mistério insondável para o homem. Um mistério bem mais difícil de entender para aquelas pessoas que vivem mergulhadas apenas na matéria, como se Deus não existisse.


Toda pessoa sensata sabe que nosso destino eterno é conseqüência da vida que nós levamos na terra aqui e agora. I tempo de salvação, portanto, é hoje (1Cor 6,2). A morte eternizará o estado de vida e livre escolha que nós estivermos levando até então.


Nós católicos cremos na ressurreição de Jesus: penhor da nossa razão da nossa fé. Uma realidade já anunciada e desejada ardentemente desde os povos do Antigo Testamento (Vide 2 Macabeus 12,38-46). Assim é que a Igreja, desde os primórdios de sua história reza por seus mortos e faz a encomendação do corpo, colocando o falecimento sob a proteção de Deus. Isto porque, mesmo sabendo que os caminhos divinos são retos e definidos, acreditamos na imensa misericórdia do Pai e nos sentimos na obrigação de entregar nas mãos dele aqueles por quem fomos direta ou indiretamente responsáveis.


Todos sabemos que Deus detesta o pecado, mas ama o pecador, e que ninguém conhece o que se passa naquele derradeiro momento entre a criatura e o criador. Sabemos ainda que os caminhos e os pensamentos do Pai não são como os nossos (Isaías 55,8) e que o juiz de todos é um só (Romanos 14,9). Só esses fatos já justificariam a necessidade de, mesmo tendo dúvidas, orarmos pelos nossos mortos.


Os critérios humanos são quase sempre controvertidos e movidos por paixões. O próprio Jesus só veio a ser aceito pelos pagãos, enquanto que o povo escolhido o rejeitou e o condenou à morte. Ninguém tem o direito de julgar ou menosprezar ninguém. Nem mesmo os suicidas ou pecadores impenitentes. A propósito, quem poderia afirmar de sã consciência: qual seria o povo eleito se Jesus voltasse agora? Quem seriam os salvos? Na verdade, muitos que se julgam primeiros serão últimos e muitos julgados últimos - excluídos pelos critérios humanos - serão primeiros.


No seu livro, "O Cuidado Devido aos Mortos" Santo Agostinho diz que, os destinos da alma e do próprio corpo não dependem de ritos fúnebres. Este seriam mais um consolo para os vivos do que propriamente uma ajuda para os mortos. Pode até ser, mas na dúvida, é melhor continuarmos rezando pelos nossos mortos e agradecendo ao Pai pela sua passagem física entre nós e pelos legados que nos deixaram.


Para Deus, todos estão vivos (Lucas 20,38). As pessoas só morrem, verdadeiramente, quando as relegamos as esquecimento. Tudo isso é uma questão de fé. E se você não crê, vã é a sua oração e a sua esperança.

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