Autor: John Nascimento
O capítulo II dos Actos dos Apóstolos conta a história do nascimento da Igreja do Novo Testamento.
A Igreja nasceu numa demonstração dinâmica do poder que foi um dramático testemunho da sua origem divina.
A comunidade dos crentes multiplicou-se logo que o poder de Deus se evidenciou através do Espírito Santo no dia do primeiro Pentecostes.
Os discípulos de Jesus ficaram cheios de zelo apostólico.
Os primeiros discursos ou sermões dos Apóstolos proclamaram que Cristo tinha ressuscitado.
Jesus Cristo vivo e o poder da sua ressurreição foram a chama que acendeu a Igreja.
No primeiro Pentecostes do Novo Testamento, o Apóstolo Pedro fez uma ponte sobre a brecha que dividia o velho do novo, proclamando a difusão do Espírito Santo, no cumprimento das palavras do profeta Joel:
- Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o Meu espírito sobre toda a criatura. Os vossos filhos e as vossas filhas hão-de profetizar; os vossos jovens terão visões e os vossos velhos terão sonhos. (Act.2,17). (cf.Joel 3,1).
Cerca de 2.000 anos depois, os cristãos ainda estão unidos como uma comunidade de crentes.
O Espírito Santo prende e une os cristãos como fez no primeiro século.
Em comum com a nossa família do Novo Testamento, nós estamos conscientes da nossa união com o passado.
Tal como Pedro declara que a Igreja do Novo Testamento tem as suas raízes no Israel do Antigo Testamento, também os cristãos de hoje estão enraizados na fé dos nossos antepassados do primeiro século.
Paulo escreveu :
- Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos, e membros da família de Deus, edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, com Cristo por pedra angular. Nele, qualquer construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo no Senhor, em união com o Qual também vós sois integrados na construção, para vos tornardes, no Espirito, habitação de Deus. (E f. 2,19-22).
Paulo dá-nos assim uma clara história da fundação da Igreja, e traça a herança cristã, a raiz pela qual todos os crentes de hoje estão ligados à comunidade dos crentes da Novo Testamento.
Um sinal de identificação
O sinal primário que identifica todos os cristãos encontra-se em S. João :
- É por isto que todos saberão que sois Meus discípulos: Se vos amardes uns aos outros. (Jo. 13,35).
O amor, em relação aos outros, fazendo o bem aos irmãos e irmãs, partilhando com os que necessitam, é o ponto central do Cristianismo :
- Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece-O. (1 Jo.4,7).
Para muitos povos, o sinal de identificação é a nacionalidade, a raça ou a profissão.
Mas para os Cristãos, os filhos de Deus, a primeira identificação não é a nacionalidade, a raça ou a profissão.
Para os Cristãos, a primeira chave de identificação é sempre o amor.
Em adição a esta primeira identificação, o amor, os Cristãos aceitam a suprema soberania de Jesus, como Senhor.
Já não vivem para si mesmos, mas vivem segundo a vontade de Deus :
- Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.(Gal.2,20).
Como resultado da nossa identificação com Jesus Cristo (ou melhor, Jesus Cristo Identificando-Se connosco) nós ficamos :
- Reconciliados com Deus.
- Tudo isto vem de Deus que por meio de Cristo nos reconciliou Consigo e nos confiou o mistério da reconciliação.(2 Cor.5,18).
- Perdoados e limpos.
- Pelo baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova.(Rom.6,4).
- Nascidos de novo.
- Falando com Nicodemos, Jesus respondeu-lhe: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo, não pode vero o Reino de Deus.(Jo.3,3).
Ser uma parte activa da Igreja, é vital para o crescimento espiritual dos Cristãos :
- A uns, constituiu Apóstolos, a outros, Profetas, a outros, Evangelistas, Pastores e Doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo; até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Ef.4,11-13).
A Igreja provê a necessária armação e estrutura para cada membro do Corpo de Cristo.
A Igreja toma a responsabilidade de fazer discípulos e de os ensinar :
- Ide, pois, e ensinai todas as nações ...(Mt.28,18).
Foi este o mandamento da pregação que tornou a Igreja necessária.
Todos unidos como Corpo de Cristo, nós podemos e devemos cumprir esta missão.
Jesus instruiu os Seus discípulos :
- Mas ides receber uma força, a do Espirito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo. (Act. 1,8).
Jesus prometeu a Sua assistência permanente :
- E Eu estarei convosco, até ao fim do mundo. (Mt. 28,20).
No Primeiro Pentecostes do Novo Testamento, quando Jesus Cristo proclamou a Sua Igreja, o Apóstolo Pedro, nas suas primeiras palavras, fez um desafio a todos os Judeus de todo o mundo romano ali presentes, para que acreditassem em Jesus Cristo, o Messias que havia de vir :
- Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu, como Senhor e Messias, a esse Jesus por vós crucificado. (Act.2,36).
E Pedro disse também à assembleia que esse Jesus Cristo havia de transformar as suas vidas :
- Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo. Porque Aquele que foi prometido, é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus. (Act.2/38,39).
Depois da fé de Pedro, quando Cristo prometeu fundar a Sua Igreja, Ele garantiu a sua necessidade de modo que nada a pudesse destruir :
- Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno nada poderão contra ela. (Mt. 16,18).
A Igreja tem sobrevivido e sobreviverá porque tem a promessa de Cristo, a cabeça do Corpo Místico, que é a Igreja.
O Concílio Vaticano II, que foi convocado para tratar dos problemas da Igreja publicou uma Constituição Dogmática sobre a Santa Igreja, uma Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Actual e um Decreto sobre a Actividade Missionária da Igreja.
Assim diz a Constituição Dogmática :
- O Sagrado Concílio volta-se primeiramente para os fiéis católicos. Fundado na Escritura e Tradição, ensina que esta Igreja, peregrina sobre a terra, é necessária para a salvação.(LG 14).
A Constituição Pastoral afirma :
- A Igreja, simultaneamente "agrupamento visível e comunidade espiritual" caminha juntamente com toda a humanidade, participa da mesma sorte terrena do mundo e é como que o fermento e a alma da sociedade humana, a qual deve ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus.(GS 40).
E o Decreto ensina :
- É preciso que todos se convertam a Cristo conhecido pela pregação da Igreja e que sejam incorporados, pelo Baptismo, a Ele e à Igreja, seu corpo. O próprio Cristo [...] confirmou também, por isso mesmo, a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Baptismo, que é como que a porta de entrada. (AG 7).
Se é necessário anunciar o Evangelho, difundir a Palavra de Deus e garantir a presença de Deus no mundo e é essa a missão da Igreja, então, sem dúvida nenhuma a Igreja é necessária, e a sua missão Evangelizadora deve começar pelo princípio, isto é, pelo ensino da Catequese aos mais pequenos.
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