Sola Fides - A salvação é pela fé ou obras?



Autor: Rogério Hirota (SacroSancttus) - Revisado em 19/Mar/2008


A doutrina proposta por Lutero é fundamentada em cinco pilares, sendo três delas iguais da Igreja Catolica e duas novidades fora do contexto catolico que é a Slla Scriptura e a Sola Fides Veja:


Solo Chritus

Soli Deo Gloria

Sola Gratia

Sola Fide

Sola Scriptura


A Sola Fides, tema abordado neste artigo, também chamado Somente a fé ou Justificação pela fé (sem obras) era considerada por lutero como tese capital, "artigo da qual nada se poderá subtrair, ainda que o céu e a terra venham a desmoronar"(Cf. Artigos de Schmakalde, 1537) e tem fundamento em um período dificil que se encontrava o reformador pois vivia inquieto a pensar na sua fragilidade moral e nos insondaveis juizos de Deus: Jejuava, praticava vigilias, mais sem conseguir paz. O contato com as Epistolas de São Paulo (Galatas e Romanos) foi-lhe oferecendo uma solução:


Viu que não devia se importar tanto com aquilo que fazia ou deixava de fazer, precisava era ficar firme na fé-confiança em Jesus- afinal dizia ele, é a fé e não as obras boas que salvam o homem, este foi totalmente corrompido com o pecado original e não pode senão pecar, o livre arbitrio esta entregue ao pecado, não se apode pelar para ele. De resto, a cobiça desregrada que é o proprio pecado (segundo Lutero), é inextinguivel do homem, só lhe resta confiar nos meritos de Cristo porque ninguem tem merito proprio.


Lutero ainda teve um famoso adágio: "Pecco Fortiter, sede fortius credo" (Peco intensamente, mais intensamente creio".


Que doutrina louca não? Uma Idéia que veio para ajudar Lutero a fugir de seus tormentos sobre pecados não pode ser uma inspiração doutrinária e divina.


Não há dúvida, a Escritura ensina que a remissão dos pecados é gratuitamente concedida aos homens mediante os méritos de Cristo


Romanos 5,8 Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.


O homem não pode merecer o perdão, mas ele o aceita contritamente. Contudo, a Escritura ensina também que o perdão concedido por Deus não é mera fórmula jurídica em virtude da qual não nos seria mais levado em conta o pecado (que, apesar de tudo ficaria a contaminar a alma). A justificação, segundo as Escrituras, é regeneração espiritual (João 3,3-5) (Tito 3,5), elevação à dignidade de filhos de Deus não de nome apenas, mas na realidade (1 João 3,1), de modo a nos tornarmos consortes da natureza Divina (2 Pedro 1,4), capazes de produzir atos que imitem a Santidade do Pai Celeste (Mateus 5,48).Quanto a concupiscencia que permanece no cristão por toda vida, ela nao exclui o pecado, enquanto o individuo lhe dá consentimento


Deus nos concede uma nova natureza ao nos perdoar as faltas, está claro que não basta crer, e que as obras boas devem pertencer ao programa de Santificação do Cristão; elas se tornam condição indispensável para que alguém consiga a vida eterna (Tiago 2,14-26). Deus não pode deixar de exigir tais obras depois de nos ter concedido o princípio capaz de as produzir.


É claro que o homem é salvo pelas boas obras nascidas da fé, e não pelas "obras da lei", ou simples execução material daquilo que é mandado pela lei. As boas obras são feitas para agradar a Deus por amor e são as conseqüências da verdadeira fé, posta em prática.Diz ainda S. Paulo sobre a diferença entre obedecer a "Lei das Obras", que não tem valor, mas a lei posta em prática pela fé:


Romanos 3,28-31 "Porquanto nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei. (...) Então eliminamos a Lei através da Fé? De modo algum! Pelo contrário, a consolidamos"


São Tiago também vem nos dizer que não basta apenas ter fé se nao tiver obras:


Tiago 2,17 Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.


Tiago 2,18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.


Como vimos São Tiago é totalmente contrário a doutrina de Lutero fato que o levou a chamar esta epístola de "Epístola de Palha" e tentar retirá-lo do cânon da Bíblia em que traduziu, isso porque São Tiago diz claramente que nao basta crêr porque até os demonios crêem, contrariando a tese protestante do somente a fé:


São Tiago 2,19 Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem.


Veja como Tiago faz uma esplanação sobre a necessidade da obra na vida do cristão, como dá enfase que a fé sem obras é morta:


São Tiago (2, 14,17 ): 14 - De que serviria, meus irmãos, dizer alguém que tem fé, se não tem obras? Porventura poderá a fé salvá-lo? (...) 17 Assim também a fé, se não tiver obras, em si própria, está morta. (...)


São Tiago 2,20-26 Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril?Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar?Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas. Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus (Gn 15,6).Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé? Do mesmo modo Raab, a meretriz, não foi ela justificada pelas obras, por ter recebido os mensageiros e os ter feito sair por outro caminho?Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta.


E mais, se não fossem necessárias a "boas obras", mas apenas a Fé (segundo a tese protestante), acabaria justificando uma vida de pecado (pecado que é uma ofensa a Deus) bastando ter fé para ser salva. Diz S. Paulo:


Romanos 6,1-2 "Que diremos então? Que devemos permanecer no pecado a fim de que a graça atinja sua plenitude? De modo algum!"


Ou então


I Tessaloniscensses 4,7 Pois Deus nao nos chamou para impureza, mais para a santidade"


Segundo Paulo devemos buscar a feição do homem celestial e como sê-lo sem boas obras em vida, sem demonstrar seu amor a Deus pelas obras?


1 Corintios 15,49 "assim como reproduzimos em nós as feiçoes do homem terreno, precisamos reproduzir as feiçoes do homem celestial"


Opecador com fé, deve pedir perdão de seus pecados e mudar de vida, conforme nos manda Nosso Senhor:


"Ide e não peques mais!" "Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor' entrará no Reino dos Céus, mas aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt. 7, 21).


Ora, o que é essa "pratica" da "vontade de Deus" se não as "boas obras"? E se as boas obras não fossem necessários qual o motivo de Jesus dizer em sua parábola sobre os pequeninos? Oras Jesus chama aqueles que fizeram boas obras "Vinde benditos de meu Pai", estes são benditos por que tinham fé ou porque fizeram boas obras? Porque o julgamento deste Rei da parabola foi em cima das obras e nao pela fé dos que ali estavam presentes? Veja:


Mateus 25,34-40 Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo,porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.


Agora veja o aconteceu com aqueles que não tiveram boas obras perante ao Rei da Parabola de Jesus:


Mateus 25:41-46 Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.


Porque Jesus daria tanto ênfase a aqueles que praticaram as boas obras e a aqueles que não praticaramo que aconteceu? Para nos mostrar a necessidade da boa obra e que seremos justicado não somente pela nossa fé mas tambem pelos nossos atos em vida. Por isso que Jesus diz que nem todos que disser:


Mateus 7,21 'Senhor, Senhor' entrará no Reino dos Céus, mas aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus"


O homem deve dar glória a Deus na terra através de suas obras. Podendo fazer obras e não as fazendo o homem peca contra Deus e não se justifica pela Fé, visto que sua Fé é morta ao não produzir os frutos esperados:


São Lucas 8,8 "Outra parte [das sementes], finalmente, caiu em terra fértil, germinou e deu fruto ao cêntuplo." E dizendo isso, exclamava: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"


Existem várias passagens biblicas que mostram a necessidade das boas obras para se completar a salvação que recebemos em Nosso Senhor Jesus Cristo, veja em nossos artigos os vários artigos que refutam a Sola Fides..


Vemos assim que a justificação pela fé serviu apenas para acalmar o coração de Lutero, pois é antibiblico e nos leva a aceitar o pecado em nossa vida de forma passional e nao a lutar contra ele deixando de viver a santidade pedida por Jesus:


Mateus 5,48 Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.


Lutero expõe bem isso, em sua carta ao amigo Melanchton: “Peca fortemente, mas crê mais fortemente e alegra-te em Cristo”. (Carta de 01 de agosto de 1521) Ora, conceber assim o efeito da graça santificante que Deus infunde na alma do pecador para justificá-lo, é subverter totalmente o Evangelho de Jesus Cristo. É supor que Ele se contenta com as aparências, quando condenou severamente a hipocrisia dos fariseus, chamando-os de sepulcros caiados (Mt. 23,25 a 28). Se aprovasse esse tipo de justificação, Jesus Cristo estaria Se contradizendo a Si mesmo. Como pensar que Deus se contente com esse tipo justificação apenas externa inventado por Lutero?


Encerro deixando aos protestantes só mais uma pergunta:


Se os protestantes crêem no livre exame como ignoram os tanto versiculos sobre as boas obras expostas na Bíblia (cf. Mt 25,34-46)? A resposta é que os protestantes ou não querem enxergar a verdade ou mesmo sendo contra a Tradição, acabam aceitando cegamente a tradição deixada por Lutero. Não é mesmo?


 


© Livre para cópia e difusão na íntegra e com menção do autor e do site Exsurge Domini

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