Alexandria




Autor: John Nascimento





Alexandre Magno entrou no Egipto, sem resistência e fundou a cidade a que ficou ligado o seu nome - Alexandria - primeira capital do Egipto (332/331 a.C).


O seu porto foi largamente artificial; o seu proeminente trabalho foi o dique que a ligava à ilha de Pharos onde se teria levantado o chamado Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo.


Ainda era capital no reinado dos Ptolomeus e na administração Romana.


Os escritores antigos fazem referência à sua beleza, aos seus enormes parques e às longas Avenidas de colunatas.


Com Roma e Antioquia, foi uma das três mais importantes cidades do Mundo Romano e atingiu possivelmente cerca de 500.000 habitantes.


Parece surpreendente que Paulo, que conhecia bem as outras duas cidades, nunca tivesse ido a Alexandria.


Um dos cinco distritos de Alexandria, foi o chamado pelos judeus, sob a jurisdição do seu próprio administrador, o Alabarch; foi esta, possivelmente a maior concentração de judeus do mundo antigo e uma das mais ricas e influentes.


Aconteceram tumultos anti-judaicos mais que um vez e chegaram a ter sérias proporções no ano 88 a.C.


Alexandria tornou-se o maior centro intelectual do mundo helenístico, com as suas Bibliotecas e um conjunto de professores constantemente renovados.


Ainda hoje ali vão muitos judeus para se familiarizarem com a cultura helenística e com o estilo de vida que eles tinham.


Foi na Alexandria que foi traduzido para grego o Novo Testamento que se chamou (OS SETENTA). (LXX).


Também em Alexandria, os judeus tentaram identificar a sua cultura e a sua Lei com a filosofia grega.


O mais famoso dos mestres foi Philo e é possível que a corrente intelectual que veio de Alexandria tivesse influenciado a linguagem do Novo Testamento, especialmente a carta de Paulo aos Hebreus.


As ideias helenísticas estão mais patentes no Livro da Sabedoria e no de Salomão, composto em Alexandria no século I a.C.


Não há uma certeza sobre a entrada do Cristianismo em Alexandria, mas sabemos que foi S. Marcos o seu fundador.


Alexandria foi a cidade do Egipto onde vivia Apolo, o companheiro de Paulo :


- “Entretanto chegou a Éfeso, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, um homem eloquente e muito versado em Escrituras”. (Act.18,24).


E foi o num barco de Alexandria que Paulo embarcou para Malta :


- “Lá, o centuriâo encontrou um barco de Alexandria que ia de viagem para Itália e mandou-os subir para bordo:.... (Act.27,6).


E foi ainda de Alexandria que o barco em que Paulo viajava, partiu para Roma :


- “Volvidos três dias, embarcámos num barco de Alexandria com o emblema de Dióscoros, que tinha passado o inverno na ilha”... (Act. 28,71).


Os judeus da Sinagoga são mencionados entre aqueles que discutiram com Estêvão:


- “Ora, alguns membros da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos Alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia vieram para discutir com Estêvão”. (Act.6,9).


- A Biblioteca da Alexandria


Em Alexandria os estudiosos podiam encontrar uma vasta Biblioteca de investigação e uma instituição que se chamava Museum, isto é o Santuário das Musas.


O Museu era um instituto de investigações avançadas, uma comunidade de mestres a estudar em conjunto.


Gozou de um patrocínio real durante os reinados dos Ptolomeus, que começou no século III a.C. e mantinha os estudos literários e as investigações científicas, através de um largo espectro de matemáticas, astronomia, geografia, psicologia, física e engenharia.


Durante esses dias foram feitos progressos na ciência que nunca mais tiveram igual até aos tempos modernos.


Euclides sistematizou a geometria.


Aristaco de Samos propôs que o Sol era o centro do Universo.


Erastostenes de Cirene mediu a circunferência da Terra..


Herófilo de Calcedónia deu um grande avanço à anatomia, usando a dissecação e a vivissecação.


Poetas e escritores e ainda filósofos, bem como cientistas, encontraram apoio e suporte para os seus trabalhos sob a protecção do Museu.


A Biblioteca de Alexandria, Egipto, foi a mais famosa da antiguidade e uma das maiores de todos os tempos.


Foi criada com a intenção de nela juntar todos os trabalhos da linguagem grega - desde os épicos de Homero até aos mais recentes trabalhos de ficção - e as traduções para "grego, de obras estrangeiras, incluindo o Torah.


Foi fundada por Ptolomeu I Soter, governador do Egipto depois da morte de Alexandre Magno.


Para enriquecer a sua colecção, Ptolomeu II ordenou aos seus soldados que se apoderassem de todos os livros dos barcos ancorados em Alexandria, e depois mandou-os copiar para fazerem parte da Biblioteca.


Eventualmente a Biblioteca foi aumentada com um complexo de construções em que havia salas para estudo, para leitura, secretárias e salas de manuscritos.


No ano de 250 a.C. a Biblioteca já tinha meio milhão de volumes.


Depois começou em decadência com o início do século I como resultado das guerras e intranquilidade civil, mas continuou durante a era cristã e foi finalmente destruída nos fins do século IV.


Os livros da Biblioteca da Alexandria eram escritos em rolos de papiros uma substância formada com tiras e pedaços da medula da planta chamada papiro.


Os trabalhos mais extensos eram aglomerados em tomos devidamente classificados e colocados em estantes.


A colecção de manuscritos de Alexandria foi a maior da história de todos os tempos.


- O Farol de Alexandria, uma das sete Marvilhas do Mundo Antigo.


A construção do Farol de Alexandria, teve lugar na ilha de Pharos, junto a Alexandria. Começou em 285 e ficou pronto no ano 279 a.C. e foi o seu arquitecto Sostratus Cnidus, um homem que se esmerou na sua construção ao ponto de fazer vários testes aos materiais que queria empregar em tal construção.


Assim, durante vários meses pôs dentro de água amostras de pedra, tijolos, granito, oiro, prata, chumbo e vidro para saber qual desses elementos resistia melhor às águas do mar e à humidade ambiente.


Parece que o elemento que melhores provas deu foi o vidro e, por essa razão, ele veio a ser o elemento mais usado, quer em bloco, quer misturado com pedra.


Construído por milhares de escravos, o Farol de Alexandria devia ter entre 125 e 150 metros de altura.


Era formado por uma base quadrada, sobre a qual se erguia a parte principal da torre, de forma rectangular sobre base quadrada e, finalmente a parte cimeira do farol de formato hexagonal.


Na base havia dependências para o pessoal de serviço e manutenção e no edifício principal, com cerca de 300 salas ou quartos, estavam instalados os serviços de administração e relações públicas.


A luz do Farol, numa altura em que ainda se não sonhava com gás nem electricidade, provinha de grandes archotes de madeira enresinada ou de uns grandes vasos de óleos a arder permanentemente.


Diz-se que havia uns grandes espelhos côncavos, possivelmente de metal, talvez mandados fazer sob as ordens do grande matemático grego Arquimedes, para fazer reflectir a luz a grande distância.


Fala-se que a luz seria vista a cerca de 50 quilómetros de distância sobre o mar, mas talvez haja um pouco de exagero.


A ideia da construção deste Farol teria originariamente partido do Imperador do Egipto, Ptolomeu I, que foi general ao serviço de Alexandre Magno, para perpetuar os seus nomes e os seus feitos.


Se esta autopromoção foi uma razão para a sua construção, a avareza terá sido a razão da sua destruição.


Um certo mercador, chamado Crisóstomo, contou ao califa defensor do Islão em África no século IX uma inacreditável história :


...Debaixo do Farol, disse Crisóstomo, Sostratus escondeu um fabuloso tesouro há mil anos...


Mais inacreditável foi que o califa acreditou em Crisóstomo e mandou demolir o Farol, em avara busca de um tesouro tão fabuloso como imaginário.


Vieram muitos escravos que, bloco a bloco, destruíram o mais maravilhoso edifício do Mundo.


Como não foi encontrado nenhum tesouro, Crisóstomo pôs-se a salvo e o califa perdeu todo o interesse pelo Farol.


Com prejuízo para todo o Mundo, os blocos, abandonados uns sobre os outros, pouco a pouco foram arrastados pelas águas do mar.


Mas talvez isto seja apenas lendário, porque a história mais comumente aceite é a de que o Farol de Alexandria teria sido destruído por um forte tremor de terra nos fins do século XIII.


Algumas pessoas dizem que em dias claros se podem ver algumas peças do Farol no fundo do mar.


Alexandria anda ligada à edição Bíblica a que se deu o nome de “OS SETENTA(LXX)”.


A tradução do Antigo Testamento Hebreu para o Grego, começou no século III a. C. na Alexandria, Egipto.


Chama-se "Os Setenta" com a indicação em algarismos Romanos LXX e refere-se a 72 tradutores judeus trazidos do Egipto por Ptolomeu II Philadelfo (285-246 a.C.), para traduzirem a Bíblia Hebraica para os judeus que não falavam hebreu.


Esta tradução terminou cerca do ano 1000 a.C..


Difere da Bíblia Hebraica na ordenação dos Livros e inclui alguns Livros, mais tarde chamados deuterocanónicos, que não foram reconhecidos como sagrados pela Comunidade da Palestina.


Note-se, todavia, que a primitiva Igreja usou Os Setenta, citando passagens do Antigo Testamento, como é evidente no Novo Testamento e na Patrística.


- O Rito Alexandrino


A Liturgia da Alexandria é atribuída a S. Marcos e é a origem de todas as Liturgias Egípcias.


Foi provavelmente uma adaptação do rito Antioqueno (de Antioquia) que foi aperfeiçoado por S. Cirilo no século V.


A Liturgia de S. Marcos já não está em uso, desde que foi usada em grego apenas pelos Melquitas que mais tarde a substituíram pelo rito bizantino.


Foi adaptada pelos Cópticos e pelos Etíopes, que desenvolveram versões modificadas segundo as suas próprias línguas (Cóptico e Ge'ez).


A presente Liturgia do patriarca Cóptico da Alexandria é a do Rito Cóptico.

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