As duas narrações da Bíblia

 



Autor: John Nascimento

Estas breves explicações da História da Bíblia destinam-se aos principiantes, que pouco ou nada sabem a respeito da Bíblia, para que não façam um conceito errado de como Deus se revelou ao homem na História da Salvação, e em que os mais entendidos podem fazer uma oportuna reflexão
AS DUAS NARRAÇÕES DA CRIAÇÃO

A história bíblica sobre a criação do homem, sobre o Paraíso e o Paraíso perdido (perda da inocência), encerra profundos mistérios que têm fascinado os leitores da Bíblia e sobretudo têm constituído um verdadeiro desafio aos exegetas através dos tempos.

As suas fantásticas imagens das básicas relações – entre o homem e Deus, entre o homem e a natureza, e entre o homem e a mulher – têm afectado profundamente a maneira como as pessoas procuraram entender as suas vidas, até aos nossos dias.

A história da criação das primeiras palavras do Génesis é majestática e austera :

- “No princípio, Deus criou os céus e a terra”.(Gn.1,1).

Por sua vez também o Génesis é mais humano e menos cósmico quando mais adiante diz depois da criação do sétimo dia :

- “Esta é a origem e a história da criação dos céus e da terra”.(Gn.2,4).

Isto é uma introdução à segunda narração da história da criação, referindo-se especificamente ao Paraíso.

Há importantes elementos que marcam esta segunda narração do Génesis.

A primeira é a respeito do nome que dá a Deus.

Na primeira naração o nome do criador é apresentado pela palavra “Deus” (em hebraico elohim).

Na segunda narração foi introduzido o nome pessoal misterioso de “Yahweh” (Javé), usado juntamente com o nome Deus ( O Senhor Deus).

Assim, juntando Yahweh-elohim, traduzimos por “O Senhor Deus”.

A segunda narração é também distinguida pelo facto de pôr a criação do homem antes da criação das plantas e dos animais.

Diz que :

- “Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, não havia arbusto algum pelos campos, nem sequer uma planta germinara ainda, porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para a cultivar”.(Gn.2,5).

Assim começa aqui uma nova narração, nuns moldes mais populares e antropomórficos do que a primeira.

São ambas narrações aparentemente ingénuas mas com um alto sentido teológico e psicológico, tendentes a dar uma resposta a estas perguntas :

- Como apareceu o homem ?

- Porque há tanta atracção entre o homem e a mulher ?

- Porque sofrem as criaturas humanas ?

Por outro lado, estas narrações não estão isentas da preocupação polémica e apologética de defender o “Javismo” dos cultos pagãos.

Na primeira narração predominava a água e nesta predomina a falta dela.

Trata-se de relatos ou narrações que devem ter surgido nas regiões áridas do deserto.

Só depois o Senhor Deus criou o ser humano...

- “O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida, e o homem transformou-se num ser vivo”.(Gn.2,7).

Não se trata de uma narração científica. Em linguagem popular, o texto sagrado manifesta-nos que o Home (Humanidade) é obra de Deus e que Deus tem por ele especial predilecção, como a sequência da narração o evidencia, com a história do Paraíso.

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