Criação da Luz

 


Autor: John Nascimento


Estas breves explicações da História da Bíblia destinam-se aos principiantes, que pouco ou nada sabem a respeito da Bíblia, para que não façam um conceito errado de como Deus se revelou ao homem na História da Salvação, e em que os mais entendidos podem fazer uma oportuna reflexão

CRIAÇÃO DA LUZ



-“Deus disse : «Faça-se a luz». E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou dia à luz e às trevas noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida a manhã : foi o primeiro dia”.(Gn.1,3-5). -“ Deus disse : «Haja um firmamento entre as águas para as manter separadas umas das outras». Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento. E assim aconteceu. Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã : foi o segndo dia”.(Gn.1,6-8). - “Deus disse : «Reunam-se as águas que estão debaixo dos céus num único lugar, a fim de aparecer a terra seca». E assim aconteceu. Os hebreus contavam os dias nao de meia-noite a meia-noite, como nós agora, mas de pôr do sol a pôr do sol. Por isso nestes textos aparece, em primeiro lugar a tarde e só depois a manhã. O firmamento. (em hebreu “raquia”)., como já ficou dito, era concebido como uma imensa placa azul, metida entre as águas.

A razão é esta : O caos primordial é imaginado como uma mistura da terra com as águas eternas. Então Deus, depois de acender a luz (v.3-5), começa o seu trabalho.

O primeiro que faz é meter o firmamento entre as águas. Como a chuva cai do alto, os primitivos pensavam que, por cima do firmamento, considerado como uma placa, existia um mar de água doce. Sobre esse mar estava o palácio de Deus. Não esqueçamos que temos uma linguagem poética. Então desconhecia-se que a terra era redonda e que o mar tinha limites. Pensava-se que a terra era um disco plano e circular a boiar sobre as águas do abismo. “Deus disse : «Haja luzeiros no firmamento dos céus para diferenciarem as estações, os dias e os anos; servirão, também de luzeiros no firmamento dos céus para iluminarem a terra». E assim aconteceu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. Deus colocou-as no firmamento dos céus para iluminarem a terra, para presidirem ao dia e à noite, e para separarem a luz das trevas.. E Deus viu que isto era bom. Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã : foi o quarto dia”.(Gn.1,14-19). Na obra da Criação, os três primeiros dias estão em correlação com os três últimos.

Dia 1 Luz.

Dia 2 Céu, separando águas superiors das águas inferio

Dia 3 A terra e a Vegetação.

Dia 4 Os luzeiros do céu. Dia 5 As Aves e os Peixes.

Dia 6 O mundo animal e a humanidade.

A criação da luz no primeiro dia está em correlação com os luzeiros do quarto dia. O firmamento que separa as águas superiors das águas inferiors, torna-se o lugar de habitação das Aves e dos peixes.

A criação do mundo animal e da humanidade está em correlação com a terra e a vegetação.

Esta superior esquematização acentua as linhas mestras da Criação. Nada ficou esquecido, e nada foi caprichoso, mas tudo bem organizado segundo o plano do Criador.

O primeiro acto da Criação foi a luz, embora, a fonte da Luz que é o Sol só fosse criada no quarto dia..

O autor não está preocupado em apresentar um facto científico, mas um universo ordenado e a luz era necessária em ordem a se poder ver.

O autor podia também ser forçado a pôr a luz em primeiro lugar porque no Enuma Elish (Quando por cima…) é que está a propriedade dos deuses, emanando deles, e é mencionado em primeiro lugar no acto da Criação.

Para o nosso autor, a luz não é mais a propriedade dos deuses, mas um elemento da Criação do Mundo.

Deus chama luz ao “dia”, e trevas à “noite” (v.5).

No antigo Israel, dar um nome significava o poder de alguém sobre aquilo a que se dava esse nome. Deus dá o nome ao dia e à noite, porque Deus tem autoridade sobre eles.

De igual modo, Deus também dá o nome ao firmamento, à terra e ao mar. A luz é considerada como boa, porque ela é todo o Universo criado. A forte afirmação da bondade da Criação do Mundo impregna toda esta narração.

Deus então criou o firmamento (v.6-8) que separa as águas superiores do céu, das águas inferiores. Segundo a cosmologia do antigo Próximo Oriente, as águas rodeavam toda a terra e eram dominadas apenas pelo céu, por cima e pela terra por baixo. Isso ameaçava o domínio da terra sobretudo em ocasião de tempestades que podiam desenvolver inundações na terra.

Deus põe limites à expansão das águas para que a terra possa aparecer, e da terra Deus faz surgir a vegetação, capaz de se reproduzir.

A abundância dos frutos da terra não fica dependente da fertillidade dos deuses, mas Deus dá à vegetação o poder de se reproduzir. Também aqui o autor mostra que o mundo não está sob o controlo dos deuses pagãos.

O autor tem o cuidado de não falar em “Sol” ou em “Lua”, mas sim luzeiro maior e luzeiro menor, porque o Sol e a Lua eram considerados como deuses no antigo mundo pagão.

Na ordem da Criação aqui apresentada, há uma certa solenidade em que se pode ver :

1. Um anúncio : «E Deus disse… ».

2. Uma ordem : «Faça-se…».

3. Uma descrição : «Assim aconteceu…».

4. Uma avaliação : «E Deus viu que era bom…».

5. Uma contagem do tempo : «Uma tarde e uma manhã…».

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