As Epístolas

 


Autor: John Nascimento


No sentido genérico, uma Epístola é uma carta, com a distinção de que uma Epístola é normalmente dirigida ao público ou a um sector do público com uma mensagem comum, enquanto uma carta, normalmente é dirigida a uma pessoa e trata de assuntos pessoais.


As Epístolas Bíblicas são os Livros do Novo Testamento, cujos nomes estão relacionados com as pessoas a quem são dirigidas ou com os nomes de quem as escreveu.


A autenticidade destes livros ou Epístolas está garantida pelo facto de que todos os Concílios da Igreja que trataram do Cânon das Escrituras, as incluem.


Como regra, todas as Epístolas têm três partes :


1- Uma introdução com o nome de quem escreve, o nome da Igreja ou grupo a que são dirigidas e as saudações.


2- Uma parte central que é a mensagem doutrinal ou as recomendações e avisos oportunos.


3- A parte final são as despedidas.


Os primeiros cristãos eram judeus.


Mas o Cristianismo difundiu-se e atingiu os povos de Roma e da Grécia levando consigo as Sagradas Escrituras.


Uma das mais árduas tarefas da Igreja foi aceitar o número crescente de convertidos não-judeus.


Em primeiro lugar era duro mesmo para alguns dos Apóstolos ter que aceitar e compreender que a nova fé transcendia a sua herança nacional, religiosa e cultural.


Mas Deus tornou isto óbvio através das palavras de Paulo e de Pedro :


- “Reconheço na verdade que Deus não faz acepção de pessoas, mas que qualquer nação que O teme e põe em prática a justiça, Lhe é agradável”. (Act.10,34).


Nos meados do primeiro século os Cristãos já tinham chegado até Roma.


A Igreja de Roma era formada por judeus e gentios convertidos e, na sua Epístola aos Romanos, Paulo aconselha-os assim :


- “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus.(Rom.3,23). Porventura Deus só o é dos judeus ? Não o é também dos gentios ? Sim, também dos gentios, pois há um só Deus que justificará pela fé os circuncisos e que também pela fé justificará os incircuncisos”.(Rom.3,29).


A Primeira e Segunda Epístolas aos Coríntios foram escritas por Paulo à Igreja de Corinto, o maior centro cosmopolita da Grécia.


Paulo tinha necessidade de instruir os cristãos de Corinto de modo que reconhecessem as várias formas de pecado :


- “Ouve-se constantemente dizer que existe entre vós imoralidade e uma tal imoralidade que nem nos pagãos se encontra, ao ponto de certo homem viver com a mulher de seu pai”.(1 Cor.5,1-2).


Paulo instruiu e corrigiu com amor, com um profundo respeito pela jovem Igreja.


O capítulo 13 da Primeira Epístola aos Coríntios algumas vezes foi chamado o "capítulo do amor" pela sua eloquente descrição da caridade cristã :


- “A caridade é paciente, a caridade é benigna, não é invejosa; a caridade não se ufana, não se ensorbebece, não é inconveniente, não procura o seu interesse, não se irrita, não suspeita mal, não se alegra com a injustiça mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”....(1 Cor. 13,4).


Na sua Epístola aos Gálatas, Paulo admoesta os novos convertidos para que sejam firmes na liberdade do Evangelho :


- “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não torneis a sujeitar-vos ao jugo da escravidão”. (Gol. 5,1).


A Epístola aos Efésios foi escrita à Igreja de Éfeso, a capital de uma província Romana da Ásia, cuja importância nos é descrita pelos Actos dos Apóstolos :


- “Paulo foi em seguida à sinagoga, onde, durante três meses, falou desassombradamente e argumentava de forma a persuadir os seus ouvintes sobre o que dizia respeito ao Reino de Deus”...(Ef.19,8).


A Epístola aos Filipenses é uma carta muito pessoal e íntima, de agradecimento, por ser a primeira Igreja que ele fundou no continente Europeu, expressando o seu agradecimento pelos donativos em dinheiro e encorajando-os a permanecerem firmes perante a adversidade :


-“Nada façais por espírito de partido ou por vanglória, mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem atender cada um a seus próprios interesses, mas aos dos outros”. (Fil.2,3-4).


Na Epístola aos Colossenses, Paulo aconselha os irmãos a resistir a ideias e práticas falsas que se infiltraram na Igreja daquela região.


O culto aos anjos e certas práticas ascéticas estavam a afastar os cristãos da pureza do Evangelho.


Paulo afirmou-lhes que Cristo é a cabeça de toda a Igreja :


- “Vede que ninguém vos engane com falsas e vás filosofias, fundadas nas tradições humanas, nos elementos do mundo e não em Cristo. Pois n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. E vós estais repletos d'Ele que é a cabeça de todo o Principado e Potestade”. (Col.2,8-9).


A segunda vinda de Cristo é o tema das Epístolas aos Tessalonicenses, isto é, a Igreja de Tessalónica. Paulo aconselha-os a que estejam preparados para esse acontecimento :


- “Pois vós mesmos sabeis que o dia do Senhor virá como um ladrão, de noite. E quando disserem: "Paz e segurança", então é que cairá subitamente sobre eles a ruína, como as dores sobre a mulher grávida, e não poderão escapar”. (1 Tes.5,2-3).


E alguns membros começaram a abandonar as suas práticas de rotina em antecipação à vinda de Cristo.


Na Segunda Epístola aos Tessalonicenses Paulo recomenda-lhes que esperem por Cristo dentro de um trabalho pacífico :


- “Ora, nós temos ouvido dizer que há entre vós, pessoas desregradas, as quais, em lugar de trabalharem, se ocupam com futilidades. A estas ordenamos e exortamos em nome do Senhor Jesus Cristo, a que trabalhem pacificamente, para comerem assim o pão que eles mesmos tiverem ganho.. Vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem”.(2 Tes.3,11-12).


As três Epístolas seguintes, duas a Timóteo e uma a Tito, são as chamadas Epístolas Pastorais.


Foram escritas aos ministros que Paulo tinha encarregado das congregações locais.


Estas cartas têm orientações sobre a administração da Igreja e as qualificações e obrigações dos seus chefes :


- “É necessário, porém, que o bispo seja irrepreensível(...). que seja sábio, prudente, hospitaleiro, capaz de ensinar”... (1 Tim. 3,2).


A pequena Epístola a Filémon é uma carta pessoal de Paulo a um membro da Igreja de Colosso, manifestando a sua grande amizade e alegria pelo que ele tem feito :


- “Lembro-me sempre de ti nas minhas orações’.(Filem”.1,4).


- “Tive grande alegria e grande consolação devido à tua caridade, pois, por ti, irmão, foram aliviados os corações dos santos”.(Filem.1,7).


A Epístola aos Hebreus é dirigida aos cristãos de origem judaica.


Ela ajudou a Igreja a ver como a Antiga Aliança, com todos os seus rituais e símbolos, conduzia a uma vida realizada plenamente em Cristo :


- “Pelo que, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos agradavelmente a Deus com temor e reverência, "porque o nosso Deus é também um fogo devorador".(Heb.12,28).


Além das Epístolas de S. Paulo, mais foram escritas e que se chamam as Epístolas gerais :


A Epístola de Tiago é sobre a prática da vida cristã :


- “A religião pura e sem mácula diante de Deus nosso Pai, é esta : Visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações e conservar-se isento da corrupção deste mundo”. (Tg. 1,27).


As duas Epístolas de Pedro foram escritas para a Igreja durante o período das perseguições.


Oferecem encorajamento aos cristãos, com o olhar da esperança :


- “Então rejubilareis, se bem que vos sejam ainda necessárias, por algum tempo, diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé, muito mais preciosa que o oiro perecível, o qual se prova pelo fogo, seja digna de louvor, de glória e de honra quando Jesus Cristo se manifestar”. (1 Pe.1,6-7).


As três Epístolas de João são também de encorajamento aos cristãos para que permaneçam firmes na fé.


- “Filhinhos é a última hora; e, como ouvistes dizer que o anticristo vem, assim surgiram já muitos anticristos e, por isso, conhecemos que é já a última hora”. (1 Jo.2,18).


A última Epístola, de S. Judas, é como um encerramento de todas as outras, uma espécie de rescaldo.


Apesar de todas as tribulações da Igreja, a fé e a paciência nos hão-de ser tomadas em conta :


- “Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna”. (Jud.2,1).

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