Jó - Protótipo da Pobreza

 



Autor: John Nascimento

“Quem me ouvia falar, felicitava-me e os que me viam davam testemunho de mim, porque livrava o pobre que pedia socorro e o órfão que não tinha defensor”.(Job.29,11-12)

JOB PROTÓTIPO DA POBREZA.

Todos nós sabemos em linhas gerais a história de Job, um homem rico e próspero que caiu na miséria e gritava para Deus :

- “Porque é que isto me aconteceu a mim”?

A maior parte do Livro de Job lê-se como se se tratasse de um processo de tribunal com Job a argumentar com o seu ponto de vista e os seus amigos a defender Deus (sem uns nem outros entenderem verdadeiramente Deus).

O Capítulo XIX começa com o resumo das suas queixas contra Deus, invocando o que ele tinha sido antes :

- “Quem me dera voltar a ser como antes, nos dias em que Deus me protegia, quando a Sua luz resplandecia sobre a minha cabeça, e o seu resplendor me guiava nas trevas”. .. (Job.29,1-2).

Invoca assim o que tinha sido a sua vida no passado e o que fez como respeitado cidadão :

- “Ajudava os pobres, era os olhos dos que não viam e os pés dos que não andavam e o pai dos necessitados”.(Job.29,15-16).

No seu discurso, tendo em conta a sua responsabilidade diante de Deus, mais tarde havia de dizer :

- “Se violei o direito do meu servo e da minha serva nas suas discussões comigo, que será de mim quando Deus se levantar, que Lhe responerei quando me interrogar”? (Job.31,13-14).

Na sua defesa, Job apoia-se e descansa com a consciência de ter praticado as obras de misericórdia.

Por fim Deus diz-lhe que ele não pode compreender a infinita majestade de Deus nem os Seus caminhos, mas Deus não diz a Job que os seus actos de bondade e misericórdia não têm valor ou não são aceites, nem lhe diz que a sua auto-defesa não há-de estar presente no julgamento final em que ele há-de estar entre os eleitos.

O fim de toda esta história de Job, que vale a pena ler na íntegra, é dar-nos um modelo de paciência no meio das tribulações da vida, assim como mostrar-nos a justiça e transcendência dos desígnios divinos que ao homem cumpre aceitar, mesmo que os não compreenda.

Mostra-nos que os males terrenos nem sempre são o castigo do pecado, mas também são um meio de provação para aperfeiçoamento dos justos e amigos de Deus.

E mostra-nos ainda que o bem que fazemos aos necessitados e a misericórdia que usamos para com eles, é como se o fizéssemos ao próprio Deus.

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Normalmente, na nossa sociedade moderna, contam mais os nossos direitos, sejam eles quais forem, do que os nossos deveres, e muito mais do que a nossa bondade e misericórdia para com os necessitados, sem termos em conta que, tal como Job, que de homem rico se tornou o mais pobre de todos, algo de semelhante nos pode também acontecer.

Quando a vida nos dá fartura, não esqueçamos os que mais precisam; e quando a vida nos dá problemas, saibamos aceitá-los com paciência para termos méritos diante de Deus, em desconto dos nossos pecados e em sufrágio pelas almas dp Purgatório.

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